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Epidemia de Aids volta a crescer no Brasil

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença de origem infecciosa, causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Reconhecida como uma nova doença em 1981, os Estados Unidos da América presenciaram um boom de mortes em decorrência

O que há por trás da receita médica?

“A receita era sempre a mesma. Predsin, Ibuprofeno, Clavulin 500, Awamys e Busonid. Com o tempo já não precisava levar minha filha à consulta, pois já sabia exatamente o que a pediatra receitaria e a dose

Foto: Adri Junges

Medicamento é algo que todo mundo vai precisar em algum momento da vida. E embora muitas pessoas ainda não saibam, a população de cada município tem direito a medicamentos essenciais por meio da Farmácia Básica Municipal, desde que tenha sido atendido por algum médico do Sistema Único de Saúde (SUS), e tenha a receita com o nome do princípio ativo/denominação genérica do medicamento, que não pode ser o seu nome comercial. Os medicamentos fornecidos pelo SUS – de responsabilidade municipal – são aqueles que fazem parte do Componente Básico de Assistência Farmacêutica, que diz respeito à aquisição de medicamentos essenciais e insumos no âmbito da atenção básica. O acesso aos medicamentos de forma gratuita melhora as condições de saúde principalmente quando se trata da população mais pobre. No entanto, qualquer cidadão – independente da renda – tem direito aos medicamentos listados como essenciais sob responsabilidade do município.

Segundo a Política Nacional de Medicamentos, são considerados essenciais aqueles produtos básicos e indispensáveis para atender a maioria dos problemas de saúde da população, e, portanto esses produtos devem estar continuamente disponíveis na Farmácia Básica do Município para quem necessitar. No âmbito municipal, cabe à Secretaria de Saúde definir a relação de medicamentos essenciais, com base na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). Essa seleção é feita a partir das necessidades decorrentes do perfil da população, visando a garantir o abastecimento das medicações de forma permanente e oportuna. A RENAME é uma publicação do Ministério da Saúde em que constam medicamentos para combater as doenças mais comuns na população brasileira. 

Em São Pedro do Sul (RS), essa lista possui 62 medicamentos fornecidos pela Farmácia Básica e a lista é alterada somente quando há necessidade. Entre os medicamentos mais comprados e dispensados para a população, estão os remédios controlados, tarja preta, para a saúde mental, além de antibióticos. Segundo a Secretária Municipal de Saúde, Maria Cecy Binato de Souza, o estoque de remédios da Farmácia Básica do Município é reposto frequentemente, cerca de duas a três vezes por semana. Quando questionada sobre o que é feito em situações de falta de medicação, a secretária explica: “Pode muitas vezes faltar porque a firma não entregou em prazo hábil e nesse meio tempo o estoque liquidou. A Ação Social não fornece medicamentos, então ou a pessoa vai ter que aguardar que venha o medicamento para o município ou vai tentar comprar de alguma forma’’.  Em alguns casos, a medicação prescrita pode não estar entre os 62 medicamentos da lista dos essenciais, ou seja, não faz parte do grupo de remédios básicos pelos quais o Município se responsabiliza. 

Em uma pesquisa realizada com 100 pessoas no mês de setembro de 2019, foram encontrados dados que mostram que 65% dessas pessoas já haviam obtido medicamentos gratuitos pela Farmácia Básica do Município, o que mostra um alto índice de procura por parte da população. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A dona de casa Flávia Rodrigues, 23, conta que já precisou de medicamento e não encontrou na Farmácia Básica. ‘’Eu acho que a Farmácia Básica ajuda no básico, tipo soro, paracetamol. Já foi melhor o acesso a medicamentos, há uns dois anos. Amoxicilina eu fui pegar há um mês atrás e não tinha”, revela. A dona de casa, que também é mãe, comenta que isso acaba atrapalhando, pois se tivesse o medicamento disponível, ela teria direito gratuitamente. “O dia que eu fui lá não tinha, então eu comprei e paguei. Não é caro pra quem pode pagar, mas tem gente que não pode. Eu acho que isso atrapalha um pouco porque criança sempre adoece quando não estamos preparados’’, desabafa Flávia. 

Em casos de necessidades de medicação especial, que não faça parte da lista medicamentos essenciais, esta só será comprada se solicitada judicialmente. “Se o médico disser que a pessoa só pode usar aquele medicamento, então ela vai e entra judicial, porque aí nós temos amparo legal para poder pagar. E a nossa via judicial é muito grande. Ela é contínua, pois quem toma remédio via judicial normalmente é contínuo. Existe em torno de 20% desses pacientes que usam medicamento por um tempo, o problema maior é que o estado manda o remédio, mas hoje a pessoa usa de 15mg e amanhã tem que usar de 40mg, aquele de 15mg que veio tem que ser devolvido para a 4ª Coordenadoria, e aí tu faz um novo processo para pedir o de 40mg’’, ressalta Maria Cecy. 

