As 280 mil pessoas que fizeram o trajeto de 2,2 km da Catedral Diocesana até a Basílica de Nossa Senhora Medianeira neste domingo tinham em comum a veneração à Padroeira. A fé em alcançar promessas e as graças alcançadas levam todos os anos romeiros e voluntários fazerem desta a maior peregrinação religiosa do sul do país.
Empregado na cooperativa de carnes, de Júlio de Castilhos, Roque dos Santos, 44 anos, veio à romaria com a excursão de seu bairro. O objetivo era agradecer à Medianeira tanto por sua saúde quanto por sua promoção no emprego. “Não podemos vir só na hora que precisa. Tem muita gente precisando de fé. Isso me faz trabalhar de alma renovada”, conta ele, enquanto se encaminhava para participar da bênção da saúde.
A participação das crianças na procissão era grande. A beatificação do coroinha Adílio Daronch motivou discursos em apoio à garotada. Anjinhos eram as principais vestimentas das crianças, que ouviam as mensagens religiosas dos padres. A empregada doméstica Carmen Vera da Silva, 46 anos, acompanha os festejos há muito tempo, mas pela primeira vez levou os quatro sobrinhos. “Acho interessante que as crianças venham. É uma forma de começar a ter fé”, explica.
Mas a Romaria estadual da Medianeira não é só feita de rezas. O comércio religioso se faz presente, e é essencial para o pagamento das promessas. Enquanto contabilizava as compras, Janete Iensen, 39 anos, explicava que o dinheiro serve para manutenção da paróquia, que vive de doações. “A cada ano aumenta a quantidade de pessoas. Elas vêem que sem Deus, não podem se realizar”, afirma ela, explicando as altas das vendas em relação ao ano passado. “Se as pessoas não têm fé, não vêm à romaria. Quem vem, sempre quer levar uma lembrança”, completa.
O grupo que contribuiu para o bem estar das pessoas no parque da Medianeira foi a Cruz Vermelha. O presidente da entidade, Ronimar Costa dos Santos, 40 anos, conta que os principais casos de socorro são de hipertensão e diabetes. Há três anos no evento, a organização não-governamental atua com 15 voluntários para prevenir e remediar empecilhos causados principalmente por ensolação, apesar do clima ameno. “Mas nossa barraca é bastante usada mesmo como fraldário”, garante Santos.
Sob o forte sol da tarde de domingo, o grupo voluntário da Pastoral da Juventude montou um ponto para colher assinaturas contra o projeto de legalização do aborto, que tramita no Congresso Nacional. O lema dos jovens era “Não ao aborto. Sim à vida”. Durante a procissão, era possível ver pequenas bandeiras com o lema.
Fotos: Maurício Barbosa e Eduardo Dias (Núcleo de Fotografia e Memória)