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Santa Maria, RS, Brazil

A importância de se informar antes de votar

Vivemos em uma realidade caótica. Em meio a tanta polarização de opiniões talvez haja um ponto em que todos concordem: estamos na obscuridade. Além disso, temos incapacidade de admitir que somos um país arcaico e injusto. Grande parte do problema tem origem na desigualdade social , que tem um profundo impacto na esfera econômica, bem como no desenvolvimento da sociedade. Por outro lado, essa mazela ganha vulto também pela omissão geral de reconhecer tal contexto.

 Porém, mais do que identificar imbróglios, é preciso desenvolver mecanismos para saná-los de forma eficaz. Esse é um discurso que parece tão óbvio, mas não é.  Mais do que pontuar problemas, encontrar soluções e colocá-las em prática, a quem interessaria, por exemplo, minimizar ou erradicar desigualdade social? Para quem mesmo?

 Por anos tive um olhar ingênuo e até ignorante, para compreender a conjuntura política de uma nação. E formar nossos valores, nossa consciência crítica não é algo fácil ou que se adquire da noite por dia, a menos que você seja um gênio. Não é meu caso. Foram  necessárias aulas após aulas das saudosas disciplinas de jornalismo que me ajudaram a construir não apenas a minha formação acadêmica, mas minhas  práticas sociais que, aliadas aos meus princípios e minha sede de buscar conhecimento, tornaram-me capaz de discernir e de me incomodar com o futuro do Brasil. Já que o passado da nação, muitas vezes, parece não estar mais servindo como base para aprimorar o que está por vir, então, só me resta ter uma pontinha de esperança no amanhã.

 Talvez o segredo de grandes mestres seja nunca se conformar ou achar que aprendeu o suficiente sobre alguma temática. O conhecimento não se esgota, pelo contrário: na mesma proporção que o adquirimos, surgem novas “necessidades” do saber. Penso que na atual ‘crise’ que vivemos – e entende-se “crise” na mais absoluta morfologia da palavra que, neste caso, aplica-se a tudo, inclusive às áreas intelectuais. Essas inclusive são ponto central da minha preocupação, sobretudo nas vésperas de uma eleição contaminada por desdobramentos impactantes, como a disseminação das notícias distorcidas ou inventadas, mais conhecidas como fake news, que, para a conjuntura da democracia pode ser algo decisivo; se pensarmos a longo prazo, pode ser fatal.

 Acredito que uma boa base educacional já seria um ótimo caminho, mesmo que a longo prazo, para colhermos frutos de um Brasil mais próspero. Fala-se em patriotismo, mas que Pátria é essa que tapa os olhos para milhares de pessoas vivendo em condições desumanas? Que amor é esse que nega direitos humanos? A nossa inversão de valores perpassa e muito a má formação do conhecimento acerca da realidade. Muitos, ao invés de contextualizar para entender o porquê de termos chegado a esse cenário caótico, preferem ser simplistas e jogar a culpa em um partido ou em meia dúzia de nomes. Mais fácil, né? Como se a corrupção e nossos problemas fossem uma novidade. Não se trata apenas de “dar nomes aos bois” e apontar “mocinhos” e “vilões”, até porque nosso filme é o da vida real, faz-se necessário ter um entendimento menos apartidário e sermos mais críticos, ir ao fundo das questões para compreendê-las ou irmos ao fundo do poço, literalmente.

 Em um cenário como este, fico do lado do que ainda poderá nos salvar e dar lucidez a esse povo. Eu acredito no diálogo, na construção do conhecimento, para nos tornarmos capazes de nos inserirmos de forma positiva na sociedade, um caminho para saber como melhorar a nós mesmos e ao outro. Até porque uma boa parte dos eleitores brasileiros não tiveram a chance de se instruir ou ao menos de ter um raciocínio capaz de discernir os aspectos de nossa realidade. Entender a estrutura política requer tempo e interesse em aprender, e o voto se constrói a partir disso. No entanto, voto não muda nada se você não muda suas atitudes. Reclamar de condutas corruptas e ceder a atitudes imorais no dia a dia também é desonesto. A ética não pode ser seletiva. A desinformação e a distorção de valores são tóxicas e estão contaminando a opinião pública. Que saibamos refletir para construir um país mais humano e mais próspero, que o descontentamento de muitos sirva como combustível para transformar o que não nos agrada. E nós, jornalistas, temos um compromisso ainda mais importante de informar para ajudar a formar uma opinião pública baseada na ética e no impacto social que a profissão nos impõe.

