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De volta à Espanha

Jardins de Córdoba, na Espanha.
Jardins de Córdoba, na Espanha. Fotos: Carla Rossa

Depois de oito anos, estamos de volta a Córdoba, na Espanha. Muita coisa mudou. A primeira impressão na chegada a Madri foi  a de que a crise econômica espanhola ainda não acabou. Pela primeira vez fomos abordados por mendigos. Foram três em menos de uma hora, enquanto comíamos em um restaurante na estação de trem.

Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha. Fotos: Carla Rossa
Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha.

Na chegada a Córdoba mais uma surpresa – a sujeira predominava na estação de trem por conta da greve de trabalhadores de limpeza, sem perspectiva de solução a curto prazo.
Córdoba também cresceu muito. O número de construções é impressionante, com novas moradias e novos centros comerciais. Mesmo assim, o desemprego atinge quase 40% da população, segundo dados oficiais.No entanto, conforme um taxista, já são mais de 50% os parados. Tudo culpa dos chineses e indianos, segundo ele.

Córdoba é (ou era) uma produtora de joias, ouro e prata, e isso está acabando com a chegada dos produtos chineses e indianos. Aliás, as lojas e mercadinhos chineses aumentaram muito por aqui. Vendem de tudo – pão, roupa, bijouterias, material de limpeza, ferragem -, o que precisar se encontra em uma de ‘las tiendas chino’. E elas abrem de domingo a domingo.

 

Manifestações nas ruas da cidade espanhola.
Manifestações nas ruas da cidade espanhola.

Eleições e corrupção – Nessa primeira semana, os assuntos que mais ouvimos foram eleição e corrupção. O calendário eleitoral espanhol não apresenta datas específicas para as eleições, que acontecem separadas: nacionais, regionais e municipais. As autonómicas e as municipais se realizam em 24 de maio. Mas nem todas as comunidades autônomas celebram as eleições em maio. Aqui na Andaluzia será em 22 em março.
Nas eleições municipais podem votar todos os residentes na Espanha, maior de idade, dos países da União Europeia e dos países com acordos onde se reconhece esse direito. É o caso de países como  Bolívia, Chile, Cabo Verde, Colômbia, Coreia, Equador, Noruega, Peru, Trinidad e Tobago, entre outros. 

A eleição para presidente do país, para os 350 deputados do Congresso e 208 senadores não tem data certa. Depende da boa vontade do partido que está no poder. A lei diz que deve acontecer a partir de 20 de novembro, dia em que acaba a legislatura do presidente. Mas também pode ser em 20 de dezembro ou 17 de janeiro, datas permitidas pela Constituição.
Além das eleições, o que mais chama a atenção é a quantidade de denúncias e casos de corrupção. E não só na política. No início da semana, um ex-presidente e dois ex-diretores do Clube Atlético Osasuna foram presos acusados de desvio de dinheiro e combinação nos resultados de jogos do clube.
Na política, o repertório é vasto. As denúncias atingem quase todos os partidos, mas, especialmente, o partido do governo, o PP. O ex-tesoureiro do partido e outras 39 pessoas, entre elas uma ex-ministra, dirigentes do partido e senadores, estão sendo julgadas, entre outros crimes, por prevaricação, malversação do dinheiro público, lavagem de dinheiro e tráfico de influências. Também está sendo investigado um comissário de polícia por ter uma fortuna que chega aos 16 milhões de euros.

Brasil – As notícias que aparecem sobre o Brasil são algumas notas em telejornais e jornais sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. O destaque maior está por conta do jornal El País que apresenta matérias de seu enviado especial e de agências de notícias em sua página na internet. As manifestações do dia 13 e do dia 15 foram mostradas na televisão. Diziam que milhares de pessoas foram às ruas em manifestações contra e à favor da presidenta. Alguns telejornais e jornais afirmavam que a crítica era  sobre a política econômica e a corrupção.
Triste foi ver as imagens de faixas, escritas em inglês, pedindo a volta da ditadura. É difícil explicar aos amigos daqui que isso não é coisa de brasileiro. E que no nosso país não se fala inglês. Se estivesse em coma e acordasse no domingo, diria que era época de carnaval ou de copa do mundo.É duro ver pessoas vestidas com camisetas da CBF, a entidade conhecida pela maior corrupção, e não só no mundo do futebol. 
A rede de televisão Antena 3 apresenta diversos documentários sobre países. Um deles, transmitido no dia 3 deste mês, foi sobre o Rio de Janeiro, a violência nas favelas, espanhóis que estão trabalhando ilegais no Brasil, a lei de reciprocidade, o que passou na Copa, tudo contado através da visão dos espanhóis que vivem ali. 

Venezuela – O que mais interessa aos canais de televisão, no momento, é a situação da Venezuela. As sanções impostas pelos Estados Unidos são noticiadas diariamente. Além disso, todos os dias, estão sendo entrevistados opositores do governo Maduro. A esposa do prefeito de Caracas, preso por suspeita de conspirar contra o governo nacional, esteve mais de dez vezes conversando com jornalistas da Rede de Televisão Espanhola (RTVE) sobre a situação dos presos políticos naquele país. Em nenhum momento, apareceu o outro lado.


Caracóis

Caracóis, uma iguaria pouco comum no Brasil.
Caracóis.

E, para finalizar, por enquanto, estamos no início da feira dos ‘caracoles’. São mais de 40 pontos de venda, entre tendas e restaurantes, onde são servidos caracóis nos mais diversos tipos de molhos. O ponto alto será a festa gastronômica, a ‘Caracola”, que acontecerá no dia 17 de maio. Provei e gostei. É uma carne suave. O que não é muito agradável é o molho, cheio de curry.

