O Centro Universitário Franciscano recebeu ontem, 8 de setembro, o jornalista Marcelo Canellas e o arquiteto e urbanista, Tiago Holzmann, para debate no painel sobre “As cidades e seus espaços de vida”. A palestra foi parte da programação do XVIII SEPE: Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão, promovido anualmente pela Instituição. A conversa mediada pela jornalista do jornal Diário de Santa Maria, Liciane Brun, lotou o Salão de Atos do prédio 1, Conjunto I da Unifra. O público atento, teve significante participação no encontro através de perguntas aos convidados. A Agência Central Sul de Notícias se fez presente no evento e conversou com Marcelo Canellas sobre a profissão do jornalista. Confira o bate-papo:
ACS: Qual a principal mudança percebida por você no fazer jornalístico com a inserção das novas tecnologias?
Canellas: Houve uma mudança absurda. Houve uma verdadeira revolução tecnológica nos últimos 25 anos. Eu sou do tempo da máquina de escrever. Para fazer pesquisa tinha que estivar uma tonelada de papel. Hoje em dia, a vida da geração de vocês (acadêmicos de Jornalismo), está moleza comparada com a nossa quando começamos. Agora, o grande questionamento a se fazer é se existe uma correspondência a essa revolução tecnológica com uma revolução do ponto de vista do estofo teórico dos jornalistas para decifrar uma realidade cada vez mais complexa. A realidade hoje é muito mais complexa do que era há 25 anos atrás e é necessário, talvez, uma preparação muito maior por parte do jornalista. A grande dúvida é se essa revolução tecnológica causou também uma revolução no fazer jornalismo.
ACS: Sobre essa realidade, para você, o jornalismo a reflete, a recorta ou a constrói?
Canellas: É um recorte da realidade baseado na capacidade e nas ferramentas teóricas que o jornalista tem para raspar o verniz das aparências. Se o jornalista tiver essas ferramentas, quanto melhor forem essas ferramentas, melhor vai ser a leitura de uma realidade que sempre aparece caótica diante de nós. A realidade nunca aparece elucidada. Então, depende muito da capacidade do jornalista de fazer essa leitura da realidade, objetiva.
ACS: Qual o maior desafio da profissão?
Canellas: Eu acho que é contar, fazer juz a grandeza insubmissa do jornalismo. É você exercer a sua profissão na sua plenitude, que significa recuperar todas as prerrogativas do jornalista, inclusive a de interferir na agenda de cobertura dos lugares onde você trabalha.
ACS: Se você pudesse resumir em uma palavra a sua jornada jornalística até aqui, qual palavra seria?
Canellas: Paixão. Acho que o Jornalismo tem muito de paixão e … acho que é isso.
ACS: Você tem algum conselho que recebeu ainda em sala de aula e que carrega até hoje?
Canellas: O domínio das ferramentas da profissão, a começar pela língua. O prazer da leitura é uma preparação para o exercício da profissão.
ACS: Você tem algum conselho para os acadêmicos do curso de Jornalismo?
Canellas: Deixe-se surpreender pela vida. Não se submeta a ideias preconcebidas e teses à priori. Isso é a morte do jornalismo. O grande barato da profissão é se surpreender com a vida, que é muito mais surpreendente do que a tua própria imaginação.