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Santa Maria, RS, Brazil

As donas da bola: as presidentes da dupla Rio-Nal

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”, afirmou o físico alemão Albert Einstein. Com os avanços da sociedade nas últimas décadas, essa frase a cada vez se torna mais atual. Uma das realidades que mais mudou foi a da mulher, que de submissa aos homens passou a estudar e trabalhar e tornou-se chefe de família.

A mulher enfrentou várias discriminações e dificuldades e ainda é alvo de preconceito daqueles que consideram que “lugar de mulher é no fogão”. O desafio sempre foi evidenciar que mesmo a mulher sendo considerada frágil, é forte, ousada e firme na tomada de decisões. O avanço feminino evidencia-se pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos.

 

Futebol: um campo masculino

No Brasil, o espaço mais masculinizado e restrito para as mulheres é o futebol, desde sua criação. O esporte chegou ao país através do brasileiro Charles Miller. Miller foi para Inglaterra ainda criança, lá conheceu o futebol, ao voltar ao Brasil em 1894, trouxe a primeira bola e um conjunto de regras.

A primeira inserção da mulher no futebol foi como torcedora no início do século XX. Elas frequentavam os estádios com longos vestidos, luvas e chapéus. Devido ao calor, algumas delas tiravam as luvas e quando estavam nervosas, torciam-nas. Passaram a ser chamadas de “torcedoras”.

Em relação à prática, o futebol não era um esporte recomendado para mulheres, pois era considerado violento para a estrutura corporal feminina. Em 1942, o presidente Getúlio Vargas criou um Decreto-Lei, que proibia as mulheres de praticarem algumas modalidades esportivas, entre elas o futebol. A proibição durou 38 anos, sendo somente revogada em 1979. As mulheres no futebol eram consideradas pessoas invisíveis por ser um meio masculinizado.

“As mulheres são perfeitamente conscientes de que quanto mais parecem obedecer mais dominam”, relatou o filósofo Jules Michelet, no século X. No futebol, essa afirmação confirma-se com as presidentes dos clubes. Mulheres que ultrapassam o preconceito para assumir a gestão de clube de futebol masculino. Mesmo existindo relatos nacionais, que afirmam ser Marlene Matheus a primeira presidente. Marlene comandou o Corinthians de 1991 a 1993. Cinco anos antes, a cidade de Santa Maria presenciou o primeiro comando feminino de um clube.

A precurssora nos campos

Na década de 80, a sociedade ainda empunha muitos tabus a mulher. O estereótipo feminino era ser dona de casa e cuidar dos filhos enquanto os homens trabalhavam e buscavam o sustento para a família. Em Santa Maria, Sirlei Dalla Lana foi a primeira mulher a opor essa realidade. Ela mudou a natureza do futebol de esporte totalmente masculino, o futebol.

Ao fazer parte do cotidiano do Esporte Clube Internacional de Santa Maria (Inter-SM), Sirlei foi eleita uma das conselheiras do clube.  “Um dia encontrei os conselheiros, que também eram meus amigos, em um restaurante e eles disseram: ‘olha tu acabaste de ser eleita a conselheira do clube’”, conta Sirlei, que respondeu: “Mas como assim? Não me consultaram”. A resposta foi entática: “Não, tu não perde nenhum jogo. Tu és conselheira, tal dia tem reunião”, comenta. Foi a partir desse momento ela começou a frequentar a diretoria do Inter-SM.

Após algum tempo, o grupo reuniu-se para escolher o novo presidente do conselho. Sirlei conta como ocorreu essa escolha:

https://www.youtube.com/watch?v=ATGjQNJkREM

 

O presidente do alvirubro em 1984 era Eugênio Streliaev. Para concorrer à vice-presidência da Federação Gaúcha de Futebol deixou o comando do clube, fato que permitiu que Sirlei assumisse a presidência temporária do Inter-SM, até que outro gestor fosse escolhido.

O reconhecimento do trabalho veio em 1985 quando foram realizadas as eleições do clube e ela foi eleita a primeira presidente do Inter-SM. Com a novidade de ser a primeira presidente de clube de futebol. Durante o primeiro semestre de 86 não havia campeonatos para serem disputados pelo time porque somente teriam início em julho. Com a visibilidade de Sirlei foram realizados muitos amistosos que traziam bons cachês e com dinheiro conseguiam pagar a folha de pagamento.

