Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Conversa com a “Pata”

Confira a entrevista com a banda de Porto Alegre Pata de Elefante, que fez show pela primeira vez em Santa Maria.

Quase oito horas da noite do último sábado. Três porto-alegrenses haviam chegado há cerca de duas horas da capital e estavam sentados tomando cerveja num tradicional bar da rua vinte e quatro horas, no centro de Santa Maria. Mais tarde, naquela mesma noite, Gustavo Telles (Prego), Daniel Mossman e Gabriel Guedes fariam a apresentação da Pata de Elefante. O primeiro show do trio instrumental era aguardado por alguns admiradores desde 2004, ano de lançamento do primeiro álbum. Quando os encontrei na rua vinte e quatro horas, o bar já estava fechando. Procurar outro bar para a entrevista? Não foi preciso. Acompanhei a banda até o Macondo Lugar, bar onde estava para acontecer o show e onde eles estavam também hospedados. Após algumas insistentes batidas na porta de madeira da casa verde, subimos a escada guiados por uma tímida penumbra até o segundo piso do bar da Floriano Peixoto. Depois de alguns minutos de conversa, sentados nos improvisados sofás brancos de uma sala de também brancas paredes, iluminada por um abajur num canto, o Prego, baterista e o único sentado numa cadeira, faz o convite: “E aí? Vamos começar, então?”. E foi isso. Gravador, no chão centro da sala, apertei o play e a o papo seguiu. E é o que vocês conferem agora. Um papo direto, assim como o som da Pata de Elefante. Um som “só” instrumental e que para Prego “nasceu assim e vai assim até o fim". Definição dita em off, mas que não pode passar em branco.

VOCÊS COSTUMAM TOCAR SÓ AS MÚSICAS DO PRIMEIRO CD OU TOCAM ALGUMAS INÉDITAS? OU ALGUM COVER DURANTE O SHOW…

DANIEL MOSSMANN- Tocamos várias inéditas. Na verdade, o segundo disco já está sendo bem tocado. Não foi lançado ainda…

GUSTAVO TELLES- É…nem foi lançado ainda. A gente toca ele, não diria quase inteiro, mas pelo menos a metade a gente toca.

DM- É…boa parte. O que dá pra tocar em trio, ao vivo assim… GT- Na real, como a gente tem assim ó…o primeiro disco tem quinze músicas, né? E na época do primeiro disco, já sobraram várias músicas que a gente não gravou e algumas, inclusive, vão entrar para o segundo. Mas, pro segundo disco, a gente acabou gravando o quê? 24, 25 músicas…

DM- Nós temos 26…é 25 músicas gravadas.

DM- Tem uns covers também, né! Tem Hendrix.

GABRIEL GUEDES- Tem umas versões. The Who. Hendrix. Mas fazer cover é meio complicado porque a banda é instrumental…

DM- Tem músicas de amigos também, a gente já tocou. Do Beto Bruno.

GG- É, mas não são covers. São algumas canções que os caras fizeram e nunca usaram nas bandas deles. Tipo, na Cachorro (Cachorro Grande), o Beto tinha aquela música lá que eles nunca tocaram. Então eu conheci, achei legal e a gente tocou.

GT- Tinha uma outra canção que a gente tocava…

GG- Que era Bocudo também, ele fez quando a gente morava junto…

DM- Mas são tudo coves obscuras.

GT- Mas é isso. A prioridade é o repertório próprio. A gente compõe e compõe bastante. Um fato dos três comporem também faz com que tenha bastante música, né? Faz com que se tenha repertório bem amplo.

VOCÊS COMPÕEM INDIVIDUALMENTE. E FIZERAM ALGUMA COISA JUNTOS JÁ?

DM- É…pelo menos é a idéia inicial, né?

GG- Normalmente, a música sofre algum acabamento.

DM- É… Um dos três assim: ‘ah não! Quem sabe a gente faz assim, assado’. Mas sempre surge. Boa parte da música surge já individualmente, a idéia principal, né? O resto é o acabamento.

GG- É que a gente não tem o costume de se encontrar pra compor(…)Fazer musica é um processo solitário, pra nós, normalmente.

