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Gabriele Bordin

Gabriele Bordin

Foto: Reprodução / Metrópoles \ Mulheres governantes de sete países têm enfrentado à Covid-19 com sucesso

Durante a segunda quinzena de abril, diversos veículos da mídia brasileira abordaram um aspecto peculiar do enfrentamento da pandemia da Covid-19 em alguns países do mundo. “Os Sete Magníficos”, como foram classificados pelo jornal italiano Corriere, são países liderados por mulheres, a Alemanha, governada pela chanceler Angela Merkel, Taiwan, com a presidente Tsai Ing-wen, Islândia, com a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, Finlândia, com Sanna Marin, Noruega, com Erna Solberg, Dinamarca, com Mette Frederiksen, e Nova Zelândia, com Jacinda Ardern. As matérias abordam aspectos geopolíticos que refletem em âmbitos culturais, de saúde e econômicos.

Os veículos escolhidos pela reportagem variam entre jornais independentes, tradicionais, grandes corporações e mídia alternativa. São eles BBC, Forbes, Catraca Livre, Metrópoles, CNN Brasil e Mídia Ninja.

Mas por que este tema?

A reportagem se perguntou por que o tema foi levantado e foi atrás da opinião de especialistas.

Marcia Veiga, mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e membro da ONG Themis, de assessoria e estudos de gênero, explica que o fenômeno não é mera coincidência e que, embora não seja o motivo por completo, o gênero das líderes tem a ver com o sucesso do enfrentamento à pandemia:

“Ao estudar gênero, é possível compreender o que esses fatos trazidos à tona sinalizam”.

Elas serem do sexo feminino, por fatores culturais, facilita com que tenham um olhar mais aproximado da população, não sempre, mas na maioria dos casos, de acordo com a especialista.

“Todas as sociedades têm convenções sociais, entre elas, a expectativa de que meninas e mulheres serão mais frágeis e que a elas caberão os cuidados. Entre ocidentais, tudo que é considerado masculino são elementos mais valorizados e que sensibilidade é algo “menor” e menos importante”, diz Marcia.

A pesquisadora esclarece que estas líderes focam em ações de cuidado e prevenção, valorizando o ser humano e tratando áreas como saúde e educação como tão importantes quanto a economia:

“Enquanto Brasil e Estados Unidos declaram “guerra ao vírus”, as mulheres são pacifistas”.

Um caso que chamou atenção da especialista foi a abordagem trazida pela BBC acerca de atitudes da primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern. Antes da páscoa, ela realizou um discurso voltado às crianças, em mídia nacional, para acalmar os pequenos com relação à data, garantindo que “o coelho da páscoa faz parte dos serviços essenciais”.

“Traços femininos fundamentais em um governante, como o diálogo e o interesse pela opinião de todos, são comuns para elas. Após ouvirem a população, através de atitudes horizontais como esta, só então elas agem”, afirma a pesquisadora.

Sobretudo, coloca o ser humano como prioridade e centro da preocupação. Assim, os cidadãos se sentem participantes. Isso mostra a necessidade de colaboração de todos num período de crise, ainda conforme a especialista.

“Valorizar a diversidade, mantendo o cuidado e a horizontalidade de discursos é o caminho”, conclui Marcia.

Para ela, o jornalismo tratar destes assuntos é cumprir o papel primário da profissão, de encontrar fatos e trazê-los à tona, nada mais do que retratando a realidade:

“Não havia como não perceber a existência deste fato. Além disso, hoje, há mais mulheres jovens e informadas nas redações e em chefias dos veículos jornalísticos. Então, o entendimento de que isso significa algo relevante é mais comum. Talvez a mídia não aprofunde os temas, ainda tendo muito o que avançar, mas, ao menos, publicam”.

A professora de psicologia Graziela Miolo, explica que as mulheres já crescem se adaptando à cultura machista já imposta e implantada na sociedade:

“Elas enfrentam dificuldades para se legitimar em posições habituais aos homens e precisam conquistar os espaços onde desejam estar. Qualquer lugar fora do lar não é para elas, principalmente na liderança e ainda mais fortemente no campo da política. Por isso, são mais inventivas e preparadas para demandas inusitadas”.

A reinvenção das mulheres faz parte de uma constituição psíquica, histórica, política e social, segundo a Graziela. Por isso, esta criatividade com a qual a mulher cresce a auxilia a se adaptar e encontrar recursos e saídas para grandes e inesperados problemas, como uma pandemia, desenvolvendo habilidades para conquistar seu lugar no espaço público, de ser e estar no mundo.

“As mulheres têm habilidades psíquicas que tornam esta administração mais fácil por terem mais recursos criativos para lidarem com as crises”, diz a professora.

Para ela, este momento é de sair do padrão tido como o certo e criar novas formas de governar e enfrentar conflitos, característica do feminino:

“A mídia aborda a questão do gênero de forma massificada, sem questões mais específicas, trazendo “as mulheres”, ao invés de “a mulher”, não dando conta de observá-la. Ainda observamos o discurso que prevalece a posição do homem, mas não é difícil de se compreender, em função de estar dentro de uma cultura embasada em uma linguagem que prioriza um discurso machista, que é estrutural”.

Por: Gabriele Bordin
Texto produzido na disciplina de Jornalismo Internacional, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana. Orientação: Profª Carla Torres

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / Programações como o Viva o Natal levam cultura a milhares de santa-marienses, evidenciam artistas locais e trazem nacionais ao Coração do Rio Grande

As programações culturais de Santa Maria envolvem muito mais profissionais, participantes, público, tempo e preparo do que se imagina. Em 2020, frente à pandemia da Covid-19, o grande desafio de organizar um festival de cultura se tornou ainda maior.

