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Santa Maria, RS, Brazil

Crack: saiba onde encontrar ajuda

 Solange. Este é o nome fictício de nossa entrevistada. Assim preserva-se a sua identidade, abalada pelos problemas que surgem desde que seu filho se envolveu com crack. A droga é diagnosticada na cidade como uma onda epidêmica que avassala famílias e diferentes grupos sociais.

Embora o problema seja enfrentado por vários segmentos da sociedade, como ONGs, Secretaria Municipal da Saúde, hospitais e agentes de saúde, a questão ainda é desesperadora para quem procura tratamento para algum familiar.

O início é quase igual para todos familiares que descobrem alguém na família que usa crack: conversas, promessas, juramentos, trocas. Como a droga é mais forte e sedutora devido às sensações de alegria, ela vence e a família parte em busca de socorro.

 Diário de uma mãe com filho viciado em crack

· Em 2006 Solange desconfia que seu filho não usa apenas maconha, “ porque maconha é normal,  aqui todos fumam” afirma a mãe. O menino de 17 anos que chamaremos de João , negou, mas começou a ter atitudes diferentes: não comia até por 2 dias, estava sempre desconfiado e com mania de perseguição e a mãe convivendo com  o sumiço de objetos da casa. Pratos, pia da cozinha, talheres, roupas, colchão , comida. A casa aos poucos sumia e a família adoecia

· No próximo ano, 2007 ela busca informações com uma psicóloga que trabalha na escola próxima à sua casa.

· O filho se nega a consultar um profissional que avaliaria o seu caso e afirma, “psiquiatra é coisa prá louco, e eu não sou louco”.

· Via Juizado da Infância e do Adolescente a mãe consegue pedido de internação para João.

· Após um ano, recebe a liberação para fazer a consulta no CAPS  a.d ( Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas)

· Na primeira consulta não comparece.

· No dia da segunda consulta um oficial da justiça vai buscá-lo. Ele já estava na rua.

· No dia 4 de novembro de 2008 um oficial acompanhado da polícia busca João e leva-o para o CASE (Centro de Atendimento Sócio–educativo), antiga FEBEM.

· Dia 2 de janeiro João sai do CASE e fica em liberdade assistida. O órgão responsável é o CEDEDICA (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente).

· Dia 19 de janeiro, dia desta entrevista, Solange triste afirma , “meu filho vendeu os origamis que fez no CASE para comprar pedra”. O olhar brilhante contido em lágrimas, mas ainda não conformado em desistir do filho se fortalece ao  dizer “ hoje é o primeiro dia de trabalho dele em uma construção, ele será servente”. _ Ele foi? pergunto a Solange. _ “Não sei. Eu não desisto, porque tenho esperança”.

                 Onde encontrar ajuda

No CAPS, a primeira pergunta para a  enfermeira  e professora da UNIFRA, Evanir Parcianello, revela a dimensão do problema. “Se tenho um filho que use crack, o que eu faço?” Ela pensa alguns segundos e diz: “ Bota de novo na tua barriga”. Mas como isto não é possível é necessário procurar ajuda o mais breve.

                Passos para conseguir um tratamento

             1º – Se o seu filho quer ajuda procure o Hospital Psiquiátrico da UFSM. No hospital não há internação. Haverá apenas uma consulta que avaliará e poderá prescrever alguma medicação.

            2º – Se o menor estiver vendendo coisas, objetos orienta-se que a família procure a Promotoria ou a Defensoria do Estado ou da União. É a maneira mais rápida, principalmente se for menor de idade.

            3° –  Esses órgãos solicitam um parecer médico com pedido de internação

            4º –  O CAPS emite a avaliação do pedido.

            5º – A Promotoria encaminha o pedido para o Judiciário.

            6° – O CAPS encaminha os adolescentes para um Centro de tratamento em Rio Grande, Pelotas ou na Casa de Saúde em Santa Maria, que possui no momento 6 leitos para viciados em crack.

Evanir Parcianello salienta que há ainda fazendas que fazem o tratamento de desintoxicação e recuperação, porém salienta que estas fazendas são para tratamento de adultos. Os adolescentes precisam ser monitorados continuamente porque a recaída é muito mais fácil e rápida.

Lugares que trabalham com internação de crianças e adolescentes viciadas em crack

· Hospital Casa de Saúde – regime fechado (atende somente pelo SUS)

. Case – regime fechado -(apenas para aqueles adolescentes que também cometeram algum tipo de infração).

· Psicoclínique – regime fechado – atendimento particular.

Lugares para internação de adultos

· Hospital de Candelária _ Regime Fechado – SUS – Tel: (051) 37432507

· Fazenda Terapêutica Reto – Bairro Minuano Gratuito – (055) 32112210

· Fazenda Terapêutica Desafio Jovem – Itaára – (055) 32271901

   

Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)

 

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 Solange. Este é o nome fictício de nossa entrevistada. Assim preserva-se a sua identidade, abalada pelos problemas que surgem desde que seu filho se envolveu com crack. A droga é diagnosticada na cidade como uma onda epidêmica que avassala famílias e diferentes grupos sociais.

