Nada de Shakespeare, nem tragédia grega. A linguagem em pauta é a da dimensão e da sensação. Comunicação e interpretação sem palavras mas com muitos sentidos. Inspiradas na estética das máscaras do carnaval de Basel, na Suíça, o Grupo teatral Cia do Giro exibiu na noite de 17 de setembro o espetáculo teatral
Larvárias. A apresentação ocorreu às 20h no Theatro Treze de Maio. Durante a tarde, o grupo ainda ministrou uma oficina sobre a técnica utilizada na peça .
Para falar de sutilezas e sensações: a dimensão e o branco sereno das máscaras larvárias suíças. Com traços de homem, e proporções de bicho, as máscaras larvárias transcendem seus significados a partir das sensações que estimulam no ator e na platéia. Conforme a diretora e roteirista da peça, Daniela Carmena um dos aspectos deste material é a graciosidade e serenidade que elas revelam. "Do mesmo jeito que em um momento ela provoca risos, no outro ela desperta afetividade" analisa.
É nesse tom mágico e envolvente que a poesia onírica das máscaras larvárias se espalhou pela sala 1220, no Centro de Artes e Letras da Universidade Federal. Foi lá que Daniela Carmona e o ator Adriano Basegio comentaram sobre o teatro, sobre as técnicas utilizadas na peça e o surgimento das máscaras larvárias. De acordo com eles, a pesquisa para a peça faz parte do projeto ‘Comunicações possíveis’, onde a tentativa é ampliar as linhas filosóficas e estéticas da companhia. "O que se pode aproveitar muito desta técnica, além da estética remodulada, é justamente esse conceito diferenciado, essa outra forma de se comunicar, a partir dos sentidos" ressalta Daniela.
Além de conhecer um pouco mais da teoria, os participantes da oficina também puderam brincar com a prática. Seguindo as instruções de Adriano Basegio, as máscaras ganhavam formas e vida, e motivavam nos alunos novas sensações." Ao mesmo tempo que eu experimentava algo desconhecido, eu sentia segurança e proteção em usar a máscara e na interpretação meu corpo conseguia tomar formas e movimentos diferentes", comenta o acadêmico de Artes Cênicas, Deivid Joras.
A oficina e o espetáculo fazem parte do projeto Lâmpada Mágica, um projeto sócio-cultural desenvolvido pela distribuidora gaúcha de Energia Elétrica – AES SUL. Com mais de nove anos de trajetória, o projeto busca redemocratizar o acesso à cultura. Este ano, a iniciativa está sendo desenvolvida em 28 municípios do Rio Grande do Sul.
Fotos: Gabriela Perufo (Laboratório de Fotografia e Memória)