Continuando a sequência de impressões de viagem da jornalista Carla Rossa, a ACS publica hoje o segundo texto, em que descreve a visita à Medina e comenta a tradição da sesta dos espanhóis. Acompanhe a seguir!
Córdoba é uma província, das oito que formam a Comunidade Andaluza, no sul da Espanha. A província é dividida pelo rio Gaudalquivir. Por aqui passaram romanos, muçulmanos, cristãos, o que deixou uma influência cultural muito interessante. Hoje, a cultura árabe é muito presente no dia-a-dia da cidade.
A província tem uma extensão de 13 mil quilômetros quadrados e é dividida em 75 municípios. Em Córdoba, capital, vivem pouco mais de 300 mil habitantes e na província, 770 mil, aproximadamente. Em 1994 foi declarada Patrimônio da Humanidade. Córdoba é candidata ao título de capital cultural da Europa. Em 2016, será a vez de uma cidadade espanhola assumir o posto e a campanha aqui é grande, em todos os lugares há o símbolo da campanha. Em 27 de maio acontecem as eleições municipais, mas a impressão é de que nada está acontecendo. A propaganda política se resume a uns cartazes e folders distribuidos nas ruas. Rosa Aguilar é a Alcadesa de Córdoba desde 2003 quando foi eleita pelo partido comunista (PCE). Hoje, governa pela Isquierda Unida (IU).
O assunto do mês na Espanha é o nascimento da infanta Sofia, netas dos reis. Todos os jornais, revistas, TV rádios passam informações sobre tudo, até sobre os possíveis futuros maridos.
Algo interessante aqui é como vestem as crianças. Irmãos, até uns 10 anos, mesmo que não sejam gêmeos, usam as roupas e calçados iguais. E as crianças, normalmente, não têm mais que um dois anos de diferença de idade. É comum ver dois pequenos num carrinho, um bebê e outro com um ano e pouco.
Para tudo os espanhóis falam Vale (bale), algo como ok. No final de cada frase vai um vale. Até os meninos já incorporaram.
Diferente do Brasil, o dia das mães é comemorado no primeiro domingo de maio. Ganho duas festas este ano, oba.
Faz sucesso nos bares "Los Caracoles". A qualquer hora, tem algum comendo isso. Um monte de "conchinhas" servidas num copo com um molho especial. Não sei o que há de tão especial, ainda não tive coragem de experimentar, mas pelo jeito, é paixão cordobeza. Outra coisa que eles se deliciam são umas "sementinhas" que comem, pistache, girasol e outras, e ficam jogando as cascas no chão. Nada mais europeu. Sempre tem alguém pra limpar o lixo.
Caja Sur é o banco da província. Em cada esquina tem uma agência.
A tradiçao da sesta – Os horários são muito interessantes, quase tudo funciona das 9 às 14 horas e das 17h30min às 20h30min. Das 2h às 17h é a hora da sesta.
Sexta-feira, 4, estreamos o sistema de saúde público. Que inveja! O prédio parece um hotel. As salas de espera têm TV plasma. O atendimento com horário marcado, o nosso era às 11h50min e fomos atendidos exatamente às 11h50min, numa consulta de uma hora e meia, entre atendimento e nebulização. Se for preciso remédios, podem ser obtidos com receita do Centro de Saúde, pagos pelo Estado, em qualquer farmácia. O Centro de Saúde fica na Ciudad Vieja, num prédio que era um cine. Foi inaugurado recentemente, mas dizem que o atendimento é igual em todos os centros.
Festas – Em maio a cidade enche de turistas. É Córdoba en Mayo. Há concursos de pátios, espetáculos artísticos, festivais de música, feiras, enfim, uma infinidade de atrações. Longas filas já se formam nos principais pontos turísticos.
Sábado fomos conhecer a Medina Azahara (Madinat Al-Zahra). A cidade palatina fundada pelo califa Abd al-Rahman III em 940 para ser a capital do califato, residência real e sede de governo. Uma das lendas diz que o califa construiu em homenagem a uma de suas concumbinas, Al-Zahra. Situada na Serra, uns 8 quilômetros de Córdoba, Medina foi construída de forma retangular e possui 112 hectares. Foi construída em três terrazas, nas duas superiores ficava a área funcional do califato e a inferior era ocupada pelo caserío e pela Mesquita Aljama. A cidade foi símbolo da nova ordem política e ideológica que se instalou en al- Andalus (atual España) no ano de 929, com a instauração do califato de Abd al-Rahman III. Conforme contam os historiadores, Medina foi construída estrategicamente como um ambicioso projeto de urbanismo e arquitetura, planejado para refletir a nova ordem política instaurada en al-Andalus. A construção criou um complexo sistema de infra-estrutura que aproveitou a geografia do local. A duração da cidade foi de apenas 75 anos, desde sua fundação em 940 e as primeiras destruições entre 1010 e 1013. Mas a decadência começou com a morte de Abd Al-Rahman III em 976, iniciando uma luta pelo poder que culminou com a desintegração do califato.
Até hoje só estão descobertos 10% do total da construção, que está dividida em duas partes, a oficial e a residencial. O que foi descoberto já encanta, imagina o que ainda vai ser encontrado. Isso é um pouquinho da história (quem quiser mais informações pode conseguir em www.turismodecordoba.org).
Foto: Carla Rossa (arquivo pessoal)
