São raros os estabelecimentos com instalações apropriadas para a reutilização da água da chuva na cidade.
O boom de medidas e processos de adaptação em desenvolvimento para economizar água no país não chegou à cidade. Santa Maria está bem atrasada quando se trata dessa questão.
Bioconstrução
Um bom exemplo surgido da necessidade de preservar o meio ambiente é a bioconstrução, uma modalidade de arquitetura que visa a realização de construções com elementos da natureza.
No Rio Grande do Sul há vários exemplos de bioconstrução. Na sede da ONG IPEP, Instituto de Permacultura e Ecovilas da Pampa, em Bagé, há exemplos de casas populares, construídas com terra crua prensada (super adobe). A própria sede administrativa da ONG, com 230 m², foi construída com paredes de palha de arroz e telhado de ‘capim santa fé’, além de alojamentos de adobe.
Água: preocupação primordial
A água sempre foi elemento de preocupação dos especialistas.
Segundo a Legislação Brasileira de Água, a água proveniente da chuva é encarada como esgoto, pois em contato com o solo acaba contaminada.
De acordo com a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM), do Pará, reutilizar a água deveria ser medida básica: apenas 3% da água existente no planeta é potável. Desse percentual, somente 0,7% está acessível. A maior parte da água utilizada, quase 70%, vai para a agroindústria; 20% vai para as indústrias e 10%, para as casas. Assim, a água da chuva pode ser vista como uma alternativa.
Agência Nacional das Águas (ANA) Sugere as Melhores Aplicações para Uso da Água Reciclada |
Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais. |
Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas. |
Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento. |
Recarga de aqüíferos: recarga de aqüíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de recalques de subsolo. |
Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc. |
Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca. |
Santa Maria
Em Santa Maria, o Clube Recreativo Dores é um dos estabelecimentos que reutiliza a água da chuva. Segundo o Engenheiro do clube, José Mariano Ravanello, "o reaproveitamento ou reuso da água é o processo pelo qual a água, tratada ou não, é reutilizada para o mesmo ou outro fim. Essa reutilização pode ser direta ou indiretamente". Além de utilizar água pluvial para alguns serviços, o Clube também adotou medidas para evitar o desperdício e diminuir o consumo, como a utilização de torneiras com fechamento automático nos banheiros.
Para uso como água potável, a proveniente da chuva deve passar por filtração e cloração, o que pode ser feito com equipamento barato e simples. Em resumo, a água de chuva sofre uma destilação natural muito eficiente.
“Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza economicamente o aproveitamento da água de chuva para beber. Já para Indústrias, onde a água é mais cara, é usualmente viável esse uso”, avalia Ravanello.
Consultada, a Secretaria de Obras e Serviços Urbanos de Santa Maria, afirmou que não há nenhuma obra que esteja utilizando recursos para reaproveitar a água sendo construída.