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Santa Maria, RS, Brazil

Parada LGBT

Mais uma alternativa para o público e simpatizantes LGBT

Pelo quarto ano consecutivo, foi realizada, nesse domingo (18), mais uma edição da Parada Alternativa LGBT de Santa Maria. Como nas edições anteriores, mesmo com poucos recursos e apoio, o evento ocorreu no largo da locomotiva.

A 36ª edição do Jornal ABRA vai circular amanhã

O jornal ABRA, produzido pelos alunos do 2° semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), começa a ser distribuído amanhã, 04. Os pontos de distribuição serão os conjuntos da Unifra e outros lugares

Pelo quarto ano consecutivo, foi realizada, nesse domingo (18), mais uma edição da Parada Alternativa LGBT de Santa Maria. Como nas edições anteriores, mesmo com poucos recursos e apoio, o evento ocorreu no largo da locomotiva. A organização é do Coletivo Voe, grupo formado por estudantes, pesquisadores e ativistas em defesa da diversidade sexual e de gênero.

As paradas LGBT já existem há muitos anos na cidade. Desde 2015, porém, por não concordarem com alguns quesitos propostos pela prefeitura, integrantes do Coletivo Voe preferiram fazer sua própria parada, mesmo que com menos recursos.

Segundo Henrique Pause, 22 anos, integrante do Coletivo Voe, a parada desse ano foi bastante difícil de organizar. Uma das alternativas para obterem dinheiro foi a venda de camisetas e acessórios. Mesmo assim, com dificuldades, a intenção é continuar com o evento nos próximos anos.

Histórico das Paradas LGBT Alternativas

1ª Parada Alternativa – em 15 de novembro de 2015, com o tema: Nossa alternativa é a luta. Teve o apoio do diretório acadêmico dos estudantes (DCE) e da Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

2ª Parada Alternativa – em 18 de dezembro de 2016, com o tema: Eles estão organizados. E nós? Deu ênfase que vários setores querem tirar os direitos  já conquistados pelo grupo LGBT.

3ª Parada Alternativa – em 19 de novembro de 2017, com o tema: Ativismo e resistência popular. Segundo os organizadores, reuniu quase  4 mil pessoas.

4ª Parada Alternativa – nesse domingo (18), com o tema: A saúde mental de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros.

Texto: Luana Giacomelli

Produzido para a disciplina de Jornalismo I sob a orientação da professora Sione Gomes

A Parada LGBT de Santa Maria é um dos eventos cobertos pelos alunos produtores da 36ª edição do jornal Abra. Foto: arquivo ACS

O jornal ABRA, produzido pelos alunos do 2° semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), começa a ser distribuído amanhã, 04. Os pontos de distribuição serão os conjuntos da Unifra e outros lugares do bairro N. S. do Rosário, como pontos de comércio e sinaleiras, além do centro da cidade. Quem entregará os jornais à população serão os próprios alunos, participando de todas as etapas do processo de produção jornalística.

A 36ª edição produzida durante o mês de novembro aborda três grandes eventos que ocorreram em Santa Maria, a Feisma, a Parada LGBT de Santa Maria e a Romaria da Medianeira. Além disso, traz diversas matérias sobre equipes e projetos esportivos de diferentes modalidades que atuam na cidade e uma matéria sobre a Árvore de Natal da praça Saldanha Marinho.

As redações, reportagens e fotografias que foram feitas por 26 alunos tiveram orientação dos professores Laura Fabrício, Maurício Dias e Rosana Zucolo, das cadeiras, respectivamente, de Fotografia de Imprensa, Jornalismo Digital e Jornalismo I.

Algumas matérias desta edição do ABRA já estão disponíveis na Agência CentralSul.

A militância representada pela bandeira. Foto: Caroline Freitas

As conquistas dos direitos LGBT estão em evidência nas discussões na sociedade e na política. Apesar disso, a comunidade ainda sofre com discriminação e intolerância. Neste ano, 117 pessoas foram assassinadas devido a crimes contra à orientação sexual no Brasil, o equivalente a uma morte a cada 25 horas, segundo relatório da ONG Grupo Gay, especializada em verificação de dados sobre violência homofóbica no país.

Assegurar direitos igualitários à população LGBT, pelo enfrentamento ao preconceito, direitos civis e tolerância, fazem parte da Militância Gay, que propõe nova realidade ao movimento.

Um dos primeiros atos da militância ocorreu em 28 de junho de 1970 em Stonewall, Nova York, quando um grupo LGBT caminhou pelas ruas do bairro em prol dos direitos homossexuais e resistência os maus tratos sofridos pela polícia. O ato histórico marcou a defesa dos direitos civis LGBT. A partir dessa data são realizados todos os anos diversas manifestações sociais, onde se busca promover uma política de igualdade e reconhecimento.

Junto desse movimento social nasceram entidades e ativistas voltados à defesa da comunidade LGBT, visando ao fim de criminalização da homossexualidade e do reconhecimento dos gêneros por meio de leis e políticas públicas.

 

Militância e ativismo em Santa Maria

Ativistas na 3ª Parada LGBT Alternativa de Santa Maria. Foto: Caroline Freitas

Com o tema “Ativismo e Resistência popular’’, Santa Maria realizou no dia 19 de novembro, a 3ª Parada do Orgulho LGBT Alternativa. Trouxe às ruas a histórica luta pelo reconhecimento das diferenças diante do avanço do conservadorismo.

Para o ativista independente Lucas Moreira, 27, que participa da parada desde a primeira edição, a importância do ativismo com diálogos diferenciados, onde todos são ouvidos é necessário na formação da militância santa-mariense.

“As manifestações por direitos na luta LGBT são importantes na construção do ativismo. Talvez seja a forma mais eficaz de chegar aos olhos de todos. O conservadorismo é grande aqui. Já sofremos como minoria que luta por direitos diante de uma crescente onda de posição contra direitos que deveriam ser comuns a todos.  Ouvir todos os lados do movimento é de extrema importância para a construção de uma militância real. Manifestações são um esforço que vale a pena para defender questões em que acreditamos e queremos”, argumenta.

Já o estudante Vitor Ferreira, 19, que cursa Psicologia na UFSM e acompanhou a parada deste ano, não acredita na militância e vê o ativismo atual como forma agressiva de impor respeito. “É preciso ressignificar a forma de lutar por nossos direitos. Já foi conquistado muito e atribuir uma forma agressiva e até mesmo apelativa não é o jeito de agir. Não acredito em ativistas, as lutas deixaram de ser por direitos e se tornaram um confronto de ideias contrárias a tudo que sociedade pensa como certo, sem foco. Não há busca por diálogo e entendimento. Hoje a militância se preocupa mais em chocar. Regredimos muito nesse ponto”, questiona.

A realização da parada é uma parceria entre ativistas independentes, organizações da sociedade civil e Coletivo Voe, que surgiu pela falta de representatividade na comunidade, construindo espaço de expressão e diálogo sobre diversidade sexual, em busca do diálogo igualitário e livre de todas as formas de opressão.

“É muito importante esse tipo de manifestação em Santa Maria, porque mostra que a gente existe. Não queremos nada além do que todo mundo tem, que é ser feliz, viver e constituir uma família, sem precisar sofrer tanto preconceito e ser agredido”, comenta Leonardo Almeida, 23, integrante do Coletivo Voe.

O coletivo trabalha nessa construção com intervenções, formações, palestras, visitas em escolas. “Somos chamados por professores para conversar sobre identidade de gênero. Sempre mostramos que a diferença é normal, que ser diferente é bom”. complementa Leonardo.