 Por Carolina Carvalho, jornalista

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Vivemos em uma realidade caótica. Em meio a tanta polarização de opiniões talvez haja um ponto em que todos concordem: estamos na obscuridade. Além disso, temos incapacidade de admitir que somos um país arcaico e injusto. Grande parte do problema tem origem na desigualdade social , que tem um profundo impacto na esfera econômica, bem como no desenvolvimento da sociedade. Por outro lado, essa mazela ganha vulto também pela omissão geral de reconhecer tal contexto.

 Porém, mais do que identificar imbróglios, é preciso desenvolver mecanismos para saná-los de forma eficaz. Esse é um discurso que parece tão óbvio, mas não é.  Mais do que pontuar problemas, encontrar soluções e colocá-las em prática, a quem interessaria, por exemplo, minimizar ou erradicar desigualdade social? Para quem mesmo?

 Por anos tive um olhar ingênuo e até ignorante, para compreender a conjuntura política de uma nação. E formar nossos valores, nossa consciência crítica não é algo fácil ou que se adquire da noite por dia, a menos que você seja um gênio. Não é meu caso. Foram  necessárias aulas após aulas das saudosas disciplinas de jornalismo que me ajudaram a construir não apenas a minha formação acadêmica, mas minhas  práticas sociais que, aliadas aos meus princípios e minha sede de buscar conhecimento, tornaram-me capaz de discernir e de me incomodar com o futuro do Brasil. Já que o passado da nação, muitas vezes, parece não estar mais servindo como base para aprimorar o que está por vir, então, só me resta ter uma pontinha de esperança no amanhã.

 Talvez o segredo de grandes mestres seja nunca se conformar ou achar que aprendeu o suficiente sobre alguma temática. O conhecimento não se esgota, pelo contrário: na mesma proporção que o adquirimos, surgem novas “necessidades” do saber. Penso que na atual ‘crise’ que vivemos – e entende-se “crise” na mais absoluta morfologia da palavra que, neste caso, aplica-se a tudo, inclusive às áreas intelectuais. Essas inclusive são ponto central da minha preocupação, sobretudo nas vésperas de uma eleição contaminada por desdobramentos impactantes, como a disseminação das notícias distorcidas ou inventadas, mais conhecidas como fake news, que, para a conjuntura da democracia pode ser algo decisivo; se pensarmos a longo prazo, pode ser fatal.

 Acredito que uma boa base educacional já seria um ótimo caminho, mesmo que a longo prazo, para colhermos frutos de um Brasil mais próspero. Fala-se em patriotismo, mas que Pátria é essa que tapa os olhos para milhares de pessoas vivendo em condições desumanas? Que amor é esse que nega direitos humanos? A nossa inversão de valores perpassa e muito a má formação do conhecimento acerca da realidade. Muitos, ao invés de contextualizar para entender o porquê de termos chegado a esse cenário caótico, preferem ser simplistas e jogar a culpa em um partido ou em meia dúzia de nomes. Mais fácil, né? Como se a corrupção e nossos problemas fossem uma novidade. Não se trata apenas de “dar nomes aos bois” e apontar “mocinhos” e “vilões”, até porque nosso filme é o da vida real, faz-se necessário ter um entendimento menos apartidário e sermos mais críticos, ir ao fundo das questões para compreendê-las ou irmos ao fundo do poço, literalmente.

 Em um cenário como este, fico do lado do que ainda poderá nos salvar e dar lucidez a esse povo. Eu acredito no diálogo, na construção do conhecimento, para nos tornarmos capazes de nos inserirmos de forma positiva na sociedade, um caminho para saber como melhorar a nós mesmos e ao outro. Até porque uma boa parte dos eleitores brasileiros não tiveram a chance de se instruir ou ao menos de ter um raciocínio capaz de discernir os aspectos de nossa realidade. Entender a estrutura política requer tempo e interesse em aprender, e o voto se constrói a partir disso. No entanto, voto não muda nada se você não muda suas atitudes. Reclamar de condutas corruptas e ceder a atitudes imorais no dia a dia também é desonesto. A ética não pode ser seletiva. A desinformação e a distorção de valores são tóxicas e estão contaminando a opinião pública. Que saibamos refletir para construir um país mais humano e mais próspero, que o descontentamento de muitos sirva como combustível para transformar o que não nos agrada. E nós, jornalistas, temos um compromisso ainda mais importante de informar para ajudar a formar uma opinião pública baseada na ética e no impacto social que a profissão nos impõe.

 Por Carolina Carvalho, jornalista