O Dia Nacional da Consciência Negra ocorre no dia 20 de novembro. A data serve para reflexão e conscientização sobre a luta dos negros contra o preconceito, a discriminação, e, também, para a valorização da cultura afro no Brasil. Entretanto, a busca por igualdade e valorização da cultura negra ocorre diariamente por pessoas que levam conhecimento aos estudantes e às comunidades.
Em Santa Maria, grupos formados, na maioria das vezes, por jovens transmitem informação sobre diversos assuntos da temática negra por meio de palestras, encontros e projetos, são os chamados coletivos. O coletivo Afronta foi o primeiro coletivo de estudantes negros do Rio Grande do Sul. Criado em 2010, por acadêmicos de variados cursos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), conta com 12 pessoas – todas cotistas- em trabalhos e discussões sobre a busca por politicas de afirmação.
O coletivo surgiu durante um Encontro de Negros, Negras e Cotistas (Enune), no Rio de Janeiro. O que impulsionou o grupo a criar do coletivo foi o estranhamento sentido por eles ao entrarem nas universidades logo após a implementação das ações afirmativas. ” O problema é estrutural, fruto do sistema capitalista. Desde o outdoor até as telenovelas, somos vistos de maneira diferente”, relata Elias Cósta, integrante do Afronta.
Conforme o coletivo, em uma pesquisa realizada em 2012, cerca de 85% dos cotistas em universidades ganham benefícios sociais. “Não há uma política pública que acompanhe esses estudantes após o ingresso nas faculdades”, afirma Cósta. A Lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino da história e cultura africana nas escolas. No entanto, como observa o coletivo, a ênfase é para o período da escravatura.
Museu Treze de Maio
O Museu Comunitário Treze de Maio surgiu através de um projeto entre João Heitor Silva Macedo e Giane Escobar, colegas do curso de especialização em Museologia do Centro Universitário Franciscano, em 2001. “O Clube Treze de Maio nasceu como forma de identidade e autoafirmação do povo negro em Santa Maria”, resgata João sobre a iniciativa de 1903. Com auge entre 1950 a 1970, o clube fechou suas portas em 1990 e reabriu somente em 2001 como museu, por meio do trabalho dos alunos de Museologia.
Fechado há um ano, por questões de infiltração, o museu deve reabrir em três meses, segundo o diretor da entidade. Os investimentos recebidos pela Secretaria de Cultura são destinados somente para ações culturais e não para reformas.O Museu Comunitário se localiza na rua Silva Jardim, entre as ruas Serafim Valandro e Duque de Caxias.
” O museu é comunitário. Somos um museu vivo. Nosso patrimônio são as pessoas e a comunidade negra, que interage ali dentro. Temos um espaço para debates e discussão”, relata João Heitor. Segundo o diretor, ainda falta incentivo e investimento em produções que emergem do povo, um olhar diferenciado para a cultura. Quanto aos projetos e coletivos, João Heitor considera uma ação positiva, pois vem de jovens que buscam por políticas afirmativas e igualdade.
Acompanhe a 27º Semana Municipal da Consciência Negra na página do Museu Treze de Maio, e também a página do coletivo Afronta.