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Violência e exploração sexual em debate na Unifra

O abuso sexual e a violência física e psicológica foram as questões abordadas pela socióloga Marlene Vaz , na palestra As Políticas Públicas no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes



Durante sua exposição, a doutora em Sociologia explicou a diferença entre os tipos de violência presentes na sociedade – o abuso físico, psicológico e sexual contra meninos e meninas. Esses abusos acontecem em todas as classe sociais, mas ainda são escondidos e amenizados quando ocorrem nas classes média e alta. 

"O abuso físico é difícil de combater, pois culturalmente as pessoas se desligam do fato de que não se deve aprender apanhando. O abuso sexual é violência física e psicológica, pode ser entre familiares e vizinhos", explica Marlene. Existe ainda a exploração sexual, o tráfico de jovens para o sexo e a pedofilia, que deve ser tratada de forma diferente, pois, segundo pesquisadores, não há cura. Ela se agrava devido aos crimes na internet e pela discrição dos que praticam. 

"Os abusadores devem ser acompanhados por psiquiatras, pois eles precisam de terapia e medicamento", enfatiza a palestrante, sobre as políticas públicas que devem ser utilizadas para ajudar as vítimas e abusadores. Ainda chamou a atenção dos presentes, futuros psicólogos, pedagogos e assistentes sociais, entre outros. Explicou que eles devem sair às ruas para presenciar o que acontece com as crianças que jamais vão procurar ajuda. "O fator que agrava a exploração sexual é a pobreza. O que interfere pode ser a raça ou etnia. Não podemos achar que tráfico sexual acontece só na região norte e nordeste, acontece também na região sul", conta Marlene, que já percorreu as rotas de exploração sexual nas estradas, entre caminhoneiros. 

"Não há projeto de vida para crianças e adolescentes no país. São convidados a trabalhar limpando casas e banheiros, mas com certeza preferem a vida como profissionais do sexo," explica Marlene sobre as poucas oportunidades dadas aos jovem em situação de risco. Na visão da socióloga, as ONG’s (Organizações Não Governamentais) não conseguem resolver sozinhas, tampouco desenvolver projetos sociais sem  a ajuda da comunidade em geral e das universidades, principalmente nas questões ligadas à saúde e prevenção. 

Segundo as suas pesquisas, há mães que transferem para suas filhas o excesso de vaidade e aos filhos a adoração aos orgãos sexuais. O culto à beleza, a ditadura do prazer, devem ser vistos como um aspecto negativo. Outras questões delicadas, ligadas à sexualidade, foram expostas pela palestrante, como o respeito que os homens deveriam ter diante da exploração de meninas menores de 18 anos. Fez críticas às posturas masculinas. 

No final de sua explanação, Marlene Vaz apresentou a trajetória das políticas públicas para enfrentar a violência contra crianças e adolescentes. Analisou os incentivos dados pelos diferentes governos e se posicionou a favor da bolsa escola e da bolsa família, que ,segundo ela, ajudam mas não são suficientes. "Os interesses deveriam ser da área da saúde. O ministério da Educação não pode falar e tratar da sexualidade. Apenas os profissionais da saúde podem educar e auxiliar."

A palestra integrou a programação dos 55 anos do curso de Pedagogia da Unifra e ocorreu nessa terça-feira, 24 de maio, no Salão de Atos do Campus I da Unifra. 

 

Fotos: Diego Fontanella (Laboratório de Fotografia e Memória)

 

 

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Durante sua exposição, a doutora em Sociologia explicou a diferença entre os tipos de violência presentes na sociedade – o abuso físico, psicológico e sexual contra meninos e meninas. Esses abusos acontecem em todas as classe sociais, mas ainda são escondidos e amenizados quando ocorrem nas classes média e alta. 

"O abuso físico é difícil de combater, pois culturalmente as pessoas se desligam do fato de que não se deve aprender apanhando. O abuso sexual é violência física e psicológica, pode ser entre familiares e vizinhos", explica Marlene. Existe ainda a exploração sexual, o tráfico de jovens para o sexo e a pedofilia, que deve ser tratada de forma diferente, pois, segundo pesquisadores, não há cura. Ela se agrava devido aos crimes na internet e pela discrição dos que praticam. 

"Os abusadores devem ser acompanhados por psiquiatras, pois eles precisam de terapia e medicamento", enfatiza a palestrante, sobre as políticas públicas que devem ser utilizadas para ajudar as vítimas e abusadores. Ainda chamou a atenção dos presentes, futuros psicólogos, pedagogos e assistentes sociais, entre outros. Explicou que eles devem sair às ruas para presenciar o que acontece com as crianças que jamais vão procurar ajuda. "O fator que agrava a exploração sexual é a pobreza. O que interfere pode ser a raça ou etnia. Não podemos achar que tráfico sexual acontece só na região norte e nordeste, acontece também na região sul", conta Marlene, que já percorreu as rotas de exploração sexual nas estradas, entre caminhoneiros. 

"Não há projeto de vida para crianças e adolescentes no país. São convidados a trabalhar limpando casas e banheiros, mas com certeza preferem a vida como profissionais do sexo," explica Marlene sobre as poucas oportunidades dadas aos jovem em situação de risco. Na visão da socióloga, as ONG’s (Organizações Não Governamentais) não conseguem resolver sozinhas, tampouco desenvolver projetos sociais sem  a ajuda da comunidade em geral e das universidades, principalmente nas questões ligadas à saúde e prevenção. 

Segundo as suas pesquisas, há mães que transferem para suas filhas o excesso de vaidade e aos filhos a adoração aos orgãos sexuais. O culto à beleza, a ditadura do prazer, devem ser vistos como um aspecto negativo. Outras questões delicadas, ligadas à sexualidade, foram expostas pela palestrante, como o respeito que os homens deveriam ter diante da exploração de meninas menores de 18 anos. Fez críticas às posturas masculinas. 

No final de sua explanação, Marlene Vaz apresentou a trajetória das políticas públicas para enfrentar a violência contra crianças e adolescentes. Analisou os incentivos dados pelos diferentes governos e se posicionou a favor da bolsa escola e da bolsa família, que ,segundo ela, ajudam mas não são suficientes. "Os interesses deveriam ser da área da saúde. O ministério da Educação não pode falar e tratar da sexualidade. Apenas os profissionais da saúde podem educar e auxiliar."

A palestra integrou a programação dos 55 anos do curso de Pedagogia da Unifra e ocorreu nessa terça-feira, 24 de maio, no Salão de Atos do Campus I da Unifra. 

 

Fotos: Diego Fontanella (Laboratório de Fotografia e Memória)