Conforme explica a advogada Bruna Rodrigues, quando não há estoque de determinada medicação, o município e o Estado dão uma “negativa”, que é um documento onde consta o pedido informando que aquele medicamento não é fornecido ou não consta na lista do SUS. “Se não existe processo, a pessoa pega as negativas para dar entrada judicialmente. Caso já tenha processo em que ficou determinado o fornecimento, mas ele não ocorreu, são juntadas as negativas e orçamentos de três farmácias diferentes e é feito o pedido de bloqueio, que é quando o juiz bloqueia o valor do menor orçamento das contas do município ou do estado (ou dos dois, se o processo for contra ambos) para a parte comprar o medicamento. Depois que ela compra, é anexada ao processo a nota fiscal para prestar contas, e também é devolvido algum valor que tenha sobrado (se for o caso de sobrar)’’, explica a advogada Bruna. Ela ainda complementa: “Não existe valor mínimo do medicamento. Mas, em cada caso, o juiz vai analisar a necessidade, a impossibilidade financeira e também essa questão da possibilidade do fornecimento administrativo’’. Cada caso é analisado individualmente, então não tem um tempo definido para que seja resolvido, no entanto,t os processos dessa natureza costumam ser rápidos, já que têm prioridade.

Segundo o atual Vereador Jaime Rosalino (PT) e ex Secretário de Saúde, o município compra e faz a dispensação da medicação básica. “Essas medicações são para as doenças do cotidiano, corriqueiras, doenças que a pessoa adquire, e tratando logo cura. Os do componente básico são de responsabilidade do município de comprar e fornecer, entregando ao usuário conforme a prescrição médica’’, explica Rosalino. No entanto, além dos medicamentos essenciais para as doenças do dia a dia da população, cada vez mais pessoas necessitam de remédios para doenças crônicas degenerativas, que são casos de diabéticos e hipertensos, por exemplo, e essa medicação também é disponibilizada para a população pela Farmácia Popular do Brasil. “A Farmácia Popular do Brasil é um componente interessante, que também é para doenças crônicas degenerativas. Essa medicação, que antes era entregue pelo município, passou a ser entregue pela iniciativa privada. Então basta a farmácia se credenciar ao Programa e toda pessoa que tiver prescrição da medicação que faça parte da lista de medicamentos pode consegui-lo por um baixo custo e até mesmo por custo zero, dependendo do remédio. A dispensação dessa medicação é feita pela iniciativa privada nas farmácias que se credenciaram ao programa Farmácia Popular’’, complementa o ex-secretário de saúde.

Para ter acesso aos medicamentos por meio da Farmácia Básica, basta comparecer no local com o documento de identidade e a receita da medicação, que deve ser dos ESFs. “A Farmácia Básica, na grande maioria dos municípios, é somente para o seu Sistema Único de Saúde. Porque só as cidades muito ricas, que têm uma grande arrecadação, liberam sua farmácia para todos os munícipes’’, explica a secretária. Ainda, segundo ela, o valor repassado pelos governos para a Assistência Farmacêutica não cobre todo o gasto, sendo que o município investe parte do valor para pagar a conta. “O restante do dinheiro sai da arrecadação do município, do que é destinado para a saúde. Os municípios mais ricos beneficiam a sua população através da distribuição para todo mundo. Nós não” – finaliza.

 

DADOS SOBRE REPASSES DO GOVERNO PARA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

REPASSE 

VALOR MENSAL

VALOR PER CAPITA

(POR HABITANTE) APROX.

GOVERNO FEDERAL R$ 7.938,00

R$ 0,49

GOVERNO ESTADUAL R$ 3,357,00

R$ 0,20

 

O valor repassado aos municípios é sempre calculado por habitante. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Pedro do Sul tem a população estimada em 16.198 pessoas. 

A verba que vem do estado é destinada para insumos de controle de diabetes; dela são compradas as fitas para os pacientes insulino-dependentes. No entanto, segundo a Secretária de Saúde, o município gasta mais de 5 mil reais em fitas e normalmente não faltam medicamentos na Farmácia. ‘’Os que faltam são os que vêm do Estado e estão atrasados, ou o Estado não mandou, ou, em alguns casos, a pessoa não levou a requisição atualizada e deixou de receber’’, complementa.

A reportagem solicitou à Prefeitura Municipal a lista de medicamentos essenciais do município e o estoque dos que estavam disponíveis. A lista foi entregue em 7 dias, onde constavam os 62 medicamentos essenciais. No entanto, em relação ao estoque de medicamentos, a resposta obtida foi de que a maioria deles tinham estoque para distribuição gratuita, mas não foi informado quantos estavam em falta no momento.