GT- Mas, o que acontece é que tu chega pra tocar no estúdio e o cara chega ‘Ah. Tá aqui a música’ e, geralmente, quem tem a música tem a idéia pré-concebida, ‘o baixo é mais ou menos assim, a bateria é mais ou menos assim, a guitarra é assim’. Mas só que os três estão abertos a…

DM- Que os caras tenham suas opiniões.

GT- É…com as idéias. Isso aí nunca teve problema, né?

DM- Não.

GT- É, imagina! A parceria que existe enquanto composição é dessa forma.

GG- A parceria é o fato da gente gostar muito de tocar as músicas um do outro. A gente toca como se fosse nossa. (risos)

GT- E elas são mesmo.

E O SEGUNDO CD…VOCÊS TEM PLANOS PRA LANÇAR QUANDO?

GT- A gente até tava conversando sobre isso agora ali. Na real estamos finalizando a gravação. Depois a gente já vem estabelecendo alguns contatos aí pra ver como é que a gente vai lançar ou não. Mas o principal agora é finalizar a gravação.

GG- A gente tá estudando a questão burocrática, lançar…Nós temos algumas propostas. Nem nós sabemos por quem vamos lançar, gente não sabe quando vai lançar.

DM- É…tem tanta coisa que envolve. Depois que tu terminar de gravar, tem mais o processo de finalizar e mixar e vai pra fábrica… daí é difícil dizer quando. A gente sempre quer o mais rápido possível.

GT- A gente tá concentrado nessa etapa que é a etapa que é finalização da gravação.

GG- Existe uma idéia, uma vontade de ser lançado antes do final do anos.

GT- Que eu acho difícil.

E QUANTO A ESSA CENA INDEPENDENTE QUE TEM NO BRASIL E QUE NO ESTADO TEM SE FIRMADO BASTANTE, TANTO POR FESTIVAIS QUANTO POR SELOS, COMO VOCÊS VÊEM ESSA CENA DE BANDAS INDEPENDENTES. ATÉ POR USAREM INTERNET COMO DIVULGAÇÃO OU GRAVADORAS INDEPENDENTES…

DM- Internet seria basicamente talvez o único veículo, né, pra bandas independentes.

GT- Não é o único, né? Mas é o que é o mais forte.

GG- Hoje em dia, tem selos de pequeno ou médio porte que abraçam esse lance à causa independente.

GT- Acaba sendo veiculado em jornal e tal, questão de show…

DM- Sim, sim.

GT- Mas claro, não há aquela divulgação massiva, porque isso a gente sabe, funciona através do jabá, né? E independente não tem grana pra pagar a execução.

DM- É…e a internet surgiu como uma ferramenta pra quem não tem acesso a esse tipo de meio de comunicação. Eu acho que daqui a pouco, as pessoas vão se dar conta que elas podem, que não precisam simplesmente esperar o que que uma rádio ou uma TV diz pra elas. Elas vão se dar conta. De que tá tudo ali na frente delas. Na verdade, a gente tá no meio de um processo que tá mudando. Esse lance de gravadora tá acabando e, consequentemente, não vai ter jabá pra rádio, vai enfraquecer também, né? Por exemplo, tu tem o exemplo da Fresno, que é uma banda que agora tá tocando em rádio, tem clipe na tv e tal, mas, antes disso, eles tinham 70 mil fãs na no Orkut. É uma coisa que veio da intenet. Som deles da internet. Então eu acho que é o veículo salvação pra esse tipo de banda. Depende simplesmente da opinião das pessoas.

GT- Sim. Porque daí tu acaba meio que conseguindo formar o público, né? Ter um grupo que aí com certeza vai levar esse lance adiante, de passar para os amigos e tal, porque a coisa vai indo, né? Mas, aí pela internet, por uma outra via, né? Aí entra nessa quem quer. Quem tá buscando aquele tipo de informação que se refere à música, né? O cara gosta daquele estilo ali, aí vai lá e de repente: “Pô que legal.”

DM- A gente tá aqui hoje porque, de alguma maneira, as pessoas sabem que a gente existe.

