Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

E o vento trouxe…

Rico ou pobre, o inverno está aí para todos. Não é preciso nem sair na rua para sentir a característica mais lembrada da época, o frio. Entretanto, o que motiva a escrita desse texto é um outro elemento que também incomoda nessa época do ano, o vento.

No final da tarde me arrumo para sair de casa, pois tenho aula à noite. Ao sair, estou equipado com a vestimenta adequada para a estação: luvas, cachecol e sobretudo. Tão logo ponho os pés para fora do prédio, sou surpreendido por uma aragem que anuncia a chegada do crepúsculo. Um filme passa em minha mente. Foi incrível! A natureza por si só é fascinante, mas o vento, para mim, tem um significado especial. Lembro-me da época em que era criança. Meu pai me levava para passear de moto. Na metade da década de 1990 em uma cidade do interior, andar com uma criança sem capacete era permitido. Não devia ter mais que cinco anos, já que ele faleceu nessa época.

Quando criança não temos a mente tão fechada. Nos permitimos sonhar mais; perceber, imaginar e dar significados às coisas com as quais entramos em contato. Lembro da sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, proteção do vento, que passava rapidamente pelo meu rosto. Acontece uma elipse e eu, com cerca de oito anos, vejo-me balançando em uma rede, na área dos fundos que ficava na casa de minha mãe. Nela, pude ser tudo o que queria: pássaro, agente secreto, super-herói, bruxo, entre outros.

Avanço mais alguns anos e sou adolescente, com quinze anos. Dessa vez é início de verão, não tão quente, mas sem o frio característico do inverno. Sigo a jornada diária da cidade onde morava para a cidade vizinha, onde estudava em uma escola particular. Desfruto da entrada do vento, acompanhado de uma música que escutava nos fones de ouvido. Alguns colegas preferem o ar-condicionado. Minoria vence e fecham-se todas as janela. Incrível como alguns membros de minha geração preferem o artificial ao natural.

O vento é o que movimenta os outros elementos da natureza. E também nosso imaginário. O vento é poesia e também nome de prosa. Talvez por isso Érico Veríssimo  tenha dedicado a ele o título de sua obra prima. Foi por conta dele que a saia de Marilyn Monroe ergueu-se na icônica cena de O Pecado Mora ao Lado. E também em sua consequência que Dorothy conheceu o maravilhoso Mágico de Oz, sem falar na vida que traz para a bandeira de A Liberdade Guiando o Povo, obra prima de Delacroix. Ouso dizer que o vento pode comover de diferentes maneiras um ser humano. Para mim, muitas vezes de uma maneira positiva.

Hoje, devido o sempre corrido final de semestre, tenho esse tipo de sensação com menos frequência. Apenas em alguns momentos, quando fecho os olhos ouvindo Pavarotti, por exemplo. Mas hoje, nos quinze minutos em que fui de meu apartamento à faculdade, pude desfrutar da companhia de um velho conhecido. Obrigado vento!

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

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No final da tarde me arrumo para sair de casa, pois tenho aula à noite. Ao sair, estou equipado com a vestimenta adequada para a estação: luvas, cachecol e sobretudo. Tão logo ponho os pés para fora do prédio, sou surpreendido por uma aragem que anuncia a chegada do crepúsculo. Um filme passa em minha mente. Foi incrível! A natureza por si só é fascinante, mas o vento, para mim, tem um significado especial. Lembro-me da época em que era criança. Meu pai me levava para passear de moto. Na metade da década de 1990 em uma cidade do interior, andar com uma criança sem capacete era permitido. Não devia ter mais que cinco anos, já que ele faleceu nessa época.

Quando criança não temos a mente tão fechada. Nos permitimos sonhar mais; perceber, imaginar e dar significados às coisas com as quais entramos em contato. Lembro da sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, proteção do vento, que passava rapidamente pelo meu rosto. Acontece uma elipse e eu, com cerca de oito anos, vejo-me balançando em uma rede, na área dos fundos que ficava na casa de minha mãe. Nela, pude ser tudo o que queria: pássaro, agente secreto, super-herói, bruxo, entre outros.

Avanço mais alguns anos e sou adolescente, com quinze anos. Dessa vez é início de verão, não tão quente, mas sem o frio característico do inverno. Sigo a jornada diária da cidade onde morava para a cidade vizinha, onde estudava em uma escola particular. Desfruto da entrada do vento, acompanhado de uma música que escutava nos fones de ouvido. Alguns colegas preferem o ar-condicionado. Minoria vence e fecham-se todas as janela. Incrível como alguns membros de minha geração preferem o artificial ao natural.

O vento é o que movimenta os outros elementos da natureza. E também nosso imaginário. O vento é poesia e também nome de prosa. Talvez por isso Érico Veríssimo  tenha dedicado a ele o título de sua obra prima. Foi por conta dele que a saia de Marilyn Monroe ergueu-se na icônica cena de O Pecado Mora ao Lado. E também em sua consequência que Dorothy conheceu o maravilhoso Mágico de Oz, sem falar na vida que traz para a bandeira de A Liberdade Guiando o Povo, obra prima de Delacroix. Ouso dizer que o vento pode comover de diferentes maneiras um ser humano. Para mim, muitas vezes de uma maneira positiva.

Hoje, devido o sempre corrido final de semestre, tenho esse tipo de sensação com menos frequência. Apenas em alguns momentos, quando fecho os olhos ouvindo Pavarotti, por exemplo. Mas hoje, nos quinze minutos em que fui de meu apartamento à faculdade, pude desfrutar da companhia de um velho conhecido. Obrigado vento!

 

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.