 

PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL

O programa Farmácia Popular viabiliza a aquisição de medicamentos e insumos essenciais, permitindo que mais pessoas consigam ter acesso a medicamentos. Nas farmácias credenciadas ao programa, é possível conseguir produtos gratuitos ou através do co-pagamento. Os medicamentos que fazem parte da lista da Farmácia Popular e que são para hipertensão, diabetes e asma são gratuitos. Os demais são disponibilizados com até 90% de desconto. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, essa é uma das doenças crônicas que mais crescem, sendo que o Brasil ocupa o quarto lugar entre os dez países com maior número de indivíduos com a doença. 

No ano de 2017, houve 4 milhões de mortes por diabetes no mundo. No México e na América do Sul, 209.717 pessoas que tinham entre 20 e 79 anos morreram por causa da doença, o que representa 11% de todas as causas de morte nesses territórios. Aproximadamente 44% desse total de mortes foram de pessoas com menos de 60 anos, e metade dessas mortes foram no nosso país. 

Os gastos em saúde decorrentes do diabetes mellitus totalizam 29.3 bilhões e tendem a aumentar em 30% até o ano de 2045. No caso das insulinas, tanto a normal quanto a regular vêm do Ministério da Saúde, que repassa para os Estados. Estes repassam para o município, e os medicamentos básicos da Diabetes são fornecidos na Farmácia Básica e na Farmácia Popular. 

No gráfico abaixo é possível ver o índice de pessoas com 18 anos ou mais que referem diagnóstico médico de diabetes e obtiveram medicação gratuita pelo menos uma vez por meio do Programa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A hipertensão é outra doença crônica que pode causar sérios problemas de saúde e, além disso, é silenciosa. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o hipertenso sem controle pode ter redução de vida de até 16 anos, por isso é importante manter hábitos saudáveis, medir a pressão regularmente e controlar a doença com tratamento adequado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Essas doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, afetam cada vez mais brasileiros, e é importante que essa parcela da população faça uso da medicação que nesses casos é gratuita e pode ser retirada, pelo Farmácia Popular, em estabelecimentos farmacêuticos credenciados. Além do valor que chega às drogarias que fazem parte do programa, segundo o Ministério da Saúde, o Farmácia Popular atrai aproximadamente 10 milhões de usuários para os estabelecimentos privados. Atualmente, cerca de 31 mil unidades estão ativas no programa.

Segundo dados do Ministério da Saúde de 2018, o Programa Farmácia Popular do Brasil beneficia em torno de 10 milhões de pessoas por mês, principalmente aquelas que têm acima de 60 anos, e que representam cinco milhões do total. Desse número, nove milhões de pessoas – a maior parte dos pacientes atendidos –  acessa medicamentos de forma gratuita. No caso, os medicamentos mais dispensados são para tratamento de hipertensão (7,2 milhões), e de diabetes (3 milhões). O pagamento desses medicamentos é feito pelo Governo Federal, por meio da Caixa Econômica, e não envolve os municípios.

Conforme Marlene Tatsch, proprietária de uma das farmácias credenciadas ao programa Farmácia Popular em São Pedro do Sul/RS, dependendo do remédio o usuário consegue comprar até mesmo três caixas da mesma medicação pelo preço de uma, como o caso de uma cliente que utiliza um medicamento que custa R$ 47,50 a caixa, mas leva três caixas por R$ 47,73, e isso é possível em função do desconto oferecido pelo programa Farmácia Popular. Porém, os descontos variam de acordo com cada medicação. “Dificilmente vai faltar medicamento. O detalhe é que tem que ser a pessoa mesma para retirar, com a identidade dela. Não pode outra pessoa vir pegar. Isso dificulta um pouquinho se é idoso. Tem o pessoal que mora pra fora e eles tem um pouco de dificuldade porque tem que ser no dia, não pode ser antes do dia, pode ser depois mas nunca antes, porque o programa não libera’’, explica.  

Para retirar medicação pelo programa Farmácia Popular, basta ir até uma farmácia credenciada do município tendo em mãos a identidade, o CPF e a receita que neste caso pode ser de qualquer médico, tanto do SUS quanto particular.

*Texto produzido por Lilian Dias Streb, para a disciplina Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, no segundo semestre de 2019. Orientação: Professora Carla Torres.

