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Santa Maria nas telas de Marília Chartune

A crise provocada pela pandemia da Covid-19 impôs novos desafios a profissionais de diversos segmentos, incluindo os relacionados à cultura. Não foi diferente com os artistas plásticos. Sem exposições, com museus e galerias de artes fechadas,

Feira Itinerante reúne artistas e atrai novos artesãos

A terceira edição da feira itinerante Tendéu, que acontece no Boteco do Rosário, bairro Nossa Senhora do Rosário, atraiu novos artistas e vendedores nessa sexta-feira, 28. Organizado por Luciana Minuzi, da página Contos de Obscurecer, em

Mostra sobre feminilidade na sala Eduardo Trevisan

A sala de exposição Eduardo Trevisan, no hall da Câmara dos Vereadores de Santa Maria, está com a mostra “Feminilidade Visual”, aberta até o dia 25 próximo.  Ela reúne os trabalhos de pintura em tela das artistas

Santa Maria por Marília Chartune. Imagens: Arquivo de Pinturas Marília Chartune

A crise provocada pela pandemia da Covid-19 impôs novos desafios a profissionais de diversos segmentos, incluindo os relacionados à cultura. Não foi diferente com os artistas plásticos. Sem exposições, com museus e galerias de artes fechadas, o lugar onde os artistas têm encontrado o público é nas redes sociais. Para a artista plástica Marília Chartune, o mais importante é que o artista não desanime com a pandemia, mesmo com desafios impostos pela quarentena.

Marília Chartune, artista plástica, ex-secretária de cultura de Santa Maria, atualmente à frente da direção do Museu de Arte de Santa Maria (Masm) e proprietária do Atelier Marília Chartune que atua no ramo de pintura, restauração e orientação técnica. Foto: arquivo pessoal

Marília nasceu na cidade de Tocantins, interior de Minas Gerais, é formada em pintura e restauração pela UFRJ, porém, fez de Santa Maria sua casa. De 2013 a 2016 atuou como Secretária de Cultura do Município, mas à noite ou nos finais de semana, sempre ia para o ateliê pintar e desenvolver seu trabalho, apesar de que a pasta exigia tempo integral de atenção. Atualmente, desde o início do mês de maio deste ano, Marília é diretora do Museu de Arte de Santa Maria (Masm) e proprietária de um ateliê que leva o seu nome que atua no ramo de pintura, restauração e orientação técnica.

Para pintura de seus quadros, suas principais inspirações são os elementos comuns do cotidiano. No início de sua carreira, as montanhas e cidades mineiras eram os temas preferidos; no Rio de Janeiro, suas principais inspirações eram as marinas do Rio e litoral fluminense, os estaleiros, que via da janela do sétimo andar da Escola Nacional de Belas Artes, onde aprendeu a técnica da aquarela.

Confira abaixo a entrevista realizada com a artista plástica e pintora Marília Chartune Teixeira.

Mateus Facco: Como os artistas vêm fazendo para conseguir passar por essa pandemia? (em relação ao lado financeiro).

Marília Chartune: Os artistas são muito vulneráveis a qualquer mudança na economia porque exercem atividade informal sem renda fixa. Por isso, um dos cortes em orçamento é o investimento em arte, talvez o primeiro. Os artistas que têm produção tentam vender através da internet ou oferecem pelas redes sociais. Nesse momento de reclusão, é importante produzir e pesquisar, mas sem retorno financeiro, se torna uma tarefa difícil! Estão acontecendo mudanças nos processos de alcance ao público consumidor, os artistas estão reinventando com transmissão de conhecimentos através das lives e conquistando o mercado virtual.

MF: Você que é mineira, formada no Rio de Janeiro, por que se interessou tanto por Santa Maria? O que te trouxe para cá?

MC: Sou mineira de Tocantins, vivi minha infância até me formar no ensino médio em Ubá, fui estudar em Juiz de Fora onde iniciei Engenharia Civil e, posteriormente, fui para o Rio de Janeiro onde me formei em Pintura e Restauração na UFRJ. Em 1989 vim para Santa Maria, por motivo de casamento, cidade que acolhe e valoriza quem aqui se instala e sempre procurei participar de atividades culturais!

MF: Por que você gosta de pintar as paisagens da cidade?

MC: Santa Maria tem muitos atrativos, sua arquitetura art dèco, Neo clássica, seus morros, igrejas, ruas movimentadas, o mais lindo e instigante pôr do sol e as estações definidas são minha inspiração! Gosto de gente, bicicletas e flores! Eu tento criar umas cenas de cidades ideais e Santa Maria me encanta por ter tudo isso que, como artista, vejo com poesia!

MF: À frente da direção do Museu de arte de Santa Maria (Masm), quais são as suas propostas para o museu?

MC: Atualmente aceitei esse convite que muito me interessou por sempre ter atuado junto ao Masm desde sua criação! Tenho que seguir as normas que o museu se propõe como instituição e os projetos como editais, concursos, salões e exposições. Atualmente estamos passando por essa crise sanitária e o espaço físico está impossibilitado de receber visitações. Criamos uma série de eventos no projeto Viva Masm que abrange um mercado de arte no hall, exposição virtual na Sala Jeanine Viero e faremos mostras das coleções do acervo para visitas virtuais. Estamos começando pela coleção de Érico Santos que foi feita doação de pinturas a óleo neste ano e está exposta na Sala Iberê Camargo, mas será veiculada através das redes sociais. Faremos com a AAPSM a mostra em homenagem a Carlos Scliar, no Sesc pelo centenário de nascimento e uma mostra virtual. Sobre a obra de Eduardo Trevisan que também comemoraria em 2020 cem anos! Estão abertas as inscrições para o Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria e divulgaremos também pela internet. Teremos outra forma de movimentar e principalmente disponibilizando nosso acervo.

