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Santa Maria, RS, Brazil

Cidade: a indissociabilidade entre preservação e desenvolvimento

Clube Caixeral enfrenta dificuldades para recompor o telhado destruído durante a última tempestade. Foto: arquivo do Museu Educativo Gama D’Eça.

O Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria(COMPHIC) lançou um  abaixo-assinado on line no site charge.org  que está circulando desde ontem, 14 de maio, em defesa do pouco que resta do patrimônio arquitetônico, histórico e urbanístico da cidade.

A iniciativa visa agregar a população em torno da preservação da história arquitetônica de Santa Maria em seus elementos arquitetônicos e urbanísticos, pressionando as instâncias decisórias constituídas pelos vereadores que compõem a Comissão do Plano Diretor, a presidência da Câmara,  a Casa Civil, o COMPHIC, a procuradoria do município para que votem contrários à  proposta que visa modificar o Plano Diretor de Santa Maria, ainda em maio corrente.

O novo texto que está em apreciação na Câmara de Vereadores reduz a consulta de análise do  Instituto do Planejamento do Município (IPLAN) apenas aos poucos prédios já tombados. Pelo novo texto, se aprovado, será possível demolir prédios  de interesse histórico ainda não tombados, possam ser demolidos  sem consulta pública prévia. O texto ameaça a mudança radical da chamada Zona 2, que reúne o conjunto de prédios e casarões do centro histórico de Santa Maria.

Confira o texto do abaixo-assinado do COMPHIC.

Museu Educativo Gama D’Eça, na rua do Acampamento.

” Estranhamente, em pleno século 21, um tema volta a causar apreensão em Santa Maria: o risco de retrocesso na proteção do pouco que resta de seu outrora riquíssimo patrimônio arquitetônico, histórico e urbanístico.
Qualquer lugar do mundo que aspira a verdadeira evolução tem se preocupado em zelar pelos signos do seu passado. É angustiante constatar que Santa Maria, pretensiosamente autodenominada “cidade cultura”, esteja seriamente ameaçada de andar na contramão, ao abdicar das poucas medidas vigentes, voltadas à preservação de seu patrimônio edificado, na revisão do Plano Diretor. O novo texto abrirá uma brecha legal para as demolições, sem consulta prévia ao Instituto de Planejamento de Santa Maria.
Caso isso aconteça, estaremos condenados à perda de nossa já frágil autoestima e de nossa noção de pertencimento. Dessa perda, decorrem consequências imprevisíveis, mas invariavelmente desoladoras.
É absolutamente equivocado o argumento de que preservação e desenvolvimento são incompatíveis. Em verdade, os dois são complementares, imprescindíveis um ao outro; basta examinar inúmeros exemplos bem sucedidos em outros lugares que superaram tais dificuldades há muito. Se não compreendermos assim, em breve veremos nossas antigas belezas somente por meio dos registros fotográficos.
Este abaixo-assinado foi idealizado com o objetivo único de fazer um apelo a todos os que participam dessa discussão, para que deixem prevalecer o bom senso e que reflitam com a necessária serenidade. Há muitos espaços disponíveis, apropriados para novos investimentos em construção civil. E que eles sejam bem-vindos! Contudo, ao mesmo tempo, que seja assegurada a defesa intransigente de nossa história, também materializada em edificações com valor, ao se estabelecer incentivos aos proprietários dos imóveis preservados, para que os conservem e valorizem, pois, de pouco vale impedir a demolição, se não se tomar o cuidado para que, logo adiante, o imóvel não desmorone, em ruína.
O patrimônio histórico material e imaterial deve ser, muito além de preservado, vivenciado e sentido pela população, tanto com o objetivo de proteger a identidade como para fomentar sua valorização. São marcos de referência para as pessoas se localizarem no tempo e no espaço e identificarem o local onde vivem. Se assim ocorrer, não haverá lado vencedor, tampouco perdedor. Todos serão beneficiados.”

