
Nesta quarta-feira, 30 de setembro, a Jornada Nacional de Enfermagem da Unifra debateu sobre a droga que está no foco de muitas medidas de conscientização, o Crack.
O debate começou com uma palestra ministrada pelo delegado e professor Sandro Luiz
Meinerz. Logo após, uma mesa-redonda composta pela professora de
enfermagem Martha Souza e pela coordenadora Maria Helena Gehlen Saurin,
discutiu o tema 20 anos do uso do Crack: uma vivência.
O uso do crack aumenta entre os jovens da cidade numa proporção assustadora. O delegado Sandro Meinerz ressaltou esse aumento e as causas dele. “Normalmente a porta de entrada para as drogas são os amigos, colegas de escola. Os adolescentes buscam a droga como se fosse um amuleto. Se eles continuarem a manter o mesmo ciclo de amizades, os mesmos vínculos, ele não largará o uso do crack”, comenta o delegado.
O apoio ao adolescente em fase de recuperação é essencial para que o tratamento venha a surtir efeitos. “Alguns indicam o internamento para um melhor resultado. Um mês não recupera ninguém. O que os jovens viciados precisam é recuperar a auto-estima deles. Para recuperar isso é difícil. Por isso eu acho que, quando a família é bem estruturada, é melhor ficar em casa e receber todo o amor e carinho dela”, salienta Meinerz.
"Meus pais falavam que quem usava drogas não prestava. Foi muito difícil desfazer esses conceitos”. É assim que a professora Martha Souza pensava antes de trabalhar no projeto Redução de Danos. O projeto se destina a diminuir os riscos associados ao uso de drogas. A proposta não é a repressão dos usuários e, sim, uma redução de danos, sejam biológicos, sociais, econômicos ou culturais, sem necessariamente interromper o uso da droga.
“Eu ia no meio do brete [local onde os jovens se reúnem para usar drogas] às vezes à tardinha, à noite. Eu tentava negociar com ele: quem sabe tu só fuma um baseado? Eu usava uma lógica. A gente não pode mais fazer de conta que eles não existem”, comenta a professora.
Mas a vivência ficou por conta do educador físico Mário dos Santos: “Eu era um usuário de cocaína que tinha perdido tudo. Perdido minha família e minha filha”, diz Mário. Agora já recuperado ele acompanha os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para tentar ajudar quem precisa. “Acompanho os CAPS, pessoas que usam crack, heroína. Eu faço a parte que o serviço público não faz. Eu crio um vínculo com o usuário”, argumenta o educador físico. Além desse apoio, Márcio comenta que o tratamento é difícil, mas possível. “É possível se tratar do vício, é possível se cuidar. É difícil sair da droga. Mas se eu consegui, é possível”.
Fotos: Augusto Coelho (Laboratório de Fotografia e Memória)