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Santa Maria, RS, Brazil

Já são 30 anos de AIDS

A AIDS é um dos temas mais polêmicos do mundo. A doença, ainda sem cura, atinge todo planeta e mata. Quando o assunto é AIDS, não há cor, raça ou religião que não a conheça. A  3° Jornada Interdisciplinar em Saúde, que ocorreu na Unifra, abordou os 30 anos de AIDS: aprendizagens e desafios.

Os alunos puderam assistir à palestra de forma descontraída. A apresentação que abordava um assunto sério  misturou-se ao carisma do palestrante, o professor Dr. Fernando Seffner, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ele disse que a AIDS é uma epidemia global, e é a primeira doença em que o planeta inteiro constrói estratégias para evitá-la.

A AIDS é uma doença que atinge o sistema imunológico e é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Em 2007, estimava-se que 33,2 milhões de pessoas viviam com a doença.

Durante esses 30 anos houve opiniões diversas quanto aos grupos de risco e às formas de transmissão. As principais é que ela estaria somente nos grupos de risco, que seriam prostitutas, homossexuais e viciados em drogas. Hoje em dia, essa realidade é outra, todas as pessoas estão sujeitas a se contaminarem. A transmissão pode acontecer por não usar preservativos nas relações sexuais, transfusão de sangue (a incidência neste caso, está praticamente controlada, mas ainda ocorre), e na troca entre a mãe e o bebê, entre outras situações.

A AIDS como castigo divino

Esta opinião, segundo o professor, foi extremamente forte, e persistiu durante anos. Ele ainda acrescenta que sempre se procuram culpados para alguma coisa e com a AIDS não seria diferente. “Sempre procuramos os culpados, nós elegemos eles. Um dos adjetivos usados para quem tinha o vírus era pervertido”, disse.

O medo que a sociedade tem de abordar este assunto também é preocupante, já que as pessoas sempre pensam que isso só vai acontecer com os outros. “As pessoas não se preocupam com si próprias, pelo fato de pensarem que a doença está no outro, em geral, em outro distante, criminalizado, muito diferente delas”, falou o professor.

Outro fator que ainda ocorre nos dias atuais é o preconceito. Há alguns anos atrás, segundo Seffner, o sindicato das escolas particulares orientou as escolas a não aceitarem crianças que fossem soropositivas, mas isso não ocorre mais. Ele ainda acrescentou que as pessoas apagam a personalidade dos doentes, e só ressaltam a doença, fazem a relação pessoa/doença. “É muito ruim isso, a pessoa é lembrada por estar doente. Paulo aidético, Paulo leproso, são alguns exemplos”.

Quando não se tinha muito estudo sobre a AIDS, a “sobrevida” dos contaminados era de aproximadamente 10 meses. Hoje, com a evolução das tecnologias e estudos para combater a doença, esse tempo subiu, segundo Seffner, para 18 ou mais anos. “Atualmente as pessoas que têm o vírus e fazem o tratamento correto, não morrem pela doença, mas sim de velhas”.


O viver das crianças e adolescentes com HIV/AIDS

A segunda palestra era direcionada aos tratamentos feitos com as crianças e adolescentes na UFSM. A palestrante, Aline Camaranno Ribeiro, contou as experiências que passa nesses casos.
Ela relatou o aumento da AIDS para as mulheres e sobre o uso de preservativos. Sobre o  “Projeto Multidisciplinar de Crianças e Adolescentes com HIV/AIDS”, contou as provações que passa, como lida com as crianças e a emoção que sente em poder ajudar.

Alguns assuntos abordados nas reuniões do projeto:

– A revelação de diagnósticos: segundo Aline esta é uma função muito difícil, já que tem que dar o resultado para as famílias e, às vezes, até para o paciente.
– Adesão aos tratamentos: ela relatou que algumas crianças e adolescentes não gostam dos tratamentos. “Eles reclamam dos gostos dos medicamentos, mas é necessário para o bem deles”, disse.
– Enfrentamento da discriminação: Aline revela que existe preconceito quando o assunto é AIDS, mas que o grupo ajuda os pacientes a combaterem esses problemas.
Alguns dados, segundo Aline:
Em Santa Maria existem 39 adolescentes portadores da doença, sendo que:
– 61,54% contraíram através da infecção vertical (mãe transmite ao filho antes dele nascer).
– 48,72% são adolescentes de Santa Maria.
– 61,5% têm entre 10 e 12 anos.
– 56,41% são meninas.
– 77% já necessitaram de internações hospitalares.

Uma das intenções do Projeto é promover a auto-estima nas crianças e adolescentes, para um cuidado próprio, diante de suas necessidades especiais de saúde.

