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Santa Maria, RS, Brazil

“Santa popular” leva multidões a cemitério

 

Jazigo de Mariazinha Penna atrai centenas de devotos ao Cemitério Municipal. Jovem, que sofreu muito antes de morrer aos 20 anos de idade, é apontada como milagrosa.

   Maria Zaira Cordova Penna nasceu na Estação Colônia, antigo distrito de Santa Maria, hoje chamado Camobi, em 13 de abril de 1933. Numa tarde, aos 16 anos de idade, a jovem, ao sair do banho, colidiu sua coxa contra uma cadeira. A batida forte protagonizou uma contusão, que de início não chamou a atenção, mas em pouco tempo, mudou para sempre a vida da moça.


Jazigo de Mariazinha é coberto por flores

 Algum tempo após a batida na perna, Maria começou a ter dificuldades para andar. Logo começaram as primeiras dores. Seu namorado, Antonio Carlos, acompanhando seu sofrimento, prometeu a Santo Antão subir de joelhos o morro onde está situada a capela que homenageia o Santo e guarda sua imagem, no distrito de Santo Antão. Cumprida a promessa, a moça sentiu-se bem durante um ano.

  Porém, as dores na perna aos poucos voltaram. Maria fez várias radiografias, tantas aplicações lhe provocaram uma queimadura. Após tratamento fora da cidade, foi constatado câncer na parte alta do fêmur, apresentando um tumor ósseo bem desenvolvido. Ela regressava com uma ferida aberta na perna. Nesse momento, Antonio Carlos a pediu em noivado. Ela recusou dizendo que não queria prendê-lo a uma jovem doente.

     A saúde de Maria piorava a cada dia. Ela não conseguia mais ficar em pé, teve de passar os próximos nove meses em um lugar onde não sairia viva: a cama. A uma quadra de onde morava, na Rua Floriano Peixoto, 1512, seus vizinhos escutavam seus gritos todos os dias. A morfina aplicada a cada duas horas já não lhe fazia efeito. Sua perna foi inchando e ela emagrecendo.

   Para enfrentar a dor, Maria rezava. Sua oração predileta era o Salve Rainha, a qual era acompanhada dia ou noite pelo Monsenhor Frederico Didonet, que a consagrou Filha de Maria. As dores se tornavam cada vez mais agudas. De sua perna fluía uma secreção mal cheirosa, que escorria para uma vasilha que era aromatizada todos os dias. Seu fim estava próximo.

  Em todos os momentos de sofrimento, seu namorado esteve a seu lado. Nos últimos dias, ela estava muito fraca e desfigurada, seu pé há meses estava se desfazendo e em decomposição. Ficou cega e entrou em coma. No último dia de vida, voltou a ver e estava lúcida. O odor em seu quarto era insuportável, mas quando faleceu, em 11 de outubro de 1953, o cheiro sumiu, passando a exalar um perfume de rosas pela casa.

  Um mês após sua morte, começaram os pedidos a Maria. Chamada carinhosamente de Mariazinha pela família, amigos e devotos, sua presença nunca foi esquecida em Santa Maria. As placas de agradecimento no campo-santo onde descansa mostram que nos últimos 55 anos após sua morte ela foi bastante louvada. As manifestações atuais de carinho mostram que ela ganhou o respeito de pessoas de todas as idades e que seu culto tende a se estender para as próximas gerações.

 
Lápide do túmulo

 No dia de finados, o jazigo de Mariazinha, campa nº 5 – quadra 93, é sempre o mais visitado. Nos outros dias do ano, seu sepulcro é um dos poucos a estar sempre coberto de flores. O que acontece devido a fé de seus adoradores, que se reúnem todas as semanas para rezar ou limpar o mausoléu.

  Toda segunda-feira, às 14h30min, faça chuva ou sol, cerca de 60 pessoas se reúnem ao redor do túmulo de Mariazinha. Eles rezam o terço e agradecem por graças alcançadas remetidas ao intermédio da jovem. Centenas de placas cobrem a capelinha ao lado do sepulcro, que volta e meia tem uma vela acesa.

