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Santa Maria, RS, Brazil

Da novidade ao marasmo

Que a telenovela faz parte da nossa cultura televisiva, não há o que discutir. E que de certa forma, junto como o futebol, se recusam a ficar num papel secundário, também não há o que ignorar. Mas o que sempre me chamou a atenção nas telenovelas não foram as histórias empolgantes – a última que acompanhei foi “Roque Santeiro” lá pelo distante ano de 1985 – mas as trilhas sonoras.

Tudo bem, antes que alguém me chame de arcaico, um aviso: embora não tenha mais este hábito, algo que não abandonei foi o analisar quais artistas aparecem na seleção que é levada ao mercado a cada estréia de uma nova telenovela…

No momento, o que me chama a atenção é o fato de que duas novelas globais têm algo em comum: não estou falando das histórias, mas sim das músicas utilizadas nas aberturas de ambas. Acompanhem o meu pensamento: tanto a novela das 19hrs, “Cobras e Lagartos” quando levada ao ar depois do Jornal Nacional, “Belíssima” possuem em sua abertura, duas músicas consagradas; até ai, tudo bem…se elas não fossem dos anos 80, conhecidíssimas do público, até mesmo pelas gerações dos anos 90 e de 2000. Falo de “Alô, Alô, Marciano” cantada por Elis Regina e que é o tema de abertura de “Cobras e Lagartos” e de “Você é Linda”, composta e cantada por Caetano Veloso. Porque estou mencionando isto daí? Muito bem, pelo fato, de que até meados dos anos 80, a trilha sonora de uma novela, incorporava sempre um quesito que embora fosse de mercado (leia-se comercial) era algo indispensável: a novidade!!! Tudo bem, esta afirmação é discutível, pois em 1976, quando a novela “Estúpido Cupido” foi levada ao ar, o tema de abertura homônimo era de uma gravação de 1961, cantada pela falecida Cely Campello. E no ano seguinte, uma outra novela, coincidentemente do mesmo autor, Mário Prata, surge com a mesma proposta: o tema de abertura de uma música que surgiu dez anos antes e que a batizou: “Sem Lenço, Sem Documento” homônimo também a referida novela!!!   Mas se focarmos em uma outra novela deste mesmo período, “Locomotivas” do meu xará Cassiano Gabus Mendes, a trilha de abertura ia radicalmente para um outro oposto: a utilização de um tema instrumental extremamente inovadora para aquela época (e para mim, até hoje) que era “Maria Fumaça” da Banda Black Rio. Para que se tenha uma idéia do que foi esta banda, basta frisar que o vinil era disputado a peso de ouro pelos DJ’s londrinos nos anos 90. A trilha sonora desta novela conta também com outra musica instrumental que junto com “Maria Fumaça” marcou aquele momento: trata-se de “Vôo sobre o Horizonte” do grande grupo instrumental Azymuth, nascido em 1973 e em atividade até hoje.

Por fim, um detalhe que não dá para deixar de lado: nos anos 90, a Rede Globo passou a utilizar músicas recicladas, ou seja, compostas bem antes, mas que foram gravadas por outros intérpretes com nova roupagem. Neste caso, o caso que menciono aqui foi a canção “Meu Bem, Meu Mal” que foi composta e gravada pelo mesmo Caetano Veloso em 1982 no disco “Outras Palavras” e que nesta versão que deu nome a novela, era cantada por Marcos André….Alguém sabe dizer quem foi ele e o que faz hoje? Se continua cantando?!

* Também publicado no blog Memória Musical http://cassianoscherner.blog.uol.com.br/.

Cassiano Scherner é jornalista e mestre em comunicação pela PUC/RS

 

 

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Que a telenovela faz parte da nossa cultura televisiva, não há o que discutir. E que de certa forma, junto como o futebol, se recusam a ficar num papel secundário, também não há o que ignorar. Mas o que sempre me chamou a atenção nas telenovelas não foram as histórias empolgantes – a última que acompanhei foi “Roque Santeiro” lá pelo distante ano de 1985 – mas as trilhas sonoras.

Tudo bem, antes que alguém me chame de arcaico, um aviso: embora não tenha mais este hábito, algo que não abandonei foi o analisar quais artistas aparecem na seleção que é levada ao mercado a cada estréia de uma nova telenovela…

No momento, o que me chama a atenção é o fato de que duas novelas globais têm algo em comum: não estou falando das histórias, mas sim das músicas utilizadas nas aberturas de ambas. Acompanhem o meu pensamento: tanto a novela das 19hrs, “Cobras e Lagartos” quando levada ao ar depois do Jornal Nacional, “Belíssima” possuem em sua abertura, duas músicas consagradas; até ai, tudo bem…se elas não fossem dos anos 80, conhecidíssimas do público, até mesmo pelas gerações dos anos 90 e de 2000. Falo de “Alô, Alô, Marciano” cantada por Elis Regina e que é o tema de abertura de “Cobras e Lagartos” e de “Você é Linda”, composta e cantada por Caetano Veloso. Porque estou mencionando isto daí? Muito bem, pelo fato, de que até meados dos anos 80, a trilha sonora de uma novela, incorporava sempre um quesito que embora fosse de mercado (leia-se comercial) era algo indispensável: a novidade!!! Tudo bem, esta afirmação é discutível, pois em 1976, quando a novela “Estúpido Cupido” foi levada ao ar, o tema de abertura homônimo era de uma gravação de 1961, cantada pela falecida Cely Campello. E no ano seguinte, uma outra novela, coincidentemente do mesmo autor, Mário Prata, surge com a mesma proposta: o tema de abertura de uma música que surgiu dez anos antes e que a batizou: “Sem Lenço, Sem Documento” homônimo também a referida novela!!!   Mas se focarmos em uma outra novela deste mesmo período, “Locomotivas” do meu xará Cassiano Gabus Mendes, a trilha de abertura ia radicalmente para um outro oposto: a utilização de um tema instrumental extremamente inovadora para aquela época (e para mim, até hoje) que era “Maria Fumaça” da Banda Black Rio. Para que se tenha uma idéia do que foi esta banda, basta frisar que o vinil era disputado a peso de ouro pelos DJ’s londrinos nos anos 90. A trilha sonora desta novela conta também com outra musica instrumental que junto com “Maria Fumaça” marcou aquele momento: trata-se de “Vôo sobre o Horizonte” do grande grupo instrumental Azymuth, nascido em 1973 e em atividade até hoje.

Por fim, um detalhe que não dá para deixar de lado: nos anos 90, a Rede Globo passou a utilizar músicas recicladas, ou seja, compostas bem antes, mas que foram gravadas por outros intérpretes com nova roupagem. Neste caso, o caso que menciono aqui foi a canção “Meu Bem, Meu Mal” que foi composta e gravada pelo mesmo Caetano Veloso em 1982 no disco “Outras Palavras” e que nesta versão que deu nome a novela, era cantada por Marcos André….Alguém sabe dizer quem foi ele e o que faz hoje? Se continua cantando?!

* Também publicado no blog Memória Musical http://cassianoscherner.blog.uol.com.br/.

Cassiano Scherner é jornalista e mestre em comunicação pela PUC/RS