Neste momento, há dúvidas latentes por parte de quem encabeça estas ações. Se adaptar ao formato à distância, adiamento ou, o tão evitado mas às vezes inevitável, cancelamento da edição anual são algumas delas.

Os festivais culturais são parte importante da manutenção da cidade, envolvendo instituições, governo, população e organizações, visto que movem a economia, são planejados com larga antecedência, envolvem muitos profissionais e marcam tradição.

Entre estes festivais, está a, tão querida pelos tradicionalistas, Tertúlia Musical Nativista, pelos amantes de leitura, a Feira do Livro, pelos cinéfilos, o Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), e pelos bailarinos, o Santa Maria em Dança (SMD).

Além destes, é impossível pensar em cultura local e não lembrar dos shows e demais atrações do Viva Santa Maria, programação cultural alusiva ao aniversário da cidade, e o Viva o Natal, que atraem tanta gente à Praça Saldanha Marinho, à Locomotiva da Gare, ao Theatro Treze de Maio, entre outros cantos da Cidade Cultura.

Só quem está à frente destas organizações tem a real dimensão do alcance e movimento que estes festivais provocam.

Como tudo muda rapidamente neste novo momento da humanidade, não há como prever acontecimentos, mas, para quem coordena projetos, é preciso arriscar e tomar decisões.

E quais são os destinos destas programações, até agora?

Santa Maria Vídeo e Cinema

Foto: Divulgação \ Facebook / O tema central da 14ª edição será Memória

O SMVC está indo para a 14ª edição. Cada festival tem, em  média, 250 espectadores por noite, assistindo aos filmes expostos. Pela Praça Saldanha Marinho, espiando e tendo a oportunidade de desfrutar de obras cinematográficas, são milhares incontáveis.

No ano passado, a competição teve mais de 50 diretores com obras inscritas, sem contar o restante das equipes.

O presidente Luiz Alberto Cassol coordena o SMVC ao lado de Alexandra Zanela, ambos residindo em Porto Alegre, e Luciano Ribas, em Santa Maria.

A competição de curtas e longas-metragens deste ano não foi cancelada. Por enquanto, os organizadores aguardam a regularidade da vida social.

Ao final do 13º SMVC, o tema Memória foi anunciado para 2020, dando um ano de antecedência aos candidatos.

“O tema não mudará, pois combina com este momento. Antes, falaríamos a respeito da história do Cinema de Santa Maria. Atualmente, a memória é discutida a todo tempo”, diz Cassol.

Em um período típico, o SMVC ocorre no mês de novembro. Nos dois primeiros meses deste ano, Luiz esteve em Santa Maria reservando datas do Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para garantir o local de abertura da edição. Atualmente, as reuniões semanais entre os organizadores estão sendo realizadas pela internet.

“Neste momento, muitos detalhes já estariam prontos. Teríamos cartazes na rua, a praça reservada e as inscrições abertas, por exemplo”, conta o coordenador.

Para o cineasta, a edição será uma oportunidade de refletir a nova realidade, junto do audiovisual:

“O festival sempre foi muito ligado a questões atuais, aquilo que retumba… Então, neste ano, vamos refletir diante desta nova realidade, como as maneiras de apropriação”.

Segundo Cassol, transferir a programação para o ambiente virtual, como tantos outros do país e de fora, seria interessante, mas deixaria de lado o essencial ao SMVC. Há cerca de 10 anos, foi o primeiro festival de cinema do Brasil a realizar oficinas online, ele recorda:

“A praça e as o público, hoje, não o nosso diferencial, o contato humano. Não podemos abrir mão. Nossa singularidade é ir para a cidade, debater, promover seminários e oficinas presenciais, encontrar os pares… não encontrar as pessoas é o que mais me frustra. Só quando tivermos a praça, mesmo que só no ano que vem, é que promoveremos a próxima edição”.

O coordenador também supõe que, na próxima edição, serão vistos muitos filmes feitos durante a pandemia, refletindo acerca desta fase e, também, adaptando a produção audiovisual aos obstáculos do período de isolamento:

“Acredito que veremos produções a partir de recursos adaptáveis, como celular, câmera fotográfica, locação interna, de casa e equipes menores. O audiovisual não será mais o mesmo”.

A previsão dos organizadores é que a 14ª edição seja cancelada ou transferida para o início de 2021.

Tertúlia Musical Nativista

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / O público da 26 edição chegou a 3 mil espectadores

A Tertúlia Musical Nativista, que já havia tido a edição de 2019 transferida para junho este ano, foi adiada novamente.

Previsto para os dias 14 a 17 de maio, o festival já não tem prazo para ocorrer. O festival nativista já é consagrado no Estado e atrai artistas de todos os cantos do Rio Grande e de fora.

A 26 Tertúlia Musical, de 2018, teve mais de mil trabalhos inscritos. Destes, 44 foram apresentados no palco da Associação Tradicionalista Estância do Minuano. O público da edição chegou a 3 mil espectadores.

A equipe é constituída por 40 membros e conta com mais de 15 empresas prestadoras de serviços.

O festival deste ano já está pronto, organizado de maneira presencial e aguardando a possibilidade de estabelecer uma data.

Embora a dúvida sobre a data, a próxima edição do festival é garantida devido aos recursos públicos, já que o projeto ocorre através de Leis de Incentivo municipais, por meio de incentivos fiscais ou direto do governo.

Coordenador do festival há quatro anos, Carlinhos Lima afirma que a vontade é da equipe é de realizar a programação ainda neste ano, mas não há como garantir:

“A Tertúlia depende de recursos públicos. Como temos dificuldades para a área de Cultura desde o ano passado, as projeções são incertas”.

Por isso, os ingressos não são cobrados. Os CDs e DVDs produzidos a partir dos vencedores da competição são distribuídos gratuitamente. Lima explica que o objetivo não é gerar lucros.