Sirlei Dalla Lana na presidência do Internacional de Santa Maria. (Foto: Revista Placar)
Sirlei Dalla Lana na presidência do Internacional de Santa Maria. Foto: Revista Placar

Sirlei relata que não teve problemas e nessas viagens com o Inter-SM ainda levava suas filhas. Em uma das viagens proporcionadas pela nova presidente foi um jogo em Uruguaiana, Sirlei conta, “chegamos em Uruguaiana tinha uma banda de música esperando na entrada da cidade, outra vez nos convidaram pra jogar em Cruz Alta, ai colocaram um sofá na beira do campo pra mim sentar, então houveram assim muitas coisas diferentes pelo fato de eu ser mulher.”.

No depoimento completo, abaixo, Sirlei fala sobre a importância dos primeiros passos que ela deu na presidência do Inter-SM:

https://www.youtube.com/watch?v=Mf1bo6fRObc

 

A torcedora

Norma Rolim, antes de ter sido presidente do Riograndense, se declara apaixonada pelo time e o acompanha desde criança. É filha de ferroviários e conhece e participa da história do Periquito. No depoimento abaixo, ela conta como é a Norma torcedora do Riograndense:

https://www.youtube.com/watch?v=IJF2o_rJMts

Após ficar sem atividades por 13 anos, o Riograndense voltou a funcionar pelo trabalho de 26 pessoas, entre elas Norma. O presidente na época era Marcelo Bisogno e Norma era a vice-presidente. Bisogno licenciou-se em 2002 e ela assumiu o comando do clube. Norma Rolim foi presidente do Riograndense de 2006 a 2009 e em 2012, em um mandato tampão.

“É sempre muito questionado quando tem uma mulher dirigindo ou participando diretamente  no futebol. Aqui na minha parte no Riograndense eu tive assim um apoio muito grande por parte dos homens porque era só homem mesmo que participava. A primeira mulher a participar diretamente, a ter voz no Riograndense eu posso até dizer que foi eu”, destaca Norma.

Acompanhe o depoimento no qual ela enfatiza as diferenças entre homens e mulheres no comando de um clube:

https://www.youtube.com/watch?v=jOkYofNOpWc

Norma Rolim está sempre presente do estádio dos Eucaliptos (Foto: EsporteSul)
Norma Rolim está sempre presente do estádio dos Eucaliptos (Foto: EsporteSul)

Uma mulher no comando de um time acaba estabelecendo prioridades. “A família a gente deixa um pouco de lado mesmo. Isso também foi um motivo que fez que eu me afastasse um pouquinho mais, na verdade eu não estou afastada do clube, mas me afastei um pouquinho mais das atividades. Eu vinha diariamente pra cá, manhã e tarde, até para acompanhar”, afirma.

Norma Rolim foi presidente do Riograndense por três oportunidades, mas deixou o cargo por motivo de saúde. Hoje é uma das apoiadoras da atual gestora do Riograndense e vai ao estádio dos Eucaliptos com regularidade.

 

A gestora

A menina Lisete Inês Frohlich torcedora do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.  (Foto: Arquivo Pessoal)
A menina Lisete Inês Frohlich torcedora do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. (Foto: Arquivo Pessoal)

Lisete Frohlich é a atual presidente do Riograndense e a terceira mulher a tornar-se comandante de um time em Santa Maria. Em uma votação unânime dos 22 conselheiros, no dia 31 de julho de 2014,  foi eleita para o cargo até 2016. Formada em pedagogia com especialização em gestão empresarial e esportiva, atua no meio esportivo há cinco anos. Iniciou a carreira em Santa Maria fazendo auditoria no Inter-SM e depois desenvolveu um trabalho de marketing no Riograndense.

Desde pequena seu interesse por futebol era explícito quando, junto a seu pai escutava as partidas em um radinho de pilha em Venâncio Aires.  “Eu senti aquela vontade crescendo e fui me aperfeiçoar nessa área né, do futebol, me formei em maio deste ano, na área de gestão, marketing e direito esportivo, pela FIFA CIES na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, acho que foi um sonho antigo e se concretizou agora.”.

