
Munidos de gritos de guerra e cartazes, centenas de estudantes protestaram hoje pela manhã contra o aumento das passagens de ônibus em Santa Maria. A manifestação teve inicio às 11h20, horário de pico para o trânsito e interrompeu as principais ruas para o fluxo de veículos da cidade: avenida Rio Branco e rua do Acampamento. Militares do 2º Batalhão de Operações Especiais, BOE, acompanharam de perto toda a manifestação e protagonizaram momentos de tensão junto aos estudantes.

Revoltados com as propostas de aumento das passagens, há três dias os estudantes têm organizado abaixo-assinados contra o reajuste. Hoje, decidiram reunir-se e demostrar seu descontentamento que, conforme eles, é de toda a população. "Conseguimos reunir o DCE, o movimento estudantil de Santa Maria, além das chapas de oposição à gestão que atua hoje no DCE. Estamos todos unidos para defender de forma correta esse aumento absurdo das passagens", afirmou um dos representantes do movimento estudantil, Cristiano Schumacher.

Mas a manifestação pacifica previstas pelos estudantes também teve seus momentos de tensão. Na tentiva de acalmar o protesto, a cavalaria da Brigada militar tentou retirar os estudantes do meio da avenida. Coagidos com a ação dos militares, passaram a ter como o grito de ordem "Polícia é para ladrão, para estudantes não". "O que houve ali foi abuso de poder. Eles não tem o direito de nos repreender desse jeito. Estamos usando dos nossos direitos de cidadão, e não vamos abrir mão disso" reforço o estudante Henrique Cignachi.
Conforme o tenente Iuri, do 2º do BOE, a intervenção dos policiais tinha como único intuito manter a ordem e garantir a segurança da população. "Estamos aqui para cumprir nosso papel, assegurar a liberdade de expressão dos manifestantes, assim como garantir o direito de ir e vir das pessoas, portanto precisamos chegar a um consenso", salientou.

Entre a população também houve quem aderisse à manifestação. "Eu tenho vontade de estar ali no meio, brigando junto. Esse aumento atinge o bolso de todos nós", comentou o publitário Renato Chamis, 47 anos. Para Chamis, o único problema da manifestação foi o transtorno causado. "É complicado, porque independente da ideologia, nossos compromissos nos esperam nos mesmos horários e interromper o trânsito acaba prejudicando muita gente que concorda com essa luta", analisou.

Após cerca de 30 minutos de protestos, o trânsito foi novamente liberado. Na praça Saldanha Marinho, os organizadores da manifestação fizeram uma assembléia para decidir suas próximas ações.
As passagens urbanas em Santa Maria devem subir para R$ 2,00.
Fotos: Evandro Sturn (Núcleo de Fotografia e Memória)