Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Cada vez menos humanos

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Santa Maria, 19 de novembro de 2011.

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data consubstancia o lugar e o tempo no qual este comentário é escrito. Tempo
estranho, oscilando do total desvario a períodos de razoável sanidade.

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 Nos últimos meses
muito tem sido visto no cenário internacional em termos de reivindicações de
países e novos rearranjos de forças – a dita primavera árabe. A bem da verdade,
a Líbia constituiu um caso à parte: único país com um dito ditador com
aspirações socialistas – ou seriam socializantes; tremendamente marcado por um
nacionalismo sedutor num primeiro momento de manifestações acaloradas de
pertencimento da população. O nacionalismo é um sentimento baseado na irracionalidade
– essa que nutre e faz nascerem as guerras e os desentendimentos mais difíceis
de superar entre os Estados.

Nesse ínterim, a morte de Kadhafi se dá quase ao vivo –
sendo filmada, retratada e divulgada por seus algozes e retuitada – repercutida
mundo afora como mais um episódio numa guerra. Nessas nossas guerras
contemporâneas, tão cheias de tecnologia e imagens aéreas, o assassinato do
ex-ditador é um das raras cenas em que vemos sangue humano escorrendo, mais que
isso, vemos um homem implorando por sua vida de forma desesperada e vã. Ele é
morto, torturado, exposto, humilhado como um Judas – como se encarnasse o
próprio mal de sua sociedade. Estarão os líbios agora salvos de todas as iniquidades,
da guerra, da insensatez humana e da violência do Estado? Em outras palavras: o
que morre com Kadhafi? O que realmente é morto?

Um homem velho, decadente, implora por sua vida – há relatos
segundo agências internacionais, que ele teria sofrido abuso sexual – num ato
de pura selvageria. Que Estado líbio pode nascer disso? Será que uma democracia
floresceria com essa morte – irrigada por esse sangue? No horizonte há uma
descrença e um simulacro de justiça: no dia 19/11, os sites de notícias
informam – com certo suspiro- que o último filho vivo de Kadhafi foi capturado.
O jovem ex-candidato a ditador Saif Al-Islam foi preso e está vivo. Há um certo
ar de alívio, como se restasse um indivíduo sobre o qual a justiça possa ser
feita, uma vez que a vingança foi largamente sangrenta e realizada pela família
do ex-ditador. As agências afirmam que ele está em boas condições de saúde,
apesar de seus dedos da mão direita estarem enfaixados – resultado de um
bombardeio da Otan. Por que será que esse bombardeio só atingiu uma mão?
Existem armas com essa precisão e potência cirúrgica? Bom, o fato é que agora
ele figura como o troféu da justiça, será sobre ele que se realizará um julgamento
justo com direito de defesa e acusação formal, com provas e arguições. Assim
como vemos nos seriados que os Estados Unidos vendem em larga escala para o
mundo.

Em tempos de mega velocidades e informação instantânea o que
se evidencia é o total despreparo para agir com justiça e humanidade. Michel
Foucault há muitos anos alertou que, historicamente, quando o Estado realizava a
punição no corpo do acusado, confunde o carrasco e a vítima. Essa é uma das
razões pelas quais o encarceramento foi adotado como uma conduta mais humana.
Esta prática da prisão nos pouparia de perguntar quem seria mais assassino: o
ditador que mata para manter o poder ou as coalizões montadas por interesses
momentâneos que vingam o que afirmam ser crime contra a humanidade?

Cada vez menos humanos. Cada vez menos humanos são os nossos
direitos sem defesa.

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aspirações socialistas – ou seriam socializantes; tremendamente marcado por um
nacionalismo sedutor num primeiro momento de manifestações acaloradas de
pertencimento da população. O nacionalismo é um sentimento baseado na irracionalidade
– essa que nutre e faz nascerem as guerras e os desentendimentos mais difíceis
de superar entre os Estados.

Nesse ínterim, a morte de Kadhafi se dá quase ao vivo –
sendo filmada, retratada e divulgada por seus algozes e retuitada – repercutida
mundo afora como mais um episódio numa guerra. Nessas nossas guerras
contemporâneas, tão cheias de tecnologia e imagens aéreas, o assassinato do
ex-ditador é um das raras cenas em que vemos sangue humano escorrendo, mais que
isso, vemos um homem implorando por sua vida de forma desesperada e vã. Ele é
morto, torturado, exposto, humilhado como um Judas – como se encarnasse o
próprio mal de sua sociedade. Estarão os líbios agora salvos de todas as iniquidades,
da guerra, da insensatez humana e da violência do Estado? Em outras palavras: o
que morre com Kadhafi? O que realmente é morto?

Um homem velho, decadente, implora por sua vida – há relatos
segundo agências internacionais, que ele teria sofrido abuso sexual – num ato
de pura selvageria. Que Estado líbio pode nascer disso? Será que uma democracia
floresceria com essa morte – irrigada por esse sangue? No horizonte há uma
descrença e um simulacro de justiça: no dia 19/11, os sites de notícias
informam – com certo suspiro- que o último filho vivo de Kadhafi foi capturado.
O jovem ex-candidato a ditador Saif Al-Islam foi preso e está vivo. Há um certo
ar de alívio, como se restasse um indivíduo sobre o qual a justiça possa ser
feita, uma vez que a vingança foi largamente sangrenta e realizada pela família
do ex-ditador. As agências afirmam que ele está em boas condições de saúde,
apesar de seus dedos da mão direita estarem enfaixados – resultado de um
bombardeio da Otan. Por que será que esse bombardeio só atingiu uma mão?
Existem armas com essa precisão e potência cirúrgica? Bom, o fato é que agora
ele figura como o troféu da justiça, será sobre ele que se realizará um julgamento
justo com direito de defesa e acusação formal, com provas e arguições. Assim
como vemos nos seriados que os Estados Unidos vendem em larga escala para o
mundo.

Em tempos de mega velocidades e informação instantânea o que
se evidencia é o total despreparo para agir com justiça e humanidade. Michel
Foucault há muitos anos alertou que, historicamente, quando o Estado realizava a
punição no corpo do acusado, confunde o carrasco e a vítima. Essa é uma das
razões pelas quais o encarceramento foi adotado como uma conduta mais humana.
Esta prática da prisão nos pouparia de perguntar quem seria mais assassino: o
ditador que mata para manter o poder ou as coalizões montadas por interesses
momentâneos que vingam o que afirmam ser crime contra a humanidade?

Cada vez menos humanos. Cada vez menos humanos são os nossos
direitos sem defesa.