  
Devotos se espalham sob túmulos vizinhos

  Nos encontros, os devotos se aglomeram em volta das lápides vizinhas e em dez bancos colocados ao entorno de onde jaz Mariazinha. O local atrai pessoas de todas as idades e de diferentes classes sociais. Algumas agradecem publicamente pelas graças. Uns oram em silêncio, enquanto outros fazem fila para tocar a imagem ao lado.

  

    “Não sabemos ao certo quantas placas tem lá, calculamos que em torno de mil. Nenhuma  jamais foi tirada, a gente nunca mexe, só limpa, porque com a fé não se brinca”, informa o responsável geral pela limpeza do cemitério, Álvaro Spreonello. As placas de mármore hoje estão proibidas na capela, primeiro porque é impossível encontrar um local livre, depois porque são muito pesadas e comprometem a estrutura da capela.

  Qualquer pessoa que teve um pedido atendido pode colocar uma lembrança em volta do jazigo. “Agradeço a Mariazinha por uma graça alcançada”: é a frase que mais se repete entre as milhares de placas ao redor da capela.

  Nos sábados, às 7 horas da manhã, quando muitas pessoas ainda estão na cama, alguns dos devotos que se reuniram na segunda, voltam ao cemitério. “É quando a gente faz a limpeza, troca às flores e rezar um pouco”, explica a dona-de-casa, Lourdes Flores. Algumas destas pessoas que madrugam no mausoléu nunca conheceram Mariazinha. No entanto, todos acreditam em suas graças e nas histórias que contam a seu respeito. 

   A fonte do histórico da vida Mariazinha Penna foram extraídas do livro “Mariazinha Penna – A predestinada”, de Leyda Tubino Abelin. A obra pode ser consultada gratuitamente na Biblioteca  Municipal de Santa Maria.

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Uma resposta

  1. Sou muito grata a Mariazinha penna por várias graças alcançadas! Tenho 42anos e desde quando eu era criança ouvi falar da Mariazinha penna e minha vó ,me levava pra visitar seu túmulo!

Deixe um comentário para Giovana medianeira Dorneles forcin Cancelar resposta

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Jazigo de Mariazinha Penna atrai centenas de devotos ao Cemitério Municipal. Jovem, que sofreu muito antes de morrer aos 20 anos de idade, é apontada como milagrosa.

   Maria Zaira Cordova Penna nasceu na Estação Colônia, antigo distrito de Santa Maria, hoje chamado Camobi, em 13 de abril de 1933. Numa tarde, aos 16 anos de idade, a jovem, ao sair do banho, colidiu sua coxa contra uma cadeira. A batida forte protagonizou uma contusão, que de início não chamou a atenção, mas em pouco tempo, mudou para sempre a vida da moça.


Jazigo de Mariazinha é coberto por flores

 Algum tempo após a batida na perna, Maria começou a ter dificuldades para andar. Logo começaram as primeiras dores. Seu namorado, Antonio Carlos, acompanhando seu sofrimento, prometeu a Santo Antão subir de joelhos o morro onde está situada a capela que homenageia o Santo e guarda sua imagem, no distrito de Santo Antão. Cumprida a promessa, a moça sentiu-se bem durante um ano.

  Porém, as dores na perna aos poucos voltaram. Maria fez várias radiografias, tantas aplicações lhe provocaram uma queimadura. Após tratamento fora da cidade, foi constatado câncer na parte alta do fêmur, apresentando um tumor ósseo bem desenvolvido. Ela regressava com uma ferida aberta na perna. Nesse momento, Antonio Carlos a pediu em noivado. Ela recusou dizendo que não queria prendê-lo a uma jovem doente.

     A saúde de Maria piorava a cada dia. Ela não conseguia mais ficar em pé, teve de passar os próximos nove meses em um lugar onde não sairia viva: a cama. A uma quadra de onde morava, na Rua Floriano Peixoto, 1512, seus vizinhos escutavam seus gritos todos os dias. A morfina aplicada a cada duas horas já não lhe fazia efeito. Sua perna foi inchando e ela emagrecendo.

