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ENTREVISTA – Sadi Pedalada

Na entrevista de hoje, a Agência CentralSul de Notícias conversou com Sadi Pedalada, ex-lateral-esquerdo da equipe do Inter-SM que foi Campeã do Interior em 1981. Portanto, mais histórias além daquelas já contadas na primeira entrevista por Róbson Centurião.

Quando se fala em 1981, o que tu lembras? Como foi jogar naquele time de 81?

Em 1981, nós fomos campeões do interior e a maioria dos jogadores aqui do Inter eram da casa. O Internacional de Santa Maria sempre teve um trabalho de categorias de base com os jogadores que vinham do departamento juvenil, misturados com algumas contratações que vinham de fora, mas pouca gente de fora, mais pratas-da-casa.

 

Antigamente eram mais atletas de Santa Maria no clube. Parece que naquela época os atletas vestiam mais a camisa do que hoje e existia uma doação maior dentro de campo. De que maneira isso influenciava no trabalho de vocês?

 

Influenciava no seguinte sentido: quando um jogador é de fora, ele vai morar nos apartamentos ou nos hotéis, onde acaba bebendo demais. O jogador prata-da-casa é importante porque ele já é da casa. A família está sempre junto; se termina o jogo e quer fazer um churrasquinho, a família está junto. O time do Internacional era uma família. Eu nunca vi uma discussão sequer da direção que nós tínhamos naquela época e era comandada pelo Dr. Eugênio Straleiev. Ele deu cinco mil litros de chope quando nós fomos Campeões do Interior.

 

Então, a presença do jogador local foi determinante no sucesso de vocês?

Naquela época, nós mesmos nos cuidávamos, um cobrava do outro. O Tadeu Menezes (técnico Campeão do Interior) conhecia todo mundo em Santa Maria. Se algum de nós desse uma escapadinha perto de uma partida importante, ele ficava sabendo. Então, a gente tinha a família e tudo, mas a gente sempre se guardou muito para o jogo porque nós só fazíamos isso: jogar futebol. Então, tínhamos que procurar fazer bem. O atleta não pode misturar bebida e festa com o futebol; é uma coisa ou outra.

 

Tem que ser feito um investimento maior nas categorias de base?

Com certeza. Naquela época, nós tivemos vários jogadores que subiram. O próprio Jaime, o Morone, João de Deus, Gérson, Claudinho, Índio, o Beto. Tudo jogadores de base. Hoje não tem. O Internacional tem alguma divisão juvenil? Não tem. Tem o Novo Horizonte, mas que eu saiba em três anos não saiu um jogador para o grupo principal para ser titular.

 

E como era a direção do clube naquela época?

 

Na minha época era assim: Eugênio Straleiev, que era o comandante total; Euclides Weber; Serginho Segala; Dr. João Carlos; Dr. Biavasqui; Jorge Melo, que era o supervisor. Tinha ainda o Dr. Laranjeira; Dr. Anibal Rolim; Luis Cláudio Mello. Eles tinham um tal de galpão. Eles não iam discutir em uma cancha de bocha ou em um bar. Eles tinham um galpão, que eu acho que ainda tem, ali na Avenida Presidente Vargas, perto do Hospital de Caridade. Ali eles se reuniam, tomavam a cervejinha deles, faziam um churrasco e colocavam tudo a limpo, porque roupa suja se lava em casa. Se alguma coisa houve entre eles, nunca ficamos sabendo. Quando eles iam para o estádio acompanhar o nosso dia-a-dia, o nosso treinamento, davam uma moral muito grande pra nós. Quando era confronto direto, jogo importante, o Dr. Eugênio chegava e dizia assim, com aquele vozeirão dele: “Moçada, hoje o bicho é dobrado”. Então aquilo ali era uma injeção para o jogador de futebol já que ganhávamos pouco. Nós vestíamos muito a camisa, então nós ganhávamos pouco, mas tinha aquela injeção e a gente entrava em campo a mil por hora.