Na América Latina, número de pessoas contaminadas pelo vírus da AIDS aumentou entre 2015 e 2016. O RS apresenta a segunda maior taxa de detecção de aids no país, com 38,3 casos para cada 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional aopontada em 19,7 casos por 100 mil habitantes.Imagem: Pixaby

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença de origem infecciosa, causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Reconhecida como uma nova doença em 1981, os Estados Unidos da América presenciaram um boom de mortes em decorrência de infecções oportunistas incomuns e de neoplasias raras, sendo as vítimas, em sua grande maioria, homens homossexuais. Com o passar dos anos, houve uma heterossexualização da doença e, atualmente, as mulheres representam metade das pessoas portadoras do vírus em todo o mundo.

A transmissão da doença ocorre através de sangue e secreções humanas contaminadas e, verticalmente, de mãe para filho durante a gravidez e/ou o parto. O compartilhamento de seringas contaminadas com o vírus, como é caso de usuários de drogas injetáveis, foi uma das principais formas de transmissão na década de 1980 no Brasil. Hoje, 80% dos adultos contraem o vírus por via sexual.

Em um formulário respondido por 62 habitantes de Santa Maria, 8,1% das pessoas afirmaram que não usam preservativo em suas relações sexuais; 29% declaram que “depende da situação”; 30,6% protegem-se quando não estão em relações monogâmicas, e 32,3% usam camisinha em todas as relações sexuais. Se o número de pessoas que tem ou já tiveram relações sexuais sem camisinha é de 67,7%, qual a justificativa para um percentual de quase 50% que nunca realizou um teste de HIV? Medo? Vergonha? O velho pensamento de que “não vai acontecer comigo”?  

Desde o seu surgimento, a AIDS é uma doença acompanhada de rótulos. Se os efeitos físicos costumavam ser extremamente agressivos, as consequências psicológicas não ficavam para trás. No Brasil, o tabu em relação à doença diminuiu quando figuras públicas, como o cantor e compositor Cazuza, mostraram, na cara e na coragem, as consequências de ser soropositivo. Cazuza faleceu em 1990 e, ainda em 1996, quando o Brasil estava com 25 mil casos diagnosticados no Brasil, a taxa de mortalidade representava, em média, 60%, ou seja, 15 mil pessoas vieram a falecer em consequência da AIDS em apenas um ano.

A revolução em relação ao número de mortes surge com os inibidores de protease em 1997, onde, inacreditavelmente, pessoas hospitalizadas começaram a ganhar peso e “voltaram à vida”, como relata o médico Drauzio Varella no vídeo “História da AIDS no Brasil”, disponível em seu canal no YouTube.

A quebra de patente ampliou o tratamento

A farmacêutica bioquímica e mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Renata Soccal, explica que, quando o tratamento contra o vírus HIV surgiu, somente uma determinada parcela de pessoas contaminadas tinha acesso à medicação. Era necessário estar com menos de 500 linfócitos CD4 no organismo, ou seja, com a doença avançada e com uma carência de células eficientes atuando no sistema imune. Quem estava vulnerável às infecções, iniciava o tratamento com os retrovirais. Algum tempo depois, pacientes com menos de 350 linfócitos também passaram a receber a medicação – crescia, assim, o número de pessoas amparadas pelo tratamento. [dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O que são linfócitos? Linfócitos são os glóbulos brancos responsáveis por manter o sistema imune funcionando.[/dropshadowbox]

Hoje, em termos de diagnóstico e tratamento, o Brasil se equipara aos países de primeiro mundo. Segundo o Portal Saúde do Governo Federal, o total de brasileiros com acesso ao tratamento com antirretrovirais no país mais do que dobrou entre 2009 e 2015, passando de 231 mil pacientes (2009) para 455 mil (2015). Atualmente, o SUS oferece, gratuitamente, 22 medicamentos para os pacientes soropositivos. Desse total, 11 são produzidos no Brasil.

Em maio de 2007, o Brasil quebrou a patente do Efavirenz, um anti-retroviral consumido por 75 mil pacientes de Aids na rede pública brasileira, à época.  Imagem: Pixabay

Todas as pessoas contaminadas com o vírus HIV podem e devem realizar o tratamento imediatamente. Embora o portador do vírus ainda não sinta a necessidade de ser medicado, ele evita que o vírus se prolifere e que outras pessoas sejam contaminadas, pois à medida que o organismo responde bem ao tratamento, o paciente consegue zerar a carga viral. “A maioria das pessoas que responde bem ao tratamento consegue eliminar o vírus circulante. É como se o paciente fosse negativo para o HIV – mesmo contaminado, ele não passa o vírus”, explica Renata.[dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O que é vírus circulante? Vírus circulante é a quantidade de vírus HIV presente na circulação sanguínea do paciente.[/dropshadowbox]

Quanto mais precoce o diagnóstico, menor o risco de contaminação em rede. Foto: Pixabay