Lisete relata no depoimento abaixo como foi sua chegada à presidência. Acompanhe:

https://www.youtube.com/watch?v=9_V1A6ZRTJc

Caricatura da Presidente Lisete Frohlich.  (Ilustração: Gonza Rodríguez/ZHEsportes)
Caricatura da Presidente Lisete Frohlich. (Ilustração: Gonza Rodríguez/ZHEsportes)

No seu ainda curto período de mandato está inovando no Periquito. Ela já conseguiu até o momento cinco patrocinadores, ainda procura parcerias ter um restaurante dentro do Estádio dos Eucaliptos. Além de ações pontuais nos jogos, “domingo no jogo”, que sorteia prêmios aos torcedores que forem à partida.

Ela conta com satisfação a criação da diretoria jovem do periquito, além das novas categorias de sócios do clube. “Na verdade nós queremos ter um clube para um ano inteiro e não só um clube para temporada de futebol, então por isso que a gente vai trabalhar para que tenha atrativos para que as pessoas venham para o clube durante o ano todo”, afirma Lisete.

Lisete, como gestora esportiva, relata o porquê dos times do interior terem tantas dificuldade financeiras:

https://www.youtube.com/watch?v=duEGGh10A7g

 

A conservação da história

Na busca de conservar a história dessas mulheres que fizeram a diferença no futebol em Santa Maria e no Brasil, um grupo de alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano produziu o documentário: “Elas é que mandam”. A ideia do documentário nasceu na disciplina de Projeto Experimental em Televisão, com os alunos Bruna Maria de Moura, Fabiano Bohrer, Franciele Farias e Franciele Marques.

Segundo acadêmica Franciele Farias, foram produzidos muitos documentos históricos, mas há pouco material conservado nos times e com os torcedores. “O documentário vai ficar como um registro da história que já estava esquecida. Após a apresentação em aula vamos entregar os DVDs para os times e disponibilizar ao público no youtube”, relata.

O documentário foi uma produção dos alunos desde as filmagens até a edição. Mesmo com a possibilidade de utilizar os cinegrafistas e editores da Unifra os alunos optaram por uma produção própria. Somente a vinheta foi produzida pelo editor Jonathan de Souza. “Elas é que mandam” vai estar disponível online em dezembro.

Por Franciele Marques, para a Disciplina de Jornalismo Online

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”, afirmou o físico alemão Albert Einstein. Com os avanços da sociedade nas últimas décadas, essa frase a cada vez se torna mais atual. Uma das realidades que mais mudou foi a da mulher, que de submissa aos homens passou a estudar e trabalhar e tornou-se chefe de família.

A mulher enfrentou várias discriminações e dificuldades e ainda é alvo de preconceito daqueles que consideram que “lugar de mulher é no fogão”. O desafio sempre foi evidenciar que mesmo a mulher sendo considerada frágil, é forte, ousada e firme na tomada de decisões. O avanço feminino evidencia-se pela participação da mulher em diferentes áreas da sociedade que lhe conferem direitos sociais, políticos e econômicos.

 

Futebol: um campo masculino

No Brasil, o espaço mais masculinizado e restrito para as mulheres é o futebol, desde sua criação. O esporte chegou ao país através do brasileiro Charles Miller. Miller foi para Inglaterra ainda criança, lá conheceu o futebol, ao voltar ao Brasil em 1894, trouxe a primeira bola e um conjunto de regras.

A primeira inserção da mulher no futebol foi como torcedora no início do século XX. Elas frequentavam os estádios com longos vestidos, luvas e chapéus. Devido ao calor, algumas delas tiravam as luvas e quando estavam nervosas, torciam-nas. Passaram a ser chamadas de “torcedoras”.

Em relação à prática, o futebol não era um esporte recomendado para mulheres, pois era considerado violento para a estrutura corporal feminina. Em 1942, o presidente Getúlio Vargas criou um Decreto-Lei, que proibia as mulheres de praticarem algumas modalidades esportivas, entre elas o futebol. A proibição durou 38 anos, sendo somente revogada em 1979. As mulheres no futebol eram consideradas pessoas invisíveis por ser um meio masculinizado.

“As mulheres são perfeitamente conscientes de que quanto mais parecem obedecer mais dominam”, relatou o filósofo Jules Michelet, no século X. No futebol, essa afirmação confirma-se com as presidentes dos clubes. Mulheres que ultrapassam o preconceito para assumir a gestão de clube de futebol masculino. Mesmo existindo relatos nacionais, que afirmam ser Marlene Matheus a primeira presidente. Marlene comandou o Corinthians de 1991 a 1993. Cinco anos antes, a cidade de Santa Maria presenciou o primeiro comando feminino de um clube.