MF: Quem é a tua inspiração no mundo da arte?

MC: Tenho muitos artistas onde busquei inspiração, mas considero Joaquim Sorolla, impressionista espanhol como minha grande fonte de inspiração na técnica, desenho e luz!

MF: Qual é o seu quadro favorito? E por que ele?

MC: Gosto muito do romantismo inglês e da profusão de cores de William Turner, por isso elejo o “The Burning of the Houses of Parliament, 1834, meu quadro favorito!

Imagem: The Burning of the Houses of Parliament, 1834

MF: Quando secretária de cultura, qual foi teu maior desafio?

MC: Após assumir em 2013, ano em que ocorreu a tragédia que abalou a todos nós, tivemos que reinventar a Cultura! Santa Maria recebeu em novos moldes, uma forma de buscar a autoconfiança e autoestima, tarefa desafiadora. Uma delas foi dar condições a que todos os segmentos buscassem recursos, e com a aprovação do Plano, Fundo e Sistema de Cultura, nos capacitamos junto aos outros pilares Secretaria, Conselho e Conferência a andar em consonância com o Sistema Nacional e o Estadual.

MF: O que a pandemia te deixa de lição. poderá sair algum quadro em relação a isso?

MC: A pandemia já está mudando o comportamento de todos nós, mas na arte, confirmando sua importância, quando nos sentimos isolados, nós acompanhamos de música, arte culinária, design, pintura etc.! A cultura salva, isso está comprovado! Fiz uma pintura para a exposição ConfinArte da Galeria Gravura em Porto Alegre em que a cidade vazia, sem as pessoas se tornou melancólica!

Mais informações sobre os quadros de Marília Chartune acesso o link: https://www.galeriaarte12b.com/marilia-chartune

Por Mateus Facco, acadêmico do curso de Jornalismo da UFN.  Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Cultural, orientada pelo professor Carlos Alberto Badke.

O tema foi Halloween, e os artistas vieram fantasiados. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória.
O tema foi Halloween, e os artistas vieram fantasiados. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória.

A terceira edição da feira itinerante Tendéu, que acontece no Boteco do Rosário, bairro Nossa Senhora do Rosário, atraiu novos artistas e vendedores nessa sexta-feira, 28. Organizado por Luciana Minuzi, da página Contos de Obscurecer, em parceria com A Hora do Terror, conta que a montagem do evento é coletiva, todos que expõem ajudam a organizar e contribuem de alguma forma. Ela tem uma página de produção literária autoral, e vende livros em feiras, inclusive, no Tendéu. “Temos de 10 a 15 bancas, que vêm expor seus produtos aqui (na feira), entre artistas, artesãos, músicos. Quem quiser participar com sua banca pode se inscrever no formulário de inscrição que é aberto dias antes do evento”, explica Luciana. A ideia partiu da escritora porque ela conhece inúmeras pessoas que produzem e não têm onde mostrar seu trabalho. É sua forma de possibilitar uma exposição cultural e contribuir para a produção autoral na cidade. Ela não recebe nenhum patrocínio.
Alguns vendedores estão pela primeira vez na feira, como é o caso da Amanda Lima, que faz as trufas de Halloween. Ela faz os doces para vender e poder comprar materiais de pintura em telas, que é sua paixão, segundo a estudante. “Nunca vendi nem expus em nenhum lugar, e a feira me possibilitou isso, como dá oportunidade para muitos artistas mostrarem seu trabalho”, comenta. Ela diz que não é um evento seletivo, sempre tem algo interessante e diferenciado. As artes são variáveis. Amanda quer fazer Artes Plásticas e trabalhar com ilustrações, pinturas.

A feira tem bancas de venda de roupas, livros, cadernos, objetos, comida. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória
A feira tem bancas de venda de roupas, livros, cadernos, objetos, comida. Foto: Juliano Dutra/Laboratório de Fotografia e Memória

A dupla Eduardo Furlan, estudante de Letras na UFSM, e Eduarda Amaral, vestibulanda – ela quer cursar Artes Visuais, vendem seus cadernos há dois anos. Eles mesmos fazem os produtos, a encadernação, costura, pintura, a colagem de imagens, tudo à mão. Na primeira página de cada scrapbook há um poema autoral de Eduardo. A página FolkBooks é usada para divulgar o trabalho dos acadêmicos e também mostrar outras artes inspiradoras. Eles participam do Brique da Vila Belga e outras exposições. Eduardo considera importante a promoção dessas feiras culturais, para dar espaço aos artesãos e fomentar o mercado autoral. “Não há tantas iniciativas assim em Santa Maria, as pessoas são muito paradas, e quando há eventos assim, feitos por quem corre atrás, precisamos valorizar”, afirma. Para ele, feiras e encontros culturais combatem a manipulação e nos tiram do nosso mundo de conforto, nos coloca em contato com outras realidades. É um forma de fazer política, também.

Não há data programada para o próximo Tendéu, mas você pode acompanhar as informações na página do Facebook.

Exposição retrata mulheres e suas expressões. Fotos: Cláudia Bonoto

A sala de exposição Eduardo Trevisan, no hall da Câmara dos Vereadores de Santa Maria, está com a mostra “Feminilidade Visual”, aberta até o dia 25 próximo.  Ela reúne os trabalhos de pintura em tela das artistas plásticas Carin Dahmer, Mara Priscila Pereira, Meri Ziani e Rosele Seffrin. As artistas retratam mulheres em diferentes momentos, formas e expressões.

A mostra está aberta de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h  e das 13h30 às 17h30.

Fonte:Daniela Huberty