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Tradicionalismo em debate na Semana Farroupilha

semana_farroupilha1_halisson.jpg"Não é difícil imaginar que esse gaúcho idealizado é diferente da realidade dos trabalhadores rurais do Rio Grande do Sul", disse o professor Carlos Roberto Rangel no debate sobre O Tradicionalismo Hoje. O evento faz parte da Semana Farroupilha no Centro Universitário Franciscano.

 


O Tradicionalismo é um movimento cívico-cultural. A tradição que resgata valores que são válidos não por serem antigos, mas por serem eternos. São os valores que trazem o Rio Grande do Sul e o gaúcho do passado para o presente, projetando-os no futuro. O Nativismo não é um culto, como a Tradição, mas um dos valores desse culto. Nativismo é o sentimento que a pessoa tem pelo lugar onde nasceu, onde é nato.

 

semana_farroupilha4_halisson.jpgPara debater sobre as novas formas de se cultivar e expressar as tradições gaúchas, foram convidados o professor Carlos Roberto Rangel, do curso de História da Unifra, e o poeta, escritor e pesquisador Salvador Ferrando Lambert.

O mês de setembro tem grande importância para o Rio Grande do Sul. O 20 de setembro é a data máxima do Estado e para o seu povo. Neste dia, em muitos lugares, os gaúchos reverenciam a Revolução Farroupilha, um marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense , suas causas e ensinamentos. O Movimento Tradicionalista do Rio Grande do Sul surgiu no ano de 1947, a partir da criação do Departamento Tradicionalista organizado por estudantes da Escola Pública Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, liderado por João Carlos Paixão Cortes.

"Tudo começou com o culto aos heróis farroupilha. As identidades são importantes para unir os povos. As identidades são coletivas e inventadas. Não existe identidade sem alteridade", explica Rangel.

A idealização do gaúcho

Durante o debate, o professor Carlos Rangel comparou a figura idealizada do gaúcho com os trabalhadores rurais, cuja realidade é outra. Pobres e famintos que foram expulsos de suas propriedades ao longo dos séculos. Segundo o professor, esse seria o gaúcho real. Os elementos históricos que são usados também foram abordados na discussão. Como o cavalo, o galpão e a lança.

"O galpão é um lugar onde se tem fogo, comida, encontros e celebração. Mas o que se tem ali é a idealização de uma comunhão. O mito da democracia", conta Rangel, quando se refere aos donos de terras que usavam os galpões para se aproximar dos trabalhadores e comer da mesma comida, porém não compartilhavam com eles suas terras.

As identidades também geram conflito

semana_farroupilha5_halisson.jpgA partir dos anos 60, as identidades mudaram. As novidades modificaram a cultura gaúcha, a juventude adaptou as tradições. Bombachas estilizadas, o costume de tomar chimarrão em praças e a música com novos elementos, alterou as características da antiga tradição. Na década de 70, a indústria cultural inseriu o tradicionalismo na mídia, dando visibilidade à música e à cultura gaúcha.

"Em 1974 foi criada a Carta da Califórnia, um protesto contra o tipo de música que era executada no festival Califórnia da Canção. Era o Nativismo versus o Tradicionalismo", conta o professor. Na época, foram criadas músicas com poesias e com diferentes instrumentos inseridos nas melodias, como violinos e o polêmico bumbo leguero, que segundo o escritor Salvador Lambert, até hoje gera controvérsias sobre a sua utilização nas composições nativistas.

"Não é crime evoluir com a sociedade. Ser gaúcho é ter a alma pilchada, ter sentimento independente do seu estilo", enfatiza o escritor e poeta.

Hoje, há Centros de Tradições Gaúchas espalhadas pelo mundo inteiro. Segundo Lambert, há CTGs no Japão, na Espanha, nos Estados Unidos e em outros países. Na opinião do escritor, há gaúchos que sentem saudades quando estão fora do Rio Grande do Sul, por isso cultivam as tradições.

 

Acompanhe a programação da Semana Farroupilha na Unifra:

semana_farroupilha3_halisson.jpg16/09/2010 – Quinta-feira

18h30min – Roda de Chimarrão (Unifra – pátio do Conjunto 3)

18h30min – Apresentação dos trabalhos do Curso de Geografia, (Unifra – Conjunto 1- Salão Azul)

20h – Jogo de truco (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h30min – Jantar com arroz carreteiro e salada, sob a coordenação da profª Márcia Denise Jarczewski, como atividade da disciplina de Gestão de A e B (Unifra – pátio do Conjunto 3)

17/09/2010 – Sexta-feira

18h30min – Sessão de pôsteres: Memória Gaúcha – Curso de Geografia (Unifra – Conjunto 3)

18h30min – Roda de Chimarrão com Roda de Poesias, causos e versos (Unifra – pátio do Conjunto 3)

19h30min – Jogo de truco (Unifra  – pátio do Conjunto 3)

19h30min – Atividades campeiras (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h – Apresentação Artística (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h30min – Jantar com churrasco, pão e salada (Unifra – pátio do Conjunto 3)

 

A programação em Santa Maria pode ser conferida aqui

O tradicional desfile farroupilha está programado para a manhã da próxima segunda-feira, na avenida Medianeira, a partir das 8h30min.

