Os acontecimentos de Maio de 68 tiveram início na França. Aqui em Santa Maria, a tradicional bebida inglesa foi substituída pelo Café Literário. Entre um gole e outro, o professor Vitor Biasoli, da UFSM, e as professoras Silvia Niederauer e Vera Prola Farias, da Unifra, recitaram poemas e trechos dos livros de Ferreira Gullar, Zuenir Ventura, Drummond, entre outros.
Para a professora Vera Prola, o mundo revê Maio de 68 como possibilidade de auto-entendimento: “O que valeu foi a discussão, em que surgiram informações importantes, que nem todos têm acesso. Como a gente falou, Maio de 68 foi pipocado, os eventos culturais foram muitos. É impossível alguém não carregar Maio de 68 dentro de si, ele mudou tudo”, explica.
Os alunos dos cursos de Letras da Unifra também contribuíram com a leitura de algumas obras da época. Ronan Simione, 25 anos compara o mundo atual com o maio francês: “Em 68 houve a revolta contra a ditadura da classe dominante. Hoje, isso está faltando no nosso mundo, e isso é a grande lição tanto dos operários, como dos estudantes, da força que o povo tem que está adormecida”, destaca Simione.
A professora Inara Rodrigues, uma das organizadoras do encontro, salienta o engajamento da literatura com a História e das heranças dos acontecimentos de 1968. “Trabalhar sobre o prisma da literatura significa refletir sobre a própria história, e não cerceando a literatura em termos de contexto. Maio de 68 deixa a questão de se criar novas formas de relação de poder, novas formas de pensar e de articular o mundo, de se inventar sempre. Estamos vivendo numa época de crise, de não sabermos pra onde ir”, alerta a professora.
O Café Literário levantou muitas questões da atualidade no cair da tarde de segunda-feira, que vão além das xícaras de café. Aguarde para ver onde a bolha da intelectualidade vai estourar nas próximas atividades do projeto.
Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)