Stephen King tem cerca de 400 publicações dos mais diferentes gêneros literários, incluindo romances, contos, poemas e livros de ficção. Seus clássicos personagens vão de vilões perturbadores a seres com poderes psíquicos. O sucesso dos contos de terror do escritor americano rapidamente chamou a atenção de diretores dispostos a transformar sua obra em adaptações para o cinema e séries no formato telefilme (filmes produzidos para ter sua estreia na televisão, comum nos anos 1990). Alguns de maior sucesso de público e audiência receberam atenção especial e ganharam remakes. Muitos deles reinterpretações, pois nem sempre são fieis a obra original.
Carrie, A Estranha
A primeira adaptação literária de King a ganhar um enredo para o cinema foi Carrie em 1976. No filme, a jovem problemática Carrie White convive com a perseguição de seus colegas de escola, abusos de sua mãe e acaba descobrindo que tem poderes sobrenaturais que são usados na vingança de quem a atormentava. Considerado como um dos melhores filmes de 1976, arrecadou 183 milhões de dólares.
Mais duas reinterpretações de Carrie: A Estranha, foram produzidas, em 2002, em forma de telefilme para o canal americano NBC, que tinha interesse em transformar a história em uma série. Porém a emissora cancelou o projeto devido à baixa audiência. E em 2013, adaptou para o cinema, de forma mais fiel ao primeiro, mas também não obtive o mesmo sucesso que a sua versão original.
Colheita Maldita
Em 1984, chegou ao cinema Children of the Corn (Colheita Maldita). Na adaptação, jovens de um vilarejo cultuam um poder desconhecido, fazendo sacrifícios humanos com quem passa por ali em troca de uma boa colheita. O filme possui uma franquia de 7 filmes e um remake feito em forma de telefilme exibido pelo canal Sci-Fi em 2009.
It: A Coisa
No começo de 2017, em meio a filmes do gênero terror sendo lançados com grande aceitação e bilheterias milionárias, foi anunciado a parceria entre King e os estúdios Warner Bros para o lançamento de mais um remake. It: A Coisa ganharia sua adaptação, a história do palhaço assassino que atormenta a vida de sete crianças por meio de seus maiores medos. Foi exibido pela primeira vez em 1990 em forma de telefilme dividido em duas partes. Na primeira etapa, é explorada a origem do palhaço Pennywise e os medos dos sete membros do Clube dos Perdedores. A segunda parte, intitulado IT: Part 2, chegou às televisões americanas dois dias depois do lançamento da primeira parte. Nele, 30 anos se passaram desde que os sete jovens fizeram o juramento de combater o mal caso o palhaço retornasse. Já adultos, eles se veem obrigados a enfrentar Pennywise e os seus maiores medos de infância novamente.
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O sucesso foi tão grande que rapidamente foram encomendadas edições em VHS do filme, a edição em home vídeo chegou no mesmo ano as lojas americanas, IT: Uma Obra Prima do Medo continha as duas partes em uma edição de 192 minutos de filme.
No dia 7 de setembro de 2017, chegou ao cinema mundial IT: A Coisa, uma reinterpretação dos fatos ocorridos com as sete crianças da cidade de Derry, com algumas alterações em seu roteiro que segundo o diretor Andy Wallfisch, foram necessárias para trazer algo de diferencial da versão clássica para atrair tanto o público que viu a versão de 1990 e a nova geração amante de novos filmes de terror.
Nos últimos anos, recontar uma história se tornou comum na indústria do cinema, dando uma nova visão e efeitos de última geração as produções clássicas do cinema.
Para o designer Bruno Fernandes, 29 anos, que assistiu a todos os filmes originais e remakes de King, as reinterpretações dos clássicos do rei do horror são completamente bem-vindas em tempos de terror moderno. “Stephen tem um jeito único de contar uma história psicológica que vai além do terror comum de fantasmas. Todos os remakes que vi trazem a essência de Stephen e acredito que, hoje em meio a tantos filmes de terror barato, remakes dele se tornaram indispensáveis”, argumenta.
Já para a universitária Debora Haag, 21, estudante de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas, remakes não são tão necessários. ”Essa nova onda de reinterpretações me incomoda um pouco como estudante de Cinema. Parece que os diretores estão ficando sem ideias e estão só fazendo uma reciclagem de obras clássicas só visando lucro. Sou contra remakes. Achei It muito vazio comparado ao primeiro. O medo psicológico foi esquecido e não merece o título de um obra prima do medo”, comenta.
Apesar das opiniões diversas sobre a necessidade de um filme clássico receber uma nova roupagem em um remake, a última aposta da união entre King e os estúdios de Hollywood conquista grandes números. Nessa semana, IT: A Coisa se tornou a maior bilheteria de todos os tempos para um filme de terror, arrecadando em pouco mais de um mês US$ 600 milhões na bilheteria mundial.
Com o sucesso da primeira parte ultrapassando até as expectativas da produção, a segunda parte já foi encomendada para 2019 e poderá vir em outros dois volumes, segundo o diretor do filme.
As aventuras dos jovens que enfrentam Pennywise já tem data de estreia,6 de setembro de 2019. Enquanto a segunda parte é produzida, a primeira parte do remake continua em cartaz arrecadando impressionantes números, provando que a exploração do terror cult clássico continua sendo um bom investimento.
Gabriel Oliveira e Jean Paim
Disciplina: Jornalismo Digital 1
Professor: Maurício Dias