Conforme o coordenador, a cada ano, no mínimo 20 novos trabalhos são divulgados e artistas se lançam:

“Nosso maior dano se resume ao prejuízo de quem é sustentado pela produção cultural, como artistas e prestadores de serviços. Esta situação nos frustra porque, desta forma, a cultura perde. Os objetivos do festival, de preservação da identidade cultural tradicionalista, são prejudicados”.

Santa Maria em Dança

Foto: Divulgação \ Facebook / As edições anuais do SMD são ininterruptas desde 1994

Um dos maiores festivais de dança do país, o SMD ocorre anualmente desde 1994, com edições ininterruptas. A média de inscritos, há mais de cinco anos, não baixa de 2.500. No ano passado, mais de 3 mil bailarinos subiram ao palco.

O festival é auto-suficiente através de patrocínios, parceiros culturais e cobrança de ingressos e inscrições. A comissão organizadora é composta por bailarinos e ex-bailarinos.

Paulo Xavier, idealizador e coordenador do festival, explica que o trabalho para alguns dias dura todo o ano e é mantido há 25 anos ininterruptamente.

A programação ocorre, tipicamente, no mês de setembro mas, neste ano, foi adiada para outubro.

A 26º edição tem os apoios culturais mantidos, ainda de acordo com Xavier. Mas os tantos inscritos do Brasil e de fora tem receio de participar da competição ainda neste ano, devido à pandemia provocada pela Covid-19.

“Para este ano, tínhamos mais de 350 inscritos da Argentina e Uruguai. O público de longe lota hotéis durante todos os dias do festival e contribui com a economia local”.

As inscrições desta edição foram abertas ainda em fevereiro e a primeira fase encerraria ainda em junho. O SMD ocorreria, tipicamente, em setembro. Hoje, a previsão é de 20 a 22 de novembro.

O coordenador explica que a organização do festival será retomada conforme os grupos e escolas de dança retomarem suas atividades. Por isso, a programação será formatada se adaptando à realidade atual, como a supressão de noites.

“Não terá o mesmo número de participantes, mas estamos cientes e tranquilos em relação a isto. Estamos bem organizados e podendo olhar para a situação com tranquilidade. Com tanta experiência, conseguimos valorizar as vitórias e enfrentar as dificuldades”.

Viva Santa Maria e Feira do Livro

162º aniversário da cidade foi comemorado à distância, do Theatro Treze de Maio

Maio é o mês da tradicional celebração pelo aniversário da Cidade Cultura. Para tal, não faltam shows e atrações diversas promovidas pela prefeitura municipal.

Viva Santa Maria é o nome da festa, que, em 2020, além de driblar os obstáculos, apoiou cerca de 150 artistas que foram contratados para agregar à programação a distância.

Para a secretária de Cultura de Santa Maria, Rose Carneiro, a ação foi uma grata surpresa:

“Passando da metade de março a cidade simplesmente “fechou”. Precisamos organizar o aniversário bem em cima da hora, mas a recepção foi muito boa. Em tudo isto, estamos reaprendendo a pensar fora dos padrões e a fazer produção cultural de forma inédita”.

Somando as visualizações das lives de toda a semana de festival, mais de meio milhão de espectadores puderam, de casa e protegidos, prestigiar, destaca a secretária.

Com os artistas direto do Palco da Cultura, o Theatro Treze de Maio, a produção cultural pôde ser movimentada.

“Conversando com os artistas, eles destacam a diferença entre um show com público presente e com plateia vazia. É meio estranho, principalmente para os do público infantil, porque as apresentações são repletas de interatividade. Assim, precisaram imaginar a reação dos espectadores”.

A secretária enxerga o presente com boa perspectiva e o futuro com otimismo:

“Penso que, daqui em diante, não voltemos aquele normal  de  mensurar os resultados de um festival pelo número de público, isso perde o sentido. Agora, pensamos  na sobrevivência do planeta, na sustentabilidade e na humanidade. Esta maneira não é melhor nem pior, é apenas diferente”, avalia Rose.

Feira do Livro

Foto: Assessoria de Imprensa da Feira do Livro \ Eduardo Camponogara LABFEM UFN / A maior programação cultural de Santa Maria não poderia deixar de acontecer. virtual, presencial ou híbrida, alcançará

A Feira do Livro, que ocorreria de 24 de abril a 9 de maio, ocorre de 1º a 10 de outubro. As reuniões e de planejamento estão sendo feitas há cerca de dois meses.

Embora por tempo limitado, a edição será, como de costume, repleta de atrações, novidades e convidados, é o que garante a secretária:

“Vamos propor, em breve, uma nova Feira do Livro, em novo formato, combinando com os tempos atuais”.

Por enquanto, o que pode ser revelado é que tudo será adaptado. Embora não possa ser igual, a programação de palco, cultural, os lançamentos de livros de escritores de Santa Maria e região e as tradicionais bancas de livros estão sendo pensadas para um novo formato. Ela garante que os propósitos da feira se manterão.

Rose, embora tenha adentrado à secretaria de cultura do município ainda neste ano, atua com  a feira desde 2011, com grande bagagem como produtora cultural. Para ela, o momento é uma oportunidade de inovar e pensar fora da caixa.

Por mais que ainda não tenha detalhes divulgados, já é possível perceber que o festival será bem conectado. A secretária mencionou lives e podcasts como fortes possibilidades de levar a cultura da feira ao público.

Uma forma de venda de livros ainda não foi definida, mas é cogitada e será melhor engendrada junto da Câmara do Livro.

Dentro do possível, parte da programação será presencial, com medidas de cautela bem planejadas, mas ainda é cedo para tantos detalhes. Como a secretária conclui: “tudo pode acontecer”.

