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Shopping popular divide opiniões

Camelôs, artesãos e ambulantes têm opinões diversas sobre o shopping popular. Uns querem sair das ruas e se instalar no local. Outros resistem.
 

Na última quinta-feira, ocorreu uma reunião dos camelôs com o prefeito Cezar Schirmer para dialogarem sobre o funcionamento do shopping popular.

A princípio iriam  na reunião somente os representantes dos camelôs, entretanto mais trabalhadores da categoria estiveram presentes.

Oscar Freitas Junior, gerente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, informou que 69 ambulantes, 54 artesãos e 90 camelôs se cadastraram, porém mais cadastros reservas foram realizados.“O shopping  é para quem está na rua hoje”, diz Oscar.

A camelô Luiza Halmo diz que quer sair das ruas. “Eu quero ir para o shopping, já estou com tudo pronto. Os que se dizem representantes se reuniram escondidos e se auto-elegeram nossos representantes, eles não falam por todos”, conta ela. A dona de banca ainda diz que tem camelôs que estão com medo da Polícia Federal fiscalizar o shopping. “Um [camelô] reclamou na reunião que tinha jogado bola com uns federais e um [policial federal] disse que iriam fechar o shopping e revisar tudo. Não quero ficar servindo de ponte para uns que se dizem camelôs ficarem traficando, eles sujam a imagem dos camelôs e eu não quero ir pro shopping com esses falcatruas”, diz Luiza.

Na reunião os camelôs também conversaram sobre a proposta apresentada por eles de transferir o camelódromo para duas quadras abaixo de onde estão localizados. “Temos exemplos de vários outros shoppings em outras cidades que não deram certo. Como querem revitalizar a avenida Rio Branco, poderiam fazer um novo camelódromo na segunda quadra, já que o empecilho é a primeira quadra”, diz Alonso Correa, há 30 anos camelô.

Um comerciante informal que não quis se identificar acredita que os interesses dos camelôs não estão sendo levados em conta. “O shopping é uma pressão feita pela CACISM (Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria), Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria) e até pelo Carrefour. O prefeito não está defendendo nossos interesses. Daqui há dois anos a rua vai estar cheia de camelôs, porque em época de eleição pode tudo”, reclama o trabalhador.

Lenir Leal, camelô há 5 anos, diz que não quer ser transferida para o shopping pois acredita que seu lucro se reduzirá. “As pessoas que compram por aqui são as que estão na parada de ônibus, que estão nos vendo,  talvez depois as pessoas se acostumem a ir lá, mas agora de início vai ser difícil, diz Lenir.

Cláudio Rosa, secretário de Ação Comunitária, diz que foi feita uma radiografia para saber quem de fato era dono de banca para fazer o cadastro. “A prefeitura já tinha um levantamento antigo e muitas pessoas já haviam transferido suas bancas. Em cima disso a gente buscou dados e documentos para levantar os titulares, regularizar e atualizar as fichas”, explicou o secretário.

Segundo Gilmar Lima de Oliveira, representante dos ambulantes, a categoria vai para shopping. "O prefeito falou que vai nos dar plenas condições para sair da rua, que vamossair da rua não só para sair, mas para crescermos já na posição demicroempresários e tenho certeza que a prefeitura, através da palavra do prefeito Schimer, vai honrar com o que estão nos prometendo ”, diz o ambulante.

Já a artersã Juraci  Santos Moura conta que a opinião dos artesãos não é a mesma dos ambulantes. “Não há diálogo, quando vamos na reunião já está tudo pronto, estão querendo nos empurrar esse shopping. Por que devemos ir para lá já que logo pretendem construir uma Casa do Artesão?”,  pergunta Juraci. A artesã ainda reclama dos cadastros a mais que fizeram. "Por que abriram mais umas 200 inscrições? Para mexer com a opinião pública, dizer que a gente não está aceitando, mas tem um monte esperando para ir pro shopping”, diz.  O camelô Alonso Correia já não entende como problema as inscrições feitas a mais. “Se daqui a um ano eu resolvo mudar de trabalho, ir embora de Santa Maria, posso passar a banca para alguém na espera. Conseguir trabalho hoje em dia não está fácil”, diz Alonso.

A ocupação das bancas no shopping popular a princípio seria feito por sorteio, o primeiro andar seria ocupado pelos camelôs e o segundo andar pelos ambulantes e artesãos. Em decorrência das reuniões do prefeito Cezar Schirmer com cada categoria separadamente, foi decidido que os interessados em determinadas bancas seinscreveriam e participariam de um sorteio com os outros interessados, independentemente da categoria. O valor inicial estimado de R$100,00 a R$140,00 ficou ajustado para R$105,00 a R$340,00, dependendo do tamanho da banca e da sua localização. 

Segundo Caroline Sacol, assessora de comunicação da empresa CPC (administradora do shopping), as obras do local terminarão ainda neste mês de maio.  Cláudio Rosa informou que não há data prevista para  a transferência dos camelôs, artesãos e ambulantes.

A empresa CPC não permitiu que fossem feitas fotos do interior do local; as fotos da matéria foram feitas a partir da porta de entrada do shopping.