 

Fotos: Gabriela Perufo (Laboratório de Fotografia e Memória)

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A AIDS é um dos temas mais polêmicos do mundo. A doença, ainda sem cura, atinge todo planeta e mata. Quando o assunto é AIDS, não há cor, raça ou religião que não a conheça. A  3° Jornada Interdisciplinar em Saúde, que ocorreu na Unifra, abordou os 30 anos de AIDS: aprendizagens e desafios.

Os alunos puderam assistir à palestra de forma descontraída. A apresentação que abordava um assunto sério  misturou-se ao carisma do palestrante, o professor Dr. Fernando Seffner, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ele disse que a AIDS é uma epidemia global, e é a primeira doença em que o planeta inteiro constrói estratégias para evitá-la.

A AIDS é uma doença que atinge o sistema imunológico e é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Em 2007, estimava-se que 33,2 milhões de pessoas viviam com a doença.

Durante esses 30 anos houve opiniões diversas quanto aos grupos de risco e às formas de transmissão. As principais é que ela estaria somente nos grupos de risco, que seriam prostitutas, homossexuais e viciados em drogas. Hoje em dia, essa realidade é outra, todas as pessoas estão sujeitas a se contaminarem. A transmissão pode acontecer por não usar preservativos nas relações sexuais, transfusão de sangue (a incidência neste caso, está praticamente controlada, mas ainda ocorre), e na troca entre a mãe e o bebê, entre outras situações.

A AIDS como castigo divino

Esta opinião, segundo o professor, foi extremamente forte, e persistiu durante anos. Ele ainda acrescenta que sempre se procuram culpados para alguma coisa e com a AIDS não seria diferente. “Sempre procuramos os culpados, nós elegemos eles. Um dos adjetivos usados para quem tinha o vírus era pervertido”, disse.

O medo que a sociedade tem de abordar este assunto também é preocupante, já que as pessoas sempre pensam que isso só vai acontecer com os outros. “As pessoas não se preocupam com si próprias, pelo fato de pensarem que a doença está no outro, em geral, em outro distante, criminalizado, muito diferente delas”, falou o professor.

Outro fator que ainda ocorre nos dias atuais é o preconceito. Há alguns anos atrás, segundo Seffner, o sindicato das escolas particulares orientou as escolas a não aceitarem crianças que fossem soropositivas, mas isso não ocorre mais. Ele ainda acrescentou que as pessoas apagam a personalidade dos doentes, e só ressaltam a doença, fazem a relação pessoa/doença. “É muito ruim isso, a pessoa é lembrada por estar doente. Paulo aidético, Paulo leproso, são alguns exemplos”.

Quando não se tinha muito estudo sobre a AIDS, a “sobrevida” dos contaminados era de aproximadamente 10 meses. Hoje, com a evolução das tecnologias e estudos para combater a doença, esse tempo subiu, segundo Seffner, para 18 ou mais anos. “Atualmente as pessoas que têm o vírus e fazem o tratamento correto, não morrem pela doença, mas sim de velhas”.


O viver das crianças e adolescentes com HIV/AIDS

A segunda palestra era direcionada aos tratamentos feitos com as crianças e adolescentes na UFSM. A palestrante, Aline Camaranno Ribeiro, contou as experiências que passa nesses casos.
Ela relatou o aumento da AIDS para as mulheres e sobre o uso de preservativos. Sobre o  “Projeto Multidisciplinar de Crianças e Adolescentes com HIV/AIDS”, contou as provações que passa, como lida com as crianças e a emoção que sente em poder ajudar.

Alguns assuntos abordados nas reuniões do projeto:

– A revelação de diagnósticos: segundo Aline esta é uma função muito difícil, já que tem que dar o resultado para as famílias e, às vezes, até para o paciente.
– Adesão aos tratamentos: ela relatou que algumas crianças e adolescentes não gostam dos tratamentos. “Eles reclamam dos gostos dos medicamentos, mas é necessário para o bem deles”, disse.
– Enfrentamento da discriminação: Aline revela que existe preconceito quando o assunto é AIDS, mas que o grupo ajuda os pacientes a combaterem esses problemas.
Alguns dados, segundo Aline:
Em Santa Maria existem 39 adolescentes portadores da doença, sendo que:
– 61,54% contraíram através da infecção vertical (mãe transmite ao filho antes dele nascer).
– 48,72% são adolescentes de Santa Maria.
– 61,5% têm entre 10 e 12 anos.
– 56,41% são meninas.
– 77% já necessitaram de internações hospitalares.

Uma das intenções do Projeto é promover a auto-estima nas crianças e adolescentes, para um cuidado próprio, diante de suas necessidades especiais de saúde.

 

Fotos: Gabriela Perufo (Laboratório de Fotografia e Memória)