Os festivais agora
Como estão programados os festivais, até o momento:

47ª Feira do Livro

  • Formato: on-line
  • Quando: previsão do final de setembro ao início de outubro
  • Situação: confirmada
  • Onde: plataformas ainda indefinidas
  • Informações: pelo site ou pela página

27ª Tertúlia Musical Nativista

  • Formato: indefinido
  • Quando: sem previsão
  • Situação: festival confirmado, data pendente
  • Onde: sem previsão
  • Inscrições: encerradas
  • Informações: pelo site da prefeitura municipal

14º Santa Maria Vídeo e Cinema

  • Formato: presencial
  • Quando: sem data definida
  • Situação: pendente
  • Onde: na Praça Saldanha Marinho
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

26º Santa Maria em Dança

  • Formato: presencial
  • Quando: de 20 a 22 de novembro
  • Situação: pendente
  • Onde: no Centro de Convenções Park Hotel Morotin
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

Por: Gabriele Bordin

Para Bruna, entre tantos outros motivos para ser vegana, o amor pelos animais é um dos principais. Na foto, em aula prática do curso de Medicina Veterinária Foto: arquivo pessoal
Imagens: Raw Pixel

Para além do vegetarianismo, o veganismo é um estilo de vida e um modo de ser e pensar em todas as áreas da sociedade e em si, como indivíduo. Na prática, além de repensarem suas formas de consumir, subsistir e viver, os adeptos do veganismo lutam pela causa, desde os pequenos atos particulares do dia a dia.

O termo foi cunhado na década de 1940 e tem adeptos ao redor do mundo. No Brasil, tem se popularizado e conquistado muitos membros  nos últimos anos. Marcas de vestuário e cosméticos, restaurantes, dentre outros nichos de mercado, já tem se segmentado para atender a este público que cresce e requer cada vez mais espaço.

A acadêmica de Medicina Veterinária Bruna Carnelosso, 21 anos, é vegetariana há oito anos e vegana há mais de três.

Para Bruna, ser vegano é…

Respeito

Veganismo é, para mim,  sinônimo de respeito. Respeito à natureza, aos animais e, sobretudo, aos direitos destes: de ser livre, se não sentir dor e desconforto, de poder exercer seu comportamento natural, de não ser explorado… de viver!

Luta

Veganismo também é luta. É lutar pelos direitos daqueles que não têm voz. É lutar por um consumo mais consciente e empático. Lutar para ser ouvido no meio dessa sociedade tão dura, que não se importa com minorias, com quem pensa diferente. É cansativo às vezes, mas não é difícil quando você pensa que, aos pouquinhos, você está mudando o mundo.

Consciência

Estamos tão acostumados a viver no automático que, às vezes, não questionamos nada ao nosso redor, mesmo que algumas dessas coisas nos pareçam erradas. Afinal, não é um pouco hipócrita amar os animais e contribuir com uma indústria que mata, maltrata e subjuga esses seres em sua grande maioria? Penso que quando abrimos nossas mentes para pensar nessas questões, estamos fazendo um exercício que pode contribuir a nos tornarmos seres humanos melhores em muitos aspectos.

Alternativa

Optar ou não pelo veganismo é uma escolha de cada um. É uma escolha muitas vezes difícil, pois geralmente somos acostumados desde pequenos a consumir produtos animais, seja na alimentação, vestuário ou outros produtos que nem imaginamos que contém substâncias derivadas de animais. É importante então mostrar para as pessoas que existe essa opção, que existem alternativas para substituir esses usos e popularizar esse estilo de vida cada vez mais, para que assim, futuramente, talvez esta não seja uma decisão tão difícil de tomar.

Amor

Há muitas formas de expressar o amor, e penso que optar pelo veganismo é uma delas. Afinal, há muitas vantagens nesse estilo de vida: para a natureza, para os animais, para nossos próprios corpos. E optar por uma alternativa melhor para todos é um ato de amor também.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Emanuelle dança desde os 6 anos de idade. Foto: arquivo pessoal / Emanuelle Maciel
Imagens: Raw Pixel

Existem muitos tipos de danças e cada um tem uma finalidade ao praticá-la. Saúde, concentração, uma carreira… Teatral, em dupla, sozinho, para uma grande plateia, em grupo, com um sentido maior ou apenas para se divertir.  Geralmente, quem dança busca felicidade na prática.

A formanda em Arquitetura e Urbanismo Emanuelle Maciel, 23 anos, nasceu em Santa Maria. Ela dança balé clássico desde os 6 anos e hoje nos conta um pouco sobre o significado da dança em sua vida.

Para Emanuelle, ser dançarina é…

Imagem: Pixabay

Força

É perceptível que, por trás da leveza dos passos, sempre há uma força física proporcional à força emocional. Desafiar os próprios limites, enfrentar a ansiedade e esquecer as dores são eventos rotineiros para um bailarino.

Perseverança

Acredito que vivemos num país onde a dança não é tão valorizada quanto deveria ser. Tudo se torna muito caro, desde a elaboração de figurinos e de cenários a aluguéis de espaços. Muitas vezes, isso torna a permanência numa escola privada difícil. Assim como eu, muitas colegas trabalham, estudam e precisam de muita perseverança para encaixar as aulas às rotinas diárias.

Terapia

A dança tem o poder da cura. Tive problemas físicos e psicológicos totalmente curados com a prática, sem medicamentos. É muito prazeroso trabalhar o nosso próprio corpo. Dedicarmos algumas horas semanais para algo em benefício de nós mesmos é gratificante.

Aprendizagem

Como tudo na vida, na dança também sempre há o que aprender. Quanto maior a dedicação, maior o aprendizado. Esse, compete tanto à parte teórica e prática da dança, quanto ao convívio social do grupo inserido e das regras de postura e disciplina exigidas.

