O número de idosos na população brasileira aumentou e, com ele, o número de casos de Alzheimer. A doença é a quarta maior causadora de morte em pessoas acima de 75 anos. Na semana em que se comemorou o Dia do Idoso, vale refletir sobre este problema.
Mas não precisa sair do país para encontrar um ícone com a doença. A célebre Aracy Guimarães Rosa, esposa de Guimarães Rosa, hoje com cem anos, não sabe quem é, nem reconhece ninguém. Aracy ajudou os judeus a conseguirem visto para fugir da Alemanha nazista desobedecendo à diplomacia de Getúlio Vargas. É a única mulher homenageada no Museu Holocausto, em Jerusalém.
São as tantas dificuldades enfrentadas pelos pacientes e por quem cuida deles. Um dos criadores do Conselho de Idosos de Santa Maria (CISMA), o professor José Francisco Dias alerta para o cuidado que se deve ter com quem cuida do portador do Alzheimer: “A pessoa encarregada de cuidar, se for um familiar, acaba perdendo sua vida, vivendo em função de cuidar do doente, é isso que tem que ser mudado” diz Juca, como é popularmente conhecido.
Por esse motivo iniciaram os trabalhos da Associação Brasileira dos Cuidadores de Alzheimer, ABRAz. No Rio Grande do Sul, só existia uma filial em Porto Alegre. Assim, Maria Elisabeth Carvalho, ao descobrir que sua mãe era portadora da doença e que ela seria a responsável pelos seus cuidados, ia com freqüência à capital buscar orientação. “São raros os casos em que toda família se envolve, as pessoas precisam de ajuda”, lamenta Maria. Com o tempo conseguiu fundar uma filial sub-regional em Santa Maria. O projeto também foi criado na Unifra, como Programa Integral de Saúde e Qualidade de Vida, da Pró-reitoria de Extensão (PROEX).
Desde o início desse ano, os dois grupos se uniram por ter os mesmos objetivos e formaram a Associação Multidisciplinar Integrada aos Cuidadores dos Portadores da Doença de Alzheimer, a AMICA. Os cuidadores recebem auxílio de profissionais e acadêmicos da área de saúde, cada um responsável por orientar conforme sua área.
“Esses grupos de ajuda ao cuidador vêm para dar um ânimo e para incentivá-los a não largarem seus projetos pessoais. O ideal é que todos freqüentassem e houvesse uma maior especialização”, comenta Juca.
A coordenadora do projeto, profª Tereza Christina Blasi, conta que o grupo busca atender as necessidades da população sobre a patologia, a doença: “O trabalho é conforme as necessidades dos cuidadores, porque eles perdem espaço nas suas próprias vidas”. Em geral são familiares que procuram o grupo.
– encontros quinzenais, com profissionais da área da saúde, “a troca de experiência”, com as professoras: Adriana Carpes (Farmácia), Analu Rodrigues (Fisioterapia), Carolina Baures (Psicologia), Marta Alves (Enfermagem), Patrícia Dotto (Odontologia), Vera Barcellos (Terapia Ocupacional), Viviane Ruffo e Tereza Christina Blasi (Nutrição) e a cuidadora Maria Elisabeth Carvalho.
– e os encontros semanais com os cuidadores, a “hora do desabafo”, como eles chamam.
As reuniões são nas quintas-feiras, às 17h, na Unifra, rua dos Andradas, 1614, no 7º andar, sala 710.
Informações pelo telefone (55) 3025 9070.
A chance de desenvolver a doença aumenta após os 70 anos.
Também aumenta a chance para quem está acima do peso e com gordura abdominal, barriga saliente;
Os riscos são maiores quando existe histórico de doença na família;
Em mulheres, o percentual é maior, mesmo que pouca diferença, 12% a 19% contra 6% a 10% dos homens;
Pessoas com Síndrome de Down podem desenvolver a doença mais cedo;
Existem indícios que pessoas com trauma craniano e boxeadores estão sujeitos à enfermidade.
Atividade física e escolaridade: a aquisição de conhecimento cria novas conexões entre os neurônios e aumenta a reserva intelectual, dificultando as manifestações da doença;
Estudo feito nos Estados Unidos, pela Universidade Northwestern, descobriu que o Diabetes tipo 2 aumenta a probabilidade de ter Alzheimer;
Filhos de mães com mais de 40 anos, podem ter maior tendência a problemas demenciais na terceira idade;
Fotos: Vinícius Freitas (Laboratório de Fotografia e Memória) e Jair Alan (arquivo/UFSM)