Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

A voz que vem da favela

feira2011_mvbill_maiara.jpg“O que será que eles acham de nós, que não sabemos
falar? que não sabemos votar? Há…”

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Declamando essas
palavras, parte da música “Causa e Efeito”, do rapper e ativista social Alex
Pereira Barbosa, mais conhecido como MV Bill, encerrou-se a conversa desta terça-feira no evento
cultural Livro Livre, na Feira do Livro de Santa Maria. Com a plateia lotada e
diversificada, o rapper falou por cerca de uma hora e meia sobre assuntos
pertinentes à sociedade contemporânea.

feira2011_mvbill_jessica.jpgNascido na cidade de
Deus, Rio de Janeiro, MV Bill, afro descendente de família humilde, se tornou
um ícone do Hip Hop no Brasil, cantando em suas letras a realidade do negro no
país. O artista falou que estava muito feliz por sua vinda a Santa Maria pela
primeira vez ser para discutir assuntos que interessam à sociedade. “Na
verdade, muita gente pensa como eu, que o Brasil não é um país pobre, que tem
potencial. Eu sou só mais uma dessas pessoas que têm esse sentimento.”

Marginalização

Famoso por ter suas
letras de músicas com assuntos políticos e sociais e atualmente trabalhar como
ator na novela Malhação, da Rede Globo, MV Bill destacou que em novelas, o
negro nunca é protagonista de sua própria história, quase sempre marginalizado.
“Na Malhação eu interpreto um personagem que tem origem da favela e se torna
professor da escola mais cara do Rio de Janeiro, além de dar vários recados pro
espectador, sobre a educação, o homossexualismo, o alcoolismo, o uso da
camisinha”. Ressaltou que apesar da importância do seu papel na novela, ainda
assim não é o suficiente para redimir o quadro histórico da dívida que a TV
brasileira tem com a cultura afro-descendente. O rapper ainda lembrou que o
Brasil tem uma grande população negra, só perde para a Nigéria. “Mas
infelizmente, quando ligamos a TV parece que o nosso país é como a Dinamarca”.

 Autor do livro, Falcão – Meninos do tráfico, o
militante destacou a importância da leitura na sua vida e, principalmente na
composição de suas letras: “Lembro dos primeiros livros que li, entre eles está
um livro do político e escritor Darcy Ribeiro, que conta a história de Zumbi
dos Palmares, líder negro”, comentou o ativista.

Política, polícia e drogas

Sobre a questão da
política no Brasil, o rapper foi enfático: “devemos ter a política na “mente”,
é chato, mas necessário. Quem não “curte” política está fadado a ser governado
por quem gosta”, explanou Bill. Ele citou exemplos da
atuação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas do Rio de
Janeiro, lembrando que a atuação pacificadora diminui o número de homicídios e
de apreensão de drogas. “As UPPs têm um policiamento diferente, pois não é como
a polícia que entra, dá uns tiros e às vezes mata. Eles permanecem nas favelas
e têm a oportunidade de conhecer melhor a realidade: aquele cara que fica o dia
inteiro na comunidade sem fazer nada não é o bandido, ele pode ser simplesmente
um cara desempregado.”

feira2011_mvbill2_maiara.jpgQuando questionado
sobre a descriminalização dos usuários de maconha, o cantor deixou seu ponto de
vista bem claro: “As pessoas não podem pensar que com a legalização da droga
vai diminuir o tráfico, o tráfico sempre vai existir, é a lei da oferta e da
procura. Mas é importante legalizar a educação, que hoje em dia ainda é artigo
de luxo. Acredito na redução dos impactos causados pelo tráfico, mas não com o
fim dele.”

 

 

Rap e Hip Hop

MV Bill ainda explicou
a diferença, que não está clara para muitas pessoas, do hip hop e do rap. “O
hip hop é uma cultura, que como música possui o rap. Mas além do rap, essa
cultura inclui os grafiteiros, os DJs e os dançarinos, conhecidos por B-boys.

O ativista social ainda
disponibilizou CDs para venda na Feira do Livro, ao preço de R$ 5,00. Ele falou
que resolveu confeccionar seu próprio álbum, que tem o custo de apenas R$ 3,00.
“Não entendo como existe CDs à venda por 30, 40 reais.” Justifica. MV Bill
encerrou o bate papo do Livro Livre com o que sabe fazer de melhor: rimar com
ousadia.

