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Trabalho do jornalista em debate

A realidade do mercado de trabalho para jornalistas é preocupante. O trabalho informal também invade essa categoria, com os chamados free lancer. Eles têm contrato temporário, apenas para uma determinada cobertura, por exemplo. No segundo dia do Congresso Estadual de Jornalistas o tema teve maior destaque.

“O mercado está desestruturado”, afirmou o filósofo especializado em economia social e do trabalho, José Dari Klein. É cada vez mais raro permanecer, por muito tempo, em uma empresa: uma em cada seis pessoas permanece dois anos em cada emprego. A flexibilização empregatícia foi um dos aspectos que enfatizou na palestra.

Aumentam a liberdade do empregado, porém, isso causa distribuição desigual do salário. Um contrato temporário chega a pagar cerca de 60% do valor comum. Já existem nove formas de contratação atípica, que não garantem todos os direitos e, portanto, são inferiores.

A jornada de trabalho se mistura com a vida social e o trabalho é levado para casa. São os “jornalistas 24h”, que não se desligam da função. Pode se dizer que hoje se vive para trabalhar e não mais se trabalha para viver. As regulamentações são influenciadas por outras iniciativas flexíveis na área salarial e as perspectivas estão reduzidas, as formas de organização de turnos são diversificadas.

O futuro é duro para os jornalistas, considera o diretor de redação do Correio do Povo Telmo Flor. Com a internet, a informação é espalhada com facilidade e há divulgação não apenas feita por jornalistas. Segundo o profissional, a falta de qualidade prejudica quem as acessa e quem tem trabalho sério. Ele enfatizou, ainda, que jornalistas têm que ter responsabilidade sobre o que disserem em qualquer veículo.

A estudante (da PUC) Luiza Carmona Calheiros veio de Porto Alegre para o Congresso pela importância do tema: “pouco discutido até nas faculdades”. Os preços estavam acessíveis, só lamentou a falta de maior divulgação pela importância.

As únicas representantes do IPA, da capital, Heloísa Pacheco e Daiane Benso também aprovaram a participação no congresso. Para Daiane, abriu a visão para o trabalho: “O tema é importante também para quem está começando”. Heloísa complementa que um congresso é uma ótima oportunidade de integração e ajuda também em outros aspectos: “Não ter receio do futuro porque o trabalho é árduo, mas compensatório”, comentou.

Referências no ramo

Com 25 anos na Central Globo de Jornalismo, Carlos Dorneles foi um dos palestrantes do Congresso. O jornalista afirmou que se preocupa com o fato de, hoje, a informação ser transformada em mercadoria: “Cada vez mais o jornalismo está atrelado ao comércio”. Citou o jornalista Caco Barcellos como referência ética na profissão.

Dorneles defendeu que a informação deve ser pública, generalizada. Para ele, corrupção sempre existiu, para mudar o jornalismo é preciso mudar a sociedade: “A imprensa tem papel muito importante, não podemos falar sobre não fazer nada”.

Resumiu os critérios de noticiabilidade da Rede Globo em região e poder. Cada empresa tem seu posicionamento e disse que existir um órgão regulador não significa censura. Considerou que nas faculdades aprende-se alguns conteúdos que, na prática, não são usados, mas é fundamental existir o diploma de jornalista. “Existem técnicas, deve-se saber distinguir o mais importante”, defendeu.

Para o estudante da Urcamp Ricardo Simões, que veio de Bagé, o tema, os sindicatos e a palestra do Dorneles foram destaques: “O congresso não deixou a desejar”. Simões defendeu a continuação dos congressos no interior: “Seria interessante um rodízio, mas pelas cidades que tenham estrutura”.

 

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A realidade do mercado de trabalho para jornalistas é preocupante. O trabalho informal também invade essa categoria, com os chamados free lancer. Eles têm contrato temporário, apenas para uma determinada cobertura, por exemplo. No segundo dia do Congresso Estadual de Jornalistas o tema teve maior destaque.

“O mercado está desestruturado”, afirmou o filósofo especializado em economia social e do trabalho, José Dari Klein. É cada vez mais raro permanecer, por muito tempo, em uma empresa: uma em cada seis pessoas permanece dois anos em cada emprego. A flexibilização empregatícia foi um dos aspectos que enfatizou na palestra.

Aumentam a liberdade do empregado, porém, isso causa distribuição desigual do salário. Um contrato temporário chega a pagar cerca de 60% do valor comum. Já existem nove formas de contratação atípica, que não garantem todos os direitos e, portanto, são inferiores.

A jornada de trabalho se mistura com a vida social e o trabalho é levado para casa. São os “jornalistas 24h”, que não se desligam da função. Pode se dizer que hoje se vive para trabalhar e não mais se trabalha para viver. As regulamentações são influenciadas por outras iniciativas flexíveis na área salarial e as perspectivas estão reduzidas, as formas de organização de turnos são diversificadas.

O futuro é duro para os jornalistas, considera o diretor de redação do Correio do Povo Telmo Flor. Com a internet, a informação é espalhada com facilidade e há divulgação não apenas feita por jornalistas. Segundo o profissional, a falta de qualidade prejudica quem as acessa e quem tem trabalho sério. Ele enfatizou, ainda, que jornalistas têm que ter responsabilidade sobre o que disserem em qualquer veículo.

A estudante (da PUC) Luiza Carmona Calheiros veio de Porto Alegre para o Congresso pela importância do tema: “pouco discutido até nas faculdades”. Os preços estavam acessíveis, só lamentou a falta de maior divulgação pela importância.

As únicas representantes do IPA, da capital, Heloísa Pacheco e Daiane Benso também aprovaram a participação no congresso. Para Daiane, abriu a visão para o trabalho: “O tema é importante também para quem está começando”. Heloísa complementa que um congresso é uma ótima oportunidade de integração e ajuda também em outros aspectos: “Não ter receio do futuro porque o trabalho é árduo, mas compensatório”, comentou.

Referências no ramo

Com 25 anos na Central Globo de Jornalismo, Carlos Dorneles foi um dos palestrantes do Congresso. O jornalista afirmou que se preocupa com o fato de, hoje, a informação ser transformada em mercadoria: “Cada vez mais o jornalismo está atrelado ao comércio”. Citou o jornalista Caco Barcellos como referência ética na profissão.

Dorneles defendeu que a informação deve ser pública, generalizada. Para ele, corrupção sempre existiu, para mudar o jornalismo é preciso mudar a sociedade: “A imprensa tem papel muito importante, não podemos falar sobre não fazer nada”.

Resumiu os critérios de noticiabilidade da Rede Globo em região e poder. Cada empresa tem seu posicionamento e disse que existir um órgão regulador não significa censura. Considerou que nas faculdades aprende-se alguns conteúdos que, na prática, não são usados, mas é fundamental existir o diploma de jornalista. “Existem técnicas, deve-se saber distinguir o mais importante”, defendeu.

Para o estudante da Urcamp Ricardo Simões, que veio de Bagé, o tema, os sindicatos e a palestra do Dorneles foram destaques: “O congresso não deixou a desejar”. Simões defendeu a continuação dos congressos no interior: “Seria interessante um rodízio, mas pelas cidades que tenham estrutura”.