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Rita Lee

Rita Lee e o máximo da moda

Hoje o céu ganha mais uma estrela, morreu na noite desta segunda-feira (8) a rainha do rock brasileiro, Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história do Brasil. Desde 2021, Rita vivia em uma

Mania de Rita

Muito “roquenrou”. Assim pode-se resumir o que é o livro “Rita Lee, uma autobiografia”, lançado pela Globo Livros em 2016. Relato íntimo das vidas pública e privada da cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista. Mulher

Hoje o céu ganha mais uma estrela, morreu na noite desta segunda-feira (8) a rainha do rock brasileiro, Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história do Brasil. Desde 2021, Rita vivia em uma luta constante contra o câncer de pulmão. A cantora era um exemplo de determinação e inovação, tanto no meio artístico quanto no pessoal. Uma das frases mais famosas e marcantes dela é: “Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente fina”, o que representa muito o seu papel no mundo na moda ao passar das décadas.

A roupa toda de tela, apenas com estrelas feitas de lantejoulas pratas, foi uma das mais icônicas de Rita Lee. Foto: Reprodução.

Ela, que viveu sua vida ao extremo, não podia deixar de expressar sua personalidade expansiva e sem vergonha nenhuma. Na hora de sair de casa não deixava a desejar. Para isso a compositora usava um estilo ousado e maximalista, muitas vezes afrontando a época em que estava inserida. Desde seu marcante cabelo vermelho vivo que sempre contrastavam com suas vestes coloridas, estampadas e com silhuetas volumosas. Mesmo através das décadas, Rita Lee não abandonou esta forma de ser, onde quer que fosse ela ia para causar. 

Ao falar desta grande estrela do rock, não podemos deixar de lado os paradigmas do vestuário feminino que foram rompidos e os estereótipos machistas que, para ela, não tinham espaço em seu cotidiano. Ela que ousou e usou roupas que contavam histórias no decorrer de seus álbuns. Na década de 60 afrontou a sociedade ao se apresentar no Festival Internacional da Canção juntamente com a banda Os Mutantes. Apareceu vestida de noiva para cantar “Caminhante Noturno”, o que gerou protesto dos jurados, e, ao final a artista soltou a frase polêmica de Caetano Veloso “É Proibido Proibir”.

Um raro registro de Rita Lee com o vestido em 1969. Foto: Reprodução.

Algumas roupas icônicas da atriz são replicadas até hoje, principalmente no bloco de Carnaval Ritaleena, que estrou em 2015, com o objetivo de homenagear a artista paulista. Em entrevista ao Estado de São Paulo, no ano 2000, o filho Beto Lee falou sobre a influência do estilo da mãe na hora de subir ao palco: “Ela me ensinou que é um lugar sagrado. Não dá para chegar com a mesma roupa que você usa no dia-a-dia. Ela sabe montar um visual como ninguém.”

Para quem acha que estilo é coisa de jovem, a artista expressou sua personalidade até os últimos dias, deixando a sua essência transparecer e conquistar os corações dos brasileiros. A rainha do rock foi um exemplo de liberdade e atitude para as mulheres, não apenas na moda como na vida. VIVA RITA LEE!!!

Muito “roquenrou”. Assim pode-se resumir o que é o livro “Rita Lee, uma autobiografia”, lançado pela Globo Livros em 2016. Relato íntimo das vidas pública e privada da cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista. Mulher que mais vendeu discos no país, cerca de 55 milhões, e conhecida como a “Rainha do Rock Brasileiro”.

A obra nos transporta naturalmente ao passado de Rita, indo desde sua infância no subúrbio da capital paulista até a velhice, passando por diversas fases que marcaram sua vida pessoal e carreira. Podemos deitar e rolar com seus relatos espirituosos. A sensação é de que estamos sentados ao lado da autora, conversando com ela como se fosse uma de nossas amigas mais íntimas.

Nesse bate-papo, a auto-intitulada ovelha negra da família não faz discurso de Madalena arrependida, pelo contrário. Assume que, nos sessenta e nove anos relatados no livro, passou por praticamente todos os vícios em substâncias que poderia. Começando com o gosto pelo açúcar, quando criança, até chegar ao alcoolismo, que afirma ter sido a pior.

 

Nome: Rita Lee, uma autobiografia.

Autora: Rita Lee.

Editora: Globo Livros.

Ano: 2016.

Número de Páginas: 296.

País de origem: Brasil.

Onde encontrar: Livraria Saraiva.

Preço: 26,90.

Revela o fascínio por Peter Pan e James Dean, seus primeiros crushes, conflitos que levaram ao fim suas parcerias com as bandas “Os Mutantes” (1968 a 1972) e “Tutti Frutti” (1973 a 1978). Somos apresentados aos bastidores não apenas desses grupos musicais, ou da carreira solo de Rita, mas também ao contexto histórico, político e social que representou e sofreu a Tropicália. Importante movimento musical que surgiu durante a ditadura militar e da qual a cantora fez parte, juntamente com figuras do calibre de Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos exilados por um tempo na Europa.

Vemos uma declaração de amor à Hebe Camargo, bem como uma inesperada e sincera amizade com Elis Regina. Já se perguntou porque o nome da filha da pimentinha é Maria Rita? O relacionamento profissional e passional primeiro com Arnaldo Baptista e depois Roberto de Carvalho, o doce vampiro com quem é casada até hoje. Passagens como o abuso sexual que sofreu na infância e a prisão quando estava grávida do primeiro filho emocionam, mostrando, mais do que uma artista que abusou de drogas, uma mulher feminista, que não teve medo de se impor em um meio dominado por homens em uma época de repressão. Como chegou a declarar em entrevistas, ao ouvir que rock é coisa de homem, “peguei meu útero, meus ovários e fui fazer roquenrrou”.

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.