Tabajara Ruas tem uma consolidada carreira como escritor de histórias ambientadas, em sua maioria, no pampa gaúcho. Mas nessa quarta-feira, ele reuniu alunos e professores para ministrar a aula inaugural do Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano. O bate-papo misturou lembranças da juventude vivida nos efervescentes anos 60, em Porto Alegre, seu processo criativo e suas participações como diretor de cinema. Aliás, o cinema foi a grande estrela da noite.
Depois de adaptar dois de seus romances para a tela grande (Netto perde sua alma, de 2001 e Netto e o domador de cavalos, de 2008), Ruas prepara-se para dirigir Os senhores da guerra, filme que narra as batalhas vividas pelo jovem Júlio Rafael Bozzano durante a revolução de 1923. “Tabajara escreveu a orelha do livro e desde o lançamento ele dizia que a história daria um grande filme”, disse José Antônio Severo, autor do livro e também um dos produtores do filme. E quando Severo fala grande, não está se referindo somente à grandiosidade das paisagens e das cenas de guerra.
Como a história é longa (o livro possui 502 páginas), os produtores resolveram dividir o filme em duas partes: Senhores da Guerra – Passo das carretas e Senhores da Guerra – Passo da Cruz que mostram as lutas e inquietações dos jovens soldados, entre eles, os irmãos Bozzano. Mas não é só nesse detalhe que Santa Maria está ligada ao filme. As filmagens, previstas para começarem em outubro deste ano, serão feitas em locações da cidade. “O filme vai divulgar a cidade, que tem um grande número de pessoas ligadas à cultura. Usaremos pessoas da cidade, não só como atores, mas também trabalhando na parte técnica”, diz Tabajara. “Severo é um escritor fantástico o livro tem ótimos personagens. O elenco principal terá grandes nomes, mas ainda não definimos quais serão” diz Severo, ansioso para o início das filmagens.
Quando questionado se gosta mais de ser escritor ou roteirista, ele declara: “A gente quer é escrever. Claro que é difícil cortar alguma passagem do livro pela qual tu tem uma admiração. Mas é preciso pesar o que cai melhor para a tela”.
Santa Maria vai voltar aos tempos da revolução e dois irmãos vão contar a sua versão dos fatos. Tudo isso feito por gente daqui, partindo da idéia de dois escritores ávidos por palavras e boas histórias.
Fotos: Evandro Sturm (Laboratório de Fotografia e Memória)