   Para enfrentar a dor, Maria rezava. Sua oração predileta era o Salve Rainha, a qual era acompanhada dia ou noite pelo Monsenhor Frederico Didonet, que a consagrou Filha de Maria. As dores se tornavam cada vez mais agudas. De sua perna fluía uma secreção mal cheirosa, que escorria para uma vasilha que era aromatizada todos os dias. Seu fim estava próximo.

  Em todos os momentos de sofrimento, seu namorado esteve a seu lado. Nos últimos dias, ela estava muito fraca e desfigurada, seu pé há meses estava se desfazendo e em decomposição. Ficou cega e entrou em coma. No último dia de vida, voltou a ver e estava lúcida. O odor em seu quarto era insuportável, mas quando faleceu, em 11 de outubro de 1953, o cheiro sumiu, passando a exalar um perfume de rosas pela casa.

  Um mês após sua morte, começaram os pedidos a Maria. Chamada carinhosamente de Mariazinha pela família, amigos e devotos, sua presença nunca foi esquecida em Santa Maria. As placas de agradecimento no campo-santo onde descansa mostram que nos últimos 55 anos após sua morte ela foi bastante louvada. As manifestações atuais de carinho mostram que ela ganhou o respeito de pessoas de todas as idades e que seu culto tende a se estender para as próximas gerações.

 
Lápide do túmulo

 No dia de finados, o jazigo de Mariazinha, campa nº 5 – quadra 93, é sempre o mais visitado. Nos outros dias do ano, seu sepulcro é um dos poucos a estar sempre coberto de flores. O que acontece devido a fé de seus adoradores, que se reúnem todas as semanas para rezar ou limpar o mausoléu.

  Toda segunda-feira, às 14h30min, faça chuva ou sol, cerca de 60 pessoas se reúnem ao redor do túmulo de Mariazinha. Eles rezam o terço e agradecem por graças alcançadas remetidas ao intermédio da jovem. Centenas de placas cobrem a capelinha ao lado do sepulcro, que volta e meia tem uma vela acesa.

  
Devotos se espalham sob túmulos vizinhos

  Nos encontros, os devotos se aglomeram em volta das lápides vizinhas e em dez bancos colocados ao entorno de onde jaz Mariazinha. O local atrai pessoas de todas as idades e de diferentes classes sociais. Algumas agradecem publicamente pelas graças. Uns oram em silêncio, enquanto outros fazem fila para tocar a imagem ao lado.

  

    “Não sabemos ao certo quantas placas tem lá, calculamos que em torno de mil. Nenhuma  jamais foi tirada, a gente nunca mexe, só limpa, porque com a fé não se brinca”, informa o responsável geral pela limpeza do cemitério, Álvaro Spreonello. As placas de mármore hoje estão proibidas na capela, primeiro porque é impossível encontrar um local livre, depois porque são muito pesadas e comprometem a estrutura da capela.

  Qualquer pessoa que teve um pedido atendido pode colocar uma lembrança em volta do jazigo. “Agradeço a Mariazinha por uma graça alcançada”: é a frase que mais se repete entre as milhares de placas ao redor da capela.

  Nos sábados, às 7 horas da manhã, quando muitas pessoas ainda estão na cama, alguns dos devotos que se reuniram na segunda, voltam ao cemitério. “É quando a gente faz a limpeza, troca às flores e rezar um pouco”, explica a dona-de-casa, Lourdes Flores. Algumas destas pessoas que madrugam no mausoléu nunca conheceram Mariazinha. No entanto, todos acreditam em suas graças e nas histórias que contam a seu respeito. 

   A fonte do histórico da vida Mariazinha Penna foram extraídas do livro “Mariazinha Penna – A predestinada”, de Leyda Tubino Abelin. A obra pode ser consultada gratuitamente na Biblioteca  Municipal de Santa Maria.