O Brasil vive um novo momento para a televisão pública. A estréia oficial da TV Brasil foi em dezembro do ano passado, surgida da união da TVE e Radiobrás. O veículo de comunicação é presidido por Tereza Cruvinel, que palestrou no 33º Congresso Estadual de Jornalistas, realizado em Santa Maria, nesta sexta e sábado, pela primeira vez no interior.
Com tema o Mundo do Trabalho na comunicação – oportunidades e ameaças, o congresso atraiu muitos jovens a participar. Como o estudante de Bagé, Lucas Rohãn Machado: “a preocupação de qualquer estudante é o mercado de trabalho”. O Congresso ser realizado no interior também facilitou para o deslocamento.
O vice-presidente da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) Celso Schröeder, mediador da primeira palestra, comentou sobre as ameaças à liberdade de expressão que jornalistas vêm sofrendo, como o que acontece no Rio de Janeiro, onde jornalistas foram torturados e tantos outros sofrem intimidações.
O projeto da criação da TV Brasil é de 2003, mas só agora vingou. O maior problema é a falta de esforço político, explicou Tereza. Exemplos de bons canais públicos são da Europa, Canadá e Estados Unidos. A diferença é sua criação por lei como nos EUA criado nos anos 60 e na Europa, nos anos 80.
O enfrentamento político foi forte, apesar de só fazer cumprir uma lei federal, assim a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) pôs em prática a tv pública. Junto da TV Brasil existe o sistema de radiodifusão (Radiobrás e Rádio Nacional), a Agência Brasil de Notícias pela Internet, o Canal Integración para a América Latina e o NBR, como prestação de serviço, um canal a cabo que é destinado a veiculação de notícias do Poder Executivo.
O financiamento vêm de publicidade institucional, patrocínios culturais, doações e receitas com prestações de serviço. Os recursos são considerados baixo, comparado com as necessidades. Bem diferente da realidade do Canadá, onde a CBC tem 75% do seu financiamento do governo e a pouco foi permitida veiculação de propagandas para colaborar com pagamentos. “No Brasil é assim. Está na lei, mas tem que brigar para poder cumpri-la”, lamenta Tereza.
Um dos primeiros atos da TV Brasil foi implantar um programa jornalístico, o Repórter Brasil, veiculado em 19 estados, mas sem a exibição no Rio Grande do Sul. Com dois horários na programação, às 8 horas e às 21 horas. A TV já tem 4 canais próprios no Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão e Distrito Federal.
A importância da TV pública é a atenção dada à diversidade regional e cultural, além da informação, é uma oportunidade a produções independentes, opção também para quem não consegue participar das tvs privadas.
Em busca da audiência
Um desafio mundial das TVs públicas é a audiência. Mas para isso, é necessário ter conteúdos educacionais interessantes, bons programas para todas as faixas etárias e dramaturgia. A EBC propõe programação de rede com compartilhamento das estaduais, mas ainda precisa de redes de transmissão como TVs universitárias e comunitárias.
A falta de investimentos contribui para os baixos índices de audiência. Apesar do crescimento recente, a qualidade do sinal dificulta sua expansão. Durante a palestra discutiu-se a insegurança para continuidade da TV após 2010 já que foi implantada pelo governo atual. Mas para Tereza, um bom trabalho deve garantir a continuidade do projeto, independente do próximo governante.
No segundo dia do congresso, neste sábado, as temáticas são baseadas no trabalho dos jornalistas, em vários aspectos como direitos, transformações, mercado e perspectivas.
Fotos: Flávia Alli