GG- E nós nunca tivemos um “esquemão” …

DM- E nós nunca tivemos um “esquemão” pra chegar aqui, entende? Mas tem gente que já conhece. É assim que eu acho que as bandas independentes meio que exploram a coisa. Aí, tipo qual é a abrangência que é, qual o tamanho disso, daí é outra coisa, né?

GT- Mas, essa história é muito interessante porque o que a gente acabou conquistando até aqui, o que pode não parecer muito importante para muitas pessoas, mas pra gente é muito importante, porque é um lance de que foi debaixo pra cima, entende? A gente faz o que gosta. O som que a gente faz nos agrada e muito, só por isso que funciona. Aí acaba tocando as pessoas e as pessoas de alguma maneira ou de outra se sensibilizam por isso e isso vai crescendo cada vez mais, né? E é óbvio que, lincando a tua pergunta que tu tava falando anteriormente, o fato de tu conseguir organizar isso, de tu saber que acontece isso já e aí conseguir fazer com que haja uma difusão maior por meio da internet… é isso que a gente vem tentando.

GG- O lance é que o que a gente faz é 100% honesto, sincero e isso só nos foi permitido fazer por causa da independência. Porque se nós tivéssemos obrigação com uma gravadora…gostaria de sei lá…colocar um cantor na banda, umas roupinhas coloridas, aprender a dançar. (risos) Por um lado é uma dádiva ser independente apesar de ser o caminho mais sofrido.

E ALÉM DA PATA OUTROS PROJETOS PARALELOS? OUTRAS BANDAS?

GT- Sim.

GG- Não. Todo mundo toca com outras pessoas. Apesar de nós três, a banda principal para cada um de nós é essa. Essa é a nossa banda. É o nosso trabalho. A gente trabalha em outras bandas, não diria como empregados, né? Mas são trabalhos como tu diz, “paralelos”.

DM- É uma coisa que tu meio que entrou num barco andando.

GG- É, eu toco no Garotos da Rua, que é uma banda que existe desde 83, eu acho. Quando eu era criança, eu via os caras tocar no Chacrinha.

DM- Já entrou…concepção já tinha, né?

GG- Eu já peguei o barco mais que andando. O Daniel também, ele toca nos Acústicos e Valvulados, que é uma banda que já tem anos.

DM- Já a história aqui nós que criamos, é nossa idéia. É o nosso barco.

GT- Esse é o nosso projeto. Os guris tocam como músicos contratados, nos Acústicos, nos Garotos. E eu tenho outras histórias também, tenho um outro projeto de blues, de folk e de gospel e toco em outra banda que é uma loucura. É um projeto de pesquisa muito bacana, que é um tipo de coisa que me agrada muito. E a gente toca pelo interior aí. E também faço uns freela com uma outras bandas, né? Mas o nosso projeto é a Pata.

QUAIS SÃO AS MAIORES INFLUÊNCIAS DE VOCÊS. ALGUMA COISA QUE VOCÊS PROCURAM SEMPRE ESTAR ESCUTANDO, QUE VOCÊS GOSTAM MESMO?

DM- Eu acho que esse lance de que o que o cara tá escutando é meio que é de tempos em tempos assim. É uma fase. Agora

GT- E isso, obviamente, influencia diretamente.

GG- Ah! Cada um ouve coisas diferentes dos outros. A gente troca informação e é muita coisa.

GT- Mas, uma coisa muito legal que sempre rolou, desde o início, é que eu sempre tive muita tranqüilidade quanto a isso, eu acho que o Dani e o Gabriel também. É que a gente nunca teve problemas quanto à concepção. Que quando a gente cresceu, alias, eu acho que nisso é que deu certo, é que a gente sacou que a gente gostava mais ou menos das mesmas coisas. E um foi aprendendo com o outro. Mas, nunca teve nenhuma briga, nenhum problema assim quanto à concepção musical, à estética. A gente gosta das mesmas coisas e de repente se um não conhece o outro chega e “Ba! Olha isso aqui”

DM- É não é só rock. Tem uns boleros…nunca teve um preconceito “ah!isso aí eu não vou tocar”. GG- Na banda tem um que gosta mais disso e um que gosta mais daquilo. Mas, mesmo quem gosta mais daquilo

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Confira a entrevista com a banda de Porto Alegre Pata de Elefante, que fez show pela primeira vez em Santa Maria.