 

Fotos: Maiara Bersch (acadêmica de Jornalismo) e Jéssica Martini (Laboratório de Fotografia e Memória)

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Declamando essas
palavras, parte da música “Causa e Efeito”, do rapper e ativista social Alex
Pereira Barbosa, mais conhecido como MV Bill, encerrou-se a conversa desta terça-feira no evento
cultural Livro Livre, na Feira do Livro de Santa Maria. Com a plateia lotada e
diversificada, o rapper falou por cerca de uma hora e meia sobre assuntos
pertinentes à sociedade contemporânea.

feira2011_mvbill_jessica.jpgNascido na cidade de
Deus, Rio de Janeiro, MV Bill, afro descendente de família humilde, se tornou
um ícone do Hip Hop no Brasil, cantando em suas letras a realidade do negro no
país. O artista falou que estava muito feliz por sua vinda a Santa Maria pela
primeira vez ser para discutir assuntos que interessam à sociedade. “Na
verdade, muita gente pensa como eu, que o Brasil não é um país pobre, que tem
potencial. Eu sou só mais uma dessas pessoas que têm esse sentimento.”

Marginalização

Famoso por ter suas
letras de músicas com assuntos políticos e sociais e atualmente trabalhar como
ator na novela Malhação, da Rede Globo, MV Bill destacou que em novelas, o
negro nunca é protagonista de sua própria história, quase sempre marginalizado.
“Na Malhação eu interpreto um personagem que tem origem da favela e se torna
professor da escola mais cara do Rio de Janeiro, além de dar vários recados pro
espectador, sobre a educação, o homossexualismo, o alcoolismo, o uso da
camisinha”. Ressaltou que apesar da importância do seu papel na novela, ainda
assim não é o suficiente para redimir o quadro histórico da dívida que a TV
brasileira tem com a cultura afro-descendente. O rapper ainda lembrou que o
Brasil tem uma grande população negra, só perde para a Nigéria. “Mas
infelizmente, quando ligamos a TV parece que o nosso país é como a Dinamarca”.

 Autor do livro, Falcão – Meninos do tráfico, o
militante destacou a importância da leitura na sua vida e, principalmente na
composição de suas letras: “Lembro dos primeiros livros que li, entre eles está
um livro do político e escritor Darcy Ribeiro, que conta a história de Zumbi
dos Palmares, líder negro”, comentou o ativista.

Política, polícia e drogas

Sobre a questão da
política no Brasil, o rapper foi enfático: “devemos ter a política na “mente”,
é chato, mas necessário. Quem não “curte” política está fadado a ser governado
por quem gosta”, explanou Bill. Ele citou exemplos da
atuação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas do Rio de
Janeiro, lembrando que a atuação pacificadora diminui o número de homicídios e
de apreensão de drogas. “As UPPs têm um policiamento diferente, pois não é como
a polícia que entra, dá uns tiros e às vezes mata. Eles permanecem nas favelas
e têm a oportunidade de conhecer melhor a realidade: aquele cara que fica o dia
inteiro na comunidade sem fazer nada não é o bandido, ele pode ser simplesmente
um cara desempregado.”

feira2011_mvbill2_maiara.jpgQuando questionado
sobre a descriminalização dos usuários de maconha, o cantor deixou seu ponto de
vista bem claro: “As pessoas não podem pensar que com a legalização da droga
vai diminuir o tráfico, o tráfico sempre vai existir, é a lei da oferta e da
procura. Mas é importante legalizar a educação, que hoje em dia ainda é artigo
de luxo. Acredito na redução dos impactos causados pelo tráfico, mas não com o
fim dele.”

 

 

Rap e Hip Hop

MV Bill ainda explicou
a diferença, que não está clara para muitas pessoas, do hip hop e do rap. “O
hip hop é uma cultura, que como música possui o rap. Mas além do rap, essa
cultura inclui os grafiteiros, os DJs e os dançarinos, conhecidos por B-boys.

O ativista social ainda
disponibilizou CDs para venda na Feira do Livro, ao preço de R$ 5,00. Ele falou
que resolveu confeccionar seu próprio álbum, que tem o custo de apenas R$ 3,00.
“Não entendo como existe CDs à venda por 30, 40 reais.” Justifica. MV Bill
encerrou o bate papo do Livro Livre com o que sabe fazer de melhor: rimar com
ousadia.

 

Fotos: Maiara Bersch (acadêmica de Jornalismo) e Jéssica Martini (Laboratório de Fotografia e Memória)