É importante esclarecer que nem todo o portador do vírus HIV vai desenvolver a AIDS ao longo da vida. As consequências dependem da demora em diagnosticar o vírus e, principalmente, da responsabilidade do paciente com o tratamento. A síndrome retroviral; período de febre, tontura e vômito que ocorre em torno de duas semanas após a contaminação, é um dos momentos em que ocorre a busca pelo teste de HIV. Em casos onde o resultado é positivo, a pessoa já pode começar o tratamento. A farmacêutica atua no LAC, o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), que recebe gaúchos de diversas cidades do Estado, desde Uruguaiana até Venâncio Aires. O HUSM conta com um equipamento único na região, capaz de visualizar a carga viral de cada indivíduo portador do vírus, ou seja, a quantidade de linfócitos e de vírus circulantes.

Foco na prevenção

A política de quebra de patentes de remédios e a fabricação de genéricos  durante o governo de Luis Inácio Lula da Silva diminuiu em 50% o número de casos fatais desde 1996. O “pós-contaminação” está, em teoria, bem encaminhado. Agora, os holofotes estão – ou deveriam estar – focados na “não-contaminação”.

A médica infectologista dra. Liliane Pacheco afirma que as políticas de prevenção ainda são falhas e deixam uma parcela considerável da população de fora: “Acredito que centros de testagem funcionais, assim como os de aconselhamento, deveriam ser amplamente disponíveis”.

A farmacêutica Renata concorda: “Nós vivemos em um mundo paralelo! A questão de extensão é falha. O ideal seria que tivéssemos uma melhor e mais ampla comunicação entre os lados, por exemplo, levando médicos para conversar com os jovens sobre AIDS dentro das escolas”.

A falta de atenção da mídia também é apontada por ambas. Falar sobre AIDS apenas no dia 1º de dezembro, no Dia Internacional do Combate à AIDS, ainda é pouco. “Acredito que a mídia deve deixar bem claro que a prevenção é a melhor alternativa. Embora tenhamos avanços reais em termos de terapia antirretroviral, o aumento de casos de infecção existe e o vírus continua levando consequências danosas para a saúde física e emocional das pessoas contaminadas”, observa a médica Liliane.

Abandono do tratamento

É preciso ampliar a compreensão em torno dos fatores que afetam o paciente. Não se trata apenas de medicar. Imagem: Pixabay

Para além das questões de prevenção e de tratamento, uma das problemáticas no Brasil é o abandono da intervenção. Esse abandono é o resultado de uma soma de fatores, como depressão, falta de disciplina com as consultas e medicamentos e problemas financeiros. Como, então, convencer os pacientes a não desistirem do tratamento? Para Renata, é preciso existir, acima de tudo, respeito com os pacientes: “É possível perceber que a relação médico-paciente é mais pessoal do que padronizada, ou seja, pode existir preconceito por parte dos médicos.”

Mesmo que, de uma forma geral, os currículos dos cursos de medicina contenham disciplinas que abordam a bioética na relação médico-paciente, Liliane afirma que o enfoque realmente depende muito da experiência dos professores. Em uma situação tão vulnerável, onde qualquer motivo pode ser o suficiente para fazer um paciente abandonar a medicação, as políticas públicas de suporte às pessoas portadoras de HIV também são essenciais. Somente remédios não garantem uma “vida normal”, é preciso sentir-se inserido no espaço.

A AIDS não tem classe, gênero, idade ou orientação sexual. Ela atinge pessoas que trabalham com sexo, assim como surpreende casais que estão juntos há mais de 30 anos, onde um dos envolvidos está em uma relação extraconjugal. Assim como é preciso educar a população para que conheça os próprios direitos – inclusive o direito ao respeito -, deve-se acabar com o estigma de que existe um “grupo de risco”. Para estar no grupo de risco, basta ter uma relação sexual sem preservativo.

Os especialistas explicam que o aumento no número de pessoas contaminadas com o vírus HIV se dá, em parte, em função da atual qualidade dos medicamentos. Isso mesmo. Renata explica que, no passado, a medicação alterava até a cor da pele dos pacientes. A doença era visível. Hoje, o HIV não tem cara e, no momento da relação sexual, ninguém imagina que uma pessoa que aparentemente está com a saúde perfeita possa oferecer algum risco – mas pode. [dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Onde eu posso fazer o teste de HIV em Santa Maria? Os testes rápidos, que apresentam o diagnóstico em 15 minutos, podem ser feitos nas unidades básicas de saúde. Na Casa Treze de Maio, o exame rápido é oferecido de segunda à sexta-feira, das 8h às 11h30min, e o teste tradicional pode ser feito de segunda à sexta-feira, das 8h15min às 11h15min, ou nas terças-feiras e quintas-feiras, das 15h15min às 17h30min. [/dropshadowbox] [dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O que eu preciso levar? Para fazer o teste, é necessário levar documento de identificação e cartão do SUS. A Casa Treze de Maio fica na Rua 13 de maio, 35, no bairro Centro. Esclareça as suas dúvidas pelo número (55) 3921 – 1263. [/dropshadowbox]