Autoconhecimento

Para mim, a forma mais clara de compreender meu corpo e mente é dançando. Sei cada centímetro que minha perna ergue a mais, cada segundo que meu joelho aguenta em equilíbrio, conheço todos os meus rituais inconscientes antes de um campeonato ou espetáculo e todas as minhas técnicas para inibir a ansiedade quando estou dançando.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Desenhos: Leonardo Couto

O desenho é uma das formas de arte mais ensinadas nas escolas, estimuladas nos lares… e há quem, embora siga outros caminhos, sempre tenha lápis e papel como alento.

Artista plástico pode ser considerado aquele que expressa e materializa visões e sentimentos a fim de expressar o  intangível. Mais do que um ramo profissional, desenhar significa algo que só quem o faz pode definir.

O santa-mariense Leonardo da Silva Couto, 22 anos, é estudante de Filosofia, mas o amor pelo desenho vem desde a infância e se integra ao conhecimento adquirido a cada etapa do jovem, como um elo entre ele e o mundo.

Para Leonardo, o desenho é…

Arte

Desenhar é um tipo de terapia, pois demanda tempo, paciência e calma. Confesso que nunca fiz cursos ou estudei “técnicas especiais” e também nunca me considerei bom nisso, mas sempre ansiei por expressar a realidade de forma mais autêntica possível (ainda que não consiga). Por isso, compreendo o desenho como sinônimo de arte que, assim como os velhos filósofos gregos entendiam, é uma espécie de técnica que tem por finalidade fabricar algo, ou ainda, produzir algum efeito visível. Esta finalidade ou efeito, para mim, é demonstrar, ou melhor, apontar a beleza que há nas pessoas e na vida em geral.

Beleza

Disse anteriormente que procuro com os desenhos ressaltar a beleza que há na vida, como um tipo de convite para apreciá-la sabendo que, para além do que possa haver de ruim, a vida continua sendo boa. Os noticiários, todos os dias, divulgam o quanto o ser humano pode ser mau, no entanto, a minha tentativa é divulgar de maneira simplória e particular o que existe de bom no mundo; uma pequena alegria que às vezes pode melhorar o dia de alguém.

Imaginação

O desenho nos permite brincar com a natureza. Diferentemente da História, que só lida com fatos, o desenho (e toda forma artística) nos permite peregrinar pelas possibilidades do que poderia ter sido ou do que poderá ser. Na atividade imaginativa é que se dá o primeiro passo para a educação, pois é neste momento que criamos ou nos identificamos com modelos de heróis, sábios, homens e mulheres valentes e virtuosos. Esse é o lado mais fantástico de desenhar, pois ele permite voltar à infância, dando asas à imaginação.

Catarse

Aristóteles dizia que o teatro tinha um duplo fim: incutir compaixão e terror, mediante a Kátharsis, que se refere à purificação da alma por meio de uma descarga emocional que, uma vez purificada, permite a inteligência propender ao Bem e ao Verdadeiro e afastar-se do mal e do falso. Na maioria das vezes, desenhei e retratei mulheres, não só pela beleza feminina (Afrodite) ou pela sabedoria (Atena), mas por ser o principal sustentáculo da vida, sendo os seus atributos essa Kátharsis que nos convida a contemplarmos a existência, a verdade e o bem.

Contemplação

Todo tipo de arte nos leva a uma contemplação, na medida em que estamos como espectadores de algo. Do mesmo modo é que se iniciou a Filosofia, como disse Aristóteles na Metafísica “É por força de seu maravilhamento que os seres humanos começam agora a filosofar (…)”. O desenho me leva a um sentimento de admiração, espanto, perplexidade, não por ele mesmo, mas por ser uma cópia imperfeita de algo belíssimo que está na realidade à disposição de todos que, atentamente, também observam.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Foto: arquivo pessoal
Kawanny é a última jogadora (da esq. para dir.), atrás. Foto: arquivo pessoal
Imagens: Raw Pixel

O futebol feminino, sabidamente, parece trazer duas palavras contraditórias. A Copa do Mundo, que poderia se chamar Copa do Mundo de Futebol Masculino, mas ironicamente poderia conotar machismo, existe desde 1930, e hoje conta com 32 equipes. A Copa do Mundo de Futebol Feminino, que ocorre desde 1991, conta atualmente com 24 times na disputa. Os números, datas, salários e, para além, os sentimentos de representação e valorização demonstram um caminho árduo, mas não acabam com os sonhos de muitas jogadoras, profissionais ou amadoras.

O esporte mais amado do Brasil repercute na vida de quem é apaixonado, ou apaixonada, pelos campos, times e um universo que só quem vive entende. Independentemente de ser homem, mulher, criança, adulto ou idoso, as memórias, o afeto e as experiências com o esporte marcam profundamente alguns dos que o praticam. Para algumas jogadoras, não importa a falta do salário ou prestígio, mas o ganho de valores que não têm preço.

A santa-mariense Kawanny Silva, 22 anos, é atendente por profissão mas, desde criança, carrega a paixão pelo futebol e guarda as boas lembranças dos incontáveis times dos quais já fez parte.

Para ela, ser jogadora de futebol é…

Amor

Desde pequena, carrego a paixão pelo futebol. Meu pai sempre foi muito ligado ao esporte e aprendi a amar indo com ele em campos e ginásios, mesmo não havendo mulheres jogando.

Amizade

Com o futebol, conheci pessoas incríveis em todos os lugares onde atuei. Elas se tornaram minhas amigas. Joguei em muitas cidades do Rio Grande do Sul e até em Santa Catarina, mas tudo começou no colégio. Algumas das minhas amizades do futebol têm mais de 11, 12 anos… ainda hoje nos damos bem e estamos sempre juntas. Com as meninas de outras cidades, mantemos contato.

Sonhos

Minhas amigas do esporte e eu temos grandes sonhos, como de um dia chegar ao topo da Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Este sonho vem de todas aquelas meninas que entram no futebol, todas já tiveram esta aspiração ou ainda têm.

