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Novo livro de Edwaldo Cafezeiro traz as dimensões simbólicas do português brasileiro e africano

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Para cursar, o discurso necessita de uma crise de noções e expressões. O artista e o revolucionário jogam esta crise na explosão da linguagem.”  O trecho integra o livro “Discurso e texto – dimensão simbólica e cidadã do português brasileiro e africano”, de Edwaldo Cafezeiro, foi lançado recentemente pela editora Achiamé .

O autor, Edwaldo Cafezeiro, professor emérito da UFRJ, é reconhecido pelo seu trabalho na área de teatro e possui inúmeros livros publicados. Este, apontado como uma obra essencial, é fruto de pesquisas de uma vida inteira,cuja essência já aflorava nas trocas de opiniões que um grupo de jovens, quase todos poetas, mantinham dentro e fora da Biblioteca Mario de Andrade, no final dos anos 50, nas palavras de apresentação do professor e editor Luiz Alberto Sanz.

 Sanz também faz a apresentação do livro que a ACS recebeu em primeira mão e transcreve aqui." Cafezeiro lembra que o texto, antes de ser falado ou fixado pela escrita, sobreviveu no seu acontecer. Aí onde nasceu. E leva o leitor através das diversidades manifestas na língua dos colonizados, uma língua de resistência, construída apesar da gramática, que já não corresponde às regras do evento e torna-se conjunto de regras da imposição dos colonizadores. O faz com o cuidado do pesquisador que se formou e vive no tempo do fim das certezas. Ao estudar a língua portuguesa em suas dimensões brasileiras e africanas, não tem o passado em mente, mas o presente e o futuro: O sonho, a utopia, a esperança estão na expectativa de todos os que agem e trabalham em busca de viver. E viver não passa de criar o novo, experimentar e diversificar os entendimentos. Fatos que dependem do trabalho e da linguagem. E, mostra o autor, o texto brasileiro, por ser de resistência, caracteriza-se pelo humor e prefere, naturalmente, a sátira como expressão. Já o primeiro escrito produzido nestas terras, a Carta de Caminha, é cômico ao relatar, num português popular, o encontro com seus habitantes – “…homees pardos todos nuus sem nhuua cousa que lhes cobrisse suas vergonhas…” e, mais adiante, “…aly amdauam antreles tres ou quatro moças bem moças e bem jentijs com cabelo mujto pretos conprjdos pelas espadoas e suas vergonhas tam altas e tã çaradinhas e tã limpas das cabeleiras que de as nos mujto bem olharmos nõ tijnhamos nhuũa vergonha”. Nos séculos seguintes, a sátira, presente no teatro de Anchieta, afirmou-se como literatura nos versos de Gregório de Matos e Tomás Antonio Gonzaga. A jornada pelos caminhos de “Discurso e texto – dimensão simbólica e cidadã do português brasileiro e africano” possibilita ao leitor explorar das artimanhas do discurso, com ênfase nas acrobacias da palavra, à atualidade da língua no Brasil e na África. Resultado de 40 anos de pesquisas.

O capítulo Nem tupi, nem português, nem negro. Mas português, tupi e negro descortina o papel não apenas das etnias, mas das classes e agrupamentos populares na gênese e desenvolvimento do nosso português, com especial destaque para o operariado e os anarquistas, quase sempre esquecidos em seu papel educador".

O livro pode ser adquirido no site da editora: www.achiame.com

Da redação

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O autor, Edwaldo Cafezeiro, professor emérito da UFRJ, é reconhecido pelo seu trabalho na área de teatro e possui inúmeros livros publicados. Este, apontado como uma obra essencial, é fruto de pesquisas de uma vida inteira,cuja essência já aflorava nas trocas de opiniões que um grupo de jovens, quase todos poetas, mantinham dentro e fora da Biblioteca Mario de Andrade, no final dos anos 50, nas palavras de apresentação do professor e editor Luiz Alberto Sanz.

 Sanz também faz a apresentação do livro que a ACS recebeu em primeira mão e transcreve aqui." Cafezeiro lembra que o texto, antes de ser falado ou fixado pela escrita, sobreviveu no seu acontecer. Aí onde nasceu. E leva o leitor através das diversidades manifestas na língua dos colonizados, uma língua de resistência, construída apesar da gramática, que já não corresponde às regras do evento e torna-se conjunto de regras da imposição dos colonizadores. O faz com o cuidado do pesquisador que se formou e vive no tempo do fim das certezas. Ao estudar a língua portuguesa em suas dimensões brasileiras e africanas, não tem o passado em mente, mas o presente e o futuro: O sonho, a utopia, a esperança estão na expectativa de todos os que agem e trabalham em busca de viver. E viver não passa de criar o novo, experimentar e diversificar os entendimentos. Fatos que dependem do trabalho e da linguagem. E, mostra o autor, o texto brasileiro, por ser de resistência, caracteriza-se pelo humor e prefere, naturalmente, a sátira como expressão. Já o primeiro escrito produzido nestas terras, a Carta de Caminha, é cômico ao relatar, num português popular, o encontro com seus habitantes – “…homees pardos todos nuus sem nhuua cousa que lhes cobrisse suas vergonhas…” e, mais adiante, “…aly amdauam antreles tres ou quatro moças bem moças e bem jentijs com cabelo mujto pretos conprjdos pelas espadoas e suas vergonhas tam altas e tã çaradinhas e tã limpas das cabeleiras que de as nos mujto bem olharmos nõ tijnhamos nhuũa vergonha”. Nos séculos seguintes, a sátira, presente no teatro de Anchieta, afirmou-se como literatura nos versos de Gregório de Matos e Tomás Antonio Gonzaga. A jornada pelos caminhos de “Discurso e texto – dimensão simbólica e cidadã do português brasileiro e africano” possibilita ao leitor explorar das artimanhas do discurso, com ênfase nas acrobacias da palavra, à atualidade da língua no Brasil e na África. Resultado de 40 anos de pesquisas.

O capítulo Nem tupi, nem português, nem negro. Mas português, tupi e negro descortina o papel não apenas das etnias, mas das classes e agrupamentos populares na gênese e desenvolvimento do nosso português, com especial destaque para o operariado e os anarquistas, quase sempre esquecidos em seu papel educador".

O livro pode ser adquirido no site da editora: www.achiame.com

Da redação