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Santa Maria, RS, Brazil

Histórias de devoção

 No mês de dezembro, a comunidade santa-mariense foi presenteada com uma mostra permanente que homenageia dois bispos da Diocese de Santa Maria, considerados figuras significativas para a história da cidade. As lembranças do apostolado de D. Antônio Reis e de D. Luiz Victor Sartori foram reunidas na exposição “Um legado episcopal”, que conta a trajetória dos religiosos. A exibição dos objetos utilizados nos apostolados faz parte das comemorações dos 100 anos da Catedral Diocesana, celebrados em 2009, e pode ser prestigiada no Museu Sacro de Santa Maria, localizado na avenida Rio Branco, 821. 

 


 

 Baixelas de prata, sinetas, porta-toalhas. As peças que relembram os governos eclesiásticos foram disponibilizadas ao museu pelo Bispo de Santa Maria, D. Hélio Adelar Rubert no início do seu episcopado.  De acordo com a coordenadora do Núcleo de Documentação e Pesquisa do Museu Sacro, Marta Rosa Borin, a exposição foi organizada devido à importância dos bispos e dos bens recebidos.

 

 O acervo protegido por caixas de vidro exibe baixelas, a mitra, cobertura de cabeça usada por pontífices, e o bastão pastoral, utilizado em funções solenes, de D. Antônio. Já entre os pertences do período de D. Luiz estão itens como, por exemplo, uma placa comemorativa, uma caixa-cibório, vaso ou estojo onde são armazenadas as hóstias consagradas, e um aspersório, usado para aspergir água benta.  

 

Os visitantes que forem até o museu também podem conhecer pertences que não fazem parte do legado dos bispos, mas ajudam a contar um pouco da história religiosa do município.  Dispostos pelo local, estão estantes que guardam objetos tais como medidor de água colocada no vinho, frasco de água benta e brasões. No mobiliário é possível encontrar a escrivaninha do primeiro bispo, D. Miguel Lima Valverde, uma cadeira usada na Casa Paroquial, estantes e uma cadeira episcopal.
 
 Um presente de aniversário
 

 Outras duas imagens expostas celebram o centenário da Catedral. Doadas pelos monges da Cartuxa Nossa Senhora Medianeira, de Ivorá, Rio Grande do Sul, são de estilo barroco, criadas por artistas granadinos, na Espanha, no século XVIII.  A primeira é feita de barro e representa Nossa Senhora do Carmo. A segunda é um crucifixo que tem entre as matérias-primas o ébano.

 

Uma santa do pau oco

Entalhada em madeira, a imagem de Nossa Senhora pertenceu à Catedral e estima-se que seja do século XVIII.  A figura de origem missioneira foi restaurada pelo artista plástico Juan Amoretti. Segundo Marta, o laço esculpido em torno da barriga da Nossa Senhora indica que ela está grávida.            

A representação, que tem o rosto semelhante ao de Nossa Senhora de Guadalupe, é mais que um símbolo religioso. As costas da Nossa Senhora escondem uma abertura para seu interior, onde os antigos comerciantes escondiam o ouro com a intenção de não pagar os impostos. "É o que as pessoas chamam de santo do pau oco", lembra a pesquisadora.

 

Homens de fé

D. Antônio Reis foi o terceiro bispo de Santa Maria e esteve à frente da Diocese entre 1932 e 1960. Conhecido como “Bispo da Medianeira”, dedicou-se a propagar a devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. A fé mariana o transformou em um incentivador da construção do Santuário da Medianeira, templo que lançou a pedra fundamental em 1935.
 
O bispo supervisionou a reforma da Catedral, quando os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa pintaram o interior do local.  Criou 60 paróquias e quatro curatos, promoveu a primeira Romaria Estadual no Rio Grande do Sul e fundou dois pré-seminários. Nos 29 anos de bispado, também viu a Nossa Senhora Medianeira tornar-se Padroeira do Estado.

 

Segundo Marta Borin, o episcopado de D. Antônio Reis ocorreu em uma época, pós-Revolução de 30, significativa para a história do Estado. “É um período de afirmação do catolicismo no Rio Grande do Sul e no próprio Brasil. Isso também teve muita repercussão na Diocese”, comenta.

 

No dia 6 de maio de 1956, chegava em Santa Maria o bispo coadjutor, D. Luiz Victor Sartori. O quarto bispo da cidade só governaria a Diocese a partir de 1960, devido à morte de D. Antônio. O religioso foi transferido para o município com o objetivo de auxiliar o bispo diocesano que estava doente e se retirava aos poucos do serviço apostólico. Durante os dez anos de governo eclesiástico, D. Luiz consagrou a cidade a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e criou a rádio Medianeira.
“Trabalharam com um só coração e uma só alma”. No livro Breve relato da vida de D. Antônio Reis, o padre Serafim Serafini Neto descreve a relação dos bispos como harmônica e de cooperação. “Um, o coadjutor, nas tarefas do apostolado prático, outro, o diocesano, como alma orante a interceder pela Diocese”, cita o sacerdote.

O Museu Sacro de Santa Maria funciona de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h. A mostra é gratuita e as visitas em grupos devem ser agendadas.

O contato do museu é pelo fone 3222.2695.

