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Terra

Julho é o novo mês da sobrecarga da Terra

A cada ano a data da sobrecarga da Terra tem sido mais cedo. Desde a década de 1970, a demanda anual de recursos excede o que a Terra pode se regenerar. Usamos o equivalente a 1,7

Os dois projetos que você vai conhecer hoje possuem enfoques diferentes, mas ambos buscam trabalhar a sustentabilidade e o conhecimento de nossas riquezas. Eles foram apresentados na Jornada do Meio Ambiente que ocorreu na última segunda-feira, 6 de junho, na Universidade Franciscana. Confira a seguir.

Vidas de Areia

O projeto Vidas de Areia: Estudo do Meio e a Educação para a Sustentabilidade, desenvolvido pelos profissionais e alunos da Educação Básica pertencentes à Escola Municipal de Ensino Fundamental Irineo Antolini, possui enfoque na extração de areia para que os estudantes percebam a importância dessa riqueza natural para a economia local. O trabalho foi instigado e construído através de uma roda de conversa com um dos proprietários do comércio de areeiras na região localizada no Distrito do Passo Verde.

Areias que foram utilizadas como decoração nos vasos. Foto: Heloisa Helena.

Nesse contexto, foi proposto para os estudantes o manuseio com a terra. Desafiando os alunos a colorir as areias com materiais específicos para a confecção de vasos artesanais e coloridos. Assim como Vidas de Areia, outras temáticas ambientais também são abordadas nos primeiros anos de educação formal, através de experiências com elementos da natureza dando significado à aprendizagem. “Além do projeto Vidas de Areia, também temos o projeto Vidas Verdes que é uma horta para trabalharmos com alimentos saudáveis”, comentou a aluna Juliana da Rocha Soares.

Juliana da Rocha Soares e Helena Gomes Antolini, alunas do Irineo Antolini apresentadoras do projeto na JIMA. Foto: Vitória Gonçalves

Ecoriso

O projeto Ecoriso: Reciclagem da Escova Dental foi desenvolvido pela Liga Acadêmica de Odontopediatria (LAOP-UFN), do curso de Odontologia, juntamente com os cursos de Engenharia de Materiais e Design, todos da Universidade Franciscana. O objetivo do trabalho em conjunto seria reciclar escovas dentais após seu uso, devido a substituição frequente desse material.

Alana Alves, acadêmica pertencente ao grupo do projeto apresentado na JIMA. Foto: Heloisa Helena.

Como informado pelos participantes, o cabo das escovas dentais é produzido a partir de materiais de difícil biodegradação, enquanto as cerdas, que efetivamente desorganizam o biofilme, tendem a se deformar e decompor com maior facilidade. O material acaba por agregar problemática da poluição por plástico. Para propor uma alternativa de reutilização das escovas dentais, os acadêmicos e profissionais instalaram pontos de coleta do material nos laboratórios de atendimento clínico do curso de Odontologia. O próximo passo consistiu em descontaminar e esterilizar os objetos, prosseguindo com a separação dos componentes da escova. Após a realização das duas etapas, os cabos foram triturados e colocados em uma forma, aquecidos e finalizados com um corte a laser, as cerdas de nylon seguirão sendo testadas como componente na produção de cimento.

“Os cabos transformados vão ser devolvidos para as crianças para que elas utilizem de forma mais lúdica. Podem desenvolver jogos ou poderão utilizá-los como régua ou quebra-cabeça”, esclareceu a acadêmica de Odontologia Alana Alves.

A ACS está publicando essa semana uma série de textos sobre a Jornada Integrada do Meio Ambiente. Veja aqui e aqui o que já foi publicado na série sobre a JIMA. Amanhã a série segue. Fique de olho.

  • Texto e fotos produzidos durante o primeiro semestre de 2022 na disciplina de Jornalismo Especializado do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.

Muro em Lisboa. Foto: arquivo pessoal Alice Balbé

A cada ano a data da sobrecarga da Terra tem sido mais cedo. Desde a década de 1970, a demanda anual de recursos excede o que a Terra pode se regenerar. Usamos o equivalente a 1,7 Terras para fornecer os recursos e absorver nossos resíduos, ou seja, mais do que um ano e meio para compensar o que usamos em um ano. Na prática significa que estamos sobrecarregando as capacidades de regeneração através da exploração excessiva de florestas (e desmatamento), poluição, escassez de água doce, erosão do solo, perda da biodiversidade e da emissão de mais dióxido de carbono.

No ano 2000, o Earth Overshoot Day foi atingido em outubro. Onze anos depois o mês de setembro tornou-se o limite. Desde 2012 já tem sido demonstrado em agosto. Agora em 2019, a nova data é 29 de julho. No entanto, essa medida refere-se a média mundial. É preciso ainda considerar a média por cada país. Maio foi o mês da sobrecarga para vários países europeus como a Alemanha (dia 3), Suíça (dia 9), França (dia 14), Itália (dia 15), Inglaterra (dia 17), Grécia (dia 20) e Portugal (dia 26). A sobrecarga no Brasil, pelo menos ainda este ano, mantém a média mundial, no mês de julho. Em 1970, a data da sobrecarga era marcada em dezembro, ou seja, a mudança ocorreu em menos de meio século.

A Organização Não-Governamental Global Footprint Network  calcula o Dia da Sobrecarga da Terra, conhecido como Overshoot Day, utilizando o cálculo da Pegada Ecológica. Além dos dados, a ONG propõe conscientizar para um estilo de vida mais sustentável (o que depende também de políticas públicas) e lançou a campanha nas redes sociais chamada #MudarAData em www.overshootday.org/steps-to-movethedate.

Um projeto pioneiro envolvendo centros de investigação locais e a Global Foortprint Network (GFN) foi lançado este ano em Portugal. O Projeto Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses utiliza a metodologia da pegada ecológica da Global Foortprint Network (GFN) e une a GFN, a Associação Sistema Terrestre Sustentável, a ZERO, e a Universidade de Aveiro, com a Unidade de Investigação GOVCOPP. O projeto envolve seis municípios nesta fase inicial: Almada, Bragança, Castelo Branco, Guimarães, Lagoa e Vila Nova de Gaia.

A pegada ecológica envolve hábitos em torno da alimentação, transporte, consumo, energia e moradia. Para calcular a sua pegada ecológica pode utilizar o site: http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php. A estimativa atual é que até 2030 serão necessários três planetas, será que não está mais do que na hora de uma mudança de hábitos?

Faça o teste, analise a sua pegada e questione-se. Qual seria o desempenho da sua cidade no cálculo da pegada, se existissem dados como do projeto de Portugal? Na sua casa ou seu bairro? Será que na sua cidade o tratamento de água e esgoto é adequada? Será que a produção de lixo não poderia diminuir? A coleta seletiva (ela existe?) é realmente eficiente? E o consumo e produção de energia? Qual o impacto das escolhas alimentares? Precisamos repensar hábitos, rotinas de casa e na rua. Precisamos repensar, reduzir, reutilizar e respeitar o ambiente, afinal fazemos parte desta Terra.

 

 

 

Alice Dutra Balbé,  doutora em Ciências da Comunicação e mestre em Informação e Jornalismo pela Universidade do Minho, Portugal,  jornalista egressa UFN.