Alegria

Em cada time pelo qual passamos, sempre há momentos de alegria que ficam marcados para sempre. A maior felicidade para um time é sair de um jogo campeão, além dos gols… Mas há muito mais, para além disso. Há as experiências juntas, como acampamentos, viagens, brincadeiras entre a equipe, aquela união de compartilhar todos os momentos e ver todas sorrindo, às vezes até na derrota. A união do time já é uma alegria para mim.

Família

Nós, jogadoras, nos tornamos mais que um time, mas, sim, uma segunda família, que passa muito tempo junto e compartilha cada momento. Podemos contar umas com as outras em problemas pessoais, ir além de apenas amizade de equipe, mas estar ali sempre, para o que precisar, até em dificuldades financeiras.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Foto: arquivo pessoal

Em 2003, uma pesquisa já apontava que 40% das brasileiras havia feito laqueadura, processo contraceptivo cirúrgico e permanente.
Em uma busca rápida na internet, é possível descobrir a definição para maternidade como um “laço de parentesco que une a mãe a seu(s) filho(s)”. Mas como esse laço é criado?

Simone Del Fabbro Vollbrecht, 42 anos, é psicóloga por formação. Natural de Itaqui (RS), ela morou por oito anos na em Santa Maria, de 2002 a 2010. Hoje em Porto Alegre, a gaúcha retrata, dia a dia, nas redes sociais pessoais e em um blog criado por ela, uma das facetas de sua vida. Simone captura alguns dos detalhes mais bonitos de sua família, aos olhos de uma mãe carinhosa e dedicada. Ela é mãe de três “filhos únicos” como os identifica, porque as idades e peculiaridades os fazem assim. Catarina, de 17 anos, Miguel, 9, e a pequena Joana, 4, colorem os dias de Simone.

Para Simone, ser mãe é…

Aprendizagem
Uma mãe não só cuida e ensina seu filho. Ela também aprende, muito. Ser mãe é um aprendizado diário. Em todas as fases se aprende. O filho pode já estar crescido e com autonomia, e seguimos aprendendo. Penso que o grande aprendizado seja aceitar que o filho é alguém diferente, em gostos, pensamentos e desejos. Essa separação é uma lição de vida para a mãe e um presente para o filho.

Doação
A maternidade exige entrega desde a gestação. É preciso abrir mão de muita coisa. O corpo modificado já nos impõe alguns limites. A mudança vem de dentro para fora e entregar-se é o maior exercício que a maternidade exige. Mas, lá adiante, a gente descobre que muito do que se abriu mão não faz mais sentido. Os interesses mudam. As prioridades são ressignificadas.

Perseverança
Com certeza esse é o grande desafio diário de uma mãe: ser constante na rotina que cansa e exige. Uma mãe exausta sempre encontra forças para cuidar e amar seus filhos. O envolvimento afetivo é intenso. Mas é preciso estar lá, todos os dias, nos bons e nos ruins. Permanecer, por inteiro. A maternidade é um mergulho profundo nas águas desconhecidas de um novo ser: a mãe que nasce junto com o filho. Assusta, desacomoda, mas é preciso seguir, é preciso perseverar.

Amor
O vínculo entre mãe e filhos é uma força muito potente. É a base e o elo dessa relação tão intensa. O amor que recebi da minha mãe segue influenciando o modo como me relaciono com meus filhos. Acredito que, ao nascermos, recebemos o amor, também, de nossas avós e bisavós. Assim, o amor de mãe tem sua fonte na ancestralidade de nossa família. É um amor do passado que consegue se renovar no presente.

Propósito
Quando se tem uma criança para cuidar, a vida ganha um outro sentido. As preocupações, com certeza, crescem, mas as alegrias também. Nossas atitudes e escolhas ganham novos significados. É saber dar valor ao que realmente importa: a simplicidade, a convivência, o bem estar físico e mental, o apoio dos familiares e amigos. É entender que, apesar das dores, dos cansaços acumulados, lá na frente, você se torna alguém melhor.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

UNIARTES no hall do prédio 15 do conjunto III da UFN. (Foto: Emanuely Guterres)

O projeto Uniartes é um programa cultural promovido pela Universidade Franciscana (UFN), que oportuniza que acadêmicos, egressos, funcionários e professores da instituição exponham dentro da universidade as suas manifestações artísticas.
A programação do evento sempre conta com atrações musicais, gastronomia e exposições e comercialização de artes manuais. Além disso, já houve momentos de espiritualidade com a pastoral universitária, brechós, contação de histórias, oficinas, varal de poesias, coral e apresentação de dança, entre outros. As apresentações musicais são de estudantes dos mais diversos cursos, de áreas e cursos como Direito, Comunicação, Saúde e Filosofia. As atrações sempre são diversificadas a fim de dar oportunidade a novos participantes, conforme Laíse Chaves, integrante da comissão organizadora do Uniartes.
O público é uma média de pessoas de dentro e fora da instituição. A integrante da comissão organizadora do Uniartes elucida que o foco principal da comissão organizadora é trazer pessoas de fora para que elas conheçam a universidade. Ela fala que tem sido feito um trabalho para trazer principalmente a comunidade do bairro Rosário, onde a instituição está inserida, mas pessoas de todas as localidades estão convidadas. Ao mesmo tempo, percebe-se que o o público principal é da UFN.