A precurssora nos campos

Na década de 80, a sociedade ainda empunha muitos tabus a mulher. O estereótipo feminino era ser dona de casa e cuidar dos filhos enquanto os homens trabalhavam e buscavam o sustento para a família. Em Santa Maria, Sirlei Dalla Lana foi a primeira mulher a opor essa realidade. Ela mudou a natureza do futebol de esporte totalmente masculino, o futebol.

Ao fazer parte do cotidiano do Esporte Clube Internacional de Santa Maria (Inter-SM), Sirlei foi eleita uma das conselheiras do clube.  “Um dia encontrei os conselheiros, que também eram meus amigos, em um restaurante e eles disseram: ‘olha tu acabaste de ser eleita a conselheira do clube’”, conta Sirlei, que respondeu: “Mas como assim? Não me consultaram”. A resposta foi entática: “Não, tu não perde nenhum jogo. Tu és conselheira, tal dia tem reunião”, comenta. Foi a partir desse momento ela começou a frequentar a diretoria do Inter-SM.

Após algum tempo, o grupo reuniu-se para escolher o novo presidente do conselho. Sirlei conta como ocorreu essa escolha:

https://www.youtube.com/watch?v=ATGjQNJkREM

 

O presidente do alvirubro em 1984 era Eugênio Streliaev. Para concorrer à vice-presidência da Federação Gaúcha de Futebol deixou o comando do clube, fato que permitiu que Sirlei assumisse a presidência temporária do Inter-SM, até que outro gestor fosse escolhido.

O reconhecimento do trabalho veio em 1985 quando foram realizadas as eleições do clube e ela foi eleita a primeira presidente do Inter-SM. Com a novidade de ser a primeira presidente de clube de futebol. Durante o primeiro semestre de 86 não havia campeonatos para serem disputados pelo time porque somente teriam início em julho. Com a visibilidade de Sirlei foram realizados muitos amistosos que traziam bons cachês e com dinheiro conseguiam pagar a folha de pagamento.

Sirlei Dalla Lana na presidência do Internacional de Santa Maria. (Foto: Revista Placar)
Sirlei Dalla Lana na presidência do Internacional de Santa Maria. Foto: Revista Placar

Sirlei relata que não teve problemas e nessas viagens com o Inter-SM ainda levava suas filhas. Em uma das viagens proporcionadas pela nova presidente foi um jogo em Uruguaiana, Sirlei conta, “chegamos em Uruguaiana tinha uma banda de música esperando na entrada da cidade, outra vez nos convidaram pra jogar em Cruz Alta, ai colocaram um sofá na beira do campo pra mim sentar, então houveram assim muitas coisas diferentes pelo fato de eu ser mulher.”.

No depoimento completo, abaixo, Sirlei fala sobre a importância dos primeiros passos que ela deu na presidência do Inter-SM:

https://www.youtube.com/watch?v=Mf1bo6fRObc

 

A torcedora

Norma Rolim, antes de ter sido presidente do Riograndense, se declara apaixonada pelo time e o acompanha desde criança. É filha de ferroviários e conhece e participa da história do Periquito. No depoimento abaixo, ela conta como é a Norma torcedora do Riograndense:

https://www.youtube.com/watch?v=IJF2o_rJMts

Após ficar sem atividades por 13 anos, o Riograndense voltou a funcionar pelo trabalho de 26 pessoas, entre elas Norma. O presidente na época era Marcelo Bisogno e Norma era a vice-presidente. Bisogno licenciou-se em 2002 e ela assumiu o comando do clube. Norma Rolim foi presidente do Riograndense de 2006 a 2009 e em 2012, em um mandato tampão.

“É sempre muito questionado quando tem uma mulher dirigindo ou participando diretamente  no futebol. Aqui na minha parte no Riograndense eu tive assim um apoio muito grande por parte dos homens porque era só homem mesmo que participava. A primeira mulher a participar diretamente, a ter voz no Riograndense eu posso até dizer que foi eu”, destaca Norma.

