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Santa Maria, RS, Brazil

Quando a festa é no interior

 
  Agora que o fator Gre-Nal passa a ser tônica dominante (para satisfação dos colorados, gremistas, imprensa e claro, Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol) após seis anos sem uma final entre os dois clubes, um questionamento deve ser feito: “O que levou a este jejum de sete anos?”.

    Como apontou o jornalista Márcio Serafini1  “para alegria de Novelletto, o que outrora era rotina hoje é motivo de euforia na Capital: decisão em Gre-Nal, sete anos depois.” Lembra o jornalista que entre as décadas de 60, 70 e 80, o interior chegou numa final em apenas três oportunidades onde ficou com o título de vice-campeão: em 1965, com o Juventude, em 1979 com o Esportivo e em 1983 com o Brasil de Pelotas.

    Mas é a partir da década de 90 que este panorama começa a mudar. Em 1998, o Juventude sagrou-se Campeão Gaúcho, após 54 anos de revezamento entre Grêmio e Internacional. A conquista do Juventude findou este ciclo. Em 2001, o time esmeraldino iria de novo para uma final: disputa com o Grêmio e perde, ficando como o vice-campeonato. Seu arqui-rival, o Caxias, também se sagrou campeão gaúcho em 2000 em cima do mesmo Grêmio, devolvendo a derrota de dez anos antes. Naquele ano de 1990,  foi para final e perdeu para o tricolor porto-alegrense.   

    Assim, podemos estabelecer um eixo comum a isto, que é o fato destes times (e aqui digo num sentido bastante amplo, não sendo apenas o RS) aplicaram isto com louvável disciplina. Não aponto apenas a dupla Ca-Ju (embora tenham sido os que conseguiram romper com este rodízio da dupla Gre-Nal), não dá para esquecer de outros times… A Região do Vale dos Sinos, representada através do XV de Novembro da cidade de Campo Bom e a ULBRA de Canoas também disputaram finais, todas elas com o Internacional, time do qual os derrotou e que agora vislumbra a conquista do quinto campeonato gaúcho consecutivo.

    Motivos ou causas desta ascensão? Bem, não sou um “expert” em “sociologia do futebol”, mas arrisco esta idéia. Hoje em dia, estas equipes citadas, que até quinze anos atrás era vistas com descrédito, passaram a investir nos seus jogadores e profissionalizar suas comissões técnicas e também seus dirigentes. Isto está ligado a um fator econômico, a uma determinada cidade inserida em uma região fortalecida economicamente, que consegue “bancar” times competitivos fazendo com que eles disponham de “poderio” tático e técnico. Ou então, no caso do Juventude que mudou o seu  aprendizado de gestão de futebol com ex-parceira a multinacional Parmalat.

    É uma hipótese discutível? Com certeza…. Mas não dá para deixar de perceber que os times citados aqui neste artigo e também os de outros estados como a ADAP de Campo Mourão (PR) e o Ipatinga (MG), ambos finalistas nos campeonatos que disputam. Embora o primeiro tenha perdido por 3 a 0, ficando numa situação complicada e o segundo não tenha conseguido o título de campeão mineiro, é importante ficarmos atentos que existe uma mudança em curso no “modus-operandi” em alguns campeonatos regionais. Também não dá para deixar de mencionar o nome do Paulista e o São Caetano, (os dois de SP) que já foram campões estaduais poucos campeonatos atrás.

    Independente de terem ou não serem campeões, todos estes times citados aqui, conquistaram campeonatos e ou quase por terem feito o que a lição de casa…. Se não o tivessem feito, com certeza não chegariam a este estágio de evolução tática, técnica e organizacional descrito acima.

_________________________________
  1De volta a velha rotina? Coluna “Replay” In: Jornal Pioneiro, Caxias do Sul, nº. 9458. 1º/04/2006 

 

*Cassiano Scherner é jornalista e mestre em Comunicação pela PUC-RS

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  Agora que o fator Gre-Nal passa a ser tônica dominante (para satisfação dos colorados, gremistas, imprensa e claro, Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol) após seis anos sem uma final entre os dois clubes, um questionamento deve ser feito: “O que levou a este jejum de sete anos?”.

    Como apontou o jornalista Márcio Serafini1  “para alegria de Novelletto, o que outrora era rotina hoje é motivo de euforia na Capital: decisão em Gre-Nal, sete anos depois.” Lembra o jornalista que entre as décadas de 60, 70 e 80, o interior chegou numa final em apenas três oportunidades onde ficou com o título de vice-campeão: em 1965, com o Juventude, em 1979 com o Esportivo e em 1983 com o Brasil de Pelotas.

    Mas é a partir da década de 90 que este panorama começa a mudar. Em 1998, o Juventude sagrou-se Campeão Gaúcho, após 54 anos de revezamento entre Grêmio e Internacional. A conquista do Juventude findou este ciclo. Em 2001, o time esmeraldino iria de novo para uma final: disputa com o Grêmio e perde, ficando como o vice-campeonato. Seu arqui-rival, o Caxias, também se sagrou campeão gaúcho em 2000 em cima do mesmo Grêmio, devolvendo a derrota de dez anos antes. Naquele ano de 1990,  foi para final e perdeu para o tricolor porto-alegrense.   

    Assim, podemos estabelecer um eixo comum a isto, que é o fato destes times (e aqui digo num sentido bastante amplo, não sendo apenas o RS) aplicaram isto com louvável disciplina. Não aponto apenas a dupla Ca-Ju (embora tenham sido os que conseguiram romper com este rodízio da dupla Gre-Nal), não dá para esquecer de outros times… A Região do Vale dos Sinos, representada através do XV de Novembro da cidade de Campo Bom e a ULBRA de Canoas também disputaram finais, todas elas com o Internacional, time do qual os derrotou e que agora vislumbra a conquista do quinto campeonato gaúcho consecutivo.

    Motivos ou causas desta ascensão? Bem, não sou um “expert” em “sociologia do futebol”, mas arrisco esta idéia. Hoje em dia, estas equipes citadas, que até quinze anos atrás era vistas com descrédito, passaram a investir nos seus jogadores e profissionalizar suas comissões técnicas e também seus dirigentes. Isto está ligado a um fator econômico, a uma determinada cidade inserida em uma região fortalecida economicamente, que consegue “bancar” times competitivos fazendo com que eles disponham de “poderio” tático e técnico. Ou então, no caso do Juventude que mudou o seu  aprendizado de gestão de futebol com ex-parceira a multinacional Parmalat.

    É uma hipótese discutível? Com certeza…. Mas não dá para deixar de perceber que os times citados aqui neste artigo e também os de outros estados como a ADAP de Campo Mourão (PR) e o Ipatinga (MG), ambos finalistas nos campeonatos que disputam. Embora o primeiro tenha perdido por 3 a 0, ficando numa situação complicada e o segundo não tenha conseguido o título de campeão mineiro, é importante ficarmos atentos que existe uma mudança em curso no “modus-operandi” em alguns campeonatos regionais. Também não dá para deixar de mencionar o nome do Paulista e o São Caetano, (os dois de SP) que já foram campões estaduais poucos campeonatos atrás.

    Independente de terem ou não serem campeões, todos estes times citados aqui, conquistaram campeonatos e ou quase por terem feito o que a lição de casa…. Se não o tivessem feito, com certeza não chegariam a este estágio de evolução tática, técnica e organizacional descrito acima.

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  1De volta a velha rotina? Coluna “Replay” In: Jornal Pioneiro, Caxias do Sul, nº. 9458. 1º/04/2006 

 

*Cassiano Scherner é jornalista e mestre em Comunicação pela PUC-RS