Quase oito horas da noite do último sábado. Três porto-alegrenses haviam chegado há cerca de duas horas da capital e estavam sentados tomando cerveja num tradicional bar da rua vinte e quatro horas, no centro de Santa Maria. Mais tarde, naquela mesma noite, Gustavo Telles (Prego), Daniel Mossman e Gabriel Guedes fariam a apresentação da Pata de Elefante. O primeiro show do trio instrumental era aguardado por alguns admiradores desde 2004, ano de lançamento do primeiro álbum. Quando os encontrei na rua vinte e quatro horas, o bar já estava fechando. Procurar outro bar para a entrevista? Não foi preciso. Acompanhei a banda até o Macondo Lugar, bar onde estava para acontecer o show e onde eles estavam também hospedados. Após algumas insistentes batidas na porta de madeira da casa verde, subimos a escada guiados por uma tímida penumbra até o segundo piso do bar da Floriano Peixoto. Depois de alguns minutos de conversa, sentados nos improvisados sofás brancos de uma sala de também brancas paredes, iluminada por um abajur num canto, o Prego, baterista e o único sentado numa cadeira, faz o convite: “E aí? Vamos começar, então?”. E foi isso. Gravador, no chão centro da sala, apertei o play e a o papo seguiu. E é o que vocês conferem agora. Um papo direto, assim como o som da Pata de Elefante. Um som “só” instrumental e que para Prego “nasceu assim e vai assim até o fim". Definição dita em off, mas que não pode passar em branco.

VOCÊS COSTUMAM TOCAR SÓ AS MÚSICAS DO PRIMEIRO CD OU TOCAM ALGUMAS INÉDITAS? OU ALGUM COVER DURANTE O SHOW…

DANIEL MOSSMANN- Tocamos várias inéditas. Na verdade, o segundo disco já está sendo bem tocado. Não foi lançado ainda…

GUSTAVO TELLES- É…nem foi lançado ainda. A gente toca ele, não diria quase inteiro, mas pelo menos a metade a gente toca.

DM- É…boa parte. O que dá pra tocar em trio, ao vivo assim… GT- Na real, como a gente tem assim ó…o primeiro disco tem quinze músicas, né? E na época do primeiro disco, já sobraram várias músicas que a gente não gravou e algumas, inclusive, vão entrar para o segundo. Mas, pro segundo disco, a gente acabou gravando o quê? 24, 25 músicas…

DM- Nós temos 26…é 25 músicas gravadas.

DM- Tem uns covers também, né! Tem Hendrix.

GABRIEL GUEDES- Tem umas versões. The Who. Hendrix. Mas fazer cover é meio complicado porque a banda é instrumental…

DM- Tem músicas de amigos também, a gente já tocou. Do Beto Bruno.

GG- É, mas não são covers. São algumas canções que os caras fizeram e nunca usaram nas bandas deles. Tipo, na Cachorro (Cachorro Grande), o Beto tinha aquela música lá que eles nunca tocaram. Então eu conheci, achei legal e a gente tocou.

GT- Tinha uma outra canção que a gente tocava…

GG- Que era Bocudo também, ele fez quando a gente morava junto…

DM- Mas são tudo coves obscuras.

GT- Mas é isso. A prioridade é o repertório próprio. A gente compõe e compõe bastante. Um fato dos três comporem também faz com que tenha bastante música, né? Faz com que se tenha repertório bem amplo.

VOCÊS COMPÕEM INDIVIDUALMENTE. E FIZERAM ALGUMA COISA JUNTOS JÁ?

DM- É…pelo menos é a idéia inicial, né?

GG- Normalmente, a música sofre algum acabamento.

DM- É… Um dos três assim: ‘ah não! Quem sabe a gente faz assim, assado’. Mas sempre surge. Boa parte da música surge já individualmente, a idéia principal, né? O resto é o acabamento.

GG- É que a gente não tem o costume de se encontrar pra compor(…)Fazer musica é um processo solitário, pra nós, normalmente.