 

Fotos: Letícia Sarturi  Isaia (da Redação)

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 No mês de dezembro, a comunidade santa-mariense foi presenteada com uma mostra permanente que homenageia dois bispos da Diocese de Santa Maria, considerados figuras significativas para a história da cidade. As lembranças do apostolado de D. Antônio Reis e de D. Luiz Victor Sartori foram reunidas na exposição “Um legado episcopal”, que conta a trajetória dos religiosos. A exibição dos objetos utilizados nos apostolados faz parte das comemorações dos 100 anos da Catedral Diocesana, celebrados em 2009, e pode ser prestigiada no Museu Sacro de Santa Maria, localizado na avenida Rio Branco, 821. 

 


 

 Baixelas de prata, sinetas, porta-toalhas. As peças que relembram os governos eclesiásticos foram disponibilizadas ao museu pelo Bispo de Santa Maria, D. Hélio Adelar Rubert no início do seu episcopado.  De acordo com a coordenadora do Núcleo de Documentação e Pesquisa do Museu Sacro, Marta Rosa Borin, a exposição foi organizada devido à importância dos bispos e dos bens recebidos.

 

 O acervo protegido por caixas de vidro exibe baixelas, a mitra, cobertura de cabeça usada por pontífices, e o bastão pastoral, utilizado em funções solenes, de D. Antônio. Já entre os pertences do período de D. Luiz estão itens como, por exemplo, uma placa comemorativa, uma caixa-cibório, vaso ou estojo onde são armazenadas as hóstias consagradas, e um aspersório, usado para aspergir água benta.  

 

Os visitantes que forem até o museu também podem conhecer pertences que não fazem parte do legado dos bispos, mas ajudam a contar um pouco da história religiosa do município.  Dispostos pelo local, estão estantes que guardam objetos tais como medidor de água colocada no vinho, frasco de água benta e brasões. No mobiliário é possível encontrar a escrivaninha do primeiro bispo, D. Miguel Lima Valverde, uma cadeira usada na Casa Paroquial, estantes e uma cadeira episcopal.
 
 Um presente de aniversário
 

 Outras duas imagens expostas celebram o centenário da Catedral. Doadas pelos monges da Cartuxa Nossa Senhora Medianeira, de Ivorá, Rio Grande do Sul, são de estilo barroco, criadas por artistas granadinos, na Espanha, no século XVIII.  A primeira é feita de barro e representa Nossa Senhora do Carmo. A segunda é um crucifixo que tem entre as matérias-primas o ébano.

 

Uma santa do pau oco

Entalhada em madeira, a imagem de Nossa Senhora pertenceu à Catedral e estima-se que seja do século XVIII.  A figura de origem missioneira foi restaurada pelo artista plástico Juan Amoretti. Segundo Marta, o laço esculpido em torno da barriga da Nossa Senhora indica que ela está grávida.            

A representação, que tem o rosto semelhante ao de Nossa Senhora de Guadalupe, é mais que um símbolo religioso. As costas da Nossa Senhora escondem uma abertura para seu interior, onde os antigos comerciantes escondiam o ouro com a intenção de não pagar os impostos. "É o que as pessoas chamam de santo do pau oco", lembra a pesquisadora.

 

Homens de fé

D. Antônio Reis foi o terceiro bispo de Santa Maria e esteve à frente da Diocese entre 1932 e 1960. Conhecido como “Bispo da Medianeira”, dedicou-se a propagar a devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. A fé mariana o transformou em um incentivador da construção do Santuário da Medianeira, templo que lançou a pedra fundamental em 1935.
 
O bispo supervisionou a reforma da Catedral, quando os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa pintaram o interior do local.  Criou 60 paróquias e quatro curatos, promoveu a primeira Romaria Estadual no Rio Grande do Sul e fundou dois pré-seminários. Nos 29 anos de bispado, também viu a Nossa Senhora Medianeira tornar-se Padroeira do Estado.

 

Segundo Marta Borin, o episcopado de D. Antônio Reis ocorreu em uma época, pós-Revolução de 30, significativa para a história do Estado. “É um período de afirmação do catolicismo no Rio Grande do Sul e no próprio Brasil. Isso também teve muita repercussão na Diocese”, comenta.

 

No dia 6 de maio de 1956, chegava em Santa Maria o bispo coadjutor, D. Luiz Victor Sartori. O quarto bispo da cidade só governaria a Diocese a partir de 1960, devido à morte de D. Antônio. O religioso foi transferido para o município com o objetivo de auxiliar o bispo diocesano que estava doente e se retirava aos poucos do serviço apostólico. Durante os dez anos de governo eclesiástico, D. Luiz consagrou a cidade a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e criou a rádio Medianeira.
“Trabalharam com um só coração e uma só alma”. No livro Breve relato da vida de D. Antônio Reis, o padre Serafim Serafini Neto descreve a relação dos bispos como harmônica e de cooperação. “Um, o coadjutor, nas tarefas do apostolado prático, outro, o diocesano, como alma orante a interceder pela Diocese”, cita o sacerdote.

O Museu Sacro de Santa Maria funciona de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h. A mostra é gratuita e as visitas em grupos devem ser agendadas.

O contato do museu é pelo fone 3222.2695.

 

Fotos: Letícia Sarturi  Isaia (da Redação)