Embora o problema seja enfrentado por vários segmentos da sociedade, como ONGs, Secretaria Municipal da Saúde, hospitais e agentes de saúde, a questão ainda é desesperadora para quem procura tratamento para algum familiar.

O início é quase igual para todos familiares que descobrem alguém na família que usa crack: conversas, promessas, juramentos, trocas. Como a droga é mais forte e sedutora devido às sensações de alegria, ela vence e a família parte em busca de socorro.

 Diário de uma mãe com filho viciado em crack

· Em 2006 Solange desconfia que seu filho não usa apenas maconha, “ porque maconha é normal,  aqui todos fumam” afirma a mãe. O menino de 17 anos que chamaremos de João , negou, mas começou a ter atitudes diferentes: não comia até por 2 dias, estava sempre desconfiado e com mania de perseguição e a mãe convivendo com  o sumiço de objetos da casa. Pratos, pia da cozinha, talheres, roupas, colchão , comida. A casa aos poucos sumia e a família adoecia

· No próximo ano, 2007 ela busca informações com uma psicóloga que trabalha na escola próxima à sua casa.

· O filho se nega a consultar um profissional que avaliaria o seu caso e afirma, “psiquiatra é coisa prá louco, e eu não sou louco”.

· Via Juizado da Infância e do Adolescente a mãe consegue pedido de internação para João.

· Após um ano, recebe a liberação para fazer a consulta no CAPS  a.d ( Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas)

· Na primeira consulta não comparece.

· No dia da segunda consulta um oficial da justiça vai buscá-lo. Ele já estava na rua.

· No dia 4 de novembro de 2008 um oficial acompanhado da polícia busca João e leva-o para o CASE (Centro de Atendimento Sócio–educativo), antiga FEBEM.

· Dia 2 de janeiro João sai do CASE e fica em liberdade assistida. O órgão responsável é o CEDEDICA (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente).

· Dia 19 de janeiro, dia desta entrevista, Solange triste afirma , “meu filho vendeu os origamis que fez no CASE para comprar pedra”. O olhar brilhante contido em lágrimas, mas ainda não conformado em desistir do filho se fortalece ao  dizer “ hoje é o primeiro dia de trabalho dele em uma construção, ele será servente”. _ Ele foi? pergunto a Solange. _ “Não sei. Eu não desisto, porque tenho esperança”.

                 Onde encontrar ajuda

No CAPS, a primeira pergunta para a  enfermeira  e professora da UNIFRA, Evanir Parcianello, revela a dimensão do problema. “Se tenho um filho que use crack, o que eu faço?” Ela pensa alguns segundos e diz: “ Bota de novo na tua barriga”. Mas como isto não é possível é necessário procurar ajuda o mais breve.

                Passos para conseguir um tratamento

             1º – Se o seu filho quer ajuda procure o Hospital Psiquiátrico da UFSM. No hospital não há internação. Haverá apenas uma consulta que avaliará e poderá prescrever alguma medicação.

            2º – Se o menor estiver vendendo coisas, objetos orienta-se que a família procure a Promotoria ou a Defensoria do Estado ou da União. É a maneira mais rápida, principalmente se for menor de idade.

            3° –  Esses órgãos solicitam um parecer médico com pedido de internação

            4º –  O CAPS emite a avaliação do pedido.

            5º – A Promotoria encaminha o pedido para o Judiciário.

            6° – O CAPS encaminha os adolescentes para um Centro de tratamento em Rio Grande, Pelotas ou na Casa de Saúde em Santa Maria, que possui no momento 6 leitos para viciados em crack.

Evanir Parcianello salienta que há ainda fazendas que fazem o tratamento de desintoxicação e recuperação, porém salienta que estas fazendas são para tratamento de adultos. Os adolescentes precisam ser monitorados continuamente porque a recaída é muito mais fácil e rápida.

Lugares que trabalham com internação de crianças e adolescentes viciadas em crack

· Hospital Casa de Saúde – regime fechado (atende somente pelo SUS)

. Case – regime fechado -(apenas para aqueles adolescentes que também cometeram algum tipo de infração).

· Psicoclínique – regime fechado – atendimento particular.

Lugares para internação de adultos

· Hospital de Candelária _ Regime Fechado – SUS – Tel: (051) 37432507

· Fazenda Terapêutica Reto – Bairro Minuano Gratuito – (055) 32112210

· Fazenda Terapêutica Desafio Jovem – Itaára – (055) 32271901

   

Fotos: Bibiane Moreira (Laboratório de Fotografia e Memória)