Jornalista diplomado, cidadão de fato!
Movimento Jornalistas por Formação RS
Diploma não é garantia de perfeição, como sugeriu o Excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes e nada trará a perfeição, nem um diploma de advogado, de médico, de engenheiro. Mas a academia trará sim, segurança, direitos e obrigações do profissional com a sociedade.
Uma pena, mais uma perda. Quem ainda quer ver esse país crescer e acredita que educação não é o caminho, desvie por favor, pra lá, pra bem longe do desenvolvimento. STF: mais uma de nossas vergonhas.
Laura Flain Píffero
Jornalista por formação
A partir de hoje sou jornalista, formada pelo STF. Não exigir diploma é um retrocesso. Se ele não fosse importante, professor não precisaria cursar Letras ou Pedagodia, qualquer um poderia alfabetizar as crianças nas escolas. As instituições de ensino superior, principalmente as privadas, deveriam se unir e recorrer da decisão.
Alice Dutra Balbé
estudante de Jornalismo
Viver no Brasil é cair na contradição e perder referências. Políticos socialistas que viram neoliberais, justiça que liberta jovens por matar os pais quando a lei pede punição, ou auxílios financeiros para resolver problemas a curto prazo enquanto a regra pede soluções para todos e eternas enquanto dure. A mais nova contradição se deu nesta última quarta-feira. Um país cujos governantes liberam milhões de reais para investir na educação e estar entre as dez maiores potências do mundo na educação, desregulamenta uma profissão que é um dos pilares que rege a sociedade brasileira. Contraditório, não? Mas se achas que eu me contradigo, quem pode me culpar? Estou protegida pela falecida lei de imprensa e agora tenho autoridade para falar…
Flávia Alli
estudante de Jornalismo
Esse argumento de que a obrigatoriedade do diploma é um obstáculo à liberdade de expressão é lamentável. Por acaso alguém era proibido de escrever/falar em jornal caso não fosse jornalista? A diferença é que o público podia saber claramente o que era opinião ou livre expressão. Outro argumento é que o diploma n
ão garante a ética. Então se tira o diploma e isso vai garantir o compromisso com a informação? Não seria melhor instituir um exame como o da OAB, por exemplo? Pela lógica dos ministros, os advogados que precisam de diploma e exame e, ainda assim, passam a perna nos clientes, não precisam mais nem de curso superior. Assim como outros profissionais cujos ofícios não têm “nenhum risco que decorra do desconhecimento de alguma verdade científica”, como defendeu o ministro Cezar Peluso. Será que esse tipo de decisão tem algo a ver com o fato dos jornalistas descobrirem e divulgarem muitas coisas que os poderosos preferiam que ficassem escondidas? Se não, vamos esperar pela desregulamentação de muitas profissões!
Emilia Maria
jornalista egressa da 1ª turma de Jornalismo da Unifra
Realmente, o sentimento é de incredulidade. Saber que apenas um dos 9 ministros presentes na votação defende a permanência do diploma é, no mínimo, revoltante para nós que estudamos e nos preparamos para ser jornalistas (de canudo na mão). Mas mais revoltante ainda são as justificativas de que o direito à informação está restrito. Me pergunto agora o por quê da criação das faculdades de comunicação. Deve ser por que em certa época houve a necessidade desta base teórica e prática. O que acontece agora, então? Estamos retrocedendo? A academia só acrescenta e contribui na formação de profissionais conscientes do compromisso que terão com o público, colaborando com bases essenciais para a informação de qualidade. E é assim que vai continuar, sendo por meio de jornais, revistas, blogs, sites, portais, rádios, TVs e outras mídias que ainda possam surgir.
Maitê Vallejos
estudante de Jornalismo
Eu tinha 5 anos e queria entender o mundo, conversar com as pessoas e descobrir suas histórias. Mais ainda: contar essas histórias pra que elas sirvam de exemplo, toquem as pessoas e nos façam acordar a cada manhã com coragem para colocar em prática o que até ontem parecia impossível.
Eu tinha 17 anos e não tive medo de ir lá e escolher, quero fazer jornalismo. Fazer a inscrição no vestibular foi como assinar um documento dizendo que eu estava disposta a passar quatro anos aprendendo a escrever, editar, informar, discutindo com os colegas e professores qual a melhor maneira de chegar até o leitor e fazê-lo pensar sobre determinado assunto.
Eu tenho 22 anos e estou prestes a me formar em jornalismo. Daí vem o STF, me pega pela mão e diz “minha filha, não precisa mais. Esquece esse teu TFG e vai tentar uma vaga num jornal”. Apesar da educação que minha família me deu, tenho que ser indelicada. Querido STF, muito obrigada pelo conselho mas eu não quero ser mais um picareta para a coleção do meu país. Jornalista de verdade, tem diploma. Os outros, depois de alguns artigos de péssima categoria, são eleitos e vão trabalhar em Brasília.
Numa realidade social em que se tenta a todo custo – ou pelo menos se deveria tentar- investir em educação nos diversos níveis do ensino, incluindo aí o ensino superior, os ministros aprovam por maioria a desnecessidade de formação profissional para o exercício do jornalismo. Dos 11 ministros, 8 votaram a favor, um votou contra e dois não participaram do julgamento. Nas palavras do ministro Carlos Ayres Britto “Ela – atividade jornalística- se disponibiliza para os vocacionados, para os que têm intimidade com a palavra”. Qual profissão não se disponibiliza aos vocacionados? Toda e qualquer atividade profissional requer vocação de quem a exerce. Abaixo o diploma! Fechem as universidades! Vocação é o que importa, não o conhecimento. Sustento as palavras do ministro Marco Aurélio Mello – único a votar contra o fim do diploma – quando diz que são necessários conhecimentos técnicos para o exercício da profissão. Não sou jornalista e como cidadã sinto-me aflita pelas futuras notícias que terei conhecimento – isso se continuar comprando jornal, ouvindo rádio, assistindo TV.
Laura Hartmann (Relações Públicas/Conrerp 2890 RS/SC)
Leia mais opiniões sobre a decisão do TSF e a indignação da sociedade:
– artigo de Leandro Fortes