Partindo de simples rabiscos e pinceladas, o gaúcho de Caxias do Sul Jorge Gérardi descobriu o mundo das artes. Começou a pintar e a desenhar ainda jovem, contrariando o desejo dos pais. Foi no final da adolescência que resolveu especializar os dons. Devido à dificuldade de arrumar emprego e à necessidade de se sustentar, transformou o amor em profissão.
O pseudônimo “Joe” surgiu quando participou de uma exposição. Já que “Jorge” não servia para nome artístico. Papel sulfite 180, lápis 6B, borracha e papel amassado são seus instrumentos de trabalho. O jeito aventureiro o levou a Argentina, Uruguai e grande parte do Brasil.
Sua profissão também depende do clima. Os dias de chuva o prejudicam, pois expõe suas obras nas ruas, praças e feiras. No inverno há outro empecilho. Por não gostar do frio, foge para o litoral brasileiro ou centro-oeste.
Ao perceber que a terra natal não dispunha de cursos voltados para a sua área, resolveu viajar. Terminou o serviço militar, fez as malas e seguiu para o Rio de Janeiro. Lá, conheceu o administrador de uma universidade e foi convidado para assistir aulas de anatomia. As aulas serviram para aperfeiçoar o desenho das feições humanas.
Aos 42 anos, pensa que o nosso sistema social é manipulado por pessoas com interesses particulares. Tudo seria diferente se houvesse uma mentalidade de união, assim a sociedade se tornaria forte.
Acredita que o maior ensinamento está na literatura. Por isso, estuda o livro Um curso de milagres, que o influencia na busca por ensinamentos espirituais e de percepção do mundo: “as pessoas devem estar atentas ao seu redor”.
Casou-se, teve dois filhos e chegou a diminuir seu ritmo de trabalho. Por dez anos, acompanhou de perto o crescimento de Jean e Milena, hoje com 16 e 11 anos. Pai coruja, sente saudade dos jovens que moram em Caxias, com a mãe. Mesmo acostumado com sua vida independente, o máximo que ficou sem ver os filhos foi por dois meses.
Tem uma família grande. Os seis irmãos e as três irmãs estão espelhados pelo mundo. Trabalha com várias áreas: caricatura, retrato, pintura e paisagismo. Desenvolveu técnicas rápidas para diminuir os custos, desenhar em menor tempo e com qualidade. Mesmo assim, retratos mais elaborados podem demorar mais que dois dias. A caricatura é o estilo mais rápido e demora de 10 a 15 minutos.
Participa de sua quarta Feira do Livro de Santa Maria. Trabalha em meio às bancas. Considera a cidade uma referência cultural, por isso tenta vir seguido. Joe crê que os santa-marienses compreendem melhor seu trabalho. Quem sabe você não o encontra pelo caminho?
Foto: Gabriela Perufo (Núcleo de Fotografia e Memória)