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Clube Caixeral enfrenta dificuldades para recompor o telhado destruído durante a última tempestade. Foto: arquivo do Museu Educativo Gama D’Eça.

O Conselho de Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria(COMPHIC) lançou um  abaixo-assinado on line no site charge.org  que está circulando desde ontem, 14 de maio, em defesa do pouco que resta do patrimônio arquitetônico, histórico e urbanístico da cidade.

A iniciativa visa agregar a população em torno da preservação da história arquitetônica de Santa Maria em seus elementos arquitetônicos e urbanísticos, pressionando as instâncias decisórias constituídas pelos vereadores que compõem a Comissão do Plano Diretor, a presidência da Câmara,  a Casa Civil, o COMPHIC, a procuradoria do município para que votem contrários à  proposta que visa modificar o Plano Diretor de Santa Maria, ainda em maio corrente.

O novo texto que está em apreciação na Câmara de Vereadores reduz a consulta de análise do  Instituto do Planejamento do Município (IPLAN) apenas aos poucos prédios já tombados. Pelo novo texto, se aprovado, será possível demolir prédios  de interesse histórico ainda não tombados, possam ser demolidos  sem consulta pública prévia. O texto ameaça a mudança radical da chamada Zona 2, que reúne o conjunto de prédios e casarões do centro histórico de Santa Maria.

Confira o texto do abaixo-assinado do COMPHIC.

Museu Educativo Gama D’Eça, na rua do Acampamento.

” Estranhamente, em pleno século 21, um tema volta a causar apreensão em Santa Maria: o risco de retrocesso na proteção do pouco que resta de seu outrora riquíssimo patrimônio arquitetônico, histórico e urbanístico.
Qualquer lugar do mundo que aspira a verdadeira evolução tem se preocupado em zelar pelos signos do seu passado. É angustiante constatar que Santa Maria, pretensiosamente autodenominada “cidade cultura”, esteja seriamente ameaçada de andar na contramão, ao abdicar das poucas medidas vigentes, voltadas à preservação de seu patrimônio edificado, na revisão do Plano Diretor. O novo texto abrirá uma brecha legal para as demolições, sem consulta prévia ao Instituto de Planejamento de Santa Maria.
Caso isso aconteça, estaremos condenados à perda de nossa já frágil autoestima e de nossa noção de pertencimento. Dessa perda, decorrem consequências imprevisíveis, mas invariavelmente desoladoras.
É absolutamente equivocado o argumento de que preservação e desenvolvimento são incompatíveis. Em verdade, os dois são complementares, imprescindíveis um ao outro; basta examinar inúmeros exemplos bem sucedidos em outros lugares que superaram tais dificuldades há muito. Se não compreendermos assim, em breve veremos nossas antigas belezas somente por meio dos registros fotográficos.
Este abaixo-assinado foi idealizado com o objetivo único de fazer um apelo a todos os que participam dessa discussão, para que deixem prevalecer o bom senso e que reflitam com a necessária serenidade. Há muitos espaços disponíveis, apropriados para novos investimentos em construção civil. E que eles sejam bem-vindos! Contudo, ao mesmo tempo, que seja assegurada a defesa intransigente de nossa história, também materializada em edificações com valor, ao se estabelecer incentivos aos proprietários dos imóveis preservados, para que os conservem e valorizem, pois, de pouco vale impedir a demolição, se não se tomar o cuidado para que, logo adiante, o imóvel não desmorone, em ruína.
O patrimônio histórico material e imaterial deve ser, muito além de preservado, vivenciado e sentido pela população, tanto com o objetivo de proteger a identidade como para fomentar sua valorização. São marcos de referência para as pessoas se localizarem no tempo e no espaço e identificarem o local onde vivem. Se assim ocorrer, não haverá lado vencedor, tampouco perdedor. Todos serão beneficiados.”