Pliê, Tedu, Jeté, Rond Jamb, Grand Battement. A voz da professora está sempre em minha memória, dizendo várias e várias vezes os passos da dança. Quem nunca dançou Ballet não sabe o que é flutuar pelos palcos da vida. A dança traz expectativa, é a emoção mais intensa e comovente do ser humano. Não consigo ouvir uma música clássica, que já tenho vontade de dançar. É algo que entra dentro de mim e irradia por todo o corpo fazendo com que eu saia por aí dançando e dançando, me sentindo muito contente.
O Ballet é a arte que vai além dança, a energia da música entra no meu corpo, pelos pés, braços e mente. Nos ensaios o suor escorre pelo corpo e cai no piso gelado, deixando no ar uma atmosfera tensa, de um bom ensaio, mas sofrido e cansativo. A professora é enérgica, faz repetir uma, duas, vinte vezes a sequência de movimentos. Corpo cansado, roxos pelas pernas, pés esfolados devido à sapatilha de ponta. Ao contrário do que se possa imaginar, tudo isso se significa felicidade, amor pela dança, realização e bem-estar.
Meu primeiro espetáculo, minha primeira apresentação com sapatilha de ponta, que é a etapa final que uma bailarina chega, estão guardados na minha memória para sempre. Sinto a emoção e o nervosismo como se fosse hoje, minhas mãos suavam frio, minhas pernas tremiam, a expectativa era grande, e eu estava muito feliz. Sabia que o esforço de todos os ensaios puxados, iriam valer a pena no final.
Bailarinas são pessoas normais.Suportamos cortes e calos sem descer do gesso, nos acostumamos à dor diária e aceitamos isso como parte de nosso crescimento. É um amor inexplicável, pois a gente só sente quando se dança, quando sente a emoção e os movimentos. Acredito que foi uma escolha que nunca irei me arrepender, pois fazer ballet fez eu evoluir meu corpo e minha mente. É preciso sonhar e acreditar em seus sonhos, se esforçar para que aquilo funcione, de certo, e que seja a inspiração para a vida, como o ballet é para mim.
Texto: Milena Bittencourt
Crônica produzida para a disciplina de Jornalismo II sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke