Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

“Shin Anime Dreamers” destaca a cultura geek em Santa Maria

Cosplayers prestigiaram o evento. Foto: Jéssica Marian Labfem

A 13ª edição do “Shin Anime Dreamers”  lotou os quatro andares da  Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria (CESMA), e mostrou que Santa Maria cresce no cenário nacional de apreciadores da cultura pop japonesa e nerd.

Lúcio Hiko e Ricardo Aguiar são os atuais organizadores do evento e  a equipe conta com 10 pessoas. Para a edição que aconteceu no sábado, 16, na CESMA foram mais de 20 envolvidos na organização. O evento que completa 10 anos no ano que vem, tendo uma edição oficial por ano, está na 3ª edição extra. O evento já passou por outros locais de Santa Maria, mas encontrou na CESMA o espaço que melhor acolhe as diversas atividades planejadas.

O evento esteve dividido entre espaços de games como Naruto e The King of Fighters e uma máquina de Arcade; documentários sobre a cultura geek exibidos a todo momento; diversos estandes de lojas de artigos geek e desenhos de artistas santa-marienses e uma sala dedicada ao K-pop (estilo musical coreano). Além disso, um concurso de cosplays, a palestra do artista gráfico Daniel HDR e o show da banda porto-alegrense de anime songs, Hakushi.

“Os eventos crescem aos poucos, por exemplo, uma vez por ano participamos do CineClub da CESMA, trazemos animes com teor adulto, com dramas e histórias dignas para mostrar que animes não são apenas para crianças. O nosso evento traz a cultura do mangá, videogame, cosplayer e quadrinhos. Temos esse evento em Santa Maria para as pessoas que não tem condições de irem para os grandes centros e me surpreende vir gente até mesmo de Porto Alegre, que é o nicho dos eventos. Vem pessoas também de cidades vizinhas, Pelotas, Rio Grande e Uruguaiana”, afirma Lúcio Hiko.

A cosplayer Mirella Berttinatti participou da banca de jurados do concurso de cosplays do evento. Foto: Jéssica Marian Labfem

A cosplayer convidada Mirella Berttinatti, veio da cidade de Encantado para ser jurada do concurso de cosplays. Também participaram do evento Jéssica Gonçalves e Kauã Ferrari, cosplayers de Santa Maria.

O grupo de amigos santa-marienses, Daniela Costa, conhecida como Yume Sekay, Caroline Osório e Lukas Hiroshy contam sobre a expectativa para o concurso de cosplays. Daniela e Caroline, que participam do evento há três anos, falam que esse ano superou expectativas, com mais programações e maior público. 

As amigas Carolina Venturini e Iris Vargas, 15, são de Itaara. Elas contam que o evento é uma boa oportunidade para comprar artigos relacionados à cultura japonesa. Além disso, contam que gostaram muito da área de K-pop.

Daniel HDR

O artista Daniel HDR veio pela primeira vez a Santa Maria como convidado do evento, ao lado do colega Roger Goulart. Daniel conta que gostou muito de encontrar os artistas locais. Ele também fala que, embora pequeno, o evento é bem diversificado, vindo fãs de comics, anime e mangá. “Hoje em dia muitos eventos esquecem de diversificar. Viram evento de uma coisa só, por exemplo, só de youtuber. Este evento está entrando num conceito que grandes eventos valorizam. Se servir de exemplo para outros municípios, ou até agregar para juntar várias outras turmas e tribos, vai ser muito benéfico, não só como evento mas como produção cultural local. É necessário diversificar o panorama”, diz Daniel HDR.

Daniel HDR é convidado do “Shin Anime Dreamers”. Foto: Jéssica Marian Labfem

Em entrevista à ACS, Daniel HDR, dono da empresa de design gráfico Dínamo, contou um pouco de sua história: “Eu vivo no Brasil e trabalho com uma coisa que as pessoas ainda acham que não é trabalho. Iniciei fazendo fanzines, depois trabalhei com ilustrações para jornais de bairros e cartoons. Comecei a trabalhar mandando amostras para uma agência de São Paulo, não tinha nem internet banda-larga naquela época. Comecei a trabalhar para a indústria americana com 21 anos e precisei ter muita disciplina. Além do peso da camiseta de trabalhar com os personagens que sou fã, estudava publicidade e propaganda, intercalando os dois. Também trabalhava com a Comics e passou pelas minhas mãos títulos como X-Men, Homem de Ferro e Vingadores. Tinha pedra nos rins e não dormia. Em 2000 comecei a trabalhar para a empresa japonesa Digimon e ainda para os Estados Unidos. Entrei na vida acadêmica paralelamente a tudo isso. Foram 10 anos com a vida de professor acadêmico e coordenador em Jogos Digitais. Depois, resolvi me dedicar totalmente aos quadrinhos. Já trabalhei com a Marvel. Hoje, trabalho com a DC Comics e há pouco tempo, desenho o manual da banda Kiss e do The Soldier”.

Daniel também diz que “quando estava para ser efetivado em uma grande empresa de publicidade de São Paulo, recebi a proposta da Digimon. Lembrei de meu pai, um nerd que colecionava quadrinhos, e que preferiu um trabalho garantido como desenhista técnico de uma companhia elétrica à seguir seus sonhos, e pensei: vou perder esta oportunidade? Decidi virar free-lancer para a publicidade e me dedicar aos quadrinhos porque pensei ser muito mais estressante fazer trabalhos de publicidade do que pensar sobre o que vai acontecer com os personagens”.

Quando questionado sobre qual é seu personagem preferido, Daniel respondeu: “Esta pergunta é fácil de responder e, ao mesmo tempo, injusta. Personagens que têm franquia longínqua têm fases boas e ruins, mas não consigo deixar de falar do Super Man. Quando penso na religião judaica e no cristianismo, sobre a saga do imigrante em terra desconhecida, vejo que ele é o símbolo de muita coisa. Como a sociedade estava encarando o entretenimento e os quadrinhos quando ele foi criado e como o gênero super herói se transformou. Ele foi o primeiro de uma espécie de quadrinhos e da cultura pop. Filmes ou vídeo games, sejam da Marvel ou da DC, foram influenciados pelos dois que criaram o super homem. É muito louco, é como olhar para o rosto do seu bisavô e notar que você tem os traços dele. Desenhei o personagem com 75 anos de criação e quando desenhei o “S” percebi que sou uma migalha. Mas como é bom  ser essa migalha, isso não tem preço!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

Cosplayers prestigiaram o evento. Foto: Jéssica Marian Labfem

A 13ª edição do “Shin Anime Dreamers”  lotou os quatro andares da  Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria (CESMA), e mostrou que Santa Maria cresce no cenário nacional de apreciadores da cultura pop japonesa e nerd.

Lúcio Hiko e Ricardo Aguiar são os atuais organizadores do evento e  a equipe conta com 10 pessoas. Para a edição que aconteceu no sábado, 16, na CESMA foram mais de 20 envolvidos na organização. O evento que completa 10 anos no ano que vem, tendo uma edição oficial por ano, está na 3ª edição extra. O evento já passou por outros locais de Santa Maria, mas encontrou na CESMA o espaço que melhor acolhe as diversas atividades planejadas.

O evento esteve dividido entre espaços de games como Naruto e The King of Fighters e uma máquina de Arcade; documentários sobre a cultura geek exibidos a todo momento; diversos estandes de lojas de artigos geek e desenhos de artistas santa-marienses e uma sala dedicada ao K-pop (estilo musical coreano). Além disso, um concurso de cosplays, a palestra do artista gráfico Daniel HDR e o show da banda porto-alegrense de anime songs, Hakushi.

“Os eventos crescem aos poucos, por exemplo, uma vez por ano participamos do CineClub da CESMA, trazemos animes com teor adulto, com dramas e histórias dignas para mostrar que animes não são apenas para crianças. O nosso evento traz a cultura do mangá, videogame, cosplayer e quadrinhos. Temos esse evento em Santa Maria para as pessoas que não tem condições de irem para os grandes centros e me surpreende vir gente até mesmo de Porto Alegre, que é o nicho dos eventos. Vem pessoas também de cidades vizinhas, Pelotas, Rio Grande e Uruguaiana”, afirma Lúcio Hiko.

A cosplayer Mirella Berttinatti participou da banca de jurados do concurso de cosplays do evento. Foto: Jéssica Marian Labfem

A cosplayer convidada Mirella Berttinatti, veio da cidade de Encantado para ser jurada do concurso de cosplays. Também participaram do evento Jéssica Gonçalves e Kauã Ferrari, cosplayers de Santa Maria.

O grupo de amigos santa-marienses, Daniela Costa, conhecida como Yume Sekay, Caroline Osório e Lukas Hiroshy contam sobre a expectativa para o concurso de cosplays. Daniela e Caroline, que participam do evento há três anos, falam que esse ano superou expectativas, com mais programações e maior público. 

As amigas Carolina Venturini e Iris Vargas, 15, são de Itaara. Elas contam que o evento é uma boa oportunidade para comprar artigos relacionados à cultura japonesa. Além disso, contam que gostaram muito da área de K-pop.

Daniel HDR

O artista Daniel HDR veio pela primeira vez a Santa Maria como convidado do evento, ao lado do colega Roger Goulart. Daniel conta que gostou muito de encontrar os artistas locais. Ele também fala que, embora pequeno, o evento é bem diversificado, vindo fãs de comics, anime e mangá. “Hoje em dia muitos eventos esquecem de diversificar. Viram evento de uma coisa só, por exemplo, só de youtuber. Este evento está entrando num conceito que grandes eventos valorizam. Se servir de exemplo para outros municípios, ou até agregar para juntar várias outras turmas e tribos, vai ser muito benéfico, não só como evento mas como produção cultural local. É necessário diversificar o panorama”, diz Daniel HDR.

Daniel HDR é convidado do “Shin Anime Dreamers”. Foto: Jéssica Marian Labfem

Em entrevista à ACS, Daniel HDR, dono da empresa de design gráfico Dínamo, contou um pouco de sua história: “Eu vivo no Brasil e trabalho com uma coisa que as pessoas ainda acham que não é trabalho. Iniciei fazendo fanzines, depois trabalhei com ilustrações para jornais de bairros e cartoons. Comecei a trabalhar mandando amostras para uma agência de São Paulo, não tinha nem internet banda-larga naquela época. Comecei a trabalhar para a indústria americana com 21 anos e precisei ter muita disciplina. Além do peso da camiseta de trabalhar com os personagens que sou fã, estudava publicidade e propaganda, intercalando os dois. Também trabalhava com a Comics e passou pelas minhas mãos títulos como X-Men, Homem de Ferro e Vingadores. Tinha pedra nos rins e não dormia. Em 2000 comecei a trabalhar para a empresa japonesa Digimon e ainda para os Estados Unidos. Entrei na vida acadêmica paralelamente a tudo isso. Foram 10 anos com a vida de professor acadêmico e coordenador em Jogos Digitais. Depois, resolvi me dedicar totalmente aos quadrinhos. Já trabalhei com a Marvel. Hoje, trabalho com a DC Comics e há pouco tempo, desenho o manual da banda Kiss e do The Soldier”.

Daniel também diz que “quando estava para ser efetivado em uma grande empresa de publicidade de São Paulo, recebi a proposta da Digimon. Lembrei de meu pai, um nerd que colecionava quadrinhos, e que preferiu um trabalho garantido como desenhista técnico de uma companhia elétrica à seguir seus sonhos, e pensei: vou perder esta oportunidade? Decidi virar free-lancer para a publicidade e me dedicar aos quadrinhos porque pensei ser muito mais estressante fazer trabalhos de publicidade do que pensar sobre o que vai acontecer com os personagens”.

Quando questionado sobre qual é seu personagem preferido, Daniel respondeu: “Esta pergunta é fácil de responder e, ao mesmo tempo, injusta. Personagens que têm franquia longínqua têm fases boas e ruins, mas não consigo deixar de falar do Super Man. Quando penso na religião judaica e no cristianismo, sobre a saga do imigrante em terra desconhecida, vejo que ele é o símbolo de muita coisa. Como a sociedade estava encarando o entretenimento e os quadrinhos quando ele foi criado e como o gênero super herói se transformou. Ele foi o primeiro de uma espécie de quadrinhos e da cultura pop. Filmes ou vídeo games, sejam da Marvel ou da DC, foram influenciados pelos dois que criaram o super homem. É muito louco, é como olhar para o rosto do seu bisavô e notar que você tem os traços dele. Desenhei o personagem com 75 anos de criação e quando desenhei o “S” percebi que sou uma migalha. Mas como é bom  ser essa migalha, isso não tem preço!”