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Santa Maria, RS, Brazil

Meio ambiente preservado

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O Criadouro Conservacionista São Braz, localizado em Santa Maria, funciona com a autorização do Ibama e abriga 325 animais de 100 espécies diferentes, entre mamíferos, répteis e aves. Além da grande diversidade, o Criadouro se destaca por suas campanhas de preservação ambiental, que tentam conscientizar a população sobre questões ecológicas.

    Criado em 1995 pelo ambientalista Santos de Jesus Braz da Silva, o Criadouro Conservacionista contava inicialmente apenas com aves. “Comecei com a criação de pássaros, como cardeais e azulões, até que em meados de 2000, o Criadouro foi transferido de local e eu recebi mamíferos e répteis”, conta Braz. 
            
    Os animais abrigados pelo Criadouro foram apreendidos pela fiscalização do 2º Batalhão Ambiental e também pelo Ibama. Tratam-se de vítimas de maus tratos, posse ilegal ou tráfico de animais silvestres. “Eles foram vitimados pela mão do homem e que hoje são dependentes, não podendo retornar para a natureza. Nós não somos colecionadores de animais, então todos os que puderem ser reentroduzidos ao meio ambiente serão reabilitados por nós. Claro que existe um controle, temos que analisar vários fatores, como a disputa de território e a busca por alimentos, uma vez que o habitat natural está muito reduzido”, explica.
 
    O Criadouro não conta com ajuda financeira regular de nenhum órgão governamental, mantendo-se principalmente através dos ingressos pagos pelos alunos das escolas que freqüentam o local e pelas doações de pessoas físicas e jurídicas que contribuem com o projeto. “Nós não recebemos nenhuma verba vinda do governo, o que temos são parcerias montadas com a Prefeitura Municipal de Santa Maria, com a Polícia Civil e com a Brigada Militar. Toda carne que é apreendida aqui na região, por exemplo, é doada para a alimentação dos animais”, esclarece o ambientalista.

    Com supervisão e acompanhamento do Escritório Regional do Ibama, o Criadouro desenvolve um amplo programa de sensibilização ambiental na rede escolar local e regional. Aproximadamente 18 mil pessoas visitaram o local em 2005, número considerado baixo pelos proprietários, que pretendem triplicar as visitações. “Levando em consideração que Santa Maria é um centro de educação, com uma quantidade enorme de instituições de ensino, acredito que o Criadouro poderia ser bem mais freqüentado. Nosso trabalho é voltado exclusivamente para fins didáticos, por isso existe essa preocupação de alcançar um número cada vez maior de pessoas”, avalia.


 
Adote um amigoImage

    Como solução para problemas econômicos foi criado o projeto Adote um amigo, que visa o apadrinhamento, por parte da sociedade dos animais do Criadouro. Qualquer pessoa física ou jurídica pode adotar um viveiro que contenha um ou mais animais. Segundo Braz, o projeto foi bem aceito pela sociedade e poucos viveiros ainda não foram adotados. “Temos poucos recintos que ainda não foram adotados, como o dos répteis, porcos selvagens, emas, tartarugas e de algumas aves, além do espaço de readaptação de aves, onde elas reaprender a voar, a buscar alimentos e a conviver com outras espécies”, explica.

    O programa de adoção permite que os padrinhos visitem os animais periodicamente, desde que marquem com antecipação. “Queremos que as pessoas venham aqui, que elas monitorem os animais, que elas saibam como eles são tratados e como o seu dinheiro está sendo investido. Como agradecimento do Criadouro, todos os padrinhos recebem placas com seu nome que são colocadas junto ao viveiro dos animais”, completa Braz.

Projetos

    Atualmente, o Criadouro desenvolve dois projetos de educação ambiental: Educação Ambiental na prática e Em nome da vida silvestre. O primeiro refere-se às aulas de educação ambiental dadas aos alunos que visitam o local. “Eu percebi que não adianta simplesmente falar, explicar as situações para os alunos, é importante que eles observem e vivenciem aquilo que é explanado. Dessa forma, eles aprendem bem mais e conseqüentemente se conscientizam mais”, informa Vânia Stello, proprietária do Criadouro.

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Um enfoque maior é dado ao fato de os animais estarem presos, a forma como isso ocorreu e o que isso trás de conseqüências para eles. Essas informações acabam sensibilizando os visitantes. Conforme Vânia, os animais são provas de crimes ambientais, e é importante contar a trajetória de cada um deles para os alunos, que ficam impressionados com as crueldades a que os animais foram submetidos. “Eles poderiam estar livres na natureza e acabaram sendo vitimados e estão aqui presos e dependentes da gente. Infelizmente, os animais precisam ficar presos, mas a gente procura deixá-los o mais perto possível de sua vida natural, propiciando um convívio com outras espécies e quando possível à reprodução”. 

    O segundo projeto, Em nome da Vida Selvagem, foi colocado em prática pela primeira vez no mês passado e consiste na troca de objetos predatórios por brinquedos para as crianças. Os organizadores pretendem consolidar a campanha para que seja realizada anualmente, no período de junho a outubro. No lançamento, participaram cerca de 90 alunos de 1ª a 4ª série, das escolas municipais João Hundertmark, de Santa Maria, e Alfredo Lenhart, de Itaara, que além de participarem da troca de objetos predatórios por brinquedos, ajudaram a soltar cardeais e canários-da-terra que foram reentroduzidos ao meio ambiente.