Fotos: Rômulo D’Avila (Laboratório de Fotografia e Memória)

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Camelôs, artesãos e ambulantes têm opinões diversas sobre o shopping popular. Uns querem sair das ruas e se instalar no local. Outros resistem.
 

Na última quinta-feira, ocorreu uma reunião dos camelôs com o prefeito Cezar Schirmer para dialogarem sobre o funcionamento do shopping popular.

A princípio iriam  na reunião somente os representantes dos camelôs, entretanto mais trabalhadores da categoria estiveram presentes.

Oscar Freitas Junior, gerente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, informou que 69 ambulantes, 54 artesãos e 90 camelôs se cadastraram, porém mais cadastros reservas foram realizados.“O shopping  é para quem está na rua hoje”, diz Oscar.

A camelô Luiza Halmo diz que quer sair das ruas. “Eu quero ir para o shopping, já estou com tudo pronto. Os que se dizem representantes se reuniram escondidos e se auto-elegeram nossos representantes, eles não falam por todos”, conta ela. A dona de banca ainda diz que tem camelôs que estão com medo da Polícia Federal fiscalizar o shopping. “Um [camelô] reclamou na reunião que tinha jogado bola com uns federais e um [policial federal] disse que iriam fechar o shopping e revisar tudo. Não quero ficar servindo de ponte para uns que se dizem camelôs ficarem traficando, eles sujam a imagem dos camelôs e eu não quero ir pro shopping com esses falcatruas”, diz Luiza.

Na reunião os camelôs também conversaram sobre a proposta apresentada por eles de transferir o camelódromo para duas quadras abaixo de onde estão localizados. “Temos exemplos de vários outros shoppings em outras cidades que não deram certo. Como querem revitalizar a avenida Rio Branco, poderiam fazer um novo camelódromo na segunda quadra, já que o empecilho é a primeira quadra”, diz Alonso Correa, há 30 anos camelô.

Um comerciante informal que não quis se identificar acredita que os interesses dos camelôs não estão sendo levados em conta. “O shopping é uma pressão feita pela CACISM (Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria), Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria) e até pelo Carrefour. O prefeito não está defendendo nossos interesses. Daqui há dois anos a rua vai estar cheia de camelôs, porque em época de eleição pode tudo”, reclama o trabalhador.

Lenir Leal, camelô há 5 anos, diz que não quer ser transferida para o shopping pois acredita que seu lucro se reduzirá. “As pessoas que compram por aqui são as que estão na parada de ônibus, que estão nos vendo,  talvez depois as pessoas se acostumem a ir lá, mas agora de início vai ser difícil, diz Lenir.

Cláudio Rosa, secretário de Ação Comunitária, diz que foi feita uma radiografia para saber quem de fato era dono de banca para fazer o cadastro. “A prefeitura já tinha um levantamento antigo e muitas pessoas já haviam transferido suas bancas. Em cima disso a gente buscou dados e documentos para levantar os titulares, regularizar e atualizar as fichas”, explicou o secretário.

Segundo Gilmar Lima de Oliveira, representante dos ambulantes, a categoria vai para shopping. "O prefeito falou que vai nos dar plenas condições para sair da rua, que vamossair da rua não só para sair, mas para crescermos já na posição demicroempresários e tenho certeza que a prefeitura, através da palavra do prefeito Schimer, vai honrar com o que estão nos prometendo ”, diz o ambulante.

Já a artersã Juraci  Santos Moura conta que a opinião dos artesãos não é a mesma dos ambulantes. “Não há diálogo, quando vamos na reunião já está tudo pronto, estão querendo nos empurrar esse shopping. Por que devemos ir para lá já que logo pretendem construir uma Casa do Artesão?”,  pergunta Juraci. A artesã ainda reclama dos cadastros a mais que fizeram. "Por que abriram mais umas 200 inscrições? Para mexer com a opinião pública, dizer que a gente não está aceitando, mas tem um monte esperando para ir pro shopping”, diz.  O camelô Alonso Correia já não entende como problema as inscrições feitas a mais. “Se daqui a um ano eu resolvo mudar de trabalho, ir embora de Santa Maria, posso passar a banca para alguém na espera. Conseguir trabalho hoje em dia não está fácil”, diz Alonso.

A ocupação das bancas no shopping popular a princípio seria feito por sorteio, o primeiro andar seria ocupado pelos camelôs e o segundo andar pelos ambulantes e artesãos. Em decorrência das reuniões do prefeito Cezar Schirmer com cada categoria separadamente, foi decidido que os interessados em determinadas bancas seinscreveriam e participariam de um sorteio com os outros interessados, independentemente da categoria. O valor inicial estimado de R$100,00 a R$140,00 ficou ajustado para R$105,00 a R$340,00, dependendo do tamanho da banca e da sua localização. 

Segundo Caroline Sacol, assessora de comunicação da empresa CPC (administradora do shopping), as obras do local terminarão ainda neste mês de maio.  Cláudio Rosa informou que não há data prevista para  a transferência dos camelôs, artesãos e ambulantes.

A empresa CPC não permitiu que fossem feitas fotos do interior do local; as fotos da matéria foram feitas a partir da porta de entrada do shopping.

Fotos: Rômulo D’Avila (Laboratório de Fotografia e Memória)