O futuro da AIDS

Em março deste ano, a maior agência sem fins lucrativos para pesquisa sobre HIV, a Fundação amFAR, afirmou que o ano de 2020 será marcado pela descoberta da cura da AIDS. Para alcançar o objetivo, 100 milhões de dólares serão direcionados à pesquisa. A farmacêutica Renata explica que, até hoje, o vírus HIV consegue se esconder em locais aonde o medicamento não chega. Mesmo quando a carga viral está zerada, por exemplo, é possível que o vírus esteja “dormindo”, ou seja, torne-se indetectável. Essa é a grande questão da cura: encontrar um medicamento que chegue ao sítio onde está o vírus latente. [dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O que é vírus latente? É o vírus adormecido, aquele que não está na circulação sanguínea. [/dropshadowbox] [dropshadowbox align=”center” effect=”raised” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O que é sítio? Sítio é um local do corpo, por exemplo, os linfonodos, onde o vírus fica escondido, ou seja, a medicação não consegue atingi-lo. Atualmente, quando o paciente zera a carga viral, ele consegue não transmitir o vírus, porém, em situações onde de baixa imunidade, os vírus latentes “acordam” e vão para a corrente sanguínea. Na possibilidade de cura, nenhum vírus “acordaria” com a baixa da imunidade, pois o medicamento controlaria, também, os vírus latentes. É o vírus adormecido, aquele que não está na circulação sanguínea. [/dropshadowbox]

A médica Liliane afirma que é inquestionável que se está caminhando ao encontro da cura, mas apostar em uma data é otimismo demasiado, uma vez que os estudos ainda estão em andamento e podem sofrer diversas alterações até a aprovação.

Mercado farmacêutico brasileiro deve atingir US$ 48 bilhões em 2020. Cientistas colocam em dúvida o interesse do setor em medicamentos que efetivamente curem a AIDS. Foto: Pixabay

Questionada sobre possíveis interesses da indústria farmacêutica em controlar pesquisas e/ou divulgá-las, Renata diz que é difícil posicionar-se. “As doenças crônicas, onde o paciente precisa ser medicado durante toda a vida, geram muito dinheiro para a indústria farmacêutica. Isso é inquestionável, por isso, eu não me arrisco a dizer se existe algum tipo de interesse envolvido. Infelizmente, não temos como saber”, lamenta a farmacêutica.

O fato é que repercussões mundiais resultaram em ações locais que transformaram o cenário da doença, entretanto, o ano de 2016 mostrou que a América Latina pode estar caminhando em direção oposta ao restante do planeta – o número de pessoas contaminadas aumentou de 2015 para 2016. A torcida para que a cura da AIDS seja encontrada é antiga e, cada vez mais, embasada em possibilidades concretas, porém, não se pode perder o foco: existiam, em 2015, cerca de 37 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, incluindo crianças e adultos. Dessas, em torno de 827 mil estavam no Brasil, sendo 13% ainda não diagnosticadas. Segundo um estudo divulgado pela revista “The Lancet HIV” em agosto de 2016, cerca de 2,5 milhões de pessoas ainda são infectadas por HIV todos os anos.

“Tudo em nome do amor. Essa é a vida que eu quis!”, cantou Cazuza. Aqui, na América Latina, o amor continua sendo a resposta perfeita para a fome, para a miséria, para a corrupção e para o medo. Que seja, também, a resposta para a AIDS: tudo em nome do amor, mas usando camisinha, por favor!

Por Manuela Fantinel para a disciplina de Jornalismo Científico

“A receita era sempre a mesma. Predsin, Ibuprofeno, Clavulin 500, Awamys e Busonid. Com o tempo já não precisava levar minha filha à consulta, pois já sabia exatamente o que a pediatra receitaria e a dose do remédio a administrar nela”, conta a professora Joana*, mãe de Alice* de 14 anos. A professora relata que já estava desanimada porque o tempo entre as doses de antibióticos que administrava na filha eram muito curtos até que, ao conversar com outras mães, constatou que passavam pela mesma situação. “Eram sacolas de remédios caros a cada consulta. O pior é que as crianças nunca melhoravam. Tinham de tomar antialérgicos por 6 meses seguidos, além dos antibióticos e corticoides”, desabafa.