 

É possível um time como aquele de 1981?

Eu acho que não. Até agora eu não vi.

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Quando se fala em 1981, o que tu lembras? Como foi jogar naquele time de 81?

Em 1981, nós fomos campeões do interior e a maioria dos jogadores aqui do Inter eram da casa. O Internacional de Santa Maria sempre teve um trabalho de categorias de base com os jogadores que vinham do departamento juvenil, misturados com algumas contratações que vinham de fora, mas pouca gente de fora, mais pratas-da-casa.

 

Antigamente eram mais atletas de Santa Maria no clube. Parece que naquela época os atletas vestiam mais a camisa do que hoje e existia uma doação maior dentro de campo. De que maneira isso influenciava no trabalho de vocês?

 

Influenciava no seguinte sentido: quando um jogador é de fora, ele vai morar nos apartamentos ou nos hotéis, onde acaba bebendo demais. O jogador prata-da-casa é importante porque ele já é da casa. A família está sempre junto; se termina o jogo e quer fazer um churrasquinho, a família está junto. O time do Internacional era uma família. Eu nunca vi uma discussão sequer da direção que nós tínhamos naquela época e era comandada pelo Dr. Eugênio Straleiev. Ele deu cinco mil litros de chope quando nós fomos Campeões do Interior.

 

Então, a presença do jogador local foi determinante no sucesso de vocês?

Naquela época, nós mesmos nos cuidávamos, um cobrava do outro. O Tadeu Menezes (técnico Campeão do Interior) conhecia todo mundo em Santa Maria. Se algum de nós desse uma escapadinha perto de uma partida importante, ele ficava sabendo. Então, a gente tinha a família e tudo, mas a gente sempre se guardou muito para o jogo porque nós só fazíamos isso: jogar futebol. Então, tínhamos que procurar fazer bem. O atleta não pode misturar bebida e festa com o futebol; é uma coisa ou outra.

 

Tem que ser feito um investimento maior nas categorias de base?

Com certeza. Naquela época, nós tivemos vários jogadores que subiram. O próprio Jaime, o Morone, João de Deus, Gérson, Claudinho, Índio, o Beto. Tudo jogadores de base. Hoje não tem. O Internacional tem alguma divisão juvenil? Não tem. Tem o Novo Horizonte, mas que eu saiba em três anos não saiu um jogador para o grupo principal para ser titular.

 

E como era a direção do clube naquela época?

 

Na minha época era assim: Eugênio Straleiev, que era o comandante total; Euclides Weber; Serginho Segala; Dr. João Carlos; Dr. Biavasqui; Jorge Melo, que era o supervisor. Tinha ainda o Dr. Laranjeira; Dr. Anibal Rolim; Luis Cláudio Mello. Eles tinham um tal de galpão. Eles não iam discutir em uma cancha de bocha ou em um bar. Eles tinham um galpão, que eu acho que ainda tem, ali na Avenida Presidente Vargas, perto do Hospital de Caridade. Ali eles se reuniam, tomavam a cervejinha deles, faziam um churrasco e colocavam tudo a limpo, porque roupa suja se lava em casa. Se alguma coisa houve entre eles, nunca ficamos sabendo. Quando eles iam para o estádio acompanhar o nosso dia-a-dia, o nosso treinamento, davam uma moral muito grande pra nós. Quando era confronto direto, jogo importante, o Dr. Eugênio chegava e dizia assim, com aquele vozeirão dele: “Moçada, hoje o bicho é dobrado”. Então aquilo ali era uma injeção para o jogador de futebol já que ganhávamos pouco. Nós vestíamos muito a camisa, então nós ganhávamos pouco, mas tinha aquela injeção e a gente entrava em campo a mil por hora.

 

É possível um time como aquele de 1981?

Eu acho que não. Até agora eu não vi.