GT- Mas, o que acontece é que tu chega pra tocar no estúdio e o cara chega ‘Ah. Tá aqui a música’ e, geralmente, quem tem a música tem a idéia pré-concebida, ‘o baixo é mais ou menos assim, a bateria é mais ou menos assim, a guitarra é assim’. Mas só que os três estão abertos a…

DM- Que os caras tenham suas opiniões.

GT- É…com as idéias. Isso aí nunca teve problema, né?

DM- Não.

GT- É, imagina! A parceria que existe enquanto composição é dessa forma.

GG- A parceria é o fato da gente gostar muito de tocar as músicas um do outro. A gente toca como se fosse nossa. (risos)

GT- E elas são mesmo.

E O SEGUNDO CD…VOCÊS TEM PLANOS PRA LANÇAR QUANDO?

GT- A gente até tava conversando sobre isso agora ali. Na real estamos finalizando a gravação. Depois a gente já vem estabelecendo alguns contatos aí pra ver como é que a gente vai lançar ou não. Mas o principal agora é finalizar a gravação.

GG- A gente tá estudando a questão burocrática, lançar…Nós temos algumas propostas. Nem nós sabemos por quem vamos lançar, gente não sabe quando vai lançar.

DM- É…tem tanta coisa que envolve. Depois que tu terminar de gravar, tem mais o processo de finalizar e mixar e vai pra fábrica… daí é difícil dizer quando. A gente sempre quer o mais rápido possível.

GT- A gente tá concentrado nessa etapa que é a etapa que é finalização da gravação.

GG- Existe uma idéia, uma vontade de ser lançado antes do final do anos.

GT- Que eu acho difícil.

E QUANTO A ESSA CENA INDEPENDENTE QUE TEM NO BRASIL E QUE NO ESTADO TEM SE FIRMADO BASTANTE, TANTO POR FESTIVAIS QUANTO POR SELOS, COMO VOCÊS VÊEM ESSA CENA DE BANDAS INDEPENDENTES. ATÉ POR USAREM INTERNET COMO DIVULGAÇÃO OU GRAVADORAS INDEPENDENTES…

DM- Internet seria basicamente talvez o único veículo, né, pra bandas independentes.

GT- Não é o único, né? Mas é o que é o mais forte.

GG- Hoje em dia, tem selos de pequeno ou médio porte que abraçam esse lance à causa independente.

GT- Acaba sendo veiculado em jornal e tal, questão de show…

DM- Sim, sim.

GT- Mas claro, não há aquela divulgação massiva, porque isso a gente sabe, funciona através do jabá, né? E independente não tem grana pra pagar a execução.

DM- É…e a internet surgiu como uma ferramenta pra quem não tem acesso a esse tipo de meio de comunicação. Eu acho que daqui a pouco, as pessoas vão se dar conta que elas podem, que não precisam simplesmente esperar o que que uma rádio ou uma TV diz pra elas. Elas vão se dar conta. De que tá tudo ali na frente delas. Na verdade, a gente tá no meio de um processo que tá mudando. Esse lance de gravadora tá acabando e, consequentemente, não vai ter jabá pra rádio, vai enfraquecer também, né? Por exemplo, tu tem o exemplo da Fresno, que é uma banda que agora tá tocando em rádio, tem clipe na tv e tal, mas, antes disso, eles tinham 70 mil fãs na no Orkut. É uma coisa que veio da intenet. Som deles da internet. Então eu acho que é o veículo salvação pra esse tipo de banda. Depende simplesmente da opinião das pessoas.

GT- Sim. Porque daí tu acaba meio que conseguindo formar o público, né? Ter um grupo que aí com certeza vai levar esse lance adiante, de passar para os amigos e tal, porque a coisa vai indo, né? Mas, aí pela internet, por uma outra via, né? Aí entra nessa quem quer. Quem tá buscando aquele tipo de informação que se refere à música, né? O cara gosta daquele estilo ali, aí vai lá e de repente: “Pô que legal.”

DM- A gente tá aqui hoje porque, de alguma maneira, as pessoas sabem que a gente existe.