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Jardins de Córdoba, na Espanha.
Jardins de Córdoba, na Espanha. Fotos: Carla Rossa

Depois de oito anos, estamos de volta a Córdoba, na Espanha. Muita coisa mudou. A primeira impressão na chegada a Madri foi  a de que a crise econômica espanhola ainda não acabou. Pela primeira vez fomos abordados por mendigos. Foram três em menos de uma hora, enquanto comíamos em um restaurante na estação de trem.

Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha. Fotos: Carla Rossa
Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha.

Na chegada a Córdoba mais uma surpresa – a sujeira predominava na estação de trem por conta da greve de trabalhadores de limpeza, sem perspectiva de solução a curto prazo.
Córdoba também cresceu muito. O número de construções é impressionante, com novas moradias e novos centros comerciais. Mesmo assim, o desemprego atinge quase 40% da população, segundo dados oficiais.No entanto, conforme um taxista, já são mais de 50% os parados. Tudo culpa dos chineses e indianos, segundo ele.

Córdoba é (ou era) uma produtora de joias, ouro e prata, e isso está acabando com a chegada dos produtos chineses e indianos. Aliás, as lojas e mercadinhos chineses aumentaram muito por aqui. Vendem de tudo – pão, roupa, bijouterias, material de limpeza, ferragem -, o que precisar se encontra em uma de ‘las tiendas chino’. E elas abrem de domingo a domingo.

 

Manifestações nas ruas da cidade espanhola.
Manifestações nas ruas da cidade espanhola.

Eleições e corrupção – Nessa primeira semana, os assuntos que mais ouvimos foram eleição e corrupção. O calendário eleitoral espanhol não apresenta datas específicas para as eleições, que acontecem separadas: nacionais, regionais e municipais. As autonómicas e as municipais se realizam em 24 de maio. Mas nem todas as comunidades autônomas celebram as eleições em maio. Aqui na Andaluzia será em 22 em março.
Nas eleições municipais podem votar todos os residentes na Espanha, maior de idade, dos países da União Europeia e dos países com acordos onde se reconhece esse direito. É o caso de países como  Bolívia, Chile, Cabo Verde, Colômbia, Coreia, Equador, Noruega, Peru, Trinidad e Tobago, entre outros. 

A eleição para presidente do país, para os 350 deputados do Congresso e 208 senadores não tem data certa. Depende da boa vontade do partido que está no poder. A lei diz que deve acontecer a partir de 20 de novembro, dia em que acaba a legislatura do presidente. Mas também pode ser em 20 de dezembro ou 17 de janeiro, datas permitidas pela Constituição.
Além das eleições, o que mais chama a atenção é a quantidade de denúncias e casos de corrupção. E não só na política. No início da semana, um ex-presidente e dois ex-diretores do Clube Atlético Osasuna foram presos acusados de desvio de dinheiro e combinação nos resultados de jogos do clube.
Na política, o repertório é vasto. As denúncias atingem quase todos os partidos, mas, especialmente, o partido do governo, o PP. O ex-tesoureiro do partido e outras 39 pessoas, entre elas uma ex-ministra, dirigentes do partido e senadores, estão sendo julgadas, entre outros crimes, por prevaricação, malversação do dinheiro público, lavagem de dinheiro e tráfico de influências. Também está sendo investigado um comissário de polícia por ter uma fortuna que chega aos 16 milhões de euros.

Brasil – As notícias que aparecem sobre o Brasil são algumas notas em telejornais e jornais sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. O destaque maior está por conta do jornal El País que apresenta matérias de seu enviado especial e de agências de notícias em sua página na internet. As manifestações do dia 13 e do dia 15 foram mostradas na televisão. Diziam que milhares de pessoas foram às ruas em manifestações contra e à favor da presidenta. Alguns telejornais e jornais afirmavam que a crítica era  sobre a política econômica e a corrupção.
Triste foi ver as imagens de faixas, escritas em inglês, pedindo a volta da ditadura. É difícil explicar aos amigos daqui que isso não é coisa de brasileiro. E que no nosso país não se fala inglês. Se estivesse em coma e acordasse no domingo, diria que era época de carnaval ou de copa do mundo.É duro ver pessoas vestidas com camisetas da CBF, a entidade conhecida pela maior corrupção, e não só no mundo do futebol. 
A rede de televisão Antena 3 apresenta diversos documentários sobre países. Um deles, transmitido no dia 3 deste mês, foi sobre o Rio de Janeiro, a violência nas favelas, espanhóis que estão trabalhando ilegais no Brasil, a lei de reciprocidade, o que passou na Copa, tudo contado através da visão dos espanhóis que vivem ali. 

Venezuela – O que mais interessa aos canais de televisão, no momento, é a situação da Venezuela. As sanções impostas pelos Estados Unidos são noticiadas diariamente. Além disso, todos os dias, estão sendo entrevistados opositores do governo Maduro. A esposa do prefeito de Caracas, preso por suspeita de conspirar contra o governo nacional, esteve mais de dez vezes conversando com jornalistas da Rede de Televisão Espanhola (RTVE) sobre a situação dos presos políticos naquele país. Em nenhum momento, apareceu o outro lado.


Caracóis

Caracóis, uma iguaria pouco comum no Brasil.
Caracóis.

E, para finalizar, por enquanto, estamos no início da feira dos ‘caracoles’. São mais de 40 pontos de venda, entre tendas e restaurantes, onde são servidos caracóis nos mais diversos tipos de molhos. O ponto alto será a festa gastronômica, a ‘Caracola”, que acontecerá no dia 17 de maio. Provei e gostei. É uma carne suave. O que não é muito agradável é o molho, cheio de curry.