
O vice-presidente da Fenaj, Celso Schröder, condena a desregulamentação do diploma: “A informação é bem público, não pertence à empresa, seria privatização. Autorização para ‘ter a informação’ foi conquistada por acordos com MEC e o registro é o diploma”.
Schröder cita Nilson Lage para explicar que o Jornalismo tende a voltar à mercantilização, onde picaretas usavam as informações, se a empresa tiver o controle: “A informação fica à mercê de interesses econômicos”.
Os jornalistas são formados pela academia para trabalhar no mercado de trabalho. O que não significa que produzirão apenas o que o mercado espera. Ao terminarem a faculdade, com o diploma nas mãos, têm autonomia: “É inversão completa anular o papel da universidade que no mundo todo é lugar de instrumentação, experiência, pesquisa e novidade”, critica Schröder.
Na passeata, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, José Maria Rodrigues Nunes, também comentou que nesta quarta-feira podemos presenciar um novo golpe para a democracia. O sindicalista fez uma alusão ao golpe de 1º de abril de 1964, responsável por instaurar a ditadura no Brasil e restringir a liberdade de expressão.
A força estudantil
A campanha a favor do diploma deu origem a uma relação que até pouco tempo não existia entre Sindicato e estudantes. Os grupos consolidaram uma grande parceria a partir da criação da Comissão do Núcleo Estudantil, um espaço dedicado aos futuros profissionais. O Núcleo tem em torno de 40 membros que discutem sobre questões pertinentes à categoria. Os encontros são nos sábados à tarde, no Sindicato, e estão abertos a estudantes.
Nessa manhã, o representante da Comissão, Laion Espindula, esperava que, com o protesto, o STF ouvisse os manifestantes e votasse a favor do jornalista. “Retirar a obrigatoriedade do diploma é um retrocesso. Devemos discutir a qualidade da formação”, afirma. O mobilizador complementou: “Se a lei que regulamenta a profissão de jornalista for extinta, não haverá como defender os direitos da categoria”.
A acadêmica da Ufrgs, Victória Jurkfitz, 20 anos, protestava pela sociedade: “Defendo a causa não só pelo meu futuro, mas acho que sem faculdade as pessoas não vão conseguir fazer um bom jornalismo.”
Durante a caminhada, que iniciou na Praça da Matriz, uma jovem prendia a atenção, não só dos pedestres, como dos demais manifestantes. O que atraía tantos olhares era o papel que exibia com orgulho: uma cópia do diploma de jornalista. Acompanhada por um grupo de estudantes da Unifra e da UFSM, Ana Bitencourt, 34 anos, partiu de Santa Maria rumo à capital gaúcha para continuar defendo a obrigatoriedade do certificado. “O meu diploma é uma conquista recente e é um direito. A classe tem que se unir”, relata a recém-formada.
Fotos: Letícia Sarturi e Rodrigo Ricordi (acadêmicos de Jornalismo)