GG- E nós nunca tivemos um “esquemão” …

DM- E nós nunca tivemos um “esquemão” pra chegar aqui, entende? Mas tem gente que já conhece. É assim que eu acho que as bandas independentes meio que exploram a coisa. Aí, tipo qual é a abrangência que é, qual o tamanho disso, daí é outra coisa, né?

GT- Mas, essa história é muito interessante porque o que a gente acabou conquistando até aqui, o que pode não parecer muito importante para muitas pessoas, mas pra gente é muito importante, porque é um lance de que foi debaixo pra cima, entende? A gente faz o que gosta. O som que a gente faz nos agrada e muito, só por isso que funciona. Aí acaba tocando as pessoas e as pessoas de alguma maneira ou de outra se sensibilizam por isso e isso vai crescendo cada vez mais, né? E é óbvio que, lincando a tua pergunta que tu tava falando anteriormente, o fato de tu conseguir organizar isso, de tu saber que acontece isso já e aí conseguir fazer com que haja uma difusão maior por meio da internet… é isso que a gente vem tentando.

GG- O lance é que o que a gente faz é 100% honesto, sincero e isso só nos foi permitido fazer por causa da independência. Porque se nós tivéssemos obrigação com uma gravadora…gostaria de sei lá…colocar um cantor na banda, umas roupinhas coloridas, aprender a dançar. (risos) Por um lado é uma dádiva ser independente apesar de ser o caminho mais sofrido.

E ALÉM DA PATA OUTROS PROJETOS PARALELOS? OUTRAS BANDAS?

GT- Sim.

GG- Não. Todo mundo toca com outras pessoas. Apesar de nós três, a banda principal para cada um de nós é essa. Essa é a nossa banda. É o nosso trabalho. A gente trabalha em outras bandas, não diria como empregados, né? Mas são trabalhos como tu diz, “paralelos”.

DM- É uma coisa que tu meio que entrou num barco andando.

GG- É, eu toco no Garotos da Rua, que é uma banda que existe desde 83, eu acho. Quando eu era criança, eu via os caras tocar no Chacrinha.

DM- Já entrou…concepção já tinha, né?

GG- Eu já peguei o barco mais que andando. O Daniel também, ele toca nos Acústicos e Valvulados, que é uma banda que já tem anos.

DM- Já a história aqui nós que criamos, é nossa idéia. É o nosso barco.

GT- Esse é o nosso projeto. Os guris tocam como músicos contratados, nos Acústicos, nos Garotos. E eu tenho outras histórias também, tenho um outro projeto de blues, de folk e de gospel e toco em outra banda que é uma loucura. É um projeto de pesquisa muito bacana, que é um tipo de coisa que me agrada muito. E a gente toca pelo interior aí. E também faço uns freela com uma outras bandas, né? Mas o nosso projeto é a Pata.

QUAIS SÃO AS MAIORES INFLUÊNCIAS DE VOCÊS. ALGUMA COISA QUE VOCÊS PROCURAM SEMPRE ESTAR ESCUTANDO, QUE VOCÊS GOSTAM MESMO?

DM- Eu acho que esse lance de que o que o cara tá escutando é meio que é de tempos em tempos assim. É uma fase. Agora

GT- E isso, obviamente, influencia diretamente.

GG- Ah! Cada um ouve coisas diferentes dos outros. A gente troca informação e é muita coisa.

GT- Mas, uma coisa muito legal que sempre rolou, desde o início, é que eu sempre tive muita tranqüilidade quanto a isso, eu acho que o Dani e o Gabriel também. É que a gente nunca teve problemas quanto à concepção. Que quando a gente cresceu, alias, eu acho que nisso é que deu certo, é que a gente sacou que a gente gostava mais ou menos das mesmas coisas. E um foi aprendendo com o outro. Mas, nunca teve nenhuma briga, nenhum problema assim quanto à concepção musical, à estética. A gente gosta das mesmas coisas e de repente se um não conhece o outro chega e “Ba! Olha isso aqui”

DM- É não é só rock. Tem uns boleros…nunca teve um preconceito “ah!isso aí eu não vou tocar”. GG- Na banda tem um que gosta mais disso e um que gosta mais daquilo. Mas, mesmo quem gosta mais daquilo