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Com receita em mãos, vale a pena pesquisar e comparar preços. (Foto: Francine Antunes/Laboratório de Fotografia e Memória)

Numa tarde, na sala de espera para consulta, ouviu uma conversa entre duas mães entusiasmadíssimas por estarem no consultório de uma das melhores pneumopediatras da América do Sul, premiada por um determinado laboratório. Naquele instante, Joana ficou desconfiada do vínculo entre a médica e o laboratório e resolveu adotar outro método para o tratamento da filha. “Na época, minha filha tinha 6 anos e já estava diagnosticada como asmática e dependente da “bombinha” por muito tempo. Resolvi colocá-la na natação, mudar hábitos alimentares e tirar tapetes, cortinas, bichos de pelúcia, perfumes e qualquer outra coisa que desencadeasse alergia respiratória nela. Assim, os remédios foram abolidos da nossa lista de compras”, relata.

Não há como afirmar que todos os médicos receitam muito remédio só pelo interesse da premiação do laboratório, mas é evidente que alguns estão empenhados em tratar o sintoma a longo (ou a todo o prazo) do que curar os pacientes. Será que há um controle de situações como essas? Até onde, esta relação entre médicos, representantes e farmácia, em busca de lucros e benefícios, pode ser prejudicial aos pacientes?

Dos representantes de medicamentos

O representante de medicamentos César* diz que a distribuidora de laboratório nada mais é do que uma revendedora dos produtos de uma indústria. Ele explica que a distribuidora compra do laboratório e revende nas farmácias. “Eu chego na farmácia e mostro todo o portfólio da empresa para a qual trabalho, exponho os diversos preços e dou opção entre ético, genérico e similar”, conta. Fialho explica que os representantes de laboratórios são chamados propagandistas que vão até o cliente (médico) apresentam sua linha e oferecem uma espécie de propina para aquele médico receitar a medicação. “No mercado funciona assim: Quando o médico dá uma receita, ele tem que prescrever o nome ético do remédio. Embora exista a possibilidade do genérico, o médico “obriga” o paciente comprar o ético, alegando que só assim o efeito é garantido. Já na farmácia, o vendedor diz que tem que ser “daquele” laboratório. Assim, o paciente gasta R$ 50 em um medicamento que poderia custar bem menos”, declara.

O representante compara a um estelionato o fato do médico dizer ao paciente que ele não pode trocar o remédio ético pelo genérico e afirma que o certo é não trocar o ético por um similar. Ele conta que as pessoas, por serem desinformadas, acabam gastando bem mais. “Neste contexto os médicos recebem cursos, viagem para o exterior, cruzeiros, notebooks, televisões e similares”, afirma.

E o paciente?

“Já fui repreendida por um médico por ter comprado o remédio em outra farmácia e não a que ele indicou”, conta a telefonista Vanessa Nunes. Ela, que faz uso de medicação contínua para esclerose múltipla e acompanha um tumor, diz que se acha vítima desse sistema. “Às vezes me ligam do laboratório para saber quem me receitou o remédio. Além disso, não me oferecem a opção de genérico”, indigna-se. Como mãe, Vanessa também passa por indignações nesse sistema, o qual ela chama de rede: “Minha filha trata dermatite e a médica diz que não tem cura. Hoje em dia nada tem cura. É remédio e mais remédio. Tudo tem que tratar para sempre, seja um câncer ou uma alergia.” Ela ainda desabafa que acaba comprando os remédios porque nenhuma mãe quer arriscar com a saúde dos filhos.

E as farmácias?

“O controle das farmácias é outra peculiaridade deste mercado. Não podemos esquecer que estamos falando de negócios. Os donos das farmácias são empreendedores”, elucida o representante de medicamento César. Ele explica que, como em todo negócio, a farmácia quer comprar mais barato e vender mais caro. “Neste mercado existe o PMC (Preço Maior ao Consumidor). Se o PMC de um remédio for R$ 20, a farmácia pode doar este medicamento ou vender entre R$ 1 e R$ 20. Então, o que eles fazem? Aproveitam as melhores ofertas, que nós representantes lhes oferecemos, e vendem pelo preço que quiserem”, declara. Fialho afirma, ainda, que nestes casos, muitas vezes impostos são sonegados e taxas são ludibriadas.

“Existem os produtos negociados onde os atendentes ganham uma porcentagem por venderem, mas isso está relacionado com o setor de compras e o laboratório”, conta. Mas a farmacêutica lembra que em algumas farmácias, principalmente as de bairros, a prática de “premiação” por vendas é constante, inclusive, com campanhas internas de vendas em troca de brindes, prêmios e dinheiro. “Tem atendentes que são capazes de enganar o cliente para conseguir fazer a venda do produto”, afirma.A farmacêutica Aline Moraes trabalha há três anos em uma rede de farmácias em Florianópolis (SC), que tem sua matriz em Caxias do Sul (RS).