    A idéia surgiu numa aula de educação ambiental ministrada para crianças carentes de uma escola santa-mariense. Na palestra sobre métodos predatórios, os alunos foram questionados sobre o que eram determinados objetos, como bodoques e gaiolas, por exemplo. “Muitas das crianças me responderam que o bodoque era um brinquedo e então eu expliquei que não o considerava um brinquedo, porque era uma arma que machucava e matava os animais. Um menino me respondeu que considerava um divertimento, porque era a única coisa que ele tinha para brincar. Aquilo me chocou muito, e conversando com o Braz surgiu a idéia de trocar esses objetos por brinquedos de verdade”, conta Vânia. 

    Com o apoio do Ibama e da Receita Federal, que doou uma grande remessa de brinquedos apreendidos, os proprietários do criadouro conseguiram colocar o projeto em prática. “Toda criança que tiver um método predatório em casa, ou seja, um bodoque, uma gaiola, um alçapão, uma arapuca e trouxer para nós, receberá um brinquedo em troca e terá uma aula de educação ambiental para que tenha certeza de que fez uma boa escolha, vendo na prática os maus que os métodos predatórios causam”, completa.

    Os materiais arrecadados são utilizados em diversas atividades do próprio Criadouro, como para exemplificação na sala de educação ambiental e manutenção do Pórtico da Liberdade, portal simbólico feito de objetos predatórios onde ocorre a libertação de aves ao meio ambiente. O restante dos objetos será reunido e destruído por um rolo compressor, sendo reutilizados em processos de reciclagem.

    Outro projeto que está em andamento, refere-se à reciclagem. Trata-se da montagem de uma sala para separação e reaproveitamento de resíduos. Após o lanche, todos os alunos irão aprender a separar e reciclar os resíduos que restaram e também terão acesso a um painel com o tempo de decomposição de diversos produtos e a uma exposição de objetos que foram fabricados partir de materiais reciclados. “Tudo isso para que os alunos entendam que um pneu, por exemplo, que demora 450 anos para se decompor, pode ser utilizado para outra coisa, diminuindo a poluição ambiental. A gente quer que eles percebam a importância dessas pequenas coisas, que além de serem benéficas para o meio ambiente geram renda para muitas famílias”, finaliza Vânia.

Fotos: Mariana Silveira (da Redação)

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O Criadouro Conservacionista São Braz, localizado em Santa Maria, funciona com a autorização do Ibama e abriga 325 animais de 100 espécies diferentes, entre mamíferos, répteis e aves. Além da grande diversidade, o Criadouro se destaca por suas campanhas de preservação ambiental, que tentam conscientizar a população sobre questões ecológicas.

    Criado em 1995 pelo ambientalista Santos de Jesus Braz da Silva, o Criadouro Conservacionista contava inicialmente apenas com aves. “Comecei com a criação de pássaros, como cardeais e azulões, até que em meados de 2000, o Criadouro foi transferido de local e eu recebi mamíferos e répteis”, conta Braz. 
            
    Os animais abrigados pelo Criadouro foram apreendidos pela fiscalização do 2º Batalhão Ambiental e também pelo Ibama. Tratam-se de vítimas de maus tratos, posse ilegal ou tráfico de animais silvestres. “Eles foram vitimados pela mão do homem e que hoje são dependentes, não podendo retornar para a natureza. Nós não somos colecionadores de animais, então todos os que puderem ser reentroduzidos ao meio ambiente serão reabilitados por nós. Claro que existe um controle, temos que analisar vários fatores, como a disputa de território e a busca por alimentos, uma vez que o habitat natural está muito reduzido”, explica.
 
    O Criadouro não conta com ajuda financeira regular de nenhum órgão governamental, mantendo-se principalmente através dos ingressos pagos pelos alunos das escolas que freqüentam o local e pelas doações de pessoas físicas e jurídicas que contribuem com o projeto. “Nós não recebemos nenhuma verba vinda do governo, o que temos são parcerias montadas com a Prefeitura Municipal de Santa Maria, com a Polícia Civil e com a Brigada Militar. Toda carne que é apreendida aqui na região, por exemplo, é doada para a alimentação dos animais”, esclarece o ambientalista.

    Com supervisão e acompanhamento do Escritório Regional do Ibama, o Criadouro desenvolve um amplo programa de sensibilização ambiental na rede escolar local e regional. Aproximadamente 18 mil pessoas visitaram o local em 2005, número considerado baixo pelos proprietários, que pretendem triplicar as visitações. “Levando em consideração que Santa Maria é um centro de educação, com uma quantidade enorme de instituições de ensino, acredito que o Criadouro poderia ser bem mais freqüentado. Nosso trabalho é voltado exclusivamente para fins didáticos, por isso existe essa preocupação de alcançar um número cada vez maior de pessoas”, avalia.


