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Santa Maria, RS, Brazil

Café à Maio de 68

 O barulho dos ônibus, dos livros sendo folheados, do tilintar das colheres nas xícaras e a sonoridade de palavras recitadas com cheiro de café e chocolate. Este foi o cenário de mais uma atividade do projeto de extensão Maio de 68: e depois?, na tarde desta segunda, dia 25 de agosto, no Café da CESMA. O mundo lá fora não parou, mas as ideologias permaneceram na bolha da intelectualidade de 40 anos atrás na hora do chá: cinco da tarde.

Os acontecimentos de Maio de 68 tiveram início na França. Aqui em Santa Maria, a tradicional bebida inglesa foi substituída pelo Café Literário. Entre um gole e outro, o professor Vitor Biasoli, da UFSM,  e as professoras Silvia Niederauer e Vera Prola Farias, da Unifra,  recitaram poemas e trechos dos livros de Ferreira Gullar, Zuenir Ventura, Drummond, entre outros.

 

Para a professora Vera Prola, o mundo revê Maio de 68 como possibilidade de auto-entendimento: “O que valeu foi a discussão, em que surgiram informações importantes, que nem todos têm acesso. Como a gente falou, Maio de 68 foi pipocado, os eventos culturais foram muitos. É impossível alguém não carregar Maio de 68 dentro de si, ele mudou tudo”, explica.

 

 Os alunos dos cursos de Letras da Unifra  também contribuíram com a leitura de algumas obras da época. Ronan Simione, 25 anos compara o mundo atual com o maio francês: “Em 68 houve a revolta contra a ditadura da classe dominante. Hoje, isso está faltando no nosso mundo, e isso é a grande lição tanto dos operários, como dos estudantes, da força que o povo tem que está adormecida”, destaca Simione.

 

 A professora Inara Rodrigues, uma das organizadoras do encontro, salienta o engajamento da literatura com a História e das heranças dos acontecimentos de 1968. “Trabalhar sobre o prisma da literatura significa refletir sobre a própria história, e não cerceando a literatura em termos de contexto. Maio de 68 deixa a questão de se criar novas formas de relação de poder, novas formas de pensar e de articular o mundo, de se inventar sempre. Estamos vivendo numa época de crise, de não sabermos pra onde ir”, alerta a professora.

 

O Café Literário levantou muitas questões da atualidade no cair da tarde de segunda-feira, que vão além das xícaras de café. Aguarde para ver onde a bolha da intelectualidade vai estourar nas próximas atividades do projeto.

 

 

Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)

 

 

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 O barulho dos ônibus, dos livros sendo folheados, do tilintar das colheres nas xícaras e a sonoridade de palavras recitadas com cheiro de café e chocolate. Este foi o cenário de mais uma atividade do projeto de extensão Maio de 68: e depois?, na tarde desta segunda, dia 25 de agosto, no Café da CESMA. O mundo lá fora não parou, mas as ideologias permaneceram na bolha da intelectualidade de 40 anos atrás na hora do chá: cinco da tarde.

Os acontecimentos de Maio de 68 tiveram início na França. Aqui em Santa Maria, a tradicional bebida inglesa foi substituída pelo Café Literário. Entre um gole e outro, o professor Vitor Biasoli, da UFSM,  e as professoras Silvia Niederauer e Vera Prola Farias, da Unifra,  recitaram poemas e trechos dos livros de Ferreira Gullar, Zuenir Ventura, Drummond, entre outros.

 

Para a professora Vera Prola, o mundo revê Maio de 68 como possibilidade de auto-entendimento: “O que valeu foi a discussão, em que surgiram informações importantes, que nem todos têm acesso. Como a gente falou, Maio de 68 foi pipocado, os eventos culturais foram muitos. É impossível alguém não carregar Maio de 68 dentro de si, ele mudou tudo”, explica.

 

 Os alunos dos cursos de Letras da Unifra  também contribuíram com a leitura de algumas obras da época. Ronan Simione, 25 anos compara o mundo atual com o maio francês: “Em 68 houve a revolta contra a ditadura da classe dominante. Hoje, isso está faltando no nosso mundo, e isso é a grande lição tanto dos operários, como dos estudantes, da força que o povo tem que está adormecida”, destaca Simione.

 

 A professora Inara Rodrigues, uma das organizadoras do encontro, salienta o engajamento da literatura com a História e das heranças dos acontecimentos de 1968. “Trabalhar sobre o prisma da literatura significa refletir sobre a própria história, e não cerceando a literatura em termos de contexto. Maio de 68 deixa a questão de se criar novas formas de relação de poder, novas formas de pensar e de articular o mundo, de se inventar sempre. Estamos vivendo numa época de crise, de não sabermos pra onde ir”, alerta a professora.

 

O Café Literário levantou muitas questões da atualidade no cair da tarde de segunda-feira, que vão além das xícaras de café. Aguarde para ver onde a bolha da intelectualidade vai estourar nas próximas atividades do projeto.

 

 

Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)