Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Santa Maria engatinha no grafite

 O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores do mundo, mas a cidade ainda dá os primeiros passos nos traços e nas técnicas. A galeria Tate Modern, em Londres, selecionou três artistas brasileiros para grafitarem a fachada do prédio às margens do rio Tâmisa, no mês de maio. A Nike convidou o grafiteiro Titi Freak para expor suas técnicas na lateral de um edifício em Berlim, na Alemanha, na última Copa do Mundo. Em São Paulo, a galeria Choque Cultural é o reduto da arte de rua. E Santa Maria?

 

 

 

Além da parede do Centro de Ciências Sociais e Humanas, grafitada por um grupo convidado, os outros grafites espalhados na cidade ainda são considerados depredação do patrimônio. Já é hora de os santa-marienses acolherem a arte contemporânea. Existem relatos do grafite (ou graffitti: marca ou inscrição feita em um muro) desde o Império Romano. A arte invade os muros e calçadas de Santa Maria com técnicas simples e em desenvolvimento. “Santa Maria vive um momento em que as expressões de rua estão ganhando força. O espaço para a arte contemporânea é amplificado. A arte não está apenas nas galerias, museus, cafés ou bares, está também nos muros da cidade”, relata o historiador Atílio Alencar. O stencil – imagem delineada por cortes em folha de radiografia ou outros materiais – é encontrado diariamente no caminho de volta para casa, nas paredes, lixeiras e calçadas. Os materiais utilizados pelos grafiteiros vão desde tradicionais latas de spray até o látex.

 

A influência dos movimentos e a poesia urbana

O grafite está ligado diretamente ao hip hop. Esse movimento reflete a realidade das ruas e a opressão que vive a humanidade, principalmente os menos favorecidos. “Há pelo menos 40 anos, no ocidente, se pratica a intervenção urbana com literatura, performance, com o rapper e com o grafite. São tendências extremamente fortes mundo afora”, afirma Atílio. No Brasil, o grafite surgiu durante a década de 60, quando grupos políticos pichavam nos muros das cidades frases como "Abaixo a Ditadura". Em São Paulo, as inscrições já eram conhecidas dos paulistanos, mas não pertenciam a um movimento organizado nem despertavam muitas reações. A inscrição política nasceu no meio universitário com influência direta do movimento estudantil de maio de 68 e definiu uma estética própria, conseqüente da repressão que atingia seu limite extremo.

 

O conteúdo das imagens expressa uma estética poética e as figuras transformam-se em ícones, formando uma narrativa que comenta elementos da cultura popular e da cultura de massas. A idéia é criar, a partir deste repertório iconográfico, uma leitura do cotidiano urbano, estabelecendo uma ponte entre o imaginário e a realidade da cidade. A linguagem plástica pode ser decifrada em diferentes níveis pelas pessoas, dependendo de sua relação com este repertório.

 

Não confunda com pichação

Pichar é o ato de desenhar, rabiscar, ou apenas sujar um patrimônio de qualquer ordem (público, privado) com uma lata de spray ou rolo de tinta. A pichação é considerada crime. Os pichadores fazem agressão ao patrimônio, sem a autorização dos proprietários das áreas utilizadas e não há em seus trabalhos uma manifestação de técnicas reconhecíveis de pintura.

 

Termos usados

Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúnem para pintar juntos.
Tag: é assinatura de grafiteiro.
Toy: é o grafiteiro que tem muita experiência.
Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.

As técnicas  

Grafite 3D: desenhos concebidos a partir de idéias visuais de profundidade, sem contornos. Exige domínio técnico do grafiteiro na combinação de cores e formas.

WildStyle: tem o formato de letras distorcidas, em forma de setas, que quase cobrem o desenho.

Bomber: são letras gordas e que parecem vivas, geralmente feitas com duas ou três cores.

Letras grafitadas: incorporação das técnicas do grafite à pichação. As letras grafitadas representam a assinatura do grupo.

Grafite artístico ou livre figuração: nesse estilo vale tudo: caricaturas, personagens de história em quadrinhos, figurações realistas e também elementos abstratos.

Grafites com máscaras (Stencil) e spray: facilita a rápida execução e disseminação de uma marca individual ou de grupo.

 

Fotos: Gabriela Perufo (Núcleo de Fotografia e Memória) 

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 O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores do mundo, mas a cidade ainda dá os primeiros passos nos traços e nas técnicas. A galeria Tate Modern, em Londres, selecionou três artistas brasileiros para grafitarem a fachada do prédio às margens do rio Tâmisa, no mês de maio. A Nike convidou o grafiteiro Titi Freak para expor suas técnicas na lateral de um edifício em Berlim, na Alemanha, na última Copa do Mundo. Em São Paulo, a galeria Choque Cultural é o reduto da arte de rua. E Santa Maria?

 

 

 

Além da parede do Centro de Ciências Sociais e Humanas, grafitada por um grupo convidado, os outros grafites espalhados na cidade ainda são considerados depredação do patrimônio. Já é hora de os santa-marienses acolherem a arte contemporânea. Existem relatos do grafite (ou graffitti: marca ou inscrição feita em um muro) desde o Império Romano. A arte invade os muros e calçadas de Santa Maria com técnicas simples e em desenvolvimento. “Santa Maria vive um momento em que as expressões de rua estão ganhando força. O espaço para a arte contemporânea é amplificado. A arte não está apenas nas galerias, museus, cafés ou bares, está também nos muros da cidade”, relata o historiador Atílio Alencar. O stencil – imagem delineada por cortes em folha de radiografia ou outros materiais – é encontrado diariamente no caminho de volta para casa, nas paredes, lixeiras e calçadas. Os materiais utilizados pelos grafiteiros vão desde tradicionais latas de spray até o látex.

 

A influência dos movimentos e a poesia urbana

O grafite está ligado diretamente ao hip hop. Esse movimento reflete a realidade das ruas e a opressão que vive a humanidade, principalmente os menos favorecidos. “Há pelo menos 40 anos, no ocidente, se pratica a intervenção urbana com literatura, performance, com o rapper e com o grafite. São tendências extremamente fortes mundo afora”, afirma Atílio. No Brasil, o grafite surgiu durante a década de 60, quando grupos políticos pichavam nos muros das cidades frases como "Abaixo a Ditadura". Em São Paulo, as inscrições já eram conhecidas dos paulistanos, mas não pertenciam a um movimento organizado nem despertavam muitas reações. A inscrição política nasceu no meio universitário com influência direta do movimento estudantil de maio de 68 e definiu uma estética própria, conseqüente da repressão que atingia seu limite extremo.

 

O conteúdo das imagens expressa uma estética poética e as figuras transformam-se em ícones, formando uma narrativa que comenta elementos da cultura popular e da cultura de massas. A idéia é criar, a partir deste repertório iconográfico, uma leitura do cotidiano urbano, estabelecendo uma ponte entre o imaginário e a realidade da cidade. A linguagem plástica pode ser decifrada em diferentes níveis pelas pessoas, dependendo de sua relação com este repertório.

 

Não confunda com pichação

Pichar é o ato de desenhar, rabiscar, ou apenas sujar um patrimônio de qualquer ordem (público, privado) com uma lata de spray ou rolo de tinta. A pichação é considerada crime. Os pichadores fazem agressão ao patrimônio, sem a autorização dos proprietários das áreas utilizadas e não há em seus trabalhos uma manifestação de técnicas reconhecíveis de pintura.

 

Termos usados

Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúnem para pintar juntos.
Tag: é assinatura de grafiteiro.
Toy: é o grafiteiro que tem muita experiência.
Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.

As técnicas  

Grafite 3D: desenhos concebidos a partir de idéias visuais de profundidade, sem contornos. Exige domínio técnico do grafiteiro na combinação de cores e formas.

WildStyle: tem o formato de letras distorcidas, em forma de setas, que quase cobrem o desenho.

Bomber: são letras gordas e que parecem vivas, geralmente feitas com duas ou três cores.

Letras grafitadas: incorporação das técnicas do grafite à pichação. As letras grafitadas representam a assinatura do grupo.

Grafite artístico ou livre figuração: nesse estilo vale tudo: caricaturas, personagens de história em quadrinhos, figurações realistas e também elementos abstratos.

Grafites com máscaras (Stencil) e spray: facilita a rápida execução e disseminação de uma marca individual ou de grupo.

 

Fotos: Gabriela Perufo (Núcleo de Fotografia e Memória)