Ela conta que no seu local de trabalho, a visita do representante é para ver como está o estoque dos produtos, o local em que ele está localizado e explicar a como funcionam novos produtos. Os funcionários são proibidos de receber amostras grátis diretamente dos representantes, mas ela conta que através de um “acerto” com o setor de compras, em alguns momentos é autorizada a realização de coffe breaks, onde é feita a divulgação dos produtos e são distribuídos brindes, como canetas e blocos de notas.

Na rede em que trabalha, Aline conta que não há nenhuma ligação direta com os médicos, mas ela relata que recebem várias receitas com um produto de referência prescritos e carimbado, deixando claro que a troca por outro medicamento não é permitida. “Tem muitos médicos que prescrevem os produtos que os laboratórios fazem propaganda e pagam para eles indicarem. É ruim para o cliente que fica impossibilitado de comprar um medicamente com a mesma substância, porém mais barato”.

Ainda sobre as indicações dos médicos, ela conta que na farmácia em que ela trabalha não é feita cópia da receita nem anotado o nome do profissional que receitou, mas tem conhecimento que em outros estabelecimentos, colegas adotam estas estratégias para facilitar o trabalho do representante. “Daí ele (o representante) pode ver se o médico que ele visita está prescrevendo o medicamento para, assim, retribuir com brindes, viagens e prêmios”, relata Aline.

Para a atendente de farmácia Ana*, a obrigatoriedade da receita do antibiótico nada mais é para controlar a quantidade de vendas de determinado produto. Ela conta que na ocasião dos balanços da farmácia, eles recolhem todas as receitas do mês para ver o que vendeu mais. “Na farmácia quem manda é a marca do laboratório. O que vendeu mais, beneficia a empresa com méritos e até mesmo dinheiro”, conta.

Ana relata que os representantes de laboratórios vão até a farmácia e oferecem benefícios ao gerente que passa para os atendentes a missão de persuadir o cliente a comprar determinada marca. “Tínhamos um mural com as marcas para visualizar os mais vendidos. Além disso, nome por nome dos clientes e dos médicos eram controlados no sistema, com a finalidade de cumprir as metas”, enfatiza. Ela alerta que os grandes beneficiados nisto tudo são os donos dos laboratórios e que os pacientes devem se informar mais.

O pneumologista Airton Schneider Filho nunca ficou condicionado a nenhum laboratório. “Há rumores de que este tipo de abordagem aconteça, mas o máximo que recebi foi convite para jantares de lançamento de medicações”, conta. Segundo o médico, na área dele há um consenso quanto ao receituário. “Recomendamos o remédio conforme nossa experiência de efeitos nos pacientes. O máximo que acontece é, o paciente chegar na farmácia e esta sugerir outra medicação. Isso é ruim. Portanto, tenho o costume de proibir na receita qualquer substituição daquele remédio”, enfatiza.

Schneider afirma ainda que, embora existam interesses comerciais das empresas farmacêuticas, ainda há farmácias sérias que não se submetem ao sistema do lucro acima de tudo. “Sabemos que as farmácias ganham mais com os genéricos, mas nem todas induzem à troca de medicação. Farmácia séria não faz isso”, conclui.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”600px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Como acontece o “negócio”, conforme as palavras do representante:

1º: O propagandista divulga a mercadoria. Sua obrigação é fazer com que o médico receite o seu produto. Neste caso, quanto mais vezes, melhor para o médico.

2º: O médico deve colocar no receituário a marca, o laboratório e enfatizar o uso do ético. Conforme seu ‘desempenho’, pode ganhar viagens e outros prêmios.

3º: A farmácia deve comprar os remédios pelo preço mais barato possível, se quiser ter lucro. Além disso, guarda os receituários para controlar no sistema da empresa o ranking de vendas.

4º: O paciente, que deveria se informar melhor antes de correr para a farmácia, chega com a receita e descobre que não deve comprar o genérico, muito menos o similar.[/dropshadowbox]

Fica a dica:

A maioria das pessoas vai às farmácias em situação de medo, dor ou desespero. Neste caso, não dá tempo para contestar ou pesquisar preços e opções de medicamentos. Vale aproveitar os dias de saúde para se informar a respeito de medicações contínuas, contraindicações e também cuidar melhor da saúde com medidas preventivas, como exercícios físicos e boa alimentação. Além disso, sempre procure um médico ou farmacêutico de sua confiança.

*Nomes fictícios para manter o sigilo das fontes

Por Luisa Neves e Priscila Martini, reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.