Como começou
O Uniartes nasceu em 2018, com três edições no mesmo ano. A quarta edição, em 2019, aconteceu em 13 de abril.
Laíse conta que se percebeu a necessidade de um movimento cultural na instituição em meados de 2017. Com o objetivo de sanar esta lacuna, foi planejado um ambiente colaborativo, com participação da comunidade acadêmica. Um questionário aberto, que visava a descobrir os talentos da instituição entre professores, alunos da graduação e pós-graduação, técnico-administrativos passou a ser aplicado. “Nos surpreendemos com o retorno porque não imaginávamos que havia tantos talentos na universidade. As habilidades apresentadas foram muito diversas, como pessoas que fazem bolo, costuram, cantam, dançam, e até mesmo mágico e cabeleireiro”, relata Laíse.
No primeiro mês de lançamento desta pesquisa foram obtidas mais de 400 respostas, o que foi muito impactante para a instituição, conforme Laíse. O próximo passo foi capitalizar estes talentos para a instituição, quando se resolveu criar um programa para uni-los. Criada uma estrutura para poder mostrar esses talentos franciscanos, surgiu o Uniartes.
A primeira e a segunda edições tiveram 100 e 150 pessoas de público, respectivamente. A última edição, de 2018, teve 500 visitantes, crescimento exponencial. A primeira edição de 2019 teve 30 pessoas como público, Laíse explica que, por ser a primeira do ano, há dúvida por parte da comunidade sobre o sucesso do evento.
A organização sempre tenta trazer talentos diferentes em cada edição, segundo integrante da comissão organizadora do Uniartes. Camila Hoffmann, é egressa do curso de pedagogia da UFN e faz pós-graduação na instituição. Ela conta que, no ano passado, quando trabalhava na comissão universitária, fez parte da organização do Uniartes. “Trabalhei no processo de sonhar e gestar o projeto e estou adorando ver ele agora, já em sua quarta edição”, fala Camila.

 

Espaço de convivência convida a bate-papo. Foto: Gabriele Bordin

 Potencialidades reveladas

Laíse explica que se pretende mostrar que a universidade não é feita só de seus cursos, algo que muitas vezes parece fechado, e sim que as pessoas que têm talentos ou até um hobbie que pode se tornar uma segunda fonte de renda. “Quem sabe a gente não vai descobrir aqui alguém que tem um talento e pode o atrelar à sua especialidade de curso?”, cogita.
O Uniartes também tem como propósito, unir talentos. “Tenho visto situações como de alguém que toca violão e tem um colega que canta, e que nem imaginava, ou a pessoa tem um colega que faz embalagens, e a outra faz um tipo de artesanato, a que faz o artesanato pode comprar a embalagem e unir esforços…”, exemplifica a integrante da comissão organizadora do Uniartes.
Laíse conta que há dificuldade para, depois de enviado o formulário para a organização, os cadastrados aceitarem o convite de participar do Uniartes. “Temos 500 pessoas cadastradas, mas na hora de fazerem parte do projeto, elas dizem ficam receosos por acharem que o produto delas não é legal ou que é um talento só delas e que não querem expor a outros. Isso nos mostra que ainda estamos em um processo de amadurecimento, tanto da instituição quanto dessas pessoas que se inscreveram, porque na verdade eles não esperavam que este espaço seria aberto. Eu imagino que as pessoas devem ter feito sua inscrição pensando que era só para uma ação quantitativa e, por vezes, se surpreendem quando recebem um retorno as chamando para vir participar. Então precisamos fazer um trabalho de formiguinha para encontrar pessoas que aceitem o desafio, mas somos insistentes, entendemos que este é um espaço importante. Conversamos e, às vezes, precisamos dizer para as pessoas que o trabalho delas é muito bacana e que isso que ela faz para ela, também pode ser interessante para outros. Temos vários exemplos de pessoas que vieram participar do evento, às vezes até mesmo não acreditando muito no seu potencial, e a gente conseguiu mostrar algo diferente disso. É uma questão de valorização, a instituição valorizando as pessoas que estão aqui e os colegas valorizando uns aos outros. É um trabalho meticuloso, mas é muito gratificante quando vemos um retorno positivo. Hoje trabalhamos dizendo para as pessoas que elas podem se inscrever e virem expor. A nossa única regra para isso é que elas tenham algum vínculo com a instituição. Se faz algo diferente e quer mostrar, venha, esse é o ambiente!”, declara Laíse em tom de chamada.

Foto: Gabriela Bordin

A última edição da programação cultural contou com sete expositores. Pela segunda vez, o casal Lia Margot Viero, 62 anos, funcionária da UFN e José Antonio Dias, 67, aposentado, participou do Uniartes. Eles são parceiros na oficina Viero há mais de cinco anos, propriedade dos dois e da irmã de Lia, que mora em Porto Alegre. Cada um deles trabalha com um tipo de artesanato. Lia trabalha com artefatos como lembranças de aniversário e batizados; José, com esculturas em gesso.
“Faço pinturas em gesso com diferentes técnicas. A maioria é arte sacra com pintura barroca. Nas técnicas, uso jogo de sobreposição de cores e clássico de envelhecimento com tinta betume. Hoje, está na moda a aplicação de pérolas, cobertura de renda, apliques em dourado e decoupagem com guardanapo”, detalha José sobre seu trabalho.
Lia conta que ele, aposentado, e ela, aposentada de um turno de trabalho, procuraram opções de atividades que fossem agradáveis e dessem prazer. “A cada atividade que fazemos, vamos aperfeiçoando nossas técnicas e melhorando, e estamos gostando muito”, alegra-se Lia. Ela ainda acrescenta: “O Uniartes é um espaço muito interessante para divulgação dos trabalhos de quem faz parte da instituição, até porque, aqui dentro, nos enxergam apenas como funcionários. Muitas pessoas tomaram conhecimento que eu e o meu marido trabalhamos com isso há pouco tempo, a não ser os colegas mais próximos, de mesmo setor, mas não dentro do contexto da comunidade. Acredito que isso faz parte dessa visão e contexto de universidade”.
As edições do Uniartes têm conseguido abraçar a todos que têm interesse em participar, mas as inscrições devem ser feitas com antecedência pois a estrutura do evento é previamente agendada e é feita pré-divulgação que procura divulgar cada um dos expositores de forma isolada com o objetivo de valorizar a cada um.