 
Adote um amigoImage

    Como solução para problemas econômicos foi criado o projeto Adote um amigo, que visa o apadrinhamento, por parte da sociedade dos animais do Criadouro. Qualquer pessoa física ou jurídica pode adotar um viveiro que contenha um ou mais animais. Segundo Braz, o projeto foi bem aceito pela sociedade e poucos viveiros ainda não foram adotados. “Temos poucos recintos que ainda não foram adotados, como o dos répteis, porcos selvagens, emas, tartarugas e de algumas aves, além do espaço de readaptação de aves, onde elas reaprender a voar, a buscar alimentos e a conviver com outras espécies”, explica.

    O programa de adoção permite que os padrinhos visitem os animais periodicamente, desde que marquem com antecipação. “Queremos que as pessoas venham aqui, que elas monitorem os animais, que elas saibam como eles são tratados e como o seu dinheiro está sendo investido. Como agradecimento do Criadouro, todos os padrinhos recebem placas com seu nome que são colocadas junto ao viveiro dos animais”, completa Braz.

Projetos

    Atualmente, o Criadouro desenvolve dois projetos de educação ambiental: Educação Ambiental na prática e Em nome da vida silvestre. O primeiro refere-se às aulas de educação ambiental dadas aos alunos que visitam o local. “Eu percebi que não adianta simplesmente falar, explicar as situações para os alunos, é importante que eles observem e vivenciem aquilo que é explanado. Dessa forma, eles aprendem bem mais e conseqüentemente se conscientizam mais”, informa Vânia Stello, proprietária do Criadouro.

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Um enfoque maior é dado ao fato de os animais estarem presos, a forma como isso ocorreu e o que isso trás de conseqüências para eles. Essas informações acabam sensibilizando os visitantes. Conforme Vânia, os animais são provas de crimes ambientais, e é importante contar a trajetória de cada um deles para os alunos, que ficam impressionados com as crueldades a que os animais foram submetidos. “Eles poderiam estar livres na natureza e acabaram sendo vitimados e estão aqui presos e dependentes da gente. Infelizmente, os animais precisam ficar presos, mas a gente procura deixá-los o mais perto possível de sua vida natural, propiciando um convívio com outras espécies e quando possível à reprodução”. 

    O segundo projeto, Em nome da Vida Selvagem, foi colocado em prática pela primeira vez no mês passado e consiste na troca de objetos predatórios por brinquedos para as crianças. Os organizadores pretendem consolidar a campanha para que seja realizada anualmente, no período de junho a outubro. No lançamento, participaram cerca de 90 alunos de 1ª a 4ª série, das escolas municipais João Hundertmark, de Santa Maria, e Alfredo Lenhart, de Itaara, que além de participarem da troca de objetos predatórios por brinquedos, ajudaram a soltar cardeais e canários-da-terra que foram reentroduzidos ao meio ambiente.

    A idéia surgiu numa aula de educação ambiental ministrada para crianças carentes de uma escola santa-mariense. Na palestra sobre métodos predatórios, os alunos foram questionados sobre o que eram determinados objetos, como bodoques e gaiolas, por exemplo. “Muitas das crianças me responderam que o bodoque era um brinquedo e então eu expliquei que não o considerava um brinquedo, porque era uma arma que machucava e matava os animais. Um menino me respondeu que considerava um divertimento, porque era a única coisa que ele tinha para brincar. Aquilo me chocou muito, e conversando com o Braz surgiu a idéia de trocar esses objetos por brinquedos de verdade”, conta Vânia. 

    Com o apoio do Ibama e da Receita Federal, que doou uma grande remessa de brinquedos apreendidos, os proprietários do criadouro conseguiram colocar o projeto em prática. “Toda criança que tiver um método predatório em casa, ou seja, um bodoque, uma gaiola, um alçapão, uma arapuca e trouxer para nós, receberá um brinquedo em troca e terá uma aula de educação ambiental para que tenha certeza de que fez uma boa escolha, vendo na prática os maus que os métodos predatórios causam”, completa.

    Os materiais arrecadados são utilizados em diversas atividades do próprio Criadouro, como para exemplificação na sala de educação ambiental e manutenção do Pórtico da Liberdade, portal simbólico feito de objetos predatórios onde ocorre a libertação de aves ao meio ambiente. O restante dos objetos será reunido e destruído por um rolo compressor, sendo reutilizados em processos de reciclagem.

    Outro projeto que está em andamento, refere-se à reciclagem. Trata-se da montagem de uma sala para separação e reaproveitamento de resíduos. Após o lanche, todos os alunos irão aprender a separar e reciclar os resíduos que restaram e também terão acesso a um painel com o tempo de decomposição de diversos produtos e a uma exposição de objetos que foram fabricados partir de materiais reciclados. “Tudo isso para que os alunos entendam que um pneu, por exemplo, que demora 450 anos para se decompor, pode ser utilizado para outra coisa, diminuindo a poluição ambiental. A gente quer que eles percebam a importância dessas pequenas coisas, que além de serem benéficas para o meio ambiente geram renda para muitas famílias”, finaliza Vânia.

Fotos: Mariana Silveira (da Redação)