A cidade, que completa 148 anos nessa quarta-feira, dia 17 de maio, tem uma história consistente, é conhecida como universitária, mas, infelizmente, não tem preservado os seus patrimônios referenciais.
Segundo o arquiteto José Luis Binatto, Santa Maria tem apenas alguns restos de um patrimônio arquitetônico. A Sotéia, destruída em 2006, e a residência de José Mariano da Rocha, ambos do século XIX, são os prédios mais antigos da cidade. Ainda do século XIX, existem o Teatro Treze de Maio, as oitenta e uma casas que compõem a Vila Belga e a Gare da Estação Ferroviária.
"A maior parte do conjunto arquitetônico de Santa Maria está mal preservada. Isso acontece por vários fatores, como uma lei de tombamento muito tímida, o fato de a arquitetura nas décadas de 50 e 60 abominar o estilo eclético, com molduras e decorações, e a falta de consciência da população, que na ânsia pelo novo, abandonou o antigo", salienta o arquiteto. Este é o caso do Hotel Janzem, dos casarões ao longo da Avenida Rio Branco e das casas da Vila Belga.
Binotto falou ainda sobre as modificações que prédios importantes têm sofrido, perdendo as características originais: "Com a modernização, perde-se construções referenciais, como é o caso do antigo Cine Independência, ao lado do Teatro Treze de Maio. Era um belíssimo prédio antes do cinema independência", avaliou.
O arquiteto salienta que a Praça Saldanha Marinho também precisa ser melhor conservada. "Ali acontece todo o tipo de atividade e isso é coisa de cidade provinciana, porque maltrata a praça e a torna terra de ninguém", ponderou.
Cidade ferroviária
Os trilhos da Estação Ferroviária trouxeram para Santa Maria o desenvolvimento econômico, cultural e religioso. O transporte ferroviário, que ganhou um grande impulso no século XIX, teve em Santa Maria o seu ponto culminante. A localização privilegiada da cidade, como centro geográfico do Estado, qualificou-a como maior entroncamento ferroviário do Rio Grande do Sul.
A movimentação do complexo ferroviário, localizado no inicio da Rua Rio Branco, propiciou a criação de uma rede econômica promissora nas imediações e o desenvolvimento comercial de uma gama de serviços, como: hotelaria, armazéns, bares, farmácias e consultórios médicos.
Foi durante o crescimento da Estação Férrea que ocorreu a construção do Teatro Treze de Maio (1890) e da Catedral Diocesana de Santa Maria (1909).
O crescimento originado pela ferrovia garantiu à categoria ferroviária uma importância dentro panorama social da cidade. A fundação da Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, em 1913, foi o primeiro passo de uma série de empreendimentos da categoria.
O largo da Viação Férrea, na Avenida Rio Branco, foi marco de greves, que fizeram parte não só da historia da ferrovia, mas também da cidade.
Grandes conquistas compuseram a realidade dos ferroviários, como a Escola Industrial Hugo Taylor, a Escola Santa Teresinha, atual Colégio Manuel Ribas, e a Casa de Saúde.
A Estagnação veio quando o governo federal, entre as décadas de 50 e 60, priorizou as rodovias. A partir daí, o complexo entra em plena decadência.