Próximas edições

Há mais três edições programadas para 2019, em 15 de junho e 10 de agosto. O programa cultural é organizado pela equipe da Coordenadoria de Relacionamento da UFN, Pastoral Universitária e professor Alberto Badke.

Para participar:
Como: preencher o formulário disponível na página do Uniartes
Onde: no site da Universidade Franciscana (http://www.ufn.edu.br/site/cultura/uniartes)
Quando: as inscrições estão sempre abertas. Para participar da edição vigente, é necessário se inscrever até duas semanas antes
Quanto: gratuito
Quem: podem se inscrever todos que têm vínculo com a UFN: aluno (graduação ou pós), professor, funcionário ou egresso

pixabay

Dia desses viajei para um curso de marketing. Fui ao hotel que sediava as palestras achando que estava arrumadinha com a minha maquiagem rápida e um colete de pelos. Chegando na fila, vejo meninas de vestido colado, cílios postiços, cabelos bem feitos e saltos enormes. Me perguntei se estava no lugar certo, um workshop ou uma festa. Ao entrar, todo mundo muito adulto. É, muito resolvido, desinibido, conversando sem medo. Tudo muito moderno. E eu me perguntando como fui parar ali. Não que aquele não fosse o meu lugar, porque sempre quis que fosse, mas estar ali foi cair de paraquedas, igual a quando eu tinha seis anos e minha mãe me inscreveu na pré-escola.

Sempre fomos eu, ela, meu pai e minha irmã. Um dia ela me levou até uma sala de aula e me deixou lá. Como se o fato de terem mais vinte crianças perdidas como eu ali, deixasse tudo mais normal. Normal eu, às 7 da manhã, sair da minha cama quentinha, trocar o pijama e passar a manhã sentada em frente a uma classe, ouvindo uma mulher que não era a minha mãe me dando ordens. E ainda, eu só conseguia assistir ao final da TV Globinho ao chegar em casa.

E sempre foi assim, uma série levou a outra, que me levou para o ensino médio, onde eu pensava que já era grande, mas não era. Ao acabar tudo, minha mãe me pergunta o curso de graduação, digo “Jornalismo”. Faço o ENEM e saio vomitando de nervosa. Quase zero em matemática. Por que eu teria que aprender algo que odeio? Minha mãe me inscreve em uma faculdade a qual eu não preciso fazer esforços para entrar. Ela sim, trabalha o dia todo. Então ela diz que eu preciso fazer tudo, ler todos os livros, ir a todos os eventos, conquistar todos os certificados, buscar todas as qualificações. Eu assimilo, e faço.

Agora não mandam mais em mim, até onde eu penso. Acho que sou eu quem manda em mim. Como se na viagem para este curso meus pais, irmã e cunhado tivessem ido só para passear, como eles disseram. Foram para me proteger. A família toda. Só ficaram os cachorros em casa, porque o carro já estava cheio de gente. No local do curso, onde eles não podem passar da porta, mas até lá eles vão, ninguém me fala o que fazer, eu preciso deduzir.

O que eu estou fazendo aqui? Se você tem 19 anos nem tente responder, eu sei que também se pergunta o que está fazendo aí. Dia desses vi a foto linda de uma menina num evento da faculdade em um hotel chique. Na legenda, ela dizia: ” – fingindo que sei como vim parar aqui.” Ufa, eu não estou sozinha nesse mundo… mas estou.

O RS vem fazer o vestibular de Medicina da UFN. Fazendo prova pela primeira vez ou já perdendo a conta, vindo em excursões numerosas ou sozinhos, entre os 2545 candidatos que disputam às vagas do curso de Medicina, estudantes de diversas cidades do estado lotaram o hall do prédio 15 do conjunto III da UFN.

Candidatas ao curso de Medicina. Foto: Thaís Trindade

Maria Helena Cunha Brum, 19, de São Sepé e Luana Freitas Gomes, 19, Caçapava, contam ter se preparado estudando bastante e refazendo todas as provas anteriores. É o segundo ano que as amidas realizam a prova. “A prova da UFN têm mudado de um tempo para cá, principalmente em geografia e história, que é uma das disciplinas mais difíceis. Não tem apenas o que a gente estuda no colégio, tem conteúdos mais amplos”, opina Luana. As jovens vieram morar em Santa Maria para se prepararem para o vestibular fazendo cursinho. As duas moram sozinhas perto da UFN, “vamos estar em casa”, diz Maria Helena. Ela revela esperar que a prova esteja bem acessível e que caia àquilo que estudaram. “Como já fizemos todas as provas já temos ideia do que pode cair, mas é sempre uma surpresa”,  diz Maria Helena que aposta o tema da redação em “depressão”.

Aniele Farias Fogaça, 17 e Pâmela Sibina Moraes, 17, colegas do terceiro ano na Escola de Ensino Médio da URI, em Santo Ângelo, vieram fazer a prova da UFN trazidas pelo pai de Aniele. As duas tem segundas opções de curso, mas levam Medicina muito a sério. Elas contam estarem fazendo à prova como experiência, este ano focaram nos estudos escolares para, no ano que vem, fazerem cursinho e se prepararem para as provas. É a primeira vez que visitam a UFN e já pensam em morar na cidade.

Janaina Costa Gadarim, 18, e Vitoria Santos, 19 vieram de Porto Alegre, juntamente com a excursão do cursinho em que estudam, para a primeira vez fazendo o vestibular da UFN. Nenhuma delas tem segunda opção. Para se preparem para tantas provas de vestibular que realizam em diferentes instituições do RS, Vitoria conta a regra: “Temos aula de manhã e de tarde, chegamos em casa e estudamos, durante todo o ano.”