 

Fotos:  Hálisson Barcelos (Laboratório de Fotografia e Memória)

 

 

 

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semana_farroupilha1_halisson.jpg"Não é difícil imaginar que esse gaúcho idealizado é diferente da realidade dos trabalhadores rurais do Rio Grande do Sul", disse o professor Carlos Roberto Rangel no debate sobre O Tradicionalismo Hoje. O evento faz parte da Semana Farroupilha no Centro Universitário Franciscano.

 


O Tradicionalismo é um movimento cívico-cultural. A tradição que resgata valores que são válidos não por serem antigos, mas por serem eternos. São os valores que trazem o Rio Grande do Sul e o gaúcho do passado para o presente, projetando-os no futuro. O Nativismo não é um culto, como a Tradição, mas um dos valores desse culto. Nativismo é o sentimento que a pessoa tem pelo lugar onde nasceu, onde é nato.

 

semana_farroupilha4_halisson.jpgPara debater sobre as novas formas de se cultivar e expressar as tradições gaúchas, foram convidados o professor Carlos Roberto Rangel, do curso de História da Unifra, e o poeta, escritor e pesquisador Salvador Ferrando Lambert.

O mês de setembro tem grande importância para o Rio Grande do Sul. O 20 de setembro é a data máxima do Estado e para o seu povo. Neste dia, em muitos lugares, os gaúchos reverenciam a Revolução Farroupilha, um marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense , suas causas e ensinamentos. O Movimento Tradicionalista do Rio Grande do Sul surgiu no ano de 1947, a partir da criação do Departamento Tradicionalista organizado por estudantes da Escola Pública Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, liderado por João Carlos Paixão Cortes.

"Tudo começou com o culto aos heróis farroupilha. As identidades são importantes para unir os povos. As identidades são coletivas e inventadas. Não existe identidade sem alteridade", explica Rangel.

A idealização do gaúcho

Durante o debate, o professor Carlos Rangel comparou a figura idealizada do gaúcho com os trabalhadores rurais, cuja realidade é outra. Pobres e famintos que foram expulsos de suas propriedades ao longo dos séculos. Segundo o professor, esse seria o gaúcho real. Os elementos históricos que são usados também foram abordados na discussão. Como o cavalo, o galpão e a lança.

"O galpão é um lugar onde se tem fogo, comida, encontros e celebração. Mas o que se tem ali é a idealização de uma comunhão. O mito da democracia", conta Rangel, quando se refere aos donos de terras que usavam os galpões para se aproximar dos trabalhadores e comer da mesma comida, porém não compartilhavam com eles suas terras.

As identidades também geram conflito

semana_farroupilha5_halisson.jpgA partir dos anos 60, as identidades mudaram. As novidades modificaram a cultura gaúcha, a juventude adaptou as tradições. Bombachas estilizadas, o costume de tomar chimarrão em praças e a música com novos elementos, alterou as características da antiga tradição. Na década de 70, a indústria cultural inseriu o tradicionalismo na mídia, dando visibilidade à música e à cultura gaúcha.

"Em 1974 foi criada a Carta da Califórnia, um protesto contra o tipo de música que era executada no festival Califórnia da Canção. Era o Nativismo versus o Tradicionalismo", conta o professor. Na época, foram criadas músicas com poesias e com diferentes instrumentos inseridos nas melodias, como violinos e o polêmico bumbo leguero, que segundo o escritor Salvador Lambert, até hoje gera controvérsias sobre a sua utilização nas composições nativistas.

"Não é crime evoluir com a sociedade. Ser gaúcho é ter a alma pilchada, ter sentimento independente do seu estilo", enfatiza o escritor e poeta.

Hoje, há Centros de Tradições Gaúchas espalhadas pelo mundo inteiro. Segundo Lambert, há CTGs no Japão, na Espanha, nos Estados Unidos e em outros países. Na opinião do escritor, há gaúchos que sentem saudades quando estão fora do Rio Grande do Sul, por isso cultivam as tradições.

 

Acompanhe a programação da Semana Farroupilha na Unifra:

semana_farroupilha3_halisson.jpg16/09/2010 – Quinta-feira

18h30min – Roda de Chimarrão (Unifra – pátio do Conjunto 3)

18h30min – Apresentação dos trabalhos do Curso de Geografia, (Unifra – Conjunto 1- Salão Azul)

20h – Jogo de truco (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h30min – Jantar com arroz carreteiro e salada, sob a coordenação da profª Márcia Denise Jarczewski, como atividade da disciplina de Gestão de A e B (Unifra – pátio do Conjunto 3)

17/09/2010 – Sexta-feira

18h30min – Sessão de pôsteres: Memória Gaúcha – Curso de Geografia (Unifra – Conjunto 3)

18h30min – Roda de Chimarrão com Roda de Poesias, causos e versos (Unifra – pátio do Conjunto 3)

19h30min – Jogo de truco (Unifra  – pátio do Conjunto 3)

19h30min – Atividades campeiras (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h – Apresentação Artística (Unifra – pátio do Conjunto 3)

20h30min – Jantar com churrasco, pão e salada (Unifra – pátio do Conjunto 3)

 

A programação em Santa Maria pode ser conferida aqui

O tradicional desfile farroupilha está programado para a manhã da próxima segunda-feira, na avenida Medianeira, a partir das 8h30min.

 

Fotos:  Hálisson Barcelos (Laboratório de Fotografia e Memória)