Acompanhe o depoimento no qual ela enfatiza as diferenças entre homens e mulheres no comando de um clube:

https://www.youtube.com/watch?v=jOkYofNOpWc

Norma Rolim está sempre presente do estádio dos Eucaliptos (Foto: EsporteSul)
Norma Rolim está sempre presente do estádio dos Eucaliptos (Foto: EsporteSul)

Uma mulher no comando de um time acaba estabelecendo prioridades. “A família a gente deixa um pouco de lado mesmo. Isso também foi um motivo que fez que eu me afastasse um pouquinho mais, na verdade eu não estou afastada do clube, mas me afastei um pouquinho mais das atividades. Eu vinha diariamente pra cá, manhã e tarde, até para acompanhar”, afirma.

Norma Rolim foi presidente do Riograndense por três oportunidades, mas deixou o cargo por motivo de saúde. Hoje é uma das apoiadoras da atual gestora do Riograndense e vai ao estádio dos Eucaliptos com regularidade.

 

A gestora

A menina Lisete Inês Frohlich torcedora do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.  (Foto: Arquivo Pessoal)
A menina Lisete Inês Frohlich torcedora do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. (Foto: Arquivo Pessoal)

Lisete Frohlich é a atual presidente do Riograndense e a terceira mulher a tornar-se comandante de um time em Santa Maria. Em uma votação unânime dos 22 conselheiros, no dia 31 de julho de 2014,  foi eleita para o cargo até 2016. Formada em pedagogia com especialização em gestão empresarial e esportiva, atua no meio esportivo há cinco anos. Iniciou a carreira em Santa Maria fazendo auditoria no Inter-SM e depois desenvolveu um trabalho de marketing no Riograndense.

Desde pequena seu interesse por futebol era explícito quando, junto a seu pai escutava as partidas em um radinho de pilha em Venâncio Aires.  “Eu senti aquela vontade crescendo e fui me aperfeiçoar nessa área né, do futebol, me formei em maio deste ano, na área de gestão, marketing e direito esportivo, pela FIFA CIES na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, acho que foi um sonho antigo e se concretizou agora.”.

Lisete relata no depoimento abaixo como foi sua chegada à presidência. Acompanhe:

https://www.youtube.com/watch?v=9_V1A6ZRTJc

Caricatura da Presidente Lisete Frohlich.  (Ilustração: Gonza Rodríguez/ZHEsportes)
Caricatura da Presidente Lisete Frohlich. (Ilustração: Gonza Rodríguez/ZHEsportes)

No seu ainda curto período de mandato está inovando no Periquito. Ela já conseguiu até o momento cinco patrocinadores, ainda procura parcerias ter um restaurante dentro do Estádio dos Eucaliptos. Além de ações pontuais nos jogos, “domingo no jogo”, que sorteia prêmios aos torcedores que forem à partida.

Ela conta com satisfação a criação da diretoria jovem do periquito, além das novas categorias de sócios do clube. “Na verdade nós queremos ter um clube para um ano inteiro e não só um clube para temporada de futebol, então por isso que a gente vai trabalhar para que tenha atrativos para que as pessoas venham para o clube durante o ano todo”, afirma Lisete.

Lisete, como gestora esportiva, relata o porquê dos times do interior terem tantas dificuldade financeiras:

https://www.youtube.com/watch?v=duEGGh10A7g

 

A conservação da história

Na busca de conservar a história dessas mulheres que fizeram a diferença no futebol em Santa Maria e no Brasil, um grupo de alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano produziu o documentário: “Elas é que mandam”. A ideia do documentário nasceu na disciplina de Projeto Experimental em Televisão, com os alunos Bruna Maria de Moura, Fabiano Bohrer, Franciele Farias e Franciele Marques.

Segundo acadêmica Franciele Farias, foram produzidos muitos documentos históricos, mas há pouco material conservado nos times e com os torcedores. “O documentário vai ficar como um registro da história que já estava esquecida. Após a apresentação em aula vamos entregar os DVDs para os times e disponibilizar ao público no youtube”, relata.

O documentário foi uma produção dos alunos desde as filmagens até a edição. Mesmo com a possibilidade de utilizar os cinegrafistas e editores da Unifra os alunos optaram por uma produção própria. Somente a vinheta foi produzida pelo editor Jonathan de Souza. “Elas é que mandam” vai estar disponível online em dezembro.

Por Franciele Marques, para a Disciplina de Jornalismo Online