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São Sepé

Um destino promissor para as cascas de arroz

Fonte de carboidrato, ele possui vitaminas e nutrientes importantes. Acompanhado, na maioria das vezes, do feijão, o arroz é um dos alimentos mais consumidos no Brasil e no mundo diariamente. Na escala mundial, o Brasil é

Alunos ocupam escola em São Sepé

A luta por educação está em pauta em todo o Brasil. Em abril e maio deste ano, os estudantes paulistas e cariocas ocuparam escolas pedindo melhorias na educação e na estrutura dos colégios. Os movimentos estudantis

O tradicionalismo na nova geração

A importância dos jovens na cultura gaúcha é tanta que existe até um dia especial que representa isso: dia 5 de setembro. Segundo os especialistas em cultura gaúcha, nesse mesmo dia, em 1947, oito jovens saíram

Fazenda de oliveiras entre as cidades de Caçapava do Sul e São Sepé, RS. Foto: arquivo/ cedida pela AI da prefeitura de São Sepé.

Devido ao clima e solo propício, o Rio Grande do Sul tem capacidade para produzir azeite extravirgem de alta qualidade. Considerado um alimento essencial na mesa de quem preza uma boa alimentação, o azeite extravirgem cada vez mais cai no gosto dos gaúchos. No município de Pinheiro Machado, localizado a 355 km de Porto Alegre, é produzido o azeite Batalha, focado no cuidado do seu azeite e na beleza das embalagens de suas garrafas. O azeite foi incluído entre os 500 melhores azeites de oliva do mundo, no mais prestigiado Guia Internacional de Azeites, o “Flos Olei” da Itália.   

Na região central do Estado, temos dois exemplos dessa produção. Localizada na cidade de Cachoeira do Sul, desde o ano de 2006, existe a Olivas do Sul Agroindústria Ltda, considerado o primeiro azeite de oliva extravirgem do mercado a ser produzido em escala comercial no Brasil. Além da comercialização do azeite, a Olivas do Sul desenvolve um projeto para o investidor que tem interesse em entrar no ramo da olivicultura. A empresa disponibiliza muda de oliveiras, sem custos e toda a assessoria técnica necessária para o plantio.

Produzido integralmente no Rio Grande do Sul, o Prosperato Premium, foi o primeiro azeite de oliva extravirgem brasileiro a receber a medalha de ouro no New York International Olive Oil Competition em todas as suas edições. Este é considerado o mais importante concurso de azeite de oliva do mundo fora da Europa. Na região, a variedade é plantada e cultivada entre os municípios de São Sepé e Caçapava do Sul. A produção do azeite começou em 2011, no canto de um viveiro da Tecnoplanta, em Barra do Ribeiro. A publicação do Evoowr (Ranking Mundial dos Azeites Extravirgens), que compilou todos os prêmios distribuídos pelo mundo no ano de 2017, colocou o Prosperato Premium como o 83º melhor azeite do mundo, único brasileiro na lista de 253 azeites de todo o mundo.

Rafael Marchetti, um dos sócios-diretores e filho de um dos fundadores da empresa entrou na Tecnoplanta no mesmo ano em que o novo negócio surgiu como alternativa em um período de baixa na indústria florestal. Marchetti fala que está sempre se atualizando e se especializando em cursos de extração e análise sensorial de azeites, fora do país. Ele ainda fala sobre as dificuldades de competir com azeites importados. “Não se compete, primeiro pelo preço, mas também por quantidade. Temos um produto de baixa escala”, comenta ele.

Por ser um assunto novo, talvez o grande desafio dos produtores seja mostrar aos consumidores a gama de possibilidades do produto. O grande diferencial do azeite produzido no Brasil é o frescor, pelo fato de ter o produto mais próximo para o consumo. Para Rafael o segredo é vender direto ao público. Hoje, a empresa conta com 300 hectares próprios, em Caçapava do Sul, São Sepé, Barra do Ribeiro e Sentinela do Sul, que é o plantio mais recente.

Em 2017, a produção final foi de mais ou menos 13 mil litros de azeite, com as vendas iniciadas em março e finalizadas em outubro. Para 2018, Marchetti acredita ficar em torno de 10 mil litros.

