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Santa Maria, RS, Brazil

A humildade e a coragem de um homem de fé

A morte de dom Ivo foi vista pela comunidade de Santa Maria como uma grande perda. Ele foi um homem que fez muito pelo seu povo e pelo Brasil, como a elaboração de diversos projetos, criação de paróquias, dentre tantos outros feitos. Dom Ivo foi considerado por muitos como um líder, não só religioso, mas em todos os aspectos. Políticos, com freqüência, aconselhavam-se com ele, independente do partido – o respeito pelo bispo era superior às diferenças ideológicas.

Problemas de saúde tentaram por diversas vezes atrapalhá-lo em seu percurso, mas isso jamais o desviou de seus objetivos, segundo contam os que estavam próximos a ele. “Ele cuidava da Pastoral, das metas da diocese e projetos sociais”, conta irmã Cecília Dahmer, que por mais de vinte anos cuidou da saúde de dom Ivo. “Mas de si ele pouco cuidava. Era a minha tarefa. Quando ele chegava das viagens eu tinha que encaminhar os exames”. Em suas viagens para países como Alemanha e Itália, dom Ivo era sempre reconhecido e cumprimentado por todos.

            Era um homem humilde, sem apegos materiais. “Assim como ele ficava com os grandes ele ficava com os pequenos”, afirma irmã Cecília. Um dia ele estava em Brasília, na CNBB com o presidente e ministros, discutindo questões nacionais, e no dia seguinte estava em uma pequena escola de Santa Maria, com vinte ou trinta alunos, sendo sempre o mesmo dom Ivo. “Ele não tinha medo. Se houvesse algum problema na cidade e ele tivesse que falar com quem quer que fosse, seja do mais alto general ao mais simples cidadão, ele sempre mantinha a mesma postura, tratando a todos sem distinção”, segue Padre Sílvio Weber, assessor de imprensa de dom Ivo nos últimos dez anos.

            Outro aspecto do qual Santa Maria sentirá falta é a coragem de dom Ivo. “Na época da ditadura ele foi o grande defensor dos direitos humanos. Ele ia atrás dos que estavam sendo perseguidos, se expunha e perguntava onde estavam”, relata irmã Cecília. “Ele entrava nos quartéis e enfrentava os generais”, completa Padre Sílvio.

            Sua visão de mundo é um exemplo para o jovem de hoje. Seu lema episcopal era Nova et Vetera, que significa que o novo e o velho devem andar juntos. Padre Sílvio explica: “Não se pode jogar fora a história nem achar que o novo não serve. Na vida dele foi isso, respeitando o antigo, mas também valorizando o novo”.

            Muitas homenagens já foram prestadas. Houve a inauguração de um bosque esta semana e há a intenção de inaugurar um restaurante popular em sua homenagem. O Santuário, edição de Abril, está saindo neste fim de semana com um encarte especial sobre dom Ivo.

            O bispo seria o patrono do primeiro Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, que acontecerá de 20 a 23 de setembro deste ano em Porto Alegre. Irmã Cecília revela que a direção da CNBB deliberou que ele continuaria sendo o patrono do Fórum, não mais na terra, mas no céu, como um “patrono celeste”.

            Declarações sobre Dom Ivo:

            Padre Sílvio: “Ele deixou esse exemplo, de que quando você quer uma coisa é só ir atrás que você consegue. E que não devemos nos calar diante das coisas erradas. Quando se pensa nele lembra-se de força e coragem”.

            Irmã Cecília: “O Exemplo de dom Ivo, o exemplo de fé é o maior legado dele. E o profetismo. Ser profeta, hoje em dia, não é fácil. Até depois da morte são perseguidos”.

 

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A morte de dom Ivo foi vista pela comunidade de Santa Maria como uma grande perda. Ele foi um homem que fez muito pelo seu povo e pelo Brasil, como a elaboração de diversos projetos, criação de paróquias, dentre tantos outros feitos. Dom Ivo foi considerado por muitos como um líder, não só religioso, mas em todos os aspectos. Políticos, com freqüência, aconselhavam-se com ele, independente do partido – o respeito pelo bispo era superior às diferenças ideológicas.

Problemas de saúde tentaram por diversas vezes atrapalhá-lo em seu percurso, mas isso jamais o desviou de seus objetivos, segundo contam os que estavam próximos a ele. “Ele cuidava da Pastoral, das metas da diocese e projetos sociais”, conta irmã Cecília Dahmer, que por mais de vinte anos cuidou da saúde de dom Ivo. “Mas de si ele pouco cuidava. Era a minha tarefa. Quando ele chegava das viagens eu tinha que encaminhar os exames”. Em suas viagens para países como Alemanha e Itália, dom Ivo era sempre reconhecido e cumprimentado por todos.

            Era um homem humilde, sem apegos materiais. “Assim como ele ficava com os grandes ele ficava com os pequenos”, afirma irmã Cecília. Um dia ele estava em Brasília, na CNBB com o presidente e ministros, discutindo questões nacionais, e no dia seguinte estava em uma pequena escola de Santa Maria, com vinte ou trinta alunos, sendo sempre o mesmo dom Ivo. “Ele não tinha medo. Se houvesse algum problema na cidade e ele tivesse que falar com quem quer que fosse, seja do mais alto general ao mais simples cidadão, ele sempre mantinha a mesma postura, tratando a todos sem distinção”, segue Padre Sílvio Weber, assessor de imprensa de dom Ivo nos últimos dez anos.

            Outro aspecto do qual Santa Maria sentirá falta é a coragem de dom Ivo. “Na época da ditadura ele foi o grande defensor dos direitos humanos. Ele ia atrás dos que estavam sendo perseguidos, se expunha e perguntava onde estavam”, relata irmã Cecília. “Ele entrava nos quartéis e enfrentava os generais”, completa Padre Sílvio.

            Sua visão de mundo é um exemplo para o jovem de hoje. Seu lema episcopal era Nova et Vetera, que significa que o novo e o velho devem andar juntos. Padre Sílvio explica: “Não se pode jogar fora a história nem achar que o novo não serve. Na vida dele foi isso, respeitando o antigo, mas também valorizando o novo”.

            Muitas homenagens já foram prestadas. Houve a inauguração de um bosque esta semana e há a intenção de inaugurar um restaurante popular em sua homenagem. O Santuário, edição de Abril, está saindo neste fim de semana com um encarte especial sobre dom Ivo.

            O bispo seria o patrono do primeiro Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, que acontecerá de 20 a 23 de setembro deste ano em Porto Alegre. Irmã Cecília revela que a direção da CNBB deliberou que ele continuaria sendo o patrono do Fórum, não mais na terra, mas no céu, como um “patrono celeste”.

            Declarações sobre Dom Ivo:

            Padre Sílvio: “Ele deixou esse exemplo, de que quando você quer uma coisa é só ir atrás que você consegue. E que não devemos nos calar diante das coisas erradas. Quando se pensa nele lembra-se de força e coragem”.

            Irmã Cecília: “O Exemplo de dom Ivo, o exemplo de fé é o maior legado dele. E o profetismo. Ser profeta, hoje em dia, não é fácil. Até depois da morte são perseguidos”.