
Assinado na década de 90 em Lisboa, a intenção do acordo é unificar a Língua Portuguesa entre os oito países da comunidade lusitana: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. A reforma passa a vigorar em janeiro de 2009.
Por questões políticas, como Portugal não queria mexer no Português original, o Acordo Ortográfico demorou tanto tempo para definir um período de início das novas regras. A doutoranda em Letras e professora da UNIFRA, Valéria Bortoluzzi, acredita que o período de adaptação, que vai até 2012, é adequado. “Três anos é suficiente para dar conta de novas publicações e o professor estar apto a lecionar”, afirma.
As mudanças afetam 0,45% das palavras brasileiras, enquanto em Portugal, 1,6% do vocabulário sofre alterações. Valéria explica que, na prática, a estrutura da língua não muda e o acordo não traz tantas modificações como as pessoas pensam: “Na sintaxe não altera nada e a parte da ortografia dentro da gramática é pequena. A língua cotidiana e a pronúncia continuam sendo as mesmas, a escrita é que muda”.
O trema, que já era pouco usado, vai ser eliminado, com exceção das palavras estrangeiras e estruturas de nomes próprios. Os acentos das palavras terminadas em ditongos abertos nas paroxítonas caem, como em “idéia” que fica “ideia”. Para a professora, a questão do hífen será um problema, porque a atenção deverá ser maior. “Microondas” e “microônibus” passam a ser escritos separados, “micro-ondas” e “micro-ônibus”. Passam a ser escritos juntos “mini-saia” e “micro-sistema”, que ficam “minissaia” e “microssistema”.
Além disso, as letras “k,w,y” serão incluídas no alfabeto. O que para Valéria só vai ser registrado, pois já eram usadas: “Isso não é negativo, a língua está sempre em movimento e interage com outros idiomas, por que não incluir, então, estas letras?”.
A professora também defende a unificação: “Ela contempla um pouco de cada língua e ainda preserva características próprias. O acesso ao material escrito em português vai melhorar, assim como na língua inglesa que é padrão. Não vai ser preciso se preocupar com outras versões de publicação em português”, conclui.
O que muda:
– O trema não será mais usado para indicar pronúncia. Exs: frequência, linguiça e cinquenta;
– Ditongos abertos das palavras paroxítonas. Exs: colmeia, boia e joia;
– Cai o acento do i e u tônicos nas paroxítonas. Exs: bocaiuva e feiura;
– Cai o acento nas palavras terminadas em êem e ôo. Exs: abençoo, leem e zoo;
– Não se usa mais acento diferencial de advérbio, preposição e substantivo. Exs: pera e polo;
– Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exs: antiaéreo, autoescola e coautor;
– Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento iniciar com consoante diferente de r ou s. Exs: anteprojeto e coprodução;
– Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal o segundo elemento iniciar com consoante r ou s, duplica-se a letra. Exs: antirrugas, antissocial e ultrassom;
– O hífen passa ser usado quando o prefixo termina em vogal ou consoante e o segundo elemento iniciar com a mesma letra. Exs: anti-ibérico, contra-ataque, semi-interno e hiper-requintado e super-romântico;
– Não se usa hífen se o prefixo terminar em consoante e o segundo elemento iniciar com vogal. Exs: hiperativo, interescolar e superotimismo;
Dicas sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa:
– Livro O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – O que Muda, o que Não Muda – autor: Maurício Silva – Editora Contexto
– IG Educação – Especial Acordo Ortográfico
– Coluna do prof. Sérgio Nogueira
– Guia Reforma Ortografica Michaelis
– Opinião prof. Pasquale Cipro Neto
Fotos: Arieli Ziegler (Laboratório de Fotografia e Memória)