Apesar de todas as dificuldades a procura tem sido alta. No entanto, Marchetti é cauteloso. “É uma cultura de longo prazo, não vai começar a produzir logo, nem produzir todos os anos. A oliveira não é assim, em qualquer lugar do mundo ela é demorada. Leva tempo para atingir uma forma adulta e o negócio se tornar mais rentável. Aqui elas dão os primeiros frutos com 3 ou 4 anos, mas não é uma produção comercial ainda, leva tempo, mas lá adiante é recompensador”, finaliza ele.   

*Reportagem  de Fabian Lisboa,  produzida na disciplina de Jornalismo Científico

Arroz, um dos principais alimentos na mesa do brasileiro. Foto: Planeta Arroz
Arroz, um dos principais alimentos na mesa do brasileiro. Foto: Planeta Arroz

Fonte de carboidrato, ele possui vitaminas e nutrientes importantes. Acompanhado, na maioria das vezes, do feijão, o arroz é um dos alimentos mais consumidos no Brasil e no mundo diariamente. Na escala mundial, o Brasil é o nono maior produtor deste cereal, de acordo com o Ministério da Agricultura, com cerca de 11 milhões de toneladas anuais.

Mas, depois de colhido e trilhado, a palha de arroz demora entre 9 a 10 anos, para se degradar no meio ambiente. Aí que os resíduos de um pequeno grão, viram um grande problema ambiental. Na maioria das vezes, as indústrias costumam descartar a casca do arroz em beira de rios, lagos ou áreas desocupadas. Isso estimula a queima degradada do solo e da água, além de emitir gases que intensificam o efeito do aquecimento global.

Mas nem tudo são pedras. Já há várias propostas ambientais que visam à sustentabilidade por meio da minimização dos impactos negativos decorrentes do descarte inadequado da casca. Uma dessas ideias é a união da palha de arroz com a construção de uma termoelétrica, que terá como fonte de energia a casca. É pensando em sustentabilidade que as cascas de arroz ganham um destino grandioso, o que era para ser descartado revive com outra função.

O município de São Sepé, situado na região central do Rio Grande do Sul, possui, aproximadamente, 25 mil habitantes e, assim como municípios vizinhos, a principal cultura é o arroz. O destino final das cascas, geralmente, é o lixo, causando danos ao meio ambiente. E foi pensando de uma forma sustentável que o responsável pela ONG Glocal, que luta pela sustentabilidade, Gabriel Leão, e o prefeito da cidade, Leocarlos Girardello, conversaram sobre um projeto para reaproveitar a casca do grão.

Tudo começou com um sonho de Gabriel e a luta do prefeito. Eles viram na pequena casca de arroz várias oportunidades para uma cidade inteira. Sem fins lucrativos, a Glocal trabalha em prol de benefícios ligados ao meio ambiente na região. “São Sepé precisa se desenvolver economicamente, mas sempre respeitando as questões sociais e ambientais”, ressalta o fundador da ONG. Em meio a muitas ações no município, a ONG visa englobar as escolas para participarem dos projetos de desenvolvimento sustentável.

Sustentabilidade e empreendedorismo: essas são as palavras chaves para Gabriel quando relata o que é a Glocal. Para eles que trabalham direto com a comunidade, conscientizar é o maior desafio para falar em questões do meio ambiente. O berço da informação para o empreendedor são os jovens, por isso é fundamental trabalhar nas escolas. “As pessoas com mais idade, muitas vezes, não vão mudar os hábitos”.

Léo Girardello(direita), prefeito de São Sepé. Foto: Bruno Garcia
Léo Girardello(direita), prefeito de São Sepé. Foto: Bruno Garcia

Juntamente ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Sandro Brum, e empresários, o prefeito começou uma mobilização para a construção de uma Usina Termoelétrica movida à casca de arroz na região. O contrato, após muitas discussões, foi firmado com a empresa Creral, de Erechim.

A partir de uma área adquirida pela empresa às margens da RS 149, em São Sepé, a Usina Termoelétrica São Sepé vai usar quase 70 mil toneladas de casca de arroz para produzir energia limpa. Segundo dados, a utilização da casca do arroz coloca fim ao problema gerado pelo volume em excesso do produto que até então não possuía uma destinação correta e rentável. No total, a Termoelétrica São Sepé deve gerar 8 megawatts de energia, capaz de abastecer uma cidade com população até quatro vezes maior que a do município.

De acordo com o prefeito, no período de busca pela concretização do projeto foi criada a Lei de Incentivo, que não tinha no município. Hoje já existe o licenciamento ambiental, área adquirida, a perfuração dos poços, financiamento resolvido junto ao BRDE e serão investidos 45 milhões de reais, sendo 36 milhões de financiamento e 9 milhões da empresa Creral.

“Hoje estamos em fase final de projeto, sendo que a obra de terraplanagem inicia agora nos meses de junho e julho, depois vem a parte civil até janeiro e depois a montagem dos equipamentos, a caldeira, usina e o gerador, que já foram adquiridos. Esperamos que o processo realmente siga, pois são nove municípios envolvidos e vem para alavancar a nossa economia, pois envolve a questão de ICM da região”, destaca Girardello.

A questão ambiental

 Antonio Leão,engenheiro da Enerbio. Fotos: Gabriel Leão
Antonio Leão,engenheiro da Enerbio. Fotos: Gabriel Leão

Contudo, São Sepé não está sozinha nessa causa. Segundo o engenheiro Antônio Leão, diretor da Enerbio, uma das fornecedoras de equipamentos para usina, o projeto conta com a ajuda de outras regiões, como Caçapava do Sul, Vila Nova do Sul, Formigueiro, Restinga Seca, São Pedro e Mata. “Os parceiros vão contribuir com uma quantidade razoável de casca. Mas a maior quantidade é de São Sepé, da cooperativa Cotrisel, que vai oferecer praticamente 50% da casca”.

O grande benefício é diminuir o problema ambiental que a casca traz. Mas para o engenheiro, entre 250 a 300 empregos devem ser gerados durante a construção e até 100 cargos serão abertos para a operação da usina. “Então além da sustentabilidade, vamos gerar renda e emprego para a população”.

O jornalista e locutor, da Rádio fundação Cotrisel, Bruno Garcia, vê o progresso, na parte da economia, para São Sepé. As melhorias para a população vão surgir, “será necessária muita mão de obra. Desde os caminhoneiros que transportarão a matéria prima das cidades vizinhas como aqueles que trabalharão na execução da obra e durante a fase de operação da usina. Sem falar nos restaurantes, comércio, rede hoteleira e imobiliária”, comenta o locutor.

Antônio Leão diz que vai ser utilizada de uma maneira eficiente, gerando energia elétrica e energia em investimentos nas áreas como social, saúde e educação. A termoelétrica irá vender em um leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a energia para 28 concessionárias. Os contratos já foram assinados com 27 delas.

Segundo dados do site O Sepeense o sistema terá um silo de 8.000 m² com capacidade de armazenagem para operar com 60 m³/h. A torre de resfriamento irá ter a capacidade para 1.900 m³/h com temperatura de entrada de água de 40 graus e saída de 30 graus.

A intenção da prefeitura é atrair indústrias para o município, oferecendo essa energia. Os principais equipamentos já estão contratados e as obras começam em julho.  Em setembro, de 2017, a casca já vai gerar muitas formas de energia.

São Parceiros: BR Energia Renováveis, Moinho Speense Ltda – São Sepé (1.500 toneladas); F. Dotto & Cia Ltda – Santa Maria (1.500 toneladas); Cooperativa Tritícola Caçapavana Ltda – Caçapava do Sul (6.000 toneladas); Cereais Peger Ltda – Mata (7.000 toneladas); Pagliarin e Cia ltda – São Pedro do Sul (2.000 toneladas); Irmãos Pilon Ltda – Santa Maria (1.500 toneladas); Cooperativa Tritícola Sepeense Ltda – São Sepé/Formigueiro/Restinga Seca (30.000 toneladas); Cerealista Steckel – Santa Margarida (5.000 toneladas); Amauri Guidolin – Santa Maria (1.500 toneladas); Arrozeira Sepeense S/A – São Sepé/Formigueiro (10.000 toneladas).

Por Adriana Aires e Natália Librelotto. Reportagem desenvolvida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.

A luta por educação está em pauta em todo o Brasil. Em abril e maio deste ano, os estudantes paulistas e cariocas ocuparam escolas pedindo melhorias na educação e na estrutura dos colégios. Os movimentos estudantis tiveram repercussão na mídia e chegaram ao Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria de Educação, mais de 100 escolas estão ocupadas no Estado. Conforme informações da 8ª Coordenadoria de Ensino do Rio Grande do Sul, a 8ª CRE, em Santa Maria, há seis escolas ocupadas.

O repórter Pedro Corrêa foi a São Sepé conversar com estudantes que ocupam o Colégio Estadual São Sepé.

Produção e direção: Pedro Corrêa
Edição: Pedro Henrique Lucca, Pedro Corrêa e Tamires Rosa

Concurso de dança é realizado no pátio da escola. Foto: Pedro Corrêa.

A importância dos jovens na cultura gaúcha é tanta que existe até um dia especial que representa isso: dia 5 de setembro. Segundo os especialistas em cultura gaúcha, nesse mesmo dia, em 1947, oito jovens saíram pilchados, em seus cavalos, pelas ruas de Porto Alegre. Eles traziam os restos mortais do herói farroupilha David Canabarro de Sant’Ana do Livramento para a capital e Paixão Cortes os recebeu e fez a guarda de honra destes gaúchos  para homenagem. Eles saíram ao longo da Avenida Farrapos até a praça da Alfândega. Naquele momento, Paixão Cortes saiu à procura de voluntários que, como ele, quisessem reviver a cultura do povo gaúcho que se encontrava visivelmente esquecida perante outras manifestações culturais.

Desde a revalorização desses elementos, através da invenção dos centros de tradições gaúchas, a semana farroupilha é uma semana especial para quem nasce em qualquer cidade do Rio Grande do Sul. Costumes, hábitos e valores são ensinados e transmitidos para as gerações seguintes. No Colégio Estadual São Sepé, por exemplo, há 2 anos é realizado um churrasco no pátio da escola com todas as turmas, nos dias próximos a 20 de setembro. Brincadeiras típicas, como “laçar a vaca parada”, declamação de versos, “soletrando” e concurso de danças os alunos, fazem parte da programação que permitem que os alunos fiquem envolvidos e vivenciem tradições típicas da figura do gaúcho rural.

Escolas propõem atividades que visam o incentivo às tradições gaúchas. Foto: Pedro Corrêa.

Os jovens, em sua maioria, são assíduos em todos os bailes da semana farroupilha, e, para eles, essa semana é esperada por todo o ano letivo. É o que conta a aluna Isadora Seixas,17 anos, do 3º ano ensino médio. “A semana farroupilha, para mim, é uma época onde aflora de uma maneira inexplicável o amor pelas tradições. Espero o ano todo por essa semana e vou a todos os bailes. O amor pelo meu estado fica lá escondidinho, mas nunca esquecido e quando chega essa época ele solta aos quatro ventos”, diz Isadora.
Os professores da escola se envolvem ao elaborar as brincadeiras, assar churrasco com os alunos, e ao passar um pouco do amor à cultura gaúcha para os seus pupilos. A aluna Oleana Ribas, vestibulanda, afirma que aprendeu a gostar das tradições porque o colégio a fez se interessar por isso. “Eu tinha certo pré-conceito com CTG e semana farroupilha, mas depois que eu vi e entendi o que é mesmo, comecei a gostar e até frequentar. A cultura gaúcha, mais precisamente a nossa história farroupilha é linda, e deve ser mantida e preservada de geração em geração”, declara. Oleana encerrou afirmando que pretende incentivar os filhos no cultivo das tradições gaúchas.

A semana farroupilha sempre será uma semana em que sul-rio-grandenses ficam mais gaúchos do que nunca porque um sentimento nacionalista fala mais alto nessa época do ano. Para o Gustavo Peixoto, 17 anos, trata-se de uma época mais importante que a semana da pátria. “Minha pátria é o meu estado Rio Grande do Sul, sou bairrista, e semana da pátria pra mim passa batido, agora a semana farroupilha é outros quinhentos. Cultuo as tradições como manda o figurino e danço até clarear o dia nos bailes e como bóia campeira a semana toda”, afirma. 

Os jovens tradicionalistas, hoje, fazem a cara dos CTG’s. São a certeza de que os valores e hábitos  não serão esquecidos e que serão sempre cultivados, a cada geração. “O tradicionalismo pra mim representa  uma forma de seguir os passos dos nossos que antepassados (avôs, pais, bisas) nos deixaram como herança cultural; representa o orgulho e respeito pelas origens”, alegou Marcela Santos, 17 anos. A cultura gaúcha cultuada na nova geração, no cotidiano, nas escolas ou nos centros tradicionalistas, são uma evidência de que há aspectos e elementos desta identidade cultural que se perpetuaram, pois permanecem, mesmo com algumas alterações. Como determina a música do grupo “Os Fagundes”: “Eu sei que não vou morrer, porque de mim vai ficar, o mundo que eu construí. O meu Rio Grande, o meu lar, campeando as próprias origens